Artigo de Rubens Lemos Filho no Jornal de Hejo de quinta 12/05
Quando presidiu o ABC Futebol Clube, Judas Tadeu Gurgel era metralhado pela imprensa e por alguns escribas (eu era do time), pelo seu estilo explosivo e centralizador. Judas Tadeu agia como torcedor, brigava com desafetos pelo rádio, especialmente após as vitórias e não permitia o debate salutar e fundamental na democracia de um clube dito do povo.
O queixume dos opositores de Judas Tadeu Gurgel transformou-se num discurso que tomou forma e outro mote demolidor: A incapacidade administrativa de fazer o ABC gerar lucro e passar a ser mais do que um time de futebol. A força da retórica ganhava as cadeiras cativas do Frasqueirão construído por Judas e, com sutileza própria dos ardis, invadia as redes sociais e as análises imparciais (creio) nas emissoras de rádio e nos jornais.
É notório que Judas Tadeu cavou a sua própria sepultura ao pilotar uma infeliz campanha no Brasileiro da Segunda Divisão de 2009, quando foram contratados diversos cabeças de bagre e o rebaixamento à Série C apagou todos os feitos de um homem com virtudes e defeitos típicos de um arquibaldo comum.
A diferença de Judas Tadeu Gurgel para os seus sucessores está na sua origem que permanece intocada mesmo bem sucedida sua carreira profissional. Judas veste-se com simplicidade, fala o que lhe der na telha em sotaque de Janduís, terra onde nasceu e tem seguidores xiitas, que não raro partem aos adjetivos para desqualificar quem pensa contra o ex-presidente. A vantagem de Judas sobre os seus sucessores é a franqueza. Ele não age de maneira soturna. Bate de frente.
O tempo é o melhor remédio para o fim de qualquer diferença. Agora, forma-se sobre a atual diretoria do ABC um manto, mais sofisticado, claro, de proteção e reação. Tudo está certo, perfeito e quem discorda não passa de um inimigo recalcado.
São as mesmas vozes que cochichavam contra Judas Tadeu Gurgel e hoje agem nos silêncios modernos da internet ou na boa-fé “iludida” de grande parte da mídia, a proclamar o discurso do quem disso cuida, disso usa. A tese de que um clube deve ser gerido como uma empresa é pregada como discurso castristafechado. Ao paredão, os contrários.
O primeiro a abrir a temporada dos fuzilados foi o empresário Bruno Giovanni Oliveira, ex-diretor do ABC e hoje afastado da atual diretoria. O jornalista Edmo Sinedino já foi alvejado há muito tempo. No seu blog do BG: www.blogdobg.com.br, BG postou ontem comentário duro sobre o preço cobrado pela camisa oficial do ABC, 139 reais e 90 centavos para não se arredondar nos 140, igualzinho ao tempo em que velhinhas compravam bordados na Avenida Rio Branco a 99 centavos e achavam que menos de um cruzeiro era um país em desenvolvimento.
Se Bruno Giovanni está certo ou errado, cabe a cada um analisar. O que não se pode ou não se deve, é tentar tolher seu direito de opinar, o que está sendo (mal) feito em comentários formulados em tom de cobrança pelo fato de o blogueiro já ter ocupado função na diretoria. Se dois contatos pessoais tive com Bruno Giovanni foram muitos. Não tenho amizade nem inimizade com ele. Conheço bem o seu pai, o vereador Assis Oliveira, homem decente.
O que Bruno Giovanni escreveu e irritou o Politburo da Rota do Sol toca fundo no que há muito sentem chão e coração do Estádio Maria Lamas Farache. Estão querendo mexer na cultura popular que se chama ABC Futebol Clube, tornando-o uma Zezé Macedo siliconada e passada como uma Bruna Lombardi no auge. Pobre está sendo convidado, nem tão gentilmente assim, a ser torcedor de pé de rádio. O que se pregava era a gestão empresarial custeada pelos patrocinadores, que são muitos, e não a sangria do bolso do torcedor.
É o óbvio que cego teleguiado não quer ver nem reclamar, embalado pelos resultados competentes dentro de campo. Cobrar R$ 139,90 por uma camisa de um time de Natal, além de acinte à condição social da maioria das pessoas, é confundir marquetingue (em português para agradar Ariano Suassuna) com megalomania. Necessidade com sabedoria.
