Polícia

Marcos Valério cita Lula como um dos mandantes da morte de Celso Daniel; reportagem detalha depoimento inédito

ELE VOLTOU – No depoimento, que também foi gravado em vídeo, Valério reproduz o diálogo que teve com Ronan Maria Pinto, em que ele teria dito que apontaria Lula como o “cabeça da morte de Celso Daniel” (./.)

No fim da década de 90, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza começou a construir uma carreira que transformaria radicalmente sua vida e a de muitos políticos brasileiros nas duas décadas seguintes. Ele aprimorou um método que permitia a governantes desviar recursos públicos para alimentar caixas eleitorais sem deixar rastros muito visíveis. Ao assumir a Presidência da República, em 2003, o PT assumiu a patente do esquema. Propina, pagamentos e recebimentos ilegais, gastos secretos e até despesas pessoais do ex-presidente Lula — tudo passava pela mão e pelo caixa do empresário. Durante anos, o partido subornou parlamentares no Congresso com dinheiro subtraído do Banco do Brasil, o que deu origem ao escândalo que ficou conhecido como mensalão e levou catorze figurões para a cadeia, incluindo o próprio Marcos Valério. Desde então, o empresário é um espectro que, a cada aparição, provoca calafrios nos petistas. Em 2012, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) já o condenara como operador do mensalão, Valério emitiu os primeiros sinais de que estaria disposto a contar segredos que podiam comprometer gente graúda do partido em crimes muito mais graves. Prometia revelar, por exemplo, o suposto envolvimento de Lula com a morte de Celso Daniel, prefeito de Santo André, executado a tiros depois de um misterioso sequestro, em 2002.

AVALISTA – Lula foi informado sobre o pagamento ao chantagista (Ricardo Stuckert/PT)

Na época, as autoridades desconfiaram que a história era uma manobra diversionista. Mesmo depois, o empresário pouco acrescentou ao que já se sabia sobre o caso. Recentemente, no entanto, Valério resolveu contar tudo o que viu, ouviu e fez durante uma ação deflagrada para blindar Lula e o PT das investigações sobre o assassinato de Celso Daniel. Em um depoimento ao Ministério Público de São Paulo, prestado no Departamento de Investigação de Homicídios de Minas Gerais, a que VEJA teve acesso, o operador do mensalão declarou que Lula e outros petistas graduados foram chantageados por um empresário de Santo André que ameaçava implicá-los na morte de Celso Daniel. Mais: disse ter ouvido desse empresário que o ex-presidente foi o mandante do assassinato. Até hoje, a morte do prefeito é vista como um crime comum, sem motivação política, conforme conclusão da Polícia Civil. Apesar disso, o promotor Roberto Wider Filho, por considerar graves as informações colhidas, encaminhou o depoimento de Valério ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, que o anexou a uma investigação sigilosa que está em curso.

CRIME POLÍTICO – Celso Daniel foi morto como queima de arquivo, em 2002 (Epitácio Pessoa/Estadão Conteúdo)

No depoimento ao MP, também gravado em vídeo, Valério repetiu uma história que contou em 2018 ao então juiz Sergio Moro, envolvendo na trama praticamente todo o alto-comando petista — só que agora com mais detalhes e com Lula como personagem fundamental. A história começa, segundo ele, em 2003, quando Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Lula, convocou-o para uma reunião no Palácio do Planalto. No encontro, o anfitrião afirmou que o empresário Ronan Maria Pinto, que participava de um esquema de cobrança de propina na prefeitura de Santo André, ameaçava envolver a cúpula do Planalto no caso da morte de Celso Daniel. “Marcos, nós estamos com um problema. O Ronan está nos chantageando, a mim, ao presidente Lula e ao ministro José Dirceu, e preciso que você resolva”, teria dito Carvalho. “Ele precisa de um recurso, e eu quero que você procure o Silvio Pereira (ex-secretário-geral do PT)”, acrescentou. Valério conta que, antes de deixar o Palácio, tentou levantar mais informações sobre a história com o então ministro José Dirceu. “Zé, seguinte: o Gilberto está me pedindo para eu procurar o Silvio Pereira para resolver um problema do Ronan Maria Pinto. Disse que é uma chantagem”, narra Valério no depoimento. A resposta do então chefe da Casa Civil teria sido curta e grossa: “Vá e resolva”.

Valério compreendeu que “resolver” significava comprar o silêncio do chantagista. No depoimento, ele relata que procurou o petista João Paulo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, a quem uma de suas agências de publicidade prestava serviços. Cunha, mais tarde condenado no mensalão, orientou-o a procurar o deputado Professor Luizinho, que tinha sido vereador em Santo André e, portanto, conhecia bem o problema. Segundo o empresário, Luizinho lhe confidenciou que Celso Daniel topou pagar com recursos da prefeitura a caravana de Lula pelo país, antes da eleição presidencial de 2002, mas não teria concordado em entregar a administração à ação de quadrilhas e àqueles que visavam ao enriquecimento pessoal. “Uma coisa era o Celso bancar as despesas do partido, da direção do partido e do próprio presidente. Outra era envolver a prefeitura em casos que beiravam a ação de gângster”, teria afirmado o deputado, conforme a versão de Valério. Seguindo a orientação recebida de Gilberto Carvalho, Valério procurou Silvio Pereira (secre­tário-­geral do PT) e perguntou se o assunto era mesmo grave e se realmente envolvia Lula, Zé Dirceu e Gilberto. Resposta: “Ele falou assim: ‘Esse assunto é mais sério do que você imagina’.”. Pereira pediu então a Valério que se encontrasse com o chantagista.

A reunião, segundo Valério, ocorreu num hotel em São Paulo. “Eu já avisei a quem eu devia avisar, Marcos, eu não vou pagar o preço sozinho”, teria sido a ameaça de Ronan. O então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, preso no mensalão e no petrolão, também estava no encontro. “Se não resolver o assunto, eu já senti, esse homem vai explodir de vez, vai explodir o presidente, o Gilberto e o José Dirceu”, disse Valério a Delúbio depois da reunião. O empresário e o tesoureiro discutiram a melhor forma de arrumar o dinheiro para pagar a chantagem. Deu-­se, então, o encontro do mensalão com o petrolão. O petista Ivan Guimarães, que à época era presidente do Banco Popular do Brasil, lembrou os colegas de partido de que fundos de pensão mantinham aplicações milionárias no Banco Schahin. Era a hora de pedir uma retribuição. O banco aceitou fazer um “empréstimo” de 12 milhões de reais em troca de um contrato de operação com a Petrobras, no valor de 1,6 bilhão de reais. O promotor Roberto Wider quis saber de Valério se ele conversou com Lula sobre esse episódio. O empresário disse que sim. “Eu virei para o presidente e falei assim: ‘Resolvi, presidente’. Ele falou assim: ‘Ótimo, graças a Deus’.”. Mas não foi apenas isso. Valério contou ao promotor que Ronan Maria Pinto, quando exigiu dinheiro para ficar calado, declarou que não ia “pagar o pato” sozinho e que iria citar o presidente Lula como “mandante da morte” do prefeito de Santo André. Nas palavras de Valério, Ronan ia “apontá-lo como cabeça da morte de Celso Daniel”.

Na história recente da política brasileira, ninguém exerceu o papel de operador com tamanho protagonismo como o empresário Marcos Valério. Dono de agências de publicidade, Valério começou a atuar em esquemas de desvio de recursos públicos no governo de Eduardo Azeredo (PSDB), em Minas Gerais. Petistas mineiros conheciam muito bem os bons serviços prestados por ele aos rivais tucanos. Por isso, tão logo Lula assumiu a Presidência da República, abriram-se as portas do governo federal ao empresário. Rapidamente, Valério se tornou o homem do dinheiro sujo do PT e, nessa condição, cumpriu de missões prosaicas a estratégicas. Ele conta que se reunia com o então presidente ao menos uma vez por mês. Palpitava até sobre a indicação de ministros. A compra de apoio parlamentar era realizada às sombras, numa engenhosa operação financeira que envolvia bancos, dirigentes de partidos e dezenas de políticos — tudo na surdina. O empresário só assumiu o centro do tablado depois de VEJA revelar, em 2005, que o PTB operava um esquema de cobrança de propina nos Correios. Sentindo-se pressionado, Roberto Jefferson, o mandachuva do partido, reagiu delatando o mensalão e apresentando ao país o “carequinha” que operava os cofres clandestinos do PT. O resto da história é conhecido. O STF reconheceu a existência do esquema de suborno ao Congresso, considerou-o uma tentativa do PT de se perpetuar no poder e condenou os mensaleiros à cadeia. Lula, apesar de ser o beneficiado principal do esquema, nem sequer foi processado.

Por causa disso, Valério sempre pairou como um fantasma sobre o PT e seus dirigentes. No auge das investigações sobre o mensalão, ele próprio tentou chantagear o partido dizendo que se não recebesse uma bolada implicaria o então presidente da República no caso. Anos mais tarde, uma reportagem de VEJA revelou que a chantagem surtiu efeito, e o dinheiro foi depositado numa conta dele no exterior por um empreiteiro amigo. Durante a CPI dos Correios, Valério de fato poupou Lula. Ele só testemunhou contra o ex-presidente quando já estava condenado pelo Supremo. No depoimento ao MP, Valério disse que não aceitou pagar ao chantagista Ronan Maria Pinto do próprio bolso, como queriam os petistas, mas admitiu ter participado do desenho da transação realizada para levantar os recursos. De onde eles vieram? Do petrolão, o sucessor do mensalão.

As investigações da Operação Lava-Jato já confirmaram metade da história narrada por Marcos Valério. Para quitar a extorsão, o Banco Schahin “emprestou” o dinheiro para o empresário José Carlos Bumlai, amigo de Lula, que pagou ao chantagista. O banco já admitiu à Justiça a triangulação com o PT. Ronan Maria Pinto já foi condenado pelo juiz Sergio Moro por crime de corrupção e está preso. Valério revelou mais um dado intrigante. Segundo ele, dos 12 milhões de reais “emprestados” pelo banco, 6 milhões foram para Ronan e a outra parte foi entregue ao petista Jacó Bittar, amigo de Lula e ex-conselheiro da Petrobras. Jacó também é pai de Fernando Bittar, que consta como um dos donos do famoso sítio de Atibaia, que Lula frequentava quando deixou a Presidência. As empreiteiras envolvidas no petrolão realizaram obras no sítio à pedido do ex-presidente, o que lhe rendeu uma condenação de doze anos e onze meses de prisão. No interrogatório, o promotor encarregado do caso perguntou a Marcos Valério se havia alguma relação entre o dinheiro transferido a Bittar e a compra do sítio. Valério respondeu simplesmente que “tudo se relaciona”. O promotor também perguntou sobre as relações financeiras do empresário com o governo e com o ex-presidente Lula:

“— O caixa que o senhor administrava era dinheiro de corrupção?”
“— Caixa dois e dinheiros paralelos de corrupção, propina e tudo.”
“— Do Governo Federal?”
“— Sim, do Governo Federal.”
“— Na Presidência de Lula?”
“— Na Presidência do presidente Lula.”
“— Pagamentos para quem?”
“— Para deputados, para ministros, despesas pessoais do presidente, todo tipo de despesa do Partido dos Trabalhadores”.

Condenado a mais de cinquenta anos de cadeia, Valério começou a cumprir pena em regime fechado em 2013. Em setembro passado, progrediu para o regime semiaberto, o que lhe dá o direito de sair da cadeia durante o dia para trabalhar. O cumprimento de suas penas nunca ocorreu sem sobressaltos. Ele já foi torturado num presídio e teve os dentes quebrados. Em 2008, quando esteve preso em decorrência de um processo aberto para investigar compra de prestígio, Valério foi surrado por colegas de cela que, segundo ele, estariam a serviço de petistas. Essa crença se sustenta numa conversa que o empresário teve, anos antes, com Paulo Okamotto, amigo e braço-direito de Lula. “Marcos, uma turma do partido acha que nós devíamos fazer com você o que foi feito com o prefeito Celso Daniel. Mas eu não, eu acho que nós devemos manter esse diálogo com você. Então, tenha juízo”, teria lhe dito Okamotto. “Eu não sou o Celso Daniel não. Eu fiz vários DVDs, Paulo, e, se me acontecer qualquer coisa, esses DVDs vão para a imprensa”, rebateu o empresário, segundo seu próprio relato.

Até hoje, o assassinato de Celso Daniel é alvo de múltiplas teorias. A polícia concluiu que o crime foi comum. Já o Ministério Público sempre suspeitou de motivação política, principalmente diante das evidências de que havia um esquema de cobrança de propina de empresas de transporte público em Santo André, que teria irrigado o caixa do PT. Se Valério estiver dizendo a verdade — e é isso que as novas investigações se propõem a descobrir —, a morte do prefeito teria o objetivo de esconder que a prefeitura de Santo André funcionava como uma gazua do PT para financiar não só as campanhas políticas mas a boa vida de seus dirigentes, incluindo Lula. A morte de Celso Daniel, portanto, poderia ter sido realmente uma queima de arquivo. Irmãos do prefeito assassinado concordam com essa tese e sempre defenderam a ideia de que a possível participação de petistas no crime deveria ser apurada. O novo depoimento, embora não traga uma prova concreta, colocou mais fogo numa velha história.

FOTO: Capa da Veja estampa novo depoimento do operador Marcos Valério, que cita Lula como um dos mandantes do assassinato de Celso Daniel e reabre o caso

Veja

 

Opinião dos leitores

  1. Quando o Celso Daniel deu várias entrevistas a época na antiga TVS/SBT ao programa AQUI AGORA juntamente com o irmãos dele acusando o PT de transformar a prefeitura em questão em um tipo de QG para chegar ao poder a qualquer preço, ninguém deu ouvidos, ninguém se ligou no que poderia acontecer. Eu era pequeno, um rapazinho muito novo militante do PSB em Natal, e lembro-me bem que, numa reunião da JSB comentei. "ESSE CARA FALA TANTO, QUE PODERÁ SER VITIMA DELE MESMO. ELE É CORAJOSO DEMAIS EM FALAR DOS ESQUEMAS DO SEU PARTIDO. SE TUDO O QUE ELE ESTA FALANDO FOR VERDADE, VAI MELAR OS PLANOS DO LULA E AI VAI FEDER ESSA HISTÓRIA". Dito e feito. Mataram o cara e o seu irmão a época em várias entrevistas já dizia o nome do Lula como mandante. E agora sem o AQUI AGORA quem vai acompanhar este desfecho de verdade como fez o SBT?

  2. Lula é realmente um "encantador de burros", pois ainda tem gente que defenda um vagabundo desse.

  3. No título diz "LULA MANDOU". No conteúdo, é um tal de falei com fulano com ciclano, que disseram: "Resolva o problema". Resolva é bem amplo. Entre pagar a chantagem, e mandar matar, tem diferença. Depois, nem o esquema foi provado. Pra mim parece FANFIC, do próprio M. Valério.

  4. Matéria da Veja com entrevista do Valério acusando Lula de ser mandante da morte do Celso Daniel é baseada na seguinte frase: "Valério disse ter ouvido de um empresário que o ex-presidente foi o mandante do assassinato". Todo dia um Palocci diferente.

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Política

Lula envia Janja para Paris enquanto decreto polêmico dá poder à primeira-dama

Foto: Arquivo

Enquanto a oposição questiona decreto que dá mais poder à primeira-dama, Janja Lula da Silva embarca para Paris sem gastar um centavo do governo. A viagem de três dias, autorizada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, é para participar de seminário sobre transição energética e educação ambiental, conforme a coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles.

No evento, Janja é apresentada como “Enviada Especial para Mulheres na COP30”, cargo criado pelo próprio governo. O episódio reacende a discussão sobre o decreto de agosto de 2025, que permite à primeira-dama acessar servidores do gabinete da Presidência e representar oficialmente o Executivo — mesmo sem ter sido eleita ou nomeada para cargo público.

Deputados da oposição já protocolaram projetos para derrubar o decreto. Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara, criticou: “Ela não tem autorização legal para ter verba, funcionários ou representar o Executivo em qualquer atividade oficial”.

A ida a Paris, portanto, virou símbolo de um governo que expande o poder da primeira-dama em meio a críticas e questionamentos legais, levantando o debate sobre limites da função.

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Judiciário

VÍDEO: Ministros do STF blindam investigados do INSS e irritam deputados da oposição

 

O Supremo Tribunal Federal (STF) voltou a irritar o Congresso. Ministros como André Mendonça e Luiz Fux têm concedido habeas corpus que permitem a investigados na CPMI do INSS simplesmente não responderem perguntas durante depoimentos. A medida tem gerado revolta, principalmente entre parlamentares da oposição, que se sentem boicotados na investigação.

Segundo a jornalista Neila Nara, do Contexto Metrópoles, “o Congresso, mais uma vez, está muito irritado com esse dedo do STF, essa influência direta na CPMI, que tem poder de investigação e de polícia e acaba prejudicada por essas decisões”.

Para o analista André Shalders, a irritação é compreensível, mas a situação segue regras consolidadas do próprio STF. “Os investigados têm o direito de ficar em silêncio e não produzir prova contra si mesmos. Recentemente, o Flávio Dino liberou o presidente do Sindinape, Milton Cavallo, a manter-se calado durante quase todo o depoimento”, explicou.

Apesar da frustração no Congresso, a jurisprudência do STF é antiga e bem definida. Shalders ressaltou: “A regra existe há muito tempo. Se está correta ou não é outra discussão, mas não dá para culpar os ministros por aplicá-la”.

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Geral

COP30 SOB SUSPEITA: TCU investiga contratos suspeitos com superfaturamento de até 1.000% e capital ‘maquiado’

Foto: Ricardo Stuckert

O Tribunal de Contas da União (TCU) abriu investigação sobre contratos milionários ligados à organização da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para Belém (PA). A Corte vai apurar se a contratação de duas empresas especializadas violou princípios básicos da administração pública, como isonomia, transparência e economia.

Segundo informações da Folha de S.Paulo, o ministro Bruno Dantas autorizou ouvir a Secretaria Executiva da COP30, vinculada à Casa Civil, para esclarecer pontos do processo. O TCU também deu direito de resposta ao Consórcio Pronto RG, antes de qualquer conclusão.

A polêmica começou quando deputados federais questionaram a chamada “Licitação 11060/2025”, conduzida pela Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI). O certame resultou em dois contratos: o Consórcio Pronto RG receberá mais de R$ 67 milhões pela “Zona Verde”, e a DMDL Ltda, mais de R$ 182 milhões pela “Zona Azul”.

Os parlamentares apontam falhas graves no edital, como definição de preços e partilha de receitas só depois da contratação. Há indícios de superfaturamento de até 1.000% e possível subsídio cruzado, além de fraude na comprovação de capital social do Consórcio Pronto RG, que teria usado um adiantamento para aparentar capacidade financeira.

Dinheiro público à venda

A investigação do TCU ainda está em fase inicial, mas já levanta suspeitas de que bilhões de reais em dinheiro público podem estar sendo administrados de forma questionável na preparação de um evento internacional. A fiscalização será decisiva para evitar que os cofres do país sirvam de banco para interesses privados.

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Judiciário

Barroso passa mal no STF e é internado para exames em hospital de Brasília

Foto: Divulgação/STF

O ministro Luís Roberto Barroso passou mal na tarde desta quarta-feira (15) e precisou ser levado ao hospital Sírio-Libanês, em Brasília, para exames. Segundo informações do UOL, a suspeita é de uma virose. Barroso sofreu uma queda de pressão durante atividades no tribunal, mas não reclamou de dores.

Apesar do susto, o ministro segue oficialmente vinculado ao Supremo até sexta-feira (17). A aposentadoria, publicada hoje em edição extra do Diário Oficial da União, passa a valer no sábado. Até lá, ele ainda exerce suas funções normalmente.

Barroso decidiu antecipar sua aposentadoria, mesmo podendo permanecer no STF até 2033. A decisão ocorre após recentes sanções do governo Donald Trump contra integrantes do Judiciário e logo depois de concluir sua gestão como presidente do tribunal. Atualmente, Edson Fachin chefia o Supremo.

Sua aposentadoria antecipada do STF foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) na noite desta quarta. Nomeado foi por Dilma Rousseff em 2013, Barroso, de 67 anos, abre espaço para que o presidente Lula (PT) indique seu substituto, sem prazo definido para a nomeação.

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Economia

Ações do Banco do Brasil despencam após presidente dos Correios abrir negociação de empréstimo bilionário

Foto: Reprodução

As ações do Banco do Brasil caíram com força nesta quarta-feira (15/10), ampliando as perdas da sessão anterior, enquanto o Ibovespa conseguia respirar leve. Por volta das 15h05, os papéis do BB recuavam 1,55%, cotados a R$ 20,38, chegando a tocar R$ 20,29 mais cedo – mínima do pregão até agora.

O motivo? Declarações de Emmanuel Rondon, presidente dos Correios, de que a estatal negocia um empréstimo de R$ 20 bilhões com um grupo de bancos, incluindo o próprio Banco do Brasil. A operação, que ainda precisa do aval do Conselho de Administração da empresa, contaria com garantia do Tesouro Nacional. A ideia é reforçar o caixa dos Correios para 2025 e 2026, depois de acumularem prejuízo de R$ 4,37 bilhões no primeiro semestre.

O mercado reagiu mal. Além da preocupação com o empréstimo bilionário, os investidores estão de olho nas prévias consideradas negativas do balanço do Banco do Brasil, que será divulgado em 12 de novembro. A combinação de incertezas pesou nas negociações e deixou os papéis mais sensíveis a qualquer notícia sobre a estatal.

Os Correios ainda não detalharam como funcionaria o empréstimo do consórcio de bancos. Rondon afirmou que a proposta foi analisada nesta quarta e que o conselho tem até 24 de outubro para aprovar ou rejeitar a operação. Até lá, a volatilidade deve continuar, deixando acionistas em alerta.

Estatal puxa bolsa

Enquanto isso, o Ibovespa sobe 0,51%, mostrando que o resto do mercado está relativamente blindado, mas o Banco do Brasil sente o efeito direto das turbulências de uma estatal em crise, com reflexo imediato no bolso dos investidores.

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Judiciário

STF NA MIRA: Oposição protocola 41º pedido de impeachment contra Moraes e 7º contra Dino

Foto: Reprodução

Parlamentares de oposição protocolaram, nesta quarta-feira (15), dois novos pedidos de impeachment no Senado contra ministros do STF, Alexandre de Moraes e Flávio Dino. É o 41º pedido contra Moraes e o 7º contra Dino, segundo levantamento da CNN Brasil com base em dados do Senado.

O deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), que assina o pedido contra Moraes junto com outros 90 deputados, acusa o ministro de cometer supostas ilegalidades reveladas pelo ex-assessor Eduardo Tagliaferro. “Os processos de Alexandre de Moraes, aqueles que ele conduz, são nulos de pleno direito e absolutamente viciados”, disse Van Hattem em coletiva.

Já o pedido contra Flávio Dino conta com o apoio de dez senadores. Para o senador Eduardo Girão (Novo-CE), a iniciativa é resultado de um processo cuidadoso. “Esse pedido de impeachment vem sendo construído há algum tempo, a gente não banaliza pedidos de impeachment”, afirmou.

No Brasil, qualquer cidadão ou parlamentar pode apresentar pedido de impeachment de ministros do STF, mas quem decide processar e julgar é o Senado Federal. Atualmente, a presidência da Casa é de Davi Alcolumbre (União-AP), que não tem mostrado disposição de levar adiante essas ações.

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Mundo

Trump libera CIA na Venezuela e promete guerra às drogas: “Não vamos deixar nosso país ser arruinado”

Foto: Reprodução

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta quarta-feira (15) que autorizou a CIA a realizar operações secretas na Venezuela. A decisão faz parte de uma escalada do governo americano contra o regime de Nicolás Maduro e o tráfico de drogas que, segundo ele, chega aos EUA via mar e terra.

“Temos muitas drogas chegando da Venezuela, e muitas delas chegam pelo mar. Vamos detê-las também por terra”, disse, no Salão Oval da Casa Branca, sem explicar detalhes das ações.

Embora não tenha declarado abertamente que busca derrubar Maduro, o presidente afirmou que os líderes venezuelanos estão sob pressão. Ele ainda criticou outros países, citando a falsa alegação de que teriam enviado presos e pacientes de hospitais psiquiátricos para os EUA.

A ordem de Trump altera a autoridade da CIA e coincide com uma diretiva secreta que permite aos militares americanos atacar cartéis de drogas na América Latina, segundo fontes ouvidas pela CNN. O New York Times havia noticiado a medida primeiro, citando diversas autoridades americanas.

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Geral

Potiguar Jarbas Filho entra para o seleto time de jurados do Prêmio Multishow 2025 e põe RN no mapa da música nacional

Foto: Divulgação

O produtor cultural potiguar Jarbas Filho, à frente da Viva Promoções, acaba de receber um convite que coloca o Rio Grande do Norte no centro da música brasileira. Ele vai integrar a Academia do Prêmio Multishow 2025, responsável por eleger os vencedores da premiação mais importante da música nacional.

A cerimônia acontece no dia 9 de dezembro, ao vivo, direto do Riocentro, no Rio de Janeiro, com transmissão pelo Multishow, TV Globo e Globoplay. Nesta edição, Tadeu Schmidt e Kenya Sade comandam o palco, e Milton Cunha promete trazer sua energia e irreverência para o grande evento.

Com mais de 20 anos de estrada, Jarbas Filho é referência na produção de shows e festivais no RN e no Nordeste. Já trouxe nomes como Chico Buarque, Marisa Monte, Roberto Carlos, Skank, Titãs e Jota Quest para os palcos potiguares, além de idealizar eventos que entraram para o calendário cultural local, como o Festival MPB84, o Pipa MPB Fest e o Festival Histórico de Natal.

O produtor também foi reconhecido com a Medalha de Mérito Cultural Djalma Marinho, homenagem a quem se destaca no incentivo à arte no estado. Sobre o convite, Jarbas destacou: “É uma grande honra fazer parte da Academia do Prêmio Multishow e representar o Rio Grande do Norte nessa importante premiação.”

Agora, ele se junta a um seleto grupo de profissionais que vai decidir quem leva os prêmios para casa, reforçando o protagonismo do RN na cena musical do país.

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Política

VÍDEO: Lula detonou o Congresso: ‘Nunca foi tão baixo nível’ e joga alerta para 2026

Vídeo: Reprodução/Metrópoles

O presidente Lula (PT) não poupou críticas ao Congresso Nacional e à oposição durante evento no Rio de Janeiro em homenagem ao Dia dos Professores. Ao lado do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), o petista afirmou que o parlamento atual “nunca teve a qualidade de baixo nível como tem agora”.

Lula não poupou adjetivos para a extrema-direita eleita em 2022. “Aquilo que se elegeu é o que existe de pior. Não podemos ter presidente que nega a Covid, a vacina, distribui remédio que não vale nada e ainda tem ministro da Saúde que não entendia porra nenhuma de saúde”, afirmou, enquanto Motta não reagia.

Ele também falou sobre a eleição de 2026. “Não colocamos a raposa para tomar conta do galinheiro. Vai ser decidido por vocês que tipo de Brasil queremos. Depois, não adianta reclamar”, disse, lembrando que cada voto reflete a “consciência política” da população.

Sem perder o tom ácido, Lula citou o caso do Rio de Janeiro e criticou a eleição de Wilson Witzel em 2018: “Não consigo entender como esse Estado, tão politizado, elegeu um juiz picareta que não fez porra nenhuma, se meteu na corrupção e foi eleito”. Witzel acabou cassado, e Cláudio Castro (PL) assumiu o governo.

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Política

Eduardo Bolsonaro corre para a Casa Branca e busca respaldo internacional para Bolsonaro

Foto: Reprodução/Instagram

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) esteve, nesta quarta-feira (15), no Departamento de Estado dos Estados Unidos, acompanhado do blogueiro Paulo Figueiredo, em um movimento para fortalecer a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O encontro acontece na véspera da reunião do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, com o senador americano Marco Rubio.

Figueiredo, que participou das conversas, disse à CNN que estão “otimistas” quanto ao diálogo de Vieira com Rubio, mas não revelou detalhes sobre os tópicos que serão discutidos. Sobre possíveis propostas de Rubio, respondeu apenas: “Vamos ver o que o Brasil traz para a mesa”.

Para Eduardo, a melhor saída para o Brasil conseguir avançar é “parar a perseguição nos tribunais, aprovar a anistia no Congresso e virar esta página”. “Então, a situação se normalizará”, afirmou. Ele e Figueiredo lideram o movimento em Washington para pressionar o governo americano a considerar medidas em favor de Bolsonaro, após o que eles classificam como julgamento injusto contra o ex-presidente.

Para especialistas em relações internacionais ouvidos pela CNN, a iniciativa mostra que aliados de Bolsonaro continuam ativos globalmente, mesmo fora do governo, tentando influenciar decisões e proteger interesses do ex-presidente. A movimentação chega em um momento sensível da diplomacia brasileira, com o Itamaraty buscando manter diálogo sólido com os EUA.

 

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