Em depoimento prestado nesta quinta-feira, o ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal (CEF) Fábio Cleto isentou o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) de responsabilidade em irregularidades no banco estatal. Em sua delação premiada, ele tinha dito que teve de assinar três vias de uma carta de renúncia no mesmo dia de sua nomeação para o cargo, em 2011. Os documentos, segundo lhe foi informado, foram endereçados a Alves, então líder do PMDB na Câmara.
Tratava-se de uma medida de segurança, caso Cleto não atendesse às demandas do grupo do também ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), responsável por sua nomeação. Nesta quinta-feira, porém, ele disse ter dúvidas sobre a real participação de Alves, que atualmente está preso em Natal, nesse episódio.
— Eu tenho dúvidas se Henrique realmente tinha conhecimento dessa carta, se aprovou, se participou dessa redação — disse Cleto, concluindo: — Acredito que, pelo perfil dele, sequer tinha conhecimento dessa carta.
Após a audiência, o procurador da República Anselmo Lopes disse que o depoimento de Cleto não afasta as suspeitas contra Alves. Isso porque a acusação contra ele é pelo recebimento de dinheiro na Suíça, e não por ter participado diretamente de irregularidades na Caixa.
Cleto, que apontou a distribuição de propina para Cunha, disse não ter conhecimentos de que Alves esteve envolvido em irregularidades na Caixa. Os esclarecimentos foram dados após perguntas de Marcelo Leal, advogado de Alves. Antes de começar a questionar o depoente, Leal chegou a dizer:
— Muito obrigado pela sua presença e por sua colaboração com a Justiça.
O depoimento de Cleto está ocorrendo por meio de videoconferência. O juiz federal Vallisney de Souza Oliveira está em Brasília, Cleto em Campinas (SP), e Alves e Marcelo Leal em Natal. Nesta quinta-feira também será ouvido o empresário Alexandre Margotto.
O depoimento de Cleto durou quase cinco horas e ainda não terminou. Ele será retomado na manhã de sexta, quando também será ouvido Alexandre Margotto. Esse depoimento estava previsto para quinta, mas como as explicações de Cleto tomaram todo o tempo, foi adiado. Também estão previstos para sexta-feiras os depoimentos de Eduardo Cunha, Henrique Alves e Lúcio Funaro.
Cunha e Funaro, os quais estão presos desde o ano passado, acompanham os depoimentos desta quinta presencialmente na sala de audiências da 10ª Vara Federal de Brasília.
O Globo

Comente aqui