Comportamento

Quarentena impulsiona busca por relações extraconjugais; homens e mulheres revelam usar aplicativos, chats e ‘sexting’

FOTO: DANAE DIAZ/BBC THREE

“Ele estava dormindo e eu levei o celular para o banheiro. Não precisa de um grande esquema secreto para a troca de mensagens, dos nudes…. Todo mundo carrega o telefone pra todo canto, pro banheiro, pra cozinha, não é algo tão calculista como pode parecer”, conta a arquiteta Bianca*, 36, que está em isolamento social com o namorado Gabriel, no Rio de Janeiro (RJ) desde março.

Os dois estão juntos há cinco meses, mas Bianca conta que as consequências da pandemia do novo coronavírus foram decisivas para a maneira como o relacionamento foi construído. “Antes da quarentena, não tinha um status de namoro. Gosto do Gabriel e de estar com ele, mas não queria que nosso relacionamento tivesse se aprofundado tanto como aconteceu por causa da pandemia “, confessa ela, que se sente “traindo” o parceiro.

“Continuo em contato com outros homens e uma mulher, trocando mensagens, nudes e praticando sexo virtual, mas me sinto um pouco culpada. Não sofro por isso, mas não acho que seja justo com ele. Só que também não consigo abrir mão do conforto emocional que o namoro me traz e nem da vida sexual que eu gostaria de estar levando e estaria, sem culpa e sem amarras, se não fosse pela pandemia”, diz ela.

Também no Rio, a publicitária Luciana*, 35, divide o apartamento com o marido – como o reconhece e chama – há cinco anos. Como Bianca, ela sentiu os efeitos do isolamento social sobre seu relacionamento, que já estava, como conta, em crise.

“Antes de a pandemia ‘estourar’ eu já estava cogitando a possibilidade de me separar. Sentia que a gente estava se afastando afetivamente, sexualmente e emocionalmente. Daí veio a quarentena e a crise ficou meio ‘em stand by’. Não ouso ‘mexer neste vespeiro’ porque não tem como resolver. Não tem como a gente se separar em meio a este caos, não tem como dar um tempo, então prefiro manter uma convivência minimamente harmônica enquanto isso durar”, explica ela.

Apesar de destacar um convívio agradável com o marido – “gosto da companhia dele”, ela diz -, Luciana conta que se aproximou, durante a pandemia, de um outro homem, um conhecido de faculdade. Os dois se reencontraram em uma festa de amigos em comum no início do ano e passaram a trocar mensagens.

“Começou como uma amizade e de uns meses para cá, falarmos abertamente sobre o interesse que temos um no outro. Só não tem nada em tom explicitamente sexual: troca de nude, sexo virtual, nada disso. Mas falamos sobre nosso dia, conto meus planos para o futuro, ele fala dos dele, mandamos fotos do cotidiano. De certa forma, me sinto como se fôssemos um casal, tirando as relações sexuais/eróticas, até porque pela pandemia, não tem a pressão da possibilidade de um encontro físico. Mas me sinto envolvida afetivamente, conectada sentimentalmente, com uma rotina a dois de certa forma com ele, de um jeito que eu não me sinto mais em relação ao meu marido”, confessa.

Desejo de ‘estar fora’

Segundo Cláudio Paixão, doutor em psicologia social e professor da Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o isolamento social necessário como medida de prevenção contra a covid-19 causa uma redução do espaço físico vivenciado pelas pessoas, o que não acontece com os espaços psíquicos, impactando a maneira como vivenciam seus desejos.

“As pessoas estão o tempo todo em diálogo com o mundo, em seu trabalho, sua vida social, outros lugares que não a casa e o próprio relacionamento. Com o isolamento, há uma redução deste espaço físico de interatividade, mas o campo psicológico não passa por isso de pronto. Então as pessoas não entendem ou aceitam imediatamente que sua rede de relacionamentos também está limitada. Isso faz com que se olhe para fora: de casa, do relacionamento. É um desejo de ‘estar fora’. Isso aparece nos memes de saudades do bar, da vontade de ‘se aglomerar’, de praticar atividades físicas, os mais diversos desejos de troca, inclusive a sexual e afetiva. E o que se tem feito como alternativa é uma virtualização das relações para suprir estes desejos”, aponta o especialista, citando exemplos como troca de nudes e a prática de ‘sexting’, sexo virtual por mensagens.

Sem sair desde março da casa em que vive com o namorado em Belo Horizonte (MG), o pesquisador Caio, de 28 anos, passou a utilizar o que ele chama de “aplicativos de pegação” e tem participado de chats em busca de parceiros sexuais.