Quem acha barato, compre 10. 100. 1000. Ganhei uma de presente do diretor Flávio Anselmo (que sabe que minha opinião é cristalina e não muda) e se não fosse uma grosseria com ele, que também não é homem de jogar punhal, botaria numa moldura para leiloar na Christie ‘s, em Nova York. Flávio Anselmo me perguntou, antes, se eu aceitaria uma camisa do Vasco e para minha surpresa, veio junto o modelo novo do alvinegro.
Fazer a apresentação da camisa no Teatro Riachuelo não merece qualquer comentário tamanho o sucupirismo, tão grande a soberba. Estranha apenas a ausência do humorista Zé Lezim, para coroar o quesito originalidade. O povão juntando Timemania para entrar é surrealismo em tinta guaxe. Trezentos felizardos sem anel de doutor.
É a síntese do mercantilismo de republiqueta. Você contempla o que não pode ter. Que a intolerância deixe a opinião livre, minoritária, quem sabe, achar que o ABC caminha para deixar de ser o Campeão das Multidões e vestir a faixa de ABC Futebol Cofre, o Campeão dos Cifrões.
Sei do amor pelo ABC que Rubinho e outros milhares de torcedores que não estão tendo acesso aos eventos e jogos por questões financeiras . Porém vale salientar que manter um time vencedor HOJE no futebol CUSTA MUITO ALTO . Quanto ao valor da camisa, esta semana estive em Belém , tive que presentear um amigo torcedor do REMO, quanto foi a camisa oficial R$ 155,00, quanto era a do rival Paissandu R$ 115,00 . Estamos falando do Remo sem série e do Paissandu na C , portanto a realidade do futebol é outra hoje em dia . Sem contar que a população hoje em dia também ganha melhor que há 10 anos atrás . E para finalizar, no dia que me faltar a condição financeira para acompanhar as coisas do ABC, agradecerei a Deus se ele puder me permitir acompanhar pelo rádio um time VENCEDOR .
Sou sócio torcedor desde o início, concordo que essa administração faz um trabalho fantástico, mas fica mais do que claro que os últimos eventos do ABC tem se afastado um pouco da frasqueira, o ABC hoje é moda, como um dia nosso Rival já foi, o nosso diferencial sempre foi a nossa torcida apaixonada que sempre acompanhou o ABC e não pode ser esquecida nem afastada, a grande missão desta diretoria é conseguir a estabilidade financeira sem deixar de lado o torcedor, falo isso com isenção pelo fato de hoje ser sócio torcedor de Cadeira e vou comprar a tão falada camisa de 139,90, talvez até mais de uma, mas eu sozinho não sustento o ABC, eu sozinho não posso ir a todos os jogos, mesmo já estando pago. O eterno confronto Paixão x Razão. Mas aplaudo a difícil missão de comanda um time como o nosso e reconheço tantos acertos que foram premiados com ótimos resultados, a gora críticas estão ai para serem ouvidas.
Concordo faz tempo que a diretoria esqueceu do torcedor mais humilde,sou socio mas nao concordo cobrar 30 no ingresso,ABC é POVÃO……..
Apesar de eu ser torcedor do América, sempre me interesso por assuntos relativos aos clubes do RN, principalmente aos que tratam o ABC – o maior rival do America. Isso é lógico!
Na minha humilde opinião, Rubinho retratou muito bem o que se passa hoje pelo ABC. Vejo de longe um time querendo ser maior do que é, tipo um São Paulo, um Palmeiras, um Flamengo, Um Vasco…. calma gente, muita calma. o ABC é grande sim, porém apenas dentro do seu estado. Essas atitudes de "megalomanismo" pode ter um efeito colateral; pode afastar seu maior patrimônio de perto: o torcedor do seu time. Essa coisa de apresentação no Teatro Riachuelo; atração a nível nacional e camisas a R$ 139,90 é coisa de quem está vislumbrado… de quem viaja na maionese.
É interessante que vc quer bater na diretoria neste momento, já que vc não esta dentro da diretoria. Porque vc não reclamou quando cobraram 40 reais na final e semi final da serie C? interessante né? realmente vc fez muito bem em sair do abc! Porque colocou placar de LED e trouxe pits burg e outros, não quer dizer que vc seja maior que o abc não. Fique certo que não foi vc que levou o abc a serie B não!!! Então faz tua parte e deixa de viver batendo em quem não merece!!!
Amigo tomas, longe de mim querer ser maior do que o ABC, a unica coisa que critico no ABC e encarecer as coisas para torcida. A Unica. O Resto elogio tudo, absolutamente tudo amigo. Quando eu estava lá dentro o pensamento era igual ao de agora. Vc pode confirmar com qualquer um.
BG, me tire um dúvida, se você souber responder à minha pergunta, obviamente. O ABC tem alguma ingerência neste preço que se está cobrando pela camisa oficial??? Ou seja, se está descascando a diretoria, mas não vi, até agora, ninguém informar se este preço é estipulado unicamente pela LUPO, pelo ABC ou se é combinado entre os dois?? Na minha opinião, antes de se realizar qualquer crítica tem-se de se esclarecer este questão. Certo do antendimento deste questionamento, desde já agradeço. William.
Olá William, claro que o ABC tem. Todo cluibe tem participação % nas vendas. Dos times que a LUPO fornece o ABC é a camisa que tem o valor mais alto.
Já tinha lido os comentários de Rubinho no blog fomedegol. Acho que vivemos em uma democracia e o ABCFC é assim mesmo. Agora como vivemos em uma democracia, tenho todo direito de discordar.
Não podemos pensar em um ABCFC com idéias provincianas. Temos
que pensar grande e isso está relacionado com dinheiro e boa administração dele. Não podemos pensar em um clube somente de abnegados, veja o nosso "co-irmão".
Temos que pensar grande, pensar em títulos estaduais, nacionais e por que não internacionais… por que não?
Não podemos ter esses pensamentos derrotistas de que tudo está bem somente quando estiver ganhando.
Na verdade os insucessos farão parte da vida de qualquer clube, inclusive o ABCFC. Mais com organização e mais recursos, ele se tornaram muito menos frequentes e a volta por cima muito mais rápidas.
CONCORDO COM RUBENS (PRESIDENTE DO CLUBE) QUANDO ELE DIZ:
"A META DO CLUBE NO CAMPEONATO É DO TAMANHO DO SONHO DE NOSSA TORCIDA."
nossa torcida é grande, é apaixonada e não vai medir esforços para sempre ter um ABCFC forte do tamanho de nossos sonhos…
PREÇO DE CAMISA, isso é coisa pequena demais para se pensar e reclamar.
VAMOS NOS PREOCUPAR COM OUTRAS COISAS!!
MUITO BOM O TEXTO. O SUCESSO DO NOSSO MAIS QUERIDO NÃO APAGA A ELITIZAÇÃO QUE VEM ACONTECENDO. ACHO MUITO ALTO 140 NUMA CAMISA DO ABC.
BG, contra fatos não há argumentos. A nova direção do ABC tem méritos e merece receber os parabéns pelos títulos estaduais de 2010 e 2011 e pelo inédito título para o futebol potiguar: campeão brasileiro. Mas isso não a blinda de receber as críticas quando necessárias. A principal que faço é que acho que os diretores esquecem que o ABC é o Mais Querido, ou seja, é o time da massa, da Frasqueira. E essa, composta na grande maioria por assalariados está afastada do Frasqueirão. Basta observar com cuidado os borderôs dos jogos. 90% são os sócios. Estes são importantíssimos para o equilíbrio financeiro do clube, mas os torcedores que não querem ou não podem se associar não devem ser relegados a segundo plano. R$ 30,00 num ingresso de arquibancada e R$ 80,00 num de cadeira para os jogos do estadual foi demais. Acho caro até para a "B". Transformar o módulo 1 num local exclusivo para "cadeirantes" foi um tiro que saiu pela culatra: vive vazio. Eventos em locais fechados e com capacidade reduzida também é outro erro gritante e discriminante contra o povão abcdista. Essas atitudes afastam a Frasqueira. E prestem atenção: a lua-de-mel da torcida com a direção só dura enquanto os resultados forem favoráveis. Começou a perder, deixou de ganhar, os sócios deixam de pagar, o torcedor anônimo não vai e o clube entra numa "deprê" financeira. Espero que a direção do ABC leia esse excelente artigo de Rubinho e repense esse contexto, pois o alvinegro potiguar é em sua essência o Clube do Povo.
Perfeito o texto rubinho. O show da diretoria e uma verdade. Agora o clube se afasta cada dia mais das suas origens.
Ao rapaiz ai que comentou gabriel, não vi ninguem criticar a fabricante não. Temos que saber distinguir as coisas
Texto sem necessidade de quem ficava com raivinha quando se falava mal do futsal do ABC. Você tem noção de quanto subiu o preço de tudo? A LUPO tem o direito de dizer quanto quer cobrar. O ABC não pode chegar e simplesmente tirar o preço do bolso e barateá-la. A ERK, festejada por muitos, está cobrando quanto na do América?
Do mesmio jeito que se pagava 10 reais num ingresso quando o salário mínimo era 100 e poucos reais, se paga agora 139 com um salário de 540…