Social

Multidões e cifrões por Rubens Lemos Filho

Artigo de Rubens Lemos Filho no Jornal de Hejo de quinta 12/05

Quando presidiu o ABC Futebol Clube, Judas Tadeu Gurgel era metralhado pela imprensa e por alguns escribas (eu era do time), pelo seu estilo explosivo e centralizador. Judas Tadeu agia como torcedor, brigava com desafetos pelo rádio, especialmente após as vitórias e não permitia o debate salutar e fundamental na democracia de um clube dito do povo.

O queixume dos opositores de Judas Tadeu Gurgel transformou-se num discurso que tomou forma e outro mote demolidor: A incapacidade administrativa de fazer o ABC gerar lucro e passar a ser mais do que um time de futebol. A força da retórica ganhava as cadeiras cativas do Frasqueirão construído por Judas e, com sutileza própria dos ardis, invadia as redes sociais e as análises imparciais (creio) nas emissoras de rádio e nos jornais.

É notório que Judas Tadeu cavou a sua própria sepultura ao pilotar uma infeliz campanha no Brasileiro da Segunda Divisão de 2009, quando foram contratados diversos cabeças de bagre e o rebaixamento à Série C apagou todos os feitos de um homem com virtudes e defeitos típicos de um arquibaldo comum.

A diferença de Judas Tadeu Gurgel para os seus sucessores está na sua origem que permanece intocada mesmo bem sucedida sua carreira profissional. Judas veste-se com simplicidade, fala o que lhe der na telha em sotaque de Janduís, terra onde nasceu e tem seguidores xiitas, que não raro partem aos adjetivos para desqualificar quem pensa contra o ex-presidente. A vantagem de Judas sobre os seus sucessores é a franqueza. Ele não age de maneira soturna. Bate de frente.

O tempo é o melhor remédio para o fim  de qualquer diferença. Agora, forma-se sobre a atual diretoria do ABC um manto, mais sofisticado, claro, de proteção e reação. Tudo está certo, perfeito e quem discorda não passa de um inimigo recalcado.

São as mesmas vozes que cochichavam contra Judas Tadeu Gurgel e hoje agem nos silêncios modernos da internet ou na boa-fé “iludida” de grande parte da mídia, a proclamar o discurso do quem disso cuida, disso usa.  A tese de que um clube deve ser gerido como uma empresa é pregada como discurso castristafechado. Ao paredão, os contrários.

O primeiro a abrir a temporada dos fuzilados foi o empresário Bruno Giovanni Oliveira, ex-diretor do ABC e hoje afastado da atual diretoria. O jornalista Edmo Sinedino já foi alvejado há muito tempo. No seu blog do BG: www.blogdobg.com.br, BG postou ontem comentário duro sobre o preço cobrado pela camisa oficial do ABC,  139 reais e 90 centavos para não se arredondar nos 140, igualzinho ao tempo em que velhinhas compravam bordados na Avenida Rio Branco a 99 centavos e achavam que menos de um cruzeiro era um país em desenvolvimento.

Se Bruno Giovanni está certo ou errado, cabe a cada um analisar. O que não se pode ou não se deve, é tentar tolher seu direito de opinar, o que está sendo (mal) feito em comentários formulados em tom de cobrança pelo fato de o blogueiro já ter ocupado função na diretoria. Se dois contatos pessoais tive com Bruno Giovanni foram muitos. Não tenho amizade nem inimizade com ele. Conheço bem o seu pai, o vereador Assis Oliveira, homem decente.

O que Bruno Giovanni escreveu e irritou o Politburo da Rota do Sol toca fundo no que há muito sentem chão e coração do Estádio Maria Lamas Farache. Estão querendo mexer na cultura popular que se chama ABC Futebol Clube, tornando-o uma Zezé Macedo siliconada e passada como uma Bruna Lombardi no auge. Pobre está sendo convidado, nem tão gentilmente assim, a ser torcedor de pé de rádio. O que se pregava era a gestão empresarial custeada pelos patrocinadores, que são muitos, e não a sangria do bolso do torcedor.

