Saúde

COVID-19: Com imunologista brasileira à frente, vacina de Oxford entra na fase três de testes clínicos e já é produzida em larga escala

Foto: Ilustrativa

A vacina contra a covid-19 em desenvolvimento na Universidade de Oxford, no Reino Unido, entra esta semana em sua fase três de testes clínicos, em que ao menos dez mil pessoas serão vacinadas em todo o país para averiguar a eficácia do produto. Dentre as mais de 70 vacinas em desenvolvimento em todo o mundo, a de Oxford é considerada a mais avançada e uma das mais promissoras.

Para que essa terceira fase, da testagem maciça, não leve muito tempo, Oxford conclamou 18 centros de pesquisa em todo o Reino Unido a testar o novo imunizante. À frente da testagem na Escola de Medicina Tropical de Liverpool, também no Reino Unido, está a imunologista brasileira Daniela Ferreira, de 37 anos, especialista em infecções respiratórias e desenvolvimento de vacinas.

Mas a aposta neste imunizante é tão grande que, mesmo ainda longe de aprovação, o produto já está sendo produzido em larga escala. O objetivo é ter já o maior número possível de doses prontas para distribuição assim que o produto for aprovado, evitando um possível novo atraso na proteção da população mundial. “O que eu posso dizer é que dentro de dois a seis meses teremos os dados para dizer se a vacina protege ou não.”

“A ideia não é ter uma competição entre os países”, explicou Ferreira, em entrevista ao Estadão. “O que está acontecendo agora, é um trabalho de envolvimento global, com todos os cientistas compartilhando conhecimento em tempo real. A vacina é para o mundo inteiro; tem de haver uma colaboração internacional e tem de ser solidária, não pode ser ditada por interesses comerciais e preços.”

A vacina de Oxford é a mais avançada do mundo. Em que fase da testagem estamos e como a Escola de Medicina Tropical de Liverpool entra no estudo?

Passamos da fase um para a fase três em apenas dois meses. Agora, na fase três, a vacina será testada em dez mil pessoas para verificarmos sua eficácia. Para isso, Oxford recrutou 18 centros de pesquisas em todo o Reino Unido, entre eles o meu grupo, de Liverpool. Vamos testar 550 voluntários.

Vocês já começaram a testar a vacina?

Na semana passada, fizemos o recrutamento dos voluntários e alguns exames para saber se são saudáveis, se podem receber a vacina, se não foram já expostos ao vírus, todas essas coisas. Metade receberá a vacina controle e a outra metade, a vacina ativa.

E depois disso? É esperar?

Os ensaios de eficácia geralmente são assim. Esperamos um certo tempo para ver qual o número de infecções registradas no grupo de controle em comparação ao do grupo que recebeu a vacina ativa. Precisamos de um certo tempo para estimar a eficácia da vacina.

O fato de parte da população ainda estar em isolamento não pode interferir nesse resultado?

Já estamos saindo do lockdown. Já passamos do pico da epidemia e, agora, o número de infecções está caindo. Mas, sim, isso pode afetar. Por isso, nesta fase três, estamos dando prioridade a recrutar profissionais da área de saúde porque esse é o grupo de pessoas com a maior chance de adquirir a infecção.

Como a senhora mesma afirmou, vocês conseguiram passar da fase 1 a fase 3 em apenas dois meses. Como foi possível acelerar tanto esse processo que, normalmente, leva muito mais tempo?

A razão pela qual os ensaios puderam ser acelerados é que essa plataforma já tinha sido usada para vacinas contra outras doenças. Ou seja, era um vírus diferente, mas já tinha sido injetada em mais de mil pessoas. Por isso, já sabíamos que era segura e isso nos permitiu ser mais acelerados. Por isso também, desde o começo dos testes já estávamos avaliando a eficácia. Mas nenhuma etapa foi pulada e o rigor científico foi o mesmo.

Pode explicar melhor esse conceito de plataforma?

