Polícia

Marcos Valério cita Lula como um dos mandantes da morte de Celso Daniel; reportagem detalha depoimento inédito

ELE VOLTOU – No depoimento, que também foi gravado em vídeo, Valério reproduz o diálogo que teve com Ronan Maria Pinto, em que ele teria dito que apontaria Lula como o “cabeça da morte de Celso Daniel” (./.)

No fim da década de 90, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza começou a construir uma carreira que transformaria radicalmente sua vida e a de muitos políticos brasileiros nas duas décadas seguintes. Ele aprimorou um método que permitia a governantes desviar recursos públicos para alimentar caixas eleitorais sem deixar rastros muito visíveis. Ao assumir a Presidência da República, em 2003, o PT assumiu a patente do esquema. Propina, pagamentos e recebimentos ilegais, gastos secretos e até despesas pessoais do ex-presidente Lula — tudo passava pela mão e pelo caixa do empresário. Durante anos, o partido subornou parlamentares no Congresso com dinheiro subtraído do Banco do Brasil, o que deu origem ao escândalo que ficou conhecido como mensalão e levou catorze figurões para a cadeia, incluindo o próprio Marcos Valério. Desde então, o empresário é um espectro que, a cada aparição, provoca calafrios nos petistas. Em 2012, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) já o condenara como operador do mensalão, Valério emitiu os primeiros sinais de que estaria disposto a contar segredos que podiam comprometer gente graúda do partido em crimes muito mais graves. Prometia revelar, por exemplo, o suposto envolvimento de Lula com a morte de Celso Daniel, prefeito de Santo André, executado a tiros depois de um misterioso sequestro, em 2002.

AVALISTA – Lula foi informado sobre o pagamento ao chantagista (Ricardo Stuckert/PT)

Na época, as autoridades desconfiaram que a história era uma manobra diversionista. Mesmo depois, o empresário pouco acrescentou ao que já se sabia sobre o caso. Recentemente, no entanto, Valério resolveu contar tudo o que viu, ouviu e fez durante uma ação deflagrada para blindar Lula e o PT das investigações sobre o assassinato de Celso Daniel. Em um depoimento ao Ministério Público de São Paulo, prestado no Departamento de Investigação de Homicídios de Minas Gerais, a que VEJA teve acesso, o operador do mensalão declarou que Lula e outros petistas graduados foram chantageados por um empresário de Santo André que ameaçava implicá-los na morte de Celso Daniel. Mais: disse ter ouvido desse empresário que o ex-presidente foi o mandante do assassinato. Até hoje, a morte do prefeito é vista como um crime comum, sem motivação política, conforme conclusão da Polícia Civil. Apesar disso, o promotor Roberto Wider Filho, por considerar graves as informações colhidas, encaminhou o depoimento de Valério ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, que o anexou a uma investigação sigilosa que está em curso.

CRIME POLÍTICO – Celso Daniel foi morto como queima de arquivo, em 2002 (Epitácio Pessoa/Estadão Conteúdo)

No depoimento ao MP, também gravado em vídeo, Valério repetiu uma história que contou em 2018 ao então juiz Sergio Moro, envolvendo na trama praticamente todo o alto-comando petista — só que agora com mais detalhes e com Lula como personagem fundamental. A história começa, segundo ele, em 2003, quando Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Lula, convocou-o para uma reunião no Palácio do Planalto. No encontro, o anfitrião afirmou que o empresário Ronan Maria Pinto, que participava de um esquema de cobrança de propina na prefeitura de Santo André, ameaçava envolver a cúpula do Planalto no caso da morte de Celso Daniel. “Marcos, nós estamos com um problema. O Ronan está nos chantageando, a mim, ao presidente Lula e ao ministro José Dirceu, e preciso que você resolva”, teria dito Carvalho. “Ele precisa de um recurso, e eu quero que você procure o Silvio Pereira (ex-secretário-geral do PT)”, acrescentou. Valério conta que, antes de deixar o Palácio, tentou levantar mais informações sobre a história com o então ministro José Dirceu. “Zé, seguinte: o Gilberto está me pedindo para eu procurar o Silvio Pereira para resolver um problema do Ronan Maria Pinto. Disse que é uma chantagem”, narra Valério no depoimento. A resposta do então chefe da Casa Civil teria sido curta e grossa: “Vá e resolva”.