“Acho que sempre tivemos um relacionamento aberto velado. Já fiquei com outros caras e sei que ele também. Mas era algo esporádico, quando rolava um clima numa festa, coisa de momento. Não falamos sobre isso, e nunca busquei esses encontros ativamente, acredito que nem ele. Agora na pandemia, me vi mais impelido a fazer isso, tenho usado aplicativos de ‘pegação’, inclusive trocando nudes neles e em chats como do Facebook, coisa que nunca tinha feito. Não sei se ele também faz, mas não me incomodaria”.

Caio diz que isso não afetou sua relação com Igor, com quem mora há 8 anos. “Apesar de estarmos na mesma casa, que é antiga e enorme, não ficamos o dia todo no mesmo ambiente. Além disso, eu trabalho muito tempo diante do computador, então temos uma certa privacidade. Não frequento esses aplicativos e chats descaradamente, na frente dele. Nossa vida sexual continua bastante ativa e nosso envolvimento afetivo e emocional continua o mesmo de antes, mais intenso até, eu diria. Sinto que nosso relacionamento é muito estável”.

‘Tinderização’ das relações

Para o psicólogo Cláudio Paixão, outro fator que impacta a busca por relações extraconjugais é um padrão de se relacionar que ele chama de ‘tinderização’ (referência ao aplicativo Tinder, que permite interação entre as pessoas a partir de um “match”, função que aponta interesse mútuo entre dois usuários).

“Com o advento das redes sociais, criou-se a possibilidade de se navegar e ver outras pessoas, possibilidades de relacionamento diferentes das que se tem. Surge um cardápio maior de possibilidades, o que sugere, atiça uma série de outros desejos, ainda que baseados em fantasias, porque na internet as pessoas se mostram como querem ser vistas.”

Cláudio sugere, ainda, que essa ‘tinderização’, trazendo a grande possibilidade de outras escolhas sexuais e afetivas, também tende a tornar as gerações atuais menos tolerantes aos aspectos que as desagradam em seus parceiros.

“Há a tendência de redução de tolerância ao erro do outro. Antes você acabava convivendo por um tempo, ia estreitando laços com alguém para aprender sobre a pessoa em diversos níveis. Neste momento de tinderização, as pessoas têm muitas escolhas e um baixo limiar de resistência à frustração de expectativas. Você vê o outro, se interessa e começa a conversar. Se surge algo que desagrada, é só ‘jogar pro lado’ e interromper o contato”, aponta o especialista, destacando como o isolamento social impacta este efeito.

“Neste momento, o que há de bom e ruim nas relações se sobressai ao mesmo tempo em que há essa diminuição da tolerância. Somando a isso fatores como o cuidado com filhos e com pessoas idosas, o teletrabalho e o ensino à distância, cria-se um desgaste da relação a dois. Isso pode fazer com que o interesse da pessoa se volte ‘para fora’ da relação confinada naquele espaço de tensão. Por isso é sempre importante dialogar.”

Moralização dos relacionamentos

Apesar dessa tendência em se querer experimentar “o que está fora” de um relacionamento monogâmico diante do confinamento, a pandemia do novo coronavírus pode trazer uma certa moralização dos modelos conjugais. É a análise feita pelo antropólogo Antônio Pilão, doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com pós-doutorado em gênero e sexualidades em andamento no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora (PPGCSO- UFJF).

“Vejo uma relação muito estreita com o fenômeno da aids nos anos 1980 e 1990. O mundo havia saído de um contexto de experimentação afetiva e sexual dos anos 1970. Com a aids, houve uma remoralização dos desejos e práticas, porque entendia-se que a proliferação do HIV era proveniente da promiscuidade sexual. Então a limitação das experiências afetivas e sexuais e a monogamia como regra foram uma resposta a essa premissa”, analisa Antônio, um dos pesquisadores pioneiros no estudo de relações não monogâmicas no país.

“Estamos diante de um vírus que se alastra a partir das interações sociais, do abraço, do beijo. Essas são, na sociedade ocidental, porta de entrada para a sexualidade. Com isso, os relacionamentos tornam-se uma discussão sanitária, o que também influencia nossa visão moral. Antes da pandemia estávamos em um momento, desde o início dos anos 2000, de maior abertura para o questionamento das limitações da monogamia. Agora, parece que estamos entrando em uma fase em que ela se apresentaria como a única possibilidade conjugal possível, até por questões de saúde pública”, avalia o antropólogo.

“A infidelidade é uma afirmação da monogamia”

Antônio explica também a diferença entre estar em uma relação não monogâmica e ter relacionamentos extraconjugais:

“A monogamia dificilmente é um acordo. Nascemos em uma sociedade em que essa normatividade está posta, limitando a sexualidade, a afetividade e o que chamamos de amor (num relacionamento) exclusivamente a outra pessoa. As relações não monogâmicas questionam esse modelo e não são a ausência total de regulação, mas a proposta de regulações e contratos que não sejam absolutos como a monogamia. Já a infidelidade é uma afirmação da monogamia. Driblar os pressupostos e as regras da norma vigente não constrói novos acordos, mas representa uma manutenção dos antigos, ainda que seja no descumprimento deles. Por isso também há o sentimento de culpa, arrependimento, vergonha e as práticas se mantêm clandestinas.”