É o óbvio que cego teleguiado não quer ver nem reclamar, embalado pelos resultados competentes dentro de campo. Cobrar R$ 139,90 por uma camisa de um time de Natal, além de acinte à condição social da maioria das pessoas, é confundir marquetingue (em português para agradar Ariano Suassuna) com megalomania. Necessidade com sabedoria.

Quem acha barato, compre 10. 100. 1000. Ganhei uma de presente do diretor Flávio Anselmo (que sabe que minha opinião é cristalina e não muda) e se não fosse uma grosseria com ele, que também não é homem de jogar punhal, botaria numa moldura para leiloar na Christie ‘s, em Nova York. Flávio Anselmo me perguntou, antes, se eu aceitaria uma camisa do Vasco e para minha surpresa, veio junto o modelo novo do alvinegro.

Fazer a apresentação da camisa no Teatro Riachuelo não merece qualquer comentário tamanho o sucupirismo, tão grande a soberba. Estranha apenas a ausência do humorista Zé Lezim, para coroar o quesito originalidade. O povão juntando Timemania para entrar é surrealismo em tinta guaxe. Trezentos felizardos sem anel de doutor.

É a síntese do mercantilismo de republiqueta. Você contempla o que não pode ter. Que a intolerância deixe a opinião livre, minoritária, quem sabe, achar que o ABC caminha para deixar de ser o Campeão das Multidões e vestir a faixa de ABC Futebol Cofre, o Campeão dos Cifrões.

 

Opinião dos leitores

  1. Sei do amor pelo ABC que Rubinho e outros milhares de torcedores que não estão tendo acesso aos eventos e jogos por questões financeiras . Porém vale salientar que manter um time vencedor HOJE no futebol CUSTA MUITO ALTO . Quanto ao valor da camisa, esta semana estive em Belém , tive que presentear um amigo torcedor do REMO, quanto foi a camisa oficial R$ 155,00, quanto era a do rival Paissandu R$ 115,00 . Estamos falando do Remo sem série e do Paissandu na C , portanto a realidade do futebol é outra hoje em dia . Sem contar que a população hoje em dia também ganha melhor que há 10 anos atrás . E para finalizar, no dia que me faltar a condição financeira para acompanhar as coisas do ABC, agradecerei a Deus se ele puder me permitir acompanhar pelo rádio um time VENCEDOR .

  2. Sou sócio torcedor desde o início, concordo que essa administração faz um trabalho fantástico, mas fica mais do que claro que os últimos eventos do ABC tem se afastado um pouco da frasqueira, o ABC hoje é moda, como um dia nosso Rival já foi, o nosso diferencial sempre foi a nossa torcida apaixonada que sempre acompanhou o ABC e não pode ser esquecida nem afastada, a grande missão desta diretoria é conseguir a estabilidade financeira sem deixar de lado o torcedor, falo isso com isenção pelo fato de hoje ser sócio torcedor de Cadeira e vou comprar a tão falada camisa de 139,90, talvez até mais de uma, mas eu sozinho não sustento o ABC, eu sozinho não posso ir a todos os jogos, mesmo já estando pago. O eterno confronto Paixão x Razão. Mas aplaudo a difícil missão de comanda um time como o nosso e reconheço tantos acertos que foram premiados com ótimos resultados, a gora críticas estão ai para serem ouvidas.

  3. Concordo faz tempo que a diretoria esqueceu do torcedor mais humilde,sou socio mas nao concordo cobrar 30 no ingresso,ABC é POVÃO……..

  4. Apesar de eu ser torcedor do América, sempre me interesso por assuntos relativos aos clubes do RN, principalmente aos que tratam o ABC – o maior rival do America. Isso é lógico!
    Na minha humilde opinião, Rubinho retratou muito bem o que se passa hoje pelo ABC. Vejo de longe um time querendo ser maior do que é, tipo um São Paulo, um Palmeiras, um Flamengo, Um Vasco…. calma gente, muita calma. o ABC é grande sim, porém apenas dentro do seu estado. Essas atitudes de "megalomanismo" pode ter um efeito colateral; pode afastar seu maior patrimônio de perto: o torcedor do seu time. Essa coisa de apresentação no Teatro Riachuelo; atração a nível nacional e camisas a R$ 139,90 é coisa de quem está vislumbrado… de quem viaja na maionese.

  5. É interessante que vc quer bater na diretoria neste momento, já que vc não esta dentro da diretoria. Porque vc não reclamou quando cobraram 40 reais na final e semi final da serie C? interessante né? realmente vc fez muito bem em sair do abc! Porque colocou placar de LED e trouxe pits burg e outros, não quer dizer que vc seja maior que o abc não. Fique certo que não foi vc que levou o abc a serie B não!!! Então faz tua parte e deixa de viver batendo em quem não merece!!!

    1. Amigo tomas, longe de mim querer ser maior do que o ABC, a unica coisa que critico no ABC e encarecer as coisas para torcida. A Unica. O Resto elogio tudo, absolutamente tudo amigo. Quando eu estava lá dentro o pensamento era igual ao de agora. Vc pode confirmar com qualquer um.

  6. BG, me tire um dúvida, se você souber responder à minha pergunta, obviamente. O ABC tem alguma ingerência neste preço que se está cobrando pela camisa oficial??? Ou seja, se está descascando a diretoria, mas não vi, até agora, ninguém informar se este preço é estipulado unicamente pela LUPO, pelo ABC ou se é combinado entre os dois?? Na minha opinião, antes de se realizar qualquer crítica tem-se de se esclarecer este questão. Certo do antendimento deste questionamento, desde já agradeço. William.

    1. Olá William, claro que o ABC tem. Todo cluibe tem participação % nas vendas. Dos times que a LUPO fornece o ABC é a camisa que tem o valor mais alto.

  7. Já tinha lido os comentários de Rubinho no blog fomedegol. Acho que vivemos em uma democracia e o ABCFC é assim mesmo. Agora como vivemos em uma democracia, tenho todo direito de discordar.
    Não podemos pensar em um ABCFC com idéias provincianas. Temos
    que pensar grande e isso está relacionado com dinheiro e boa administração dele. Não podemos pensar em um clube somente de abnegados, veja o nosso "co-irmão".
    Temos que pensar grande, pensar em títulos estaduais, nacionais e por que não internacionais… por que não?
    Não podemos ter esses pensamentos derrotistas de que tudo está bem somente quando estiver ganhando.
    Na verdade os insucessos farão parte da vida de qualquer clube, inclusive o ABCFC. Mais com organização e mais recursos, ele se tornaram muito menos frequentes e a volta por cima muito mais rápidas.
    CONCORDO COM RUBENS (PRESIDENTE DO CLUBE) QUANDO ELE DIZ:
    "A META DO CLUBE NO CAMPEONATO É DO TAMANHO DO SONHO DE NOSSA TORCIDA."
    nossa torcida é grande, é apaixonada e não vai medir esforços para sempre ter um ABCFC forte do tamanho de nossos sonhos…
    PREÇO DE CAMISA, isso é coisa pequena demais para se pensar e reclamar.
    VAMOS NOS PREOCUPAR COM OUTRAS COISAS!!

  8. MUITO BOM O TEXTO. O SUCESSO DO NOSSO MAIS QUERIDO NÃO APAGA A ELITIZAÇÃO QUE VEM ACONTECENDO. ACHO MUITO ALTO 140 NUMA CAMISA DO ABC.

  9. BG, contra fatos não há argumentos. A nova direção do ABC tem méritos e merece receber os parabéns pelos títulos estaduais de 2010 e 2011 e pelo inédito título para o futebol potiguar: campeão brasileiro. Mas isso não a blinda de receber as críticas quando necessárias. A principal que faço é que acho que os diretores esquecem que o ABC é o Mais Querido, ou seja, é o time da massa, da Frasqueira. E essa, composta na grande maioria por assalariados está afastada do Frasqueirão. Basta observar com cuidado os borderôs dos jogos. 90% são os sócios. Estes são importantíssimos para o equilíbrio financeiro do clube, mas os torcedores que não querem ou não podem se associar não devem ser relegados a segundo plano. R$ 30,00 num ingresso de arquibancada e R$ 80,00 num de cadeira para os jogos do estadual foi demais. Acho caro até para a "B". Transformar o módulo 1 num local exclusivo para "cadeirantes" foi um tiro que saiu pela culatra: vive vazio. Eventos em locais fechados e com capacidade reduzida também é outro erro gritante e discriminante contra o povão abcdista. Essas atitudes afastam a Frasqueira. E prestem atenção: a lua-de-mel da torcida com a direção só dura enquanto os resultados forem favoráveis. Começou a perder, deixou de ganhar, os sócios deixam de pagar, o torcedor anônimo não vai e o clube entra numa "deprê" financeira. Espero que a direção do ABC leia esse excelente artigo de Rubinho e repense esse contexto, pois o alvinegro potiguar é em sua essência o Clube do Povo.

  10. Perfeito o texto rubinho. O show da diretoria e uma verdade. Agora o clube se afasta cada dia mais das suas origens.
    Ao rapaiz ai que comentou gabriel, não vi ninguem criticar a fabricante não. Temos que saber distinguir as coisas

  11. Texto sem necessidade de quem ficava com raivinha quando se falava mal do futsal do ABC. Você tem noção de quanto subiu o preço de tudo? A LUPO tem o direito de dizer quanto quer cobrar. O ABC não pode chegar e simplesmente tirar o preço do bolso e barateá-la. A ERK, festejada por muitos, está cobrando quanto na do América?

    Do mesmio jeito que se pagava 10 reais num ingresso quando o salário mínimo era 100 e poucos reais, se paga agora 139 com um salário de 540…

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Política

PERSE: Câmara aprova projeto para setor de eventos com 30 atividades e impacto de R$ 15 bi; texto vai ao Senado

Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira o projeto que restringe o alcance do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e prevê o fim do benefício até 2026. O texto vai ao Senado.

Foi firmado um acordo para manter no projeto a limitação do benefício fiscal a R$ 15 bilhões até 2026. Após acordo entre o Ministério da Fazenda e líderes parlamentares, o programa incluirá 30 setores. Além de eventos, bares, restaurantes e hotéis, a última versão do texto também incluiu o setor de apart hotéis.

A limitação do Perse faz parte da agenda de Fernando Haddad para aumentar a arrecação neste ano. O programa foi criado na pandemia de Covid-19 e a equipe econômica avalia que ele já teve um custo elevado, de aproximadamente R$ 17 bilhões em 2023.

A proposta aprovada na Câmara prevê a habilitação prévia pela Receita Federal das empresas aptas. Mas se a Receita não responder em 30 dias, a empresa fica automaticamente habilitada.

A relatora da proposta, Renata Abreu (Podemos- SP), havia retomado a isenção fiscal para 44 setores no último texto sugerido, contra 12 previstos no projeto original do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

A relatora da proposta explicou que a contagem dos R$ 15 bilhões de limite começa a partir de abril deste ano. Caso o programa alcance o limite antes de 2026, ele poderá ser paralisado, em até um mês, após audiência na Câmara dos Deputados. Isso foi uma demanda da Fazenda para criar um “gatilho” para garantir o fim do programa.

— Com a redução drástica de CNAEs, o programa atende o governo na limitação dos R$15 bilhões até 2026.

Os incentivos abrangem quatro impostos federais: IRPJ, CSLL, PIS e Cofins. A isenção total permanece em 2024.

O benefício será aplicado para empresas de lucro real ou presumido. No entanto, a relatora determina que para as companhias de lucro real seja retomada a cobrança integral de IRPJ e CSLL em 2025 sobre o lucro. Para essas empresas, o incentivo fiscal que zera os impostos permaneceria apenas sobre cobranças de PIS e COFINS, até 2026.

Já para as empresas de lucro presumido, permanece a isenção total, sobre os quatro impostos, também até 2026.

— Quanto mais foco o projeto tiver, melhor. Não faz muito sentido abrir demais, porque os recursos estão limitados. A espinha dorsal do que foi debatido foi validado por duas dúzias de líderes, mantendo os R$ 15 bilhões e a habilitação (pela Receita) — disse, em conversa rápida com jornalistas em frente ao Ministério da Fazenda.

A proposta ainda prevê que a Receita Federal publicará, bimestralmente, relatório de acompanhamento do benefício contendo os valores do benefício fiscal.

O Globo

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Política

Descriminalização da maconha não pode ser feita por decisão judicial, diz Pacheco; STF analisa julgamento sobre o tema

Foto: Roque de Sá/Agência Senado

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta terça-feira (23) que a descriminalização de determinadas drogas, como a maconha, não pode ser estabelecida por meio de decisão judicial. O debate, segundo ele, deve ser feito no “âmbito da política”.

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Geral

Invasores do Siafi tentaram movimentar ao menos R$ 9 milhões só no Ministério da Gestão

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Os criminosos que invadiram o sistema de administração financeira do governo federal, o Siafi, usado na execução de pagamentos, tentaram movimentar ao menos R$ 9 milhões do Ministério da Gestão e Inovação.

Segundo as apurações preliminares, eles conseguiram desviar no mínimo R$ 3,5 milhões do órgão, dos quais R$ 2 milhões já foram recuperados.

A invasão ao Siafi foi relevada pela Folha. O Tesouro Nacional, órgão gestor do Siafi, implementou medidas adicionais de segurança para autenticar os usuários habilitados a operar o sistema e autorizar pagamentos.

Em nota, o órgão confirmou a “utilização indevida de credenciais obtidas de modo irregular” e disse que “as tentativas de realizar operações na plataforma foram identificadas”. O Tesouro afirmou ainda que as ações “não causaram prejuízos à integridade do sistema”.

Os investigadores conseguiram reaver os valores transferido para duas instituições, mas o maior volume, repassado para uma terceira instituição, não pôde ser recuperado porque o dinheiro já havia sido direcionado para outras contas.

Os valores em questão dizem respeito apenas ao que foi mapeado no âmbito do MGI. De acordo com investigadores da PF, os invasores conseguiram movimentar valores maiores que os R$ 3,5 milhões.

Ainda não há confirmação pública dos montantes envolvidos, nem quais órgãos foram alvo da ação criminosa. A Polícia Federal investiga o caso com apoio da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

Para conseguir fazer as transferências, os criminosos roubaram ao menos sete senhas de servidores que têm perfil de ordenadores de despesa —ou seja, têm permissão para emitir ordens bancárias em nome da União.

Houve tentativas de pagamento em pelo menos três órgãos: MGI, Câmara dos Deputados e TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Na Câmara, os criminosos não tiveram êxito porque uma série de barreiras de segurança impediu a conclusão das transações.

Segundo interlocutores que auxiliam nas investigações, gestores habilitados para fazer movimentações financeiras dentro do Siafi tiveram seus acessos por meio do gov.br utilizados por terceiros sem autorização.

As apurações indicam que os invasores conseguiram acessar o Siafi utilizando o CPF e a senha do gov.br de gestores e ordenadores de despesas para operar a plataforma de pagamentos.

A Polícia Federal disse, em nota, que soube dos ataques em 5 de abril, quando começaram as apurações. As diligências são conduzidas em segredo de Justiça.

O Tesouro realizou uma reunião com diferentes agentes financeiros do governo no dia 12 de abril para comunicar a existência de um ataque ao Siafi e ao gov.br.

Segundo relatos, o órgão gestor do sistema teria informado que no fim de março, nas proximidades da Páscoa, os criminosos conseguiram se apropriar de um perfil com acesso privilegiado dentro do sistema e usaram isso para acessar ordens bancárias e alterar os ordenadores da despesa e os beneficiários dos valores.

O Tesouro chegou a suspender a emissão de ordens bancárias por meio do Pix (OB Pix), instrumento preferencial utilizado pelos invasores para desviar os recursos.

A suspeita é que os invasores coletaram os dados sem autorização via sistema de pesca de senhas (com uso de links maliciosos, por exemplo). Uma das hipóteses é que essa coleta se estendeu por meses até os suspeitos reunirem um volume considerável de senhas para levar a cabo o ataque.

Outros artifícios também podem ter sido empregados pelos invasores. A plataforma tem um mecanismo que permite desabilitar e recriar o acesso a partir do CPF do usuário, o que pode ter viabilizado o uso indevido do sistema.

Na prática, os invasores conseguiram alterar a senha de outros servidores, ampliando a escala da ação.

Dadas as características, interlocutores do governo afirmam que se trata de uma ação muito bem articulada, pois apenas alguns servidores têm nível de acesso elevado o suficiente para emitir ordens bancárias em nome da União. Isso indica uma atuação direcionada por parte dos invasores.

Além disso, técnicos observam que o Siafi é um sistema complexo, pouco intuitivo, e operá-lo requer conhecimento especializado sobre a plataforma. Alguns chegaram a mencionar que há fragilidades de segurança no sistema.

O TCU (Tribunal de Contas da União) vai fazer uma fiscalização para verificar as providências adotadas pelo governo para solucionar o problema.

A corte de contas já vinha realizando uma auditoria no Tesouro Nacional com o objetivo de promover a melhoria na gestão de riscos de segurança da informação, por meio da avaliação dos controles administrativos e técnicos existentes na organização.

A auditoria, ainda em curso, está quase na metade dos trabalhos, mas a equipe apresentou no fim de março aos gestores do Tesouro Nacional um relatório parcial em que apontou evidências de vulnerabilidades.

Não há qualquer evidência de que essas vulnerabilidades identificadas e comunicadas ao Tesouro abriram caminho para a invasão ao Siafi ou de qualquer relação com o caso. O TCU ainda vai decidir se a fiscalização sobre o episódio se dará no âmbito deste mesmo processo, ou se ensejará a abertura de uma nova auditoria.

ENTENDA O CASO

O que é o Siafi?

O Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal) é um sistema operacional desenvolvido pelo Tesouro Nacional em conjunto com o Serpro. Ele foi implementado em janeiro de 1987 e, desde então, é o principal instrumento utilizado para registro, acompanhamento e controle da execução orçamentária, financeira, patrimonial e contábil do governo federal.

É por meio dele que o governo realiza o empenho de despesas (a primeira fase do gasto, quando é feita a reserva para pagamento), bem como os pagamentos das dotações orçamentárias via emissão de ordens bancárias.

Quem usa o Siafi?

Gestores de órgãos administração pública direta, das autarquias, fundações e empresas públicas federais e das sociedades de economia mista que estiverem contempladas no Orçamento Fiscal ou no Orçamento da Seguridade Social da União.

O que está sob investigação?

Invasores utilizaram credenciais válidas de servidores e acessaram o Siafi utilizando o CPF e a senha desses gestores e ordenadores de despesas para operar a plataforma de pagamentos. A PF investiga o caso com apoio da Abin. O governo ainda apura a extensão dos impactos.

Folhapress

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Geral

Paralisação da Polícia Civil: Família não consegue registrar BO e corpo de idoso fica 24 horas ‘preso’ no Hospital Walfredo Gurgel

Foto: Francielly Medeiros/Inter TV Cabugi

Uma família não conseguiu liberar o corpo de um idoso do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal, mesmo 24 horas após a morte dele. O motivo: não ter conseguido registrar um Boletim de Ocorrência (BO) devido à paralisação da Polícia Civil em todo o estado nesta terça-feira (23).

O boletim foi solicitado, segundo a família, porque Maxuel de Lima Cortez, de 63 anos, morreu após ser internado por conta de uma queda, que resultou na fratura do fêmur, o que torna o documento necessário para que seja autorizado exame e consequente laudo do Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep).

A família contou que o idoso morreu por volta das 19h30 de segunda-feira (22). Desde então, eles foram a quatro delegacias, sendo duas em Natal e duas em São José de Mipibu, na Região Metropolitana, mas não conseguiram registrar o caso.

Os policiais civis paralisaram as atividades na manhã desta terça-feira (23), e nenhuma delegacia do estado abriu para atendimento ao público tanto pela manhã quanto pela tarde. Os registros on-line também foram afetados, já que não havia policiais civis para homologação dos boletins.

A sobrinha de Maxuel, a recepcionista Ivanyelle de Lima, explicou que a família recebeu a recomendação do hospital de que era necessário o boletim de ocorrência para a liberação do corpo para o Itep. Eles receberam da unidade de saúde uma solicitação do exame cadavérico.

A família procurou na noite desta terça-feira (23) a Central de Flagrantes de Natal, que foi reaberta no turno da noite após passar o dia fechada por conta da mobilização dos policiais. Até a atualização mais recente desta matéria, a família aguardava para conseguir realizar o BO, e o corpo não havia sido liberado.

Maxuel fraturou o femur na quarta-feira passada, quando foi para a UPA de São José de Mipibu, cidade onde morava, e em seguida foi transferido para o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel.

“A gente está passando por um momento de luto e ainda ter que, desde ontem [terça], correr atrás, pra ter uma resolução. É uma impotência. A gente vai para um lado e para o outro e não consegue resolver”, lamentou Ivanyelle.

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Judiciário

Mauro Cid pede liberdade provisória a Moraes após um mês preso e alega que não quebrou acordo de delação

Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid pediu a revogação da prisão preventiva ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O oficial foi preso preventivamente por determinação do próprio magistrado há um mês, após aparecer em áudios criticando a forma como a sua delação premiada foi conduzida pela Polícia Federal.

Na ocasião, Moraes entendeu que Cid não preservou o sigilo da sua colaboração ao falar sobre o acordo com um interlocutor ainda não identificado e que os áudios causaram embaraço às investigações, o que caracterizaria crime de obstrução de Justiça.

A defesa informou que argumenta no pedido que não houve obstrução de Justiça nem quebra do acordo de colaboração. Os advogados afirmam ainda que a manutenção da prisão é desnecessária.

Em março, Cid foi intimado a ir ao STF prestar esclarecimentos sobre os áudios divulgados pela Revista Veja a um juiz do gabinete de Moraes. Ele acabou saindo de lá preso por descumprimento de medidas cautelares e obstrução.

Na audiência, Cid confirmou todo o teor da sua colaboração premiada, disse que não houve coação da parte da PF e que fez aquelas declarações como um “desabafo” e “uma forma de expressar”.

“Nunca houve induzimento às respostas. Nenhum membro da Polícia Federal o coagiu a fala algo que não teria acontecido”, disse Cid, segundo a transcrição da ata do depoimento.

O Globo

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Política

Governo libera R$ 2,7 bilhões em emendas para o Congresso às vésperas de votação sobre vetos de Lula

Foto: Sergio Lima/Poder 360

O governo acelerou a liberação de emendas ao Congresso nesta semana, às vésperas da sessão que analisará vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Apesar disso, o ritmo dos repasses ainda gera críticas, especialmente na Câmara dos Deputados, onde o desgaste com o Palácio do Planalto tem sido maior. Por isso, mesmo líderes aliados a Lula reconhecem que há risco de o governo sofrer derrotas nas votações de vetos.

Uma delas poderá impor ao presidente um cronograma para liberação de emendas, o que reduz a margem para a articulação política do governo usar esses recursos como moeda de troca com parlamentares.

Nesta segunda-feira (22), foram liberados mais cerca de R$ 2,7 bilhões em emendas. Com isso, já foram autorizados R$ 5,5 bilhões a deputados e senadores neste ano.

“Há um objetivo claro do governo em acelerar a execução para a gente manter esse ritmo de retomada da economia e ritmo da execução dos programas”, disse nesta segunda-feira o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável pela articulação política e gestão das emendas.

Pelos números apresentados por ele, mais R$ 1 bilhão devem ser repassados nesta semana.

Recentemente, Padilha protagonizou um mal-estar público com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que o chamou de “incompetente”.

Sessão nesta quarta

A liberação também acontece às vésperas de uma sessão do Congresso, em que deputados e senadores devem analisar os vetos presidenciais à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e ao Orçamento de 2024.

A sessão está marcada para quarta-feira (24), mas aliados do governo tentam adiar a votação, que é prorrogada há semanas. O risco de derrota de Lula e a falta de acordo sobre os vetos é o principal motivo para eventual adiamento.

O Congresso aprovou, no fim do ano passado, dispositivos na LDO para que o Palácio do Planalto fosse obrigado a pagar, até fim de junho, uma parte das emendas na área de saúde e assistência social.

Lula vetou esses trechos, que davam segurança aos parlamentares de que esses recursos seriam liberados ainda no primeiro semestre – demanda que ganha um peso extra em ano eleitoral, quando o empenho das emendas só pode acontecer até o dia 30 de junho.

g1

Opinião dos leitores

  1. O orçamento secreto continua? Mas o asqueroso não era um crítico ferrenho? Ah mas, com amor pode tudo.

  2. Ou país bom da gota, essas práticas reiteradamente criticadas e criticadas, ainda acontecem nesse governo coberto de honestidade, vamos lá bando de petistas sem futuro, botem a boca no trombone seus lesados.

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Geral

Coordenador da bancada do RN, Robinson Faria, articula reunião com DNIT em busca de soluções para BR-304

O coordenador da bancada do Rio Grande do Norte, deputado federal Robinson Faria, se reuniu com parlamentares junto ao diretor-geral do DNIT, Fabrício Galvão, para tratar da situação da BR-304. O encontro ocorreu nesta terça-feira (23), na sede do órgão, em Brasília.

A rodovia está interditada no município de Lajes, devido à queda da ponte provocada pelas fortes chuvas. A reunião contou com a participação da senadora Zenaide Maia, os deputados federais Benes Leocádio, Sargento Gonçalves, Fernando Mineiro e a deputada estadual Divaneide Basílio.

Robinson Faria destacou o empenho na busca de medidas que possam amenizar o problema. “A interdição devido ao desabamento tem provocado diversos prejuízos e nossa atuação enquanto coordenador da bancada é de articular junto aos parlamentares para que possamos nos unir em busca de uma solução”, disse.

O diretor-geral do DNIT, Fabrício Galvão, acredita que em duas semanas a obra do desvio pode estar concluída, mas que isso vai depender das chuvas na região. “O DNIT está empenhado em resolver a situação da rodovia, depende agora das condições climáticas. Condições técnicas, orçamento, empresa, recurso, tudo já está encaminhado”, explicou.

Opinião dos leitores

  1. Cria-se dificuldades pra vender facilidades, magote de inúteis custam uma fabula pra desfilar de donos dos cargos, pagos com nosso suado dinheiro.

  2. Com Bolsonaro o batalhão de engenharia do Exército teria feito uma ponte nova em 15 dias. Com o molusco a ponte vai demorar 2 anos e vai custar 2,5 bilhões de reais.

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Brasil

Lula diz que não há crise na Petrobras e que desentendimentos “fazem parte do ser humano”

Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou nesta terça-feira (23) que não há crise na Petrobras e que os desentendimentos relacionados à estatal “fazem parte do ser humano”.

Nas últimas semanas, a petroleira ficou no centro de uma disputa no governo, que envolvia a distribuição de dividendos extraordinários e colocou em lados opostos o presidente da empresa, Jean Paul Prates, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

“Não tem crise na Petrobras, a crise da Petrobras é o fato de ela ser uma empresa muito grande”, declarou Lula, durante café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto.

Ele disse que a capacidade de investimento da companhia é maior que a do próprio País. “É crise de crescimento, de descobrir novos poços de petróleo, de se transformar em uma empresa não só de petróleo e gás, mas de energia”, emendou.

Lula acrescentou que a Petrobras “está tranquila” e que não vê “problema” na empresa. “O fato de se ter um desentendimento, uma divergência faz parte do ser humano”, afirmou. “Nem sempre a boca fala somente as coisas que são boas.”

Na semana passada, o Conselho da Petrobras decidiu distribuir 50% dos dividendos extraordinários da empresa, como vinha sendo defendido por Prates. Silveira, por sua vez, não queria a destinação dos recursos aos acionistas e recebeu o apoio do ministro da Casa Civil, Rui Costa.

O titular da Fazenda, Fernando Haddad, contudo, ficou do lado de Prates porque a União é a maior acionista da petroleira e receberá recursos.

CNN Brasil

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  1. Fiquem de olho na extrema direita e no elon musk..nada é por acaso, inclusive essa tara dele pelos assuntos do Brasil nos últimos dias

    1. Massa Xibiu de boi, a extrema direita do brasil e Elon Musk estão se reunindo numa sala embaixo da parede do gargalheiras, estavam só esperando o acude sangrar.

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