Valério compreendeu que “resolver” significava comprar o silêncio do chantagista. No depoimento, ele relata que procurou o petista João Paulo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, a quem uma de suas agências de publicidade prestava serviços. Cunha, mais tarde condenado no mensalão, orientou-o a procurar o deputado Professor Luizinho, que tinha sido vereador em Santo André e, portanto, conhecia bem o problema. Segundo o empresário, Luizinho lhe confidenciou que Celso Daniel topou pagar com recursos da prefeitura a caravana de Lula pelo país, antes da eleição presidencial de 2002, mas não teria concordado em entregar a administração à ação de quadrilhas e àqueles que visavam ao enriquecimento pessoal. “Uma coisa era o Celso bancar as despesas do partido, da direção do partido e do próprio presidente. Outra era envolver a prefeitura em casos que beiravam a ação de gângster”, teria afirmado o deputado, conforme a versão de Valério. Seguindo a orientação recebida de Gilberto Carvalho, Valério procurou Silvio Pereira (secre­tário-­geral do PT) e perguntou se o assunto era mesmo grave e se realmente envolvia Lula, Zé Dirceu e Gilberto. Resposta: “Ele falou assim: ‘Esse assunto é mais sério do que você imagina’.”. Pereira pediu então a Valério que se encontrasse com o chantagista.

A reunião, segundo Valério, ocorreu num hotel em São Paulo. “Eu já avisei a quem eu devia avisar, Marcos, eu não vou pagar o preço sozinho”, teria sido a ameaça de Ronan. O então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, preso no mensalão e no petrolão, também estava no encontro. “Se não resolver o assunto, eu já senti, esse homem vai explodir de vez, vai explodir o presidente, o Gilberto e o José Dirceu”, disse Valério a Delúbio depois da reunião. O empresário e o tesoureiro discutiram a melhor forma de arrumar o dinheiro para pagar a chantagem. Deu-­se, então, o encontro do mensalão com o petrolão. O petista Ivan Guimarães, que à época era presidente do Banco Popular do Brasil, lembrou os colegas de partido de que fundos de pensão mantinham aplicações milionárias no Banco Schahin. Era a hora de pedir uma retribuição. O banco aceitou fazer um “empréstimo” de 12 milhões de reais em troca de um contrato de operação com a Petrobras, no valor de 1,6 bilhão de reais. O promotor Roberto Wider quis saber de Valério se ele conversou com Lula sobre esse episódio. O empresário disse que sim. “Eu virei para o presidente e falei assim: ‘Resolvi, presidente’. Ele falou assim: ‘Ótimo, graças a Deus’.”. Mas não foi apenas isso. Valério contou ao promotor que Ronan Maria Pinto, quando exigiu dinheiro para ficar calado, declarou que não ia “pagar o pato” sozinho e que iria citar o presidente Lula como “mandante da morte” do prefeito de Santo André. Nas palavras de Valério, Ronan ia “apontá-lo como cabeça da morte de Celso Daniel”.

Na história recente da política brasileira, ninguém exerceu o papel de operador com tamanho protagonismo como o empresário Marcos Valério. Dono de agências de publicidade, Valério começou a atuar em esquemas de desvio de recursos públicos no governo de Eduardo Azeredo (PSDB), em Minas Gerais. Petistas mineiros conheciam muito bem os bons serviços prestados por ele aos rivais tucanos. Por isso, tão logo Lula assumiu a Presidência da República, abriram-se as portas do governo federal ao empresário. Rapidamente, Valério se tornou o homem do dinheiro sujo do PT e, nessa condição, cumpriu de missões prosaicas a estratégicas. Ele conta que se reunia com o então presidente ao menos uma vez por mês. Palpitava até sobre a indicação de ministros. A compra de apoio parlamentar era realizada às sombras, numa engenhosa operação financeira que envolvia bancos, dirigentes de partidos e dezenas de políticos — tudo na surdina. O empresário só assumiu o centro do tablado depois de VEJA revelar, em 2005, que o PTB operava um esquema de cobrança de propina nos Correios. Sentindo-se pressionado, Roberto Jefferson, o mandachuva do partido, reagiu delatando o mensalão e apresentando ao país o “carequinha” que operava os cofres clandestinos do PT. O resto da história é conhecido. O STF reconheceu a existência do esquema de suborno ao Congresso, considerou-o uma tentativa do PT de se perpetuar no poder e condenou os mensaleiros à cadeia. Lula, apesar de ser o beneficiado principal do esquema, nem sequer foi processado.

Por causa disso, Valério sempre pairou como um fantasma sobre o PT e seus dirigentes. No auge das investigações sobre o mensalão, ele próprio tentou chantagear o partido dizendo que se não recebesse uma bolada implicaria o então presidente da República no caso. Anos mais tarde, uma reportagem de VEJA revelou que a chantagem surtiu efeito, e o dinheiro foi depositado numa conta dele no exterior por um empreiteiro amigo. Durante a CPI dos Correios, Valério de fato poupou Lula. Ele só testemunhou contra o ex-presidente quando já estava condenado pelo Supremo. No depoimento ao MP, Valério disse que não aceitou pagar ao chantagista Ronan Maria Pinto do próprio bolso, como queriam os petistas, mas admitiu ter participado do desenho da transação realizada para levantar os recursos. De onde eles vieram? Do petrolão, o sucessor do mensalão.

As investigações da Operação Lava-Jato já confirmaram metade da história narrada por Marcos Valério. Para quitar a extorsão, o Banco Schahin “emprestou” o dinheiro para o empresário José Carlos Bumlai, amigo de Lula, que pagou ao chantagista. O banco já admitiu à Justiça a triangulação com o PT. Ronan Maria Pinto já foi condenado pelo juiz Sergio Moro por crime de corrupção e está preso. Valério revelou mais um dado intrigante. Segundo ele, dos 12 milhões de reais “emprestados” pelo banco, 6 milhões foram para Ronan e a outra parte foi entregue ao petista Jacó Bittar, amigo de Lula e ex-conselheiro da Petrobras. Jacó também é pai de Fernando Bittar, que consta como um dos donos do famoso sítio de Atibaia, que Lula frequentava quando deixou a Presidência. As empreiteiras envolvidas no petrolão realizaram obras no sítio à pedido do ex-presidente, o que lhe rendeu uma condenação de doze anos e onze meses de prisão. No interrogatório, o promotor encarregado do caso perguntou a Marcos Valério se havia alguma relação entre o dinheiro transferido a Bittar e a compra do sítio. Valério respondeu simplesmente que “tudo se relaciona”. O promotor também perguntou sobre as relações financeiras do empresário com o governo e com o ex-presidente Lula:

“— O caixa que o senhor administrava era dinheiro de corrupção?”
“— Caixa dois e dinheiros paralelos de corrupção, propina e tudo.”
“— Do Governo Federal?”
“— Sim, do Governo Federal.”
“— Na Presidência de Lula?”
“— Na Presidência do presidente Lula.”
“— Pagamentos para quem?”
“— Para deputados, para ministros, despesas pessoais do presidente, todo tipo de despesa do Partido dos Trabalhadores”.

Condenado a mais de cinquenta anos de cadeia, Valério começou a cumprir pena em regime fechado em 2013. Em setembro passado, progrediu para o regime semiaberto, o que lhe dá o direito de sair da cadeia durante o dia para trabalhar. O cumprimento de suas penas nunca ocorreu sem sobressaltos. Ele já foi torturado num presídio e teve os dentes quebrados. Em 2008, quando esteve preso em decorrência de um processo aberto para investigar compra de prestígio, Valério foi surrado por colegas de cela que, segundo ele, estariam a serviço de petistas. Essa crença se sustenta numa conversa que o empresário teve, anos antes, com Paulo Okamotto, amigo e braço-direito de Lula. “Marcos, uma turma do partido acha que nós devíamos fazer com você o que foi feito com o prefeito Celso Daniel. Mas eu não, eu acho que nós devemos manter esse diálogo com você. Então, tenha juízo”, teria lhe dito Okamotto. “Eu não sou o Celso Daniel não. Eu fiz vários DVDs, Paulo, e, se me acontecer qualquer coisa, esses DVDs vão para a imprensa”, rebateu o empresário, segundo seu próprio relato.