Para Antônio, é impossível prever como serão construídos os modelos de conjugalidade em um possível mundo pós-pandemia.

“Não sabemos se no que ano que vem o cenário atual vai estar superado. Se vamos passar anos, décadas usando máscara, e temendo o contato com pessoas estranhas, perdendo hábito de ‘ficar’, por exemplo. Nesse sentido, a preocupação com a infidelidade não deve vir de suas questões morais, mas do risco iminente de contágio. Principalmente num contexto de possíveis encontros clandestinos, podendo expor pessoas que nem sabem dos perigos que correm. O ideal seria que os casais pudessem conversar e encontrar alternativas de acordos sanitariamente seguros que funcionassem para eles e para a sociedade, já que se trata de uma questão coletiva”.

IG, com BBC

 

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Geral

Moraes discute com Aldo Rebelo em audiência no STF e faz ameaça: ‘Se o senhor não se comportar, vai ser preso por desacato’

Foto: Igo Estrela/Metrópoles | Pedro França/Agência Senado

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), repreendeu o ex-ministro e ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo, nesta sexta-feira (23), durante depoimento dele na ação que investiga uma suposta trama golpista para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder.

Rebelo depõe na condição de testemunha de defesa, no caso. Durante a oitiva, ele foi questionado se o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, teria colocado tropas à disposição do presidente da República.

O ex-ministro afirmou que é preciso considerar o que significa uma “força de expressão” na língua portuguesa.

“É preciso levar em conta que na língua portuguesa nós conhecemos aquilo que se usa muitas vezes que é a força da expressão. A força da expressão nunca pode ser tomada literalmente. Quando alguém diz que ‘estou frito’ não significa que está dentro de uma frigideira, quando diz que ‘está apertado’ não significa que está submetido a uma pressão literal. Quando alguém diz estou a disposição, a expressão não precisa ser lida literalmente”, respondeu Rebelo.

A resposta irritou Moraes: “O senhor estava na reunião quando o almirante Garnier disse a expressão? Então o senhor não tem condição de avaliar a língua portuguesa naquele momento. Atenha-se aos fatos”.

Rebelo rebateu: “Em primeiro lugar a minha apreciação da língua portuguesa é minha e eu não admito censura”.

Moraes: “Se o senhor não se comportar, o senhor será preso por desacato”.

Rebelo: “Estou me comportando”.

Moraes: “Então se comporte e responda à pergunta”.

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começou a ouvir nesta sexta-feira (23) as testemunhas de defesa dos réus Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e de Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, na ação que apura uma suposta tentativa de golpe articulada pela cúpula do ex-presidente Jair Bolsonaro.

g1

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Geral

Receita libera consulta ao primeiro lote de restituição do Imposto de Renda; saiba como fazer

Foto: Alexandre Cassiano/Agência O Globo

A Receita Federal libera a partir das 10h desta sexta-feira (23) a consulta ao primeiro lote de restituição do Imposto de Renda 2025. O pagamento será feito no dia 30 na forma definida pelo contribuinte ao entregar a sua prestação de contas: Pix ou depósito em conta bancária.

Segundo o órgão, o lote terá 6.257.108 pessoas, que receberão um total de R$ 11 bilhões na maior quantia paga pela Receita na história. Até então, o recorde havia ocorrido no primeiro lote de 2024, que devolveu R$ 9,5 bilhões.

Como fazer a consulta

  • Entre no site de consulta da restituição: https://www.restituicao.receita.fazenda.gov.br/
  • Informe CPF, data de nascimento e selecione 2025 em Exercício
  • No captcha, faça um tique em “Sou humano” e clique em Consultar
  • Em seguida, o programa informa se você está na lista de restituição

Outra opção é fazer a consulta no aplicativo da Receita para tablets e celulares ou pelos sites Meu Imposto de Renda e e-CAC (Centro de Atendimento Virtual).

O contribuinte pode baixar o aplicativo da Receita Federal para tablet e celular nas lojas da App Store (para iPhone e iPad) e da Play Store (para aparelhos com Android). É preciso tomar cuidado com golpes. O desenvolvedor do aplicativo oficial da Receita é Serviços e Informações do Brasil.

O lote conta apenas com pessoas que têm prioridade para receber, exceto quem optou por usar a declaração pré-preenchida e receber a restituição por Pix. Quem escolheu as duas formas e enviou a declaração no começo do prazo, sem pendências, entrou no primeiro lote.

Saiba tudo sobre o primeiro lote de restituição do IR

Veja quem está no primeiro lote

  • 240.081 idosos acima de 80 anos
  • 2.346.445 idosos entre 60 e 79 anos
  • 199.338 pessoas com deficiência ou moléstia grave
  • 1.096.168 contribuintes cuja maior fonte de renda seja o magistério
  • 2.375.076 pessoas que usaram a declaração pré-preenchida e também optaram por receber via Pix

Segundo a Receita, também haverá pagamento de restituição a contribuintes que entregaram declarações de anos anteriores, mas que caíram na malha fina e agora receberão, após terem acertado as pendências.

A restituição ocorre quando o imposto pago e retido ao longo de 2024 é maior do que o tributo devido no ano pelo contribuinte.

A Receita afirma que “assume o compromisso de realizar pagamento de restituições apenas em conta bancária de titularidade do contribuinte”. Portanto, se houver erros nos dados bancários é preciso corrigi-los para receber a devolução.

Folhapress

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Geral

Setor de comércio e serviço critica alta do IOF anunciado pelo governo Lula e pede revisão no Congresso

Foto:  Unsplash/Rupixen

A União Nacional das Entidades do Comércio e Serviços (UNECS) repudiou o aumento do IOF anunciado pelo governo. A entidade, que representa os setores de comércio e serviços, aponta que a medida penaliza empresas e consumidores, especialmente as micro e pequenas que dependem do crédito de curto prazo.

A União Nacional das Entidades do Comércio e Serviços (UNECS) repudiou o aumento do IOF anunciado pelo governo. A entidade, que representa os setores de comércio e serviços, aponta que a medida penaliza empresas e consumidores, especialmente as micro e pequenas que dependem do crédito de curto prazo.

A UNECS afirma que, mesmo com a revisão parcial das medidas após pressão do mercado, os aumentos que entraram em vigor agravam o ambiente de negócios no país.

Após pressão de agentes de mercado na noite de quinta-feira (22), a Fazenda recuou sobre a tributação de fundos com aplicação no exterior e investimentos de pessoas físicas para fora do país, mantendo as alíquotas como são praticadas atualmente.

Segundo a entidade, o setor já enfrenta desafios estruturais como carga tributária elevada, burocracia excessiva, insegurança jurídica e custos financeiros acima da média internacional.

A elevação do IOF, diz a nota, contraria a promessa de simplificação tributária e fomento à competitividade.

A entidade cobra do Congresso Nacional a revisão das mudanças e afirma que espera sensibilidade social por parte das autoridades econômicas.

“O setor de comércio e serviços, responsável por mais de 70% do PIB nacional, não pode ser penalizado com medidas que comprometem a recuperação econômica”, conclui.

O decreto do governo elevou as alíquotas do IOF sobre operações de crédito para empresas, unificou a taxa de 3,5% sobre remessas e compras internacionais e passou a tributar aportes mensais acima de R$ 50 mil em planos de previdência.

A equipe econômica estima arrecadar até R$ 18 bilhões com a medida em 2025.

CNN

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Geral

TSE prevê “caos logístico” em caso de eleição unificada para as esferas municipal, estadual e federal

Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

Técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) preveem uma grande dificuldade para organizar eleições unificadas para as esferas municipal, estadual e federal, conforme aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

Segundo interlocutores da cúpula do TSE, haveria um verdadeiro “caos logístico”. O receio é de um “engarrafamento” de processos como registros de candidatura e representações de propaganda, além de expressivos custos operacionais extras.

Uma das preocupações é com o tempo que cada eleitor vai levar para votar, com nove cargos para escolher de uma só vez. Para dar conta do recado em um só domingo, seria preciso comprar mais urnas, criar mais zonas eleitorais e ampliar o quadro de servidores.

A avaliação de fontes da Justiça Eleitoral é de que esse seria um gasto significativo e desproporcional, diante do fato de que as eleições ocorreriam apenas uma vez a cada cinco anos.

Em relação à parte jurídica, é esperada uma enxurrada de ações, representações e recursos eleitorais que sobrecarregariam os tribunais, uma vez que seriam mais de 2 milhões de candidatos disputando a mesma eleição.

Mesmo nos dias de hoje, esse já é um gargalo criticado inclusive por observadores internacionais. Muitas candidaturas acabam não sendo julgadas a tempo do dia de votação, o que resulta em vários candidatos eleitos na modalidade “sub judice”.

Outro desafio diz respeito aos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs). Os colegiados seriam, ao mesmo tempo, a primeira instância das eleições para cargos estaduais e a segunda instância dos cargos municipais, o que exigiria reforço expressivo na sua estruturação.

Além de tudo isso, a proposta de unificar as eleições tornaria obrigatório que o TSE investisse ainda