Estamos usando um vírus atenuado da gripe comum (adenovírus), que infecta macacos. Material genético semelhante ao que constitui uma proteína do novo coronavírus é adicionado. Essa proteína fica na superfície do vírus e é a grande responsável pela infecção. Com essa vacina, esperamos fazer com que o corpo produza anticorpos e possa reconhecer o novo coronavírus no futuro, evitando sua entrada nas células.

O coordenador da iniciativa de Oxford, Adrian Hill, disse em entrevista na semana passada que a chance de o grupo chegar a uma vacina eficiente seria de 50%. Achei pessimista….

A pergunta foi qual era a chance de completarmos o ensaio clínico com um número suficiente para conseguir demonstrar se a vacina é eficaz. Há muitos aspectos a se pensar para saber se uma vacina vai funcionar ou não. Porque não se trata apenas da eficácia da vacina em si. É preciso saber se ela pode ser produzida rapidamente e em larga escala, se será acessível globalmente, se terá preço razoável ou poderá ser distribuída de graça. Enfim, tudo isso entra na conta. Não adianta, por exemplo, uma vacina que proteja muito bem, mas esteja disponível apenas para um milhão de pessoas. E há ainda outro problema: precisamos saber se conseguiremos um número de casos suficiente para atestar a eficácia (se o número de casos da doença cair muito rapidamente, poderia não haver casos suficiente)

Todas essas questões devem ser levadas em conta também na hora dos investimentos?

Sim. E o que acho muito bom é que não temos um candidato, mas mais de 70, sendo que pelo menos cinco já estão na fase um dos testes clínicos. Como numa corrida de cavalo, vários vão cruzar a linha de chegada. Teremos que avaliar qual será o melhor candidato para ser administrado globalmente. Temos de ser capazes de produzir bilhões de doses. Os maiores investimentos devem ser dados para esses candidatos.

Mas tem como controlar isso?

Temos a Cepi (Coalition for Epidemic Preparedness Innovations), uma coalizão sem fins lucrativos que reúne diversas entidades filantrópicas e países e coordena os esforços de vacinas para epidemias. Desde a epidemia de ebola de 2016 percebemos que havia a necessidade de um grupo para coordenar, de termos uma missão única, um trabalho direcionado. Então, existem regras bem claras: não se pode manter a patente, o produto deve ser acessível a todos, globalmente, enfim, existem mecanismos. A ideia não é ter uma competição entre os países. O que está acontecendo agora, é um trabalho de envolvimento global, com todos os cientistas compartilhando conhecimento em tempo real. A vacina é para o mundo inteiro; tem de haver colaboração internacional e tem de ser solidária, não pode ser ditada por interesses comerciais e preços. E é importante ressaltar que ela não será útil apenas para os próximos seis meses, mas para os anos futuros.

Existe algum indício de que tenhamos que produzir sempre novas vacinas, sazonalmente, como acontece com a gripe?

Pelos dados que já temos, do sequenciamento do vírus, ele é bem mais estável do que o vírus da gripe. Pelo menos neste momento não parece que será o caso.

Uma vacina contra a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), que causou uma epidemia em 2003, estava sendo desenvolvida mas acabou sendo deixada de lado quando a doença desapareceu. Esse conhecimento prévio ajuda?

Claro, muito. A vacina de Oxford é um exemplo perfeito, porque usa essa mesma plataforma, um adenovírus, usada antes na Sars e também na Mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio, que foi identificada em 2012). Na verdade, a vacina da Sars já estava pronta para ser testada, mas como o número de casos da doença caiu muito rapidamente, não se conseguiu provar a sua eficácia. Mas já tínhamos os dados de segurança, isso acelerou o processo.

Mas o grupo de Oxford é o mais acelerado….

Todas as etapas têm de ser cumpridas, temos de passar por todas com o mesmo rigor. Mas o que poderia ser feito em dois anos pode ser feito em dois meses. Isso depende da logística de que você dispõe, do número de voluntários, da quantidade de pessoas que consegue vacinar ao mesmo tempo. Em um projeto normal, por exemplo, Oxford poderia fazer essa terceira etapa sozinha, ao longo de dois anos. Mas, para acelerar, fez uma parceria com 18 centros de pesquisa em todo o Reino Unido, entre eles o nosso.

Em quanto tempo a senhora acha que poderemos ter uma vacina pronta?

Esses números voltam e mordem a gente. O que eu posso dizer é que dentro de dois a seis meses teremos os dados para dizer se a vacina protege ou não. Não só da nossa vacina, mas de outras também. Agora, daí ao ponto de ter uma vacina aprovada e bilhões de doses prontas para serem distribuídas globalmente, é outra história, é outro número.

Existe um temor de países em desenvolvimento, como Brasil, de sermos os últimos a receberem a vacina. Até o laboratório começar a produção e até chegar a nossa vez de recebermos podemos perder muito tempo?

A AstraZeneca (o laboratório farmacêutico por trás da iniciativa de Oxford) já está produzindo a vacina. Não tem ninguém sentado, esperando os resultados. Imagino que isso esteja acontecendo também com outras vacinas. É um risco, claro, mas deve ser assumido. Porque a reputação da indústria também está em jogo. Essa é a maior epidemia que enfrentamos em cem anos, é um dever das indústrias farmacêuticas estarem nesse jogo. É um dever moral usar o conhecimento, a logística e a linha de produção de que dispõem para tentar resolver o problema. Não tem como resolver isso apenas dentro da universidade.

Mas os EUA, por exemplo, investiram US$ 1 bilhão (quase R$ 5,4 bilhões nesta vacina, e já está certo que receberão 350 milhões de doses.

Sim, e parte desse dinheiro está sendo usado no desenvolvimento da vacina em troca de doses futuras. É natural que alguns países estejam à frente. Mas, como disse antes, há mecanismos de ação global para assegurar que uma vacina seja fornecida também para países com uma economia não tão saudável.

Estadão

 

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Neoenergia Cosern decide suspender temporariamente cobrança de novas taxas na conta de luz para quem gera energia solar


Foto: Anderson Viegas/g1 MS/ARQUIVO

A Neoenergia Cosern decidiu suspender temporariamente a cobrança de novas taxas na conta de luz para quem gera energia solar, enquanto dialoga sobre o tema com o Governo do Estado.

As cobranças foram alvo de reclamações dos clientes desde a semana passada. As reclamações registradas nos últimos dias relatam aumentos entre 200% e 600% nas contas de energia.

A decisão da suspensão das cobranças foi comunicada aos Procons municipal e estadual em reunião realizada nesta segunda-feira (17).

Confira a íntegra da nota abaixo:

NOTA

Natal (RN), 17 de novembro de 2025

A Neoenergia Cosern informa que tomou a decisão de suspender temporariamente, desde a semana passada, a emissão do faturamento dos clientes de Micro e Mini Geração Distribuída (MMGD II e III) enquanto dialoga com o Governo do Estado a respeito do tema. A decisão foi comunicada aos representantes dos Procons Estadual e Municipais em reunião realizada na sede da Neoenergia Cosern em Natal nesta segunda-feira (17).

ASSESSORIA DE IMPRENSA DA NEOENERGIA COSERN

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VÍDEO: Após ir à COP30, chanceler da Alemanha diz que ‘todos ficaram felizes em voltar daquele lugar’

O chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, afirmou que todos os jornalistas que o acompanharam à COP30, em Belém, “ficaram felizes” de deixar “aquele lugar” e viajar de volta para o país europeu. O cristão-democrata fez a declaração durante seu discurso em evento da Confederação de Comércio alemã, na última quinta-feira, 13, em Berlim.

“Nós vivemos em um dos países mais bonitos do mundo. E perguntei a alguns jornalistas que estavam comigo no Brasil na semana passada: ‘Quem de vocês gostaria de ficar aqui?’”, disse Merz. “Ninguém levantou a mão”.

Jornalistas alemães que estão em Belém cobrindo a COP30 explicam que Merz é conhecido por cometer gafes, especialmente de cunho xenófobo. No mês passado, ele falou que os imigrantes estavam mudando a paisagem das cidades alemãs, o que ele considerou um problema. Quando questionado por um jornalista o que queria dizer com isso, o político conservador respondeu: “Pergunte à sua filha, se você tiver uma.” Integrantes a extrema direita no país costumam dizer que os imigrantes são um perigo para as mulheres brancas da Alemanha.

Um portal de notícias alemão comparou a atitude do chanceler ao de um turista alemão preconceituoso que, segundo a piada, voltou para casa respondendo o seguinte aos colegas de trabalho sobre se tinha gostado ou não do Brasil: “Ah, sabe como é: tive a impressão de que lá só existem jogadores de futebol e prostitutas.” Ao que o chefe dele comentou: “Minha mulher é brasileira.” E o funcionário, prontamente: “Em que time ela joga?”

Veja

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CAIXA-PRETA DOS CORREIOS: Estatal alega sigilo para negar dados sobre resultado de PDVs

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Após registrar prejuízo de R$ 4,3 bilhões no 1º semestre e pedir aval do Tesouro para um empréstimo de R$ 20 bilhões, os Correios negaram ao Estadão informações sobre seus Programas de Demissão Voluntária (PDVs), alegando sigilo estratégico.

O jornal solicitou via Lei de Acesso à Informação dados como número de adesões, incentivos oferecidos e economia obtida com a redução do quadro. A estatal informou apenas que realizou quatro PDVs desde 2017 (2017, 2019, 2020 e 2024) e enviou os regulamentos internos, sem detalhar resultados.

A empresa argumenta que atua em regime competitivo e que divulgar esses dados “comprometeria o planejamento organizacional e a posição competitiva” dos Correios. A estatal afirmou estar amparada na LAI, na Lei das Estatais e no decreto 7.724/2012. O Estadão recorreu da decisão.

Especialistas ouvidos sob reserva afirmam que o sigilo deveria valer apenas para informações individuais de funcionários — o que não foi pedido. Dados consolidados, segundo eles, deveriam ser públicos. Para Sérgio Lazzarini, professor do Insper, usar a Lei das Estatais para ocultar informações contraria o propósito da própria legislação, criada para ampliar a transparência.

O Ministério da Gestão afirmou que os Correios estão sob o Ministério das Comunicações, que por sua vez disse acompanhar a reestruturação da empresa. A Fazenda informou que o tema cabe à Sest. Os Correios não comentaram.

Um novo PDV é uma das bases do plano de reestruturação preparado pelo presidente da estatal, Emmanoel Schmidt Rondon. Saber o desempenho dos programas anteriores seria essencial para avaliar a eficácia da estratégia.

Além do novo crédito de R$ 20 bilhões, a estatal já possui R$ 1,8 bilhão tomado com Citibank, ABC Brasil e BTG Pactual. Também deve R$ 128,8 milhões ao ABC Brasil e R$ 162,5 milhões ao Daycoval.

Com informações de Estadão Conteúdo

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Mendonça diz que Brasil vive “estado de insegurança jurídica”

Imagem: reprodução/YouTube

O ministro do STF e do TSE, André Mendonça, afirmou nesta segunda-feira (17) que o Brasil enfrenta um “estado de insegurança jurídica” e desempenho inferior à média da América Latina em diversos indicadores internacionais de governança. A declaração foi feita durante o Almoço Empresarial Lide, em São Paulo.

Mendonça destacou que a Constituição coloca a livre iniciativa como um valor social essencial, mas avaliou que o país falha nas funções de incentivo e planejamento econômico. “Temos uma carência muito grande”, disse.

Indicadores de governança apresentados por Mendonça

O ministro comentou os seis indicadores usados pelo Banco Mundial para medir governança e apontou problemas em quase todos:

  • Participação social e liberdade de expressão (voice and accountability): único indicador em que o Brasil está acima da mediana regional, com pontuação próxima de 60. Mesmo assim, fica atrás de Argentina, Chile e Uruguai.

  • Estabilidade política e violência: Brasil está abaixo da média latino-americana. Mendonça citou que não conseguiu realizar um trabalho social no Rio por necessidade de “dialogar” com o crime organizado.

  • Efetividade do governo: desperdício, corrupção e burocracia “fazem o dinheiro público se esvair”.

  • Qualidade regulatória: considerado “entristecedor”; Brasil perde para México, Paraguai, Colômbia, Peru, Uruguai e Chile.

  • Rule of law (respeito às leis e contratos): país marca cerca de 40 pontos, o que, segundo ele, reforça a insegurança jurídica.

  • Controle da corrupção: tema que chamou de “problema humano universal”, mas com desafios específicos no Brasil, que não detalhou.

O ministro reforçou que melhorar a governança pública é essencial para fortalecer o ambiente de negócios e a confiança no país.

Com informações de Poder 360

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Câmara Municipal aciona forças de segurança para votação do pedido de cassação de Brisa Bracchi

Brisa BracchiFoto: Elpídio Júnior

A Câmara Municipal de Natal vai receber reforço na segurança nesta terça-feira (18), dia em que será votado o pedido de cassação do mandato da vereadora Brisa Bracchi. O presidente da Casa, Eriko Jácome, solicitou apoio do BOPE, Batalhão de Choque, STTU e Guarda Municipal para garantir a segurança dos vereadores e do prédio.

O pedido de reforço ocorre após informações de que partidos de esquerda — incluindo o PT — e movimentos sociais estariam organizando uma ocupação da Câmara para tentar impedir a votação.

No perfil da vereadora Brisa Bracchi, o convite para a plenária do PT realizada nesta segunda-feira, que deve definir como será a manifestação prevista para o dia seguinte. Além disso, há o convite para ciclistas “ocuparem” as ruas de Natal, do lado de fora da Câmara Municipal de Natal.

LEIA TAMBÉM: Esquerda arma invasão à Câmara de Natal para tentar salvar mandato de Brisa Bracchi

96 FM Natal

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CRIANÇAS ENDIVIDADAS: INSS registra 763 mil empréstimos consignados em nomes de menores; dívida total já chega a R$ 12 bilhões

Foto: reprodução/.Gov

O caso de Clara**, 7 anos, ilustra um problema que explodiu nos últimos anos: ela tem uma dívida de R$ 38.278,80 feita por uma tia que tinha sua guarda. Como a menina não sabe escrever, uma selfie foi usada como assinatura. Hoje, o BPC de R$ 1.518 que Clara recebe sofre desconto mensal de R$ 540 para pagar o empréstimo.

Segundo o INSS, existem 763 mil empréstimos consignados ativos em nome de menores, com valor médio de R$ 16 mil. Somando todos, o montante ultrapassa R$ 12 bilhões. Há casos envolvendo até bebês com meses de vida.

O cenário foi permitido pela Instrução Normativa 136, de 2022, que autorizou empréstimos para menores sem necessidade de autorização judicial. A regra foi suspensa apenas em agosto de 2024, mas o estrago já estava feito.

Números do problema

  • 395 mil contratos foram feitos só em 2022.

  • Maior concentração: crianças de 11 a 13 anos (136 mil contratos).

  • Empréstimos explodiram de R$ 116 milhões (2021) para R$ 4,1 bilhões (2024).

  • Taxas chegam a 24,6% ao ano (consignado) e 33,8% ao ano (cartões RMC e RCC).

  • Só o Banco BMG tinha 101.434 contratos ativos do tipo RMC com menores em 2024.

Fraudes e ações na Justiça

Diversas decisões já anularam contratos considerados ilegais. Menores foram usados como “garantia” em empréstimos feitos por responsáveis, muitos em situação de negligência ou abandono. Em vários casos, o dinheiro sequer foi usado para beneficiar a criança.

Entidades como Anced e Abradeb moveram ações para cancelar contratos e pedir indenizações. O MPF também tenta responsabilizar o INSS e barrar as normas que permitiram o avanço da prática.

O que está sendo feito

O INSS afirma que:

  • reduziu o número de bancos parceiros de 74 para 59;

  • está revisando todos os contratos;

  • exige biometria do beneficiário desde maio de 2025;

  • proibiu, pela IN 190, que representantes legais façam consignados em nome de menores.

Especialistas defendem mudanças na lei, maior controle sobre bancos e investigação rigorosa pela Polícia Federal e Ministério Público para evitar novos casos.

*Nomes de crianças citados na reportagem foram alterados para preservar suas identidades

Com informações de UOL 

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TARIFAÇO: ‘Prejuízo ao café brasileiro pode ser irreversível’, diz Conselho dos Exportadores de Café do Brasil

Imagem: reprodução

A tarifa de 40% aplicada pelos Estados Unidos ao café brasileiro está deixando o Brasil em clara desvantagem em relação aos concorrentes, que exportam com tarifa zero. O alerta é de Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé, em entrevista ao Mercado Aberto, do Canal UOL.

Segundo Matos, a combinação entre safra menor em 2025 e barreira tarifária elevada aumenta o risco de o Brasil perder espaço no maior mercado do mundo — e essa perda pode se tornar irreversível. Ele afirma que, enquanto o Brasil enfrenta tarifa de 40%, concorrentes já avançam com contratos de curto, médio e longo prazo, fortalecendo relações comerciais e consolidando novos blends junto aos consumidores.

Matos considera mais viável ampliar a lista de produtos isentos do que obter uma isenção tarifária total temporária. Ele reforça que a competitividade é determinada não apenas pelo custo brasileiro, mas pela diferença em relação aos outros exportadores.

Apesar da queda nas vendas externas por causa da safra reduzida, o Brasil segue exportando para 120 países. Ainda assim, Matos diz que o país não pode perder espaço nos Estados Unidos, sede das principais empresas globais do setor, e defende que negociações bilaterais priorizem produtos estratégicos.

Com informações de UOL

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Curtas-metragens produzidos por alunos da Maple Bear Natal serão exibidos amanhã (18) em cinema da capital

A manhã desta terça-feira (18) vai se transformar em um verdadeiro festival de curtas-metragens produzidos pelos alunos da Maple Bear Natal. O “Short Film Festival: Golden Bear Natal”, acontece das 08h às 12h40, no Cinemark do Shopping Midway Mall. A exibição faz parte de projeto interdisciplinar que envolve Português, Inglês e Artes e coloca os alunos como verdadeiros protagonistas do processo criativo.

Neste ano, o projeto foi inspirado nos gêneros cinematográficos, e cada grupo criou um curta baseado em um gênero específico, como suspense, comédia, drama, entre outros. Os alunos desenvolveram roteiros, atuaram, dirigiram e editaram seus próprios curtas. Ao todo, serão 10 filmes exibidos no Cinemark, com a participação das famílias, professores e toda a equipe escolar.

Com a participação de 85 estudantes do Middle Years (Fundamental anos finais), o Golden Bear reforça o compromisso da Maple Bear Natal em proporcionar experiências significativas, que unem aprendizado, arte e protagonismo estudantil em um ambiente inspirador e criativo.

“Com o Golden Bear, mostramos que a escola é um espaço vivo de criação. Quando os alunos assumem o papel de protagonistas, eles desenvolvem autonomia, empatia, gestão do tempo e colaboração de forma natural. É uma experiência que amplia o aprendizado e fortalece a confiança de cada estudante”, disse a diretora pedagógica da Maple Bear Natal, Mona Lisa Dantas.

SERVIÇO:

Short Film Festival: Golden Bear Natal
DATA: 18/11/2025 (terça-feira)
HORÁRIO: 08h às 12h40
LOCAL: Cinemark (sala 7)

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Pai e filho são presos dirigindo embriagados e sem habilitação durante blitz em São Gonçalo do Amarante

Foto: Polícia Militar/ Divulgação

A Polícia Militar, através do Comando de Policiamento Rodoviário Estadual (CPRE) registrou duas prisões por embriaguez ao volante na cidade de São Gonçalo do Amarante, na noite deste domingo (16). A ação se deu durante blitz na RN 160.

O pai de 42 anos, a bordo de um automóvel, apontou no teste de alcoolemia 0.43mg/l. Já o filho, que vinha logo em seguida, também estava embriagado, apontando 0.53mg/l.

Os infratores, além de embriagados, não possuíam Carteira de Habilitação. Ambos foram encaminhados à Central de Flagrantes e autuados com base no artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro, que prevê, além de multa, detenção de 06 meses a 03 anos.

Opinião dos leitores

  1. Enquanto uns leitores pensam “que absurdo!”, outros pensam, “tá aí uma meta a ser alcançada. Vou planejar com junin, mas nós não seremos pego, ṕois não somos tontos”

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Atletas potiguares do Projeto Crescer trazem de Abu Dhabi títulos mundiais de Jiu-Jitsu para o RN

Os atletas potiguares da Equipe Kids de Competição da ROX BJJ – Projeto Crescer encerraram, no último final de semana, sua participação no Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu, realizado em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. O evento, considerado o mais importante da modalidade no cenário global, reuniu mais de 10 mil atletas de 130 países.

A delegação potiguar levou nove jovens atletas ao Mundial e retornou ao RN com um desempenho histórico: três campeões mundiais e dois vice-campeões. Sagraram-se campeões Arthur Fontes (13 anos), Rebeca Gabrielly (13 anos) e Davi Farias (9 anos). Também chegaram ao pódio como vice-campeões Lucas Noberto (9 anos) e Cláudio Neto (13 anos).

Com garra e espírito esportivo, também representaram o Projeto Crescer os atletas Bernardo Raoni, Dayvyd Antony, Thayla Pita e Guilherme Costa, que conquistaram excelentes desempenhos em suas categorias.

“Estamos muito felizes com mais um excelente resultado dos nossos atletas. Após termos feito história com Silvio Júnior, bicampeão mundial e primeiro atleta Kids do RN a conquistar esse feito — mas que desta vez não pôde disputar a competição por questões de saúde — agora celebramos mais três campeões mundiais em 2025, além de dois vice-campeões”, destacou Silvio Romero, coordenador-geral do projeto.

O ano de 2025 consolida mais uma etapa de conquistas do Projeto Crescer, com títulos importantes em competições brasileiras, sul-americanas, europeias e pan-americanas, reforçando o compromisso da iniciativa com a formação esportiva e cidadã de crianças e adolescentes.

“O Jiu-Jitsu tem um papel fundamental na vida desses jovens, atuando como verdadeira ferramenta de transformação social. Proporciona disciplina, fortalece valores, amplia conhecimentos e abre portas para oportunidades reais no esporte e na vida”, ressaltou o professor Felipe Bezerra, coordenador-técnico da equipe.

O projeto também contou com apoio essencial de parceiros. “Agradecemos ao empresário Gilmar Araújo, da Potiguar Tratores; ao Governo do Estado, por meio do programa RN + Esporte e Lazer – Professor Sebastião Cunha; e à Federação de Jiu-Jitsu do RN, representada por Ronaldo Aoqui, pelo suporte fundamental ao nosso trabalho”, completou Sílvio.

5 anos fazendo história

Com cinco anos de atuação, o Projeto Crescer – GROW tem como objetivo desenvolver atletas da categoria Kids para competições locais, nacionais e internacionais, com foco no alto rendimento.

A iniciativa oferece estrutura completa para o desempenho esportivo. Os atletas recebem materiais de treino e competição (kimonos e rash guards); aulas técnicas com o professor Felipe Bezerra, bicampeão mundial; preparação física; atendimento multidisciplinar com nutricionista, psicólogo e fisioterapeuta; além de suporte logístico em viagens, alimentação, hospedagem e transporte durante competições.

O projeto acumula resultados expressivos para o Jiu-Jitsu potiguar. Nesse rol estão medalha de ouro nos Jerns; bolsa Atleta Internacional Estadual; títulos estaduais, regionais, brasileiros, sul-americanos, europeus, pan-americanos e mundiais.

Os treinos técnicos acontecem de segunda a sexta-feira, na sede da ROX BJJ, no bairro de Candelária, em Natal (RN). Aos finais de semana, a equipe participa de competições em diferentes níveis, representando o Rio Grande do Norte no Brasil e no mundo.

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