Até hoje, o assassinato de Celso Daniel é alvo de múltiplas teorias. A polícia concluiu que o crime foi comum. Já o Ministério Público sempre suspeitou de motivação política, principalmente diante das evidências de que havia um esquema de cobrança de propina de empresas de transporte público em Santo André, que teria irrigado o caixa do PT. Se Valério estiver dizendo a verdade — e é isso que as novas investigações se propõem a descobrir —, a morte do prefeito teria o objetivo de esconder que a prefeitura de Santo André funcionava como uma gazua do PT para financiar não só as campanhas políticas mas a boa vida de seus dirigentes, incluindo Lula. A morte de Celso Daniel, portanto, poderia ter sido realmente uma queima de arquivo. Irmãos do prefeito assassinado concordam com essa tese e sempre defenderam a ideia de que a possível participação de petistas no crime deveria ser apurada. O novo depoimento, embora não traga uma prova concreta, colocou mais fogo numa velha história.

FOTO: Capa da Veja estampa novo depoimento do operador Marcos Valério, que cita Lula como um dos mandantes do assassinato de Celso Daniel e reabre o caso

Veja

 

Opinião dos leitores

  1. Quando o Celso Daniel deu várias entrevistas a época na antiga TVS/SBT ao programa AQUI AGORA juntamente com o irmãos dele acusando o PT de transformar a prefeitura em questão em um tipo de QG para chegar ao poder a qualquer preço, ninguém deu ouvidos, ninguém se ligou no que poderia acontecer. Eu era pequeno, um rapazinho muito novo militante do PSB em Natal, e lembro-me bem que, numa reunião da JSB comentei. "ESSE CARA FALA TANTO, QUE PODERÁ SER VITIMA DELE MESMO. ELE É CORAJOSO DEMAIS EM FALAR DOS ESQUEMAS DO SEU PARTIDO. SE TUDO O QUE ELE ESTA FALANDO FOR VERDADE, VAI MELAR OS PLANOS DO LULA E AI VAI FEDER ESSA HISTÓRIA". Dito e feito. Mataram o cara e o seu irmão a época em várias entrevistas já dizia o nome do Lula como mandante. E agora sem o AQUI AGORA quem vai acompanhar este desfecho de verdade como fez o SBT?

  2. Lula é realmente um "encantador de burros", pois ainda tem gente que defenda um vagabundo desse.

  3. No título diz "LULA MANDOU". No conteúdo, é um tal de falei com fulano com ciclano, que disseram: "Resolva o problema". Resolva é bem amplo. Entre pagar a chantagem, e mandar matar, tem diferença. Depois, nem o esquema foi provado. Pra mim parece FANFIC, do próprio M. Valério.

  4. Matéria da Veja com entrevista do Valério acusando Lula de ser mandante da morte do Celso Daniel é baseada na seguinte frase: "Valério disse ter ouvido de um empresário que o ex-presidente foi o mandante do assassinato". Todo dia um Palocci diferente.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

Secretário garante que projeto na Roberto Freire só avançará se seguir regras do Parque das Dunas

Foto: @mqimagens / Instagram / Reprodução

O secretário de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal, Thiago Mesquita, afirmou que qualquer intervenção planejada para a margem da Avenida Roberto Freire só poderá ser desenvolvida em total conformidade com o Plano de Manejo do Parque das Dunas — documento recém-atualizado e que funciona como regra máxima para a unidade de conservação. Segundo ele, não existe projeto executivo em andamento, apenas uma concepção inicial que ainda será moldada às diretrizes ambientais.

Durante audiência pública na Assembleia Legislativa, promovida pela deputada Divaneide Basílio (PT) nesta segunda-feira (1º), Mesquita reforçou que o município não pretende avançar em nada que contrarie o plano. O secretário explicou que a ideia de um parque linear surgiu durante as discussões do Plano Diretor, após diversas contribuições da sociedade sugerirem uso público controlado para o espaço. A Prefeitura inicialmente apresentou uma proposta de 10 hectares ao longo da avenida, limite que coincide com a área cedida pelo Exército — que mantém ali uma zona de manobra militar.

A concepção, porém, passou a ser questionada por ambientalistas, que citam restrições previstas no plano de manejo. O Conselho Gestor do Parque das Dunas recomendou que a área de visitação seja concentrada entre a Comjol e a antiga UnP, avançando mais para dentro da mata, totalizando 16 hectares. O formato deixa de ser linear, mas se aproxima de modelos como o Bosque dos Namorados e reduz interferências em trechos mais sensíveis da vegetação.

Mesquita reconheceu que adequar o desenho à nova área pode exigir nova negociação com o Exército, o que pode atrasar o projeto. Ainda assim, defendeu que o parque pode oferecer educação ambiental, lazer e atividades de baixo impacto, como arvorismo em parte da área que vai da UnP ao Praia Shopping, sem abertura ostensiva de trilhas ou circulação intensa de visitantes.

O Idema reforçou a necessidade de obedecer ao plano de manejo. Thales Dantas, diretor-técnico, classificou o documento como “Constituição” da unidade e destacou que a nova versão ampliou a zona de uso público para 16 hectares — o dobro da área liberada atualmente. Ele confirmou que será preciso ajustar o termo de cessão com o Exército para que o projeto se encaixe no perímetro previsto.

O Ministério Público Estadual e Federal também acompanha o tema. A promotora Raquel Germano informou que o Município se comprometeu a apresentar uma proposta formal adaptada ao plano de manejo e que, enquanto durar a mediação, foi firmado um acordo para evitar declarações públicas que possam gerar ruídos. Segundo ela, o MP segue atuando para garantir que o Parque das Dunas seja respeitado conforme a legislação.

Com informações do Agora RN

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

VÍDEO: Dono embriagado inventa roubo, é preso por falso testemunho e jovem contratado para levar moto acaba liberado

 

View this post on Instagram

 

A post shared by Via Certa (@viacertanatalrn)

Vídeo: Via Certa Natal

A noite de segunda-feira (1º) terminou com uma reviravolta digna de roteiro policial no Bom Pastor. O que começou como uma denúncia de assalto acabou revelando uma história completamente diferente daquela narrada à polícia.

A ROCAM foi acionada após o suposto proprietário de uma motocicleta afirmar que o veículo havia sido roubado por um casal. No entanto, ao averiguar o caso, os policiais descobriram que o jovem detido havia sido, na verdade, contratado pelo próprio denunciante — que estava embriagado — para levar a moto até outro endereço no bairro.

Segundo relatou o rapaz, ele tentou convencer o dono a acompanhá-lo, mas o homem estava muito alcoolizado. Mesmo assim, insistiu para que ele conduzisse a motocicleta até o destino combinado, e prometeu pagar pelo serviço. “Quando eu cheguei na Cidade da Esperança e vi as viaturas, acelerei com minha esposa. Como estávamos sem os documentos, fiquei com medo da moto ser apreendida. Só no Bom Pastor, já perto do destino, fui abordado e descobri que o dono tinha feito um boletim dizendo que eu tinha roubado”, contou.

Com a versão esclarecida, a polícia identificou que o suposto dono havia mentido no registro do Boletim de Ocorrência. Ele recebeu voz de prisão por falso testemunho. O jovem e sua esposa, que chegaram a ser detidos sob suspeita de roubo, foram liberados logo em seguida.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

Secretário admite pressão de facções do Sudeste no RN, mas diz que Estado mantém ofensiva “sem recuar”

Foto: Assecom/Gov RN

O secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Norte, coronel Araújo, afirmou que o avanço de facções do Sudeste para o Nordeste tem impacto direto na violência do Estado, mas garantiu que as forças de segurança estão enfrentando todos os grupos. Em entrevista à Rádio Mix nesta segunda-feira (1º), ele destacou que a migração de estruturas criminosas pressiona o RN dentro de uma dinâmica nacional que envolve tráfico de armas, drogas, lavagem de dinheiro e disputa territorial.

“É claro que, com o desencadeamento das estruturas criminosas do Sudeste para o Nordeste, nos afeta consideravelmente, mas nós estamos enfrentando todos eles”, afirmou Araújo.

A declaração ocorre após a Operação Farol da Justiça, deflagrada na semana passada, que resultou em 16 prisões e no bloqueio de R$ 72 milhões ligados a organizações criminosas. As ações, concentradas em Mãe Luiza, incluíram apreensões de submetralhadoras, pistolas e a destruição de três acampamentos usados como base por criminosos. Araújo afirmou que a presença ostensiva da polícia continuará na comunidade para garantir o funcionamento de escolas, unidades de saúde, comércio e a rotina dos moradores.

O secretário confirmou que a ofensiva provocou reações — como o ataque a tiros contra uma viatura no domingo (30), que terminou com confronto, dois baleados e um morto — e atribuiu os episódios à tentativa de domínio territorial por facções. Ele ressaltou que o Estado vem atuando com integração entre PM, Polícia Civil, Polícia Penal, Gaeco e Guarda Municipal, e que todo o material apreendido está passando por perícia para rastreamento da origem das armas.

Araújo também citou investimentos recentes em efetivo, renovação da frota e equipamentos como fatores que reforçaram o combate ao crime. Ao comentar críticas sobre a atuação policial, respondeu com ironia que “de segurança pública todo mundo entende”, e garantiu que a gestão trabalha “sem bravata”, apenas com resultados. A Operação Farol da Justiça, segundo ele, não tem prazo para terminar e será expandida para outras áreas conforme necessidade.

Com informações do Agora RN

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

Movimento “Segue-me” é homenageado na Assembleia Legislativa pelos seus 40 anos de implantação em Natal

Foto: Divulgação

A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte realizou na tarde desta segunda-feira, dia 1º, uma Sessão Solene em homenagem aos 40 anos de implantação do movimento “Segue-me” na Arquidiocese de Natal. Ao longo das últimas quatro décadas, o “Segue-me” tornou-se uma oportunidade de transformação espiritual e humana, segundo destacou o autor da iniciativa, deputado estadual Tomba Farias (PL), ao falar diante de uma plateia que reuniu autoridades civis e religiosas, incluindo o arcebispo metropolitano de Natal, Dom João Santos Cardoso, jovens católicos e evangelizadores.

“É com profunda alegria, respeito e senso de responsabilidade que esta Casa legislativa realiza uma justa homenagem aos 40 anos de implantação do Movimento Segue-me, cuja história se entrelaça com a evangelização da juventude potiguar e com a missão pastoral de nossa Igreja”, assinalou o parlamentar.

Católico fervoroso e devoto de Santa Rita de Cássia, Tomba Farias enfatizou que, durante a sua trajetória, o “Segue-me” cresceu, amadureceu e se consolidou como um dos mais importantes instrumentos de evangelização da juventude. “Tudo isso só foi possível graças ao testemunho de casais dedicados, de sacerdotes comprometidos, de jovens dispostos a servir, e de tantas famílias que, movidas pela fé, mantiveram vivo o espírito missionário do Movimento”, destacou.

O Diretor Espiritual Arquidiocesano do “Segue-me”, Padre Marcos Rodrigues, destacou a importância da homenagem na Assembleia Legislativa. “Somos felizes enquanto igreja por termos essa oportunidade aqui perante esse poder público de serviço à nossa sociedade e o reconhecimento da Assembleia dá para o nosso movimento que é tão significativo e importante para a nossa sociedade também dentro da instância espiritual em nossa igreja Católica Apostólica Romana”, ressaltou.

Na opinião do deputado, comemorar os 40 anos do “Segue-me” é celebrar a vocação, o serviço, a história e a esperança. “Tudo isso só foi possível graças ao testemunho de casais dedicados, de sacerdotes comprometidos, de jovens dispostos a servir, e de tantas famílias que, movidas pela fé, mantiveram vivo o espírito missionário do Movimento”, ressaltou.

O “Segue-me” está presente em diversas paróquias de Natal, como São Pedro, Santa Luzia, São José de Anchieta, Nossa Senhora das Graças e Santa Teresinha e São João Batista.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Política

Presidente da CPMI manda prender ex-chefe do INSS após contradições no depoimento

Foto: Carlos Moura/Agência Senado

O presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), determinou na madrugada desta terça-feira (2) a prisão do ex-coordenador-geral de pagamentos e benefícios do órgão, Jucimar Fonseca da Silva. A ordem ocorreu após o depoente alegar erro na convocação e apresentar informações consideradas falsas pela comissão. “O senhor está preso por calar a verdade”, declarou Viana ao anunciar o flagrante.

Ainda pela manhã, Jucimar foi localizado pela Polícia Legislativa e levado novamente ao Congresso para prestar depoimento. Ele vinha adiando a oitiva com sucessivos atestados médicos desde que foi afastado do cargo, em abril, após a Polícia Federal deflagrar operação que apura fraudes no INSS.

As investigações apontam que Jucimar atuou no processo que autorizou o desbloqueio em lote para inclusão de descontos associativos a pedido da Contag. Questionado sobre o alto volume de reclamações na época, ele afirmou que recebia relatórios da ouvidoria, mas que os números informados “não eram aqueles” divulgados pela imprensa. O ex-coordenador negou ter recebido propina e afirmou que sua nomeação seguiu critérios técnicos.

Jucimar também declarou não ter poder decisório sobre pagamentos e que jamais assinou autorizações, argumentando que apenas acompanhava processos internos, sempre subordinado ao diretor de Benefícios e à presidência do INSS.

Com informações da CNN

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

Líder do FDA relaciona vacinas da covid a mortes de crianças e pede mudança urgente nas regras

Foto: Reprodução

O Dr. Vinay Prasad, um dos principais nomes do setor de regulamentação de vacinas do FDA, acendeu um alerta dentro do órgão ao sugerir que dez mortes de crianças estariam associadas a doses contra a covid-19. A informação foi revelada após um e-mail interno do pesquisador vir à tona na imprensa internacional, motivando discussões sobre endurecimento nas regras de aprovação.

Prasad defendeu que o processo de avaliação dos imunizantes seja mais rigoroso, embora os casos citados não tenham sido publicados em revistas científicas nem revisados por pares. Detalhes sobre as circunstâncias das mortes e quais vacinas estariam envolvidas também não foram divulgados.

Em entrevista à Fox News, o comissário do FDA Marty Makary afirmou que o órgão deve se pronunciar oficialmente sobre o assunto e reforçou que qualquer decisão precisa ser baseada em evidências sólidas. Segundo ele, o compromisso da agência é garantir total transparência ao público.

A repercussão afetou diretamente o mercado financeiro. As ações de empresas do setor caíram nesta segunda-feira (1º): Moderna recuou 7,01%, Novavax caiu 5,11%, Merck perdeu 2,86% e a Pfizer, 1,83%.

Com informações do InfoMoney

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Judiciário

Braga Netto desafia STF e pede absolvição após condenação de 26 anos

Foto: Reprodução

A defesa do general Braga Netto não aceita a condenação e já acionou o plenário do STF. Ele foi sentenciado a 26 anos de prisão na ação penal da trama golpista, mas permanece custodiado na Vila Militar (RJ). Ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice em 2022, o militar insiste que não teve participação nos atos que tentaram manter o ex-presidente no poder após a derrota nas urnas.

Os advogados questionam diretamente o ministro Alexandre de Moraes, que rejeitou os últimos recursos e mandou executar a pena. Segundo eles, a exigência de dois votos pela absolvição para analisar embargos infringentes não está prevista no regimento do STF, e sim apenas na jurisprudência da Corte. “O regimento não faz referência à quantidade mínima de votos divergentes”, afirmam.

No julgamento de 11 de setembro, Braga Netto foi condenado no Núcleo 1 da trama golpista por 4 votos a 1. A defesa argumenta que, para recorrer novamente, seria necessário pelo menos 3 votos a 2 a favor da absolvição – placar que não ocorreu.

Além disso, reforçam que os fatos atribuídos a ele aconteceram entre julho e dezembro de 2022, período em que já não ocupava cargo público com prerrogativa de foro.

Agora, a decisão sobre levar o recurso ao plenário do STF está nas mãos de Moraes. S

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Judiciário

Morre Assusete Magalhães, ministra pioneira do STJ que quebrou barreiras no Judiciário

Foto: Divulgação/STJ

A ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Assusete Dumont Reis Magalhães morreu nesta segunda-feira (1º), aos 76 anos, em São Paulo, onde estava em tratamento de saúde. Conhecida por abrir caminhos para mulheres no Judiciário, Assusete deixa um legado de coragem e pioneirismo.

Oriunda do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), ela atuou no STJ entre agosto de 2012 e janeiro de 2024, contribuindo decisivamente para o direito público e a gestão de precedentes. Assusete presidiu a Comissão Gestora de Precedentes e de Ações Coletivas (Cogepac) a partir de maio de 2023 e foi a primeira mulher a comandar a Ouvidoria da corte, marcando a história da magistratura brasileira.

Nascida em Serro (MG), enfrentou resistência familiar para estudar Direito e o desafio de se afastar da família após ser transferida para o Rio de Janeiro. A trajetória da ministra é um retrato de perseverança, coragem e determinação, deixando inspiração para novas gerações no Judiciário. Assusete deixa o esposo, Júlio Cézar de Magalhães, três filhos e quatro netos.

O velório será nesta terça-feira (2), a partir das 9h30, no Salão de Recepções do STJ. Às 14h30, haverá missa de corpo presente, seguida de sepultamento às 17h no cemitério Campo da Esperança (Ala dos Pioneiros), em Brasília. Por causa do velório, as sessões das seis turmas do STJ previstas para hoje foram canceladas, sendo os processos remarcados para 9 de dezembro.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Política

CPMI do INSS vai ganhar mais 60 dias para investigar bancos e fraudes bilionárias

Foto: Andressa Anholete/Agência Senado

O presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana, pediu a prorrogação de 60 dias para o colegiado que investiga os descontos indevidos em aposentadorias e pensões. Segundo ele, o prazo original não é suficiente, principalmente porque a próxima fase será focada nos bancos, com análise de documentos e depoimentos de executivos de grandes instituições financeiras.

Viana explicou que a extensão dos trabalhos será nos meses de abril e maio, e que a coleta de assinaturas para formalizar o pedido ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, já será iniciada, segundo informações de O Antagonista. “Nosso objetivo é ouvir todos, analisar toda a documentação e entregar um relatório completo”, disse, citando que convocações essenciais ainda não ocorreram.

A CPMI também mira casos de fraudes bilionárias em bancos. O relator, deputado Alfredo Gaspar, já solicitou o depoimento de Daniel Vorcaro, do Banco Master, acusado de fraude estimada em R$ 12 bilhões, envolvendo títulos de crédito falsos e vendas de carteiras com lastro duvidoso ao Banco de Brasília. O Banco Master, nos últimos anos, figurou entre os mais reclamados em crédito consignado, cartões e margem consignável.

Além de Vorcaro, a comissão quer ouvir os CEOs de Crefisa, Facta, BMG, C6 Consignado, PicPay, Agibank, Pan, Santander e Daycoval, no que promete ser a fase mais pesada da investigação. O foco agora é desvendar fraudes, abusos e irregularidades que impactam aposentados e pensionistas em todo o país.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Política

Governo de Lula cria 8 mil cargos e vai gastar R$ 4,2 bilhões por ano com servidores

Foto: Ricardo Stuckert/PR

O Governo Federal anunciou um pacote de reestruturação de carreiras do funcionalismo que deve impactar cerca de 200 mil servidores ativos e aposentados. O projeto prevê a criação de 8.825 novos cargos, reajustes salariais e reorganização interna de órgãos federais, com custo anual estimado em R$ 4,2 bilhões, já previsto no orçamento de 2026. A proposta será enviada ao Congresso nos próximos dias.

A medida vai mexer em mais de 20 áreas, incluindo universidades federais, MEC e forças de segurança do Distrito Federal e de policiais militares dos ex-territórios (Amapá, Rondônia e Roraima), segundo informações do Metrópoles.

O governo quer reduzir diferenças salariais, criar uma carreira administrativa uniforme e transformar quase 10 mil cargos vagos em 7.937 novas funções, principalmente na carreira transversal de Analista Técnico do Poder Executivo (ATE), voltada a funções de apoio como contabilidade, comunicação social e biblioteconomia.

Entre os pontos polêmicos estão os reajustes para a Receita Federal e Auditoria Fiscal do Trabalho, além do aumento do bônus de aposentados desses grupos, temas que prometem debate intenso no Congresso em meio ao aperto fiscal.

No MEC, médicos e veterinários terão remuneração ajustada, e técnicos administrativos podem ter progressão salarial baseada em experiência prática, via Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC), mas só se houver dinheiro no orçamento.

O pacote também libera gratificações extras, ajusta funções comissionadas, autoriza novos regimes de trabalho — como plantões e turnos alternados — e prevê perícia médica por telemedicina para agilizar afastamentos.

Servidores de órgãos como Ibama, ICMBio e Abin terão indenização de fronteira, e o prazo para inclusão de servidores dos ex-territórios será reaberto. A reforma mostra que o governo está disposto a gastar pesado com o funcionalismo, mesmo em tempos de aperto fiscal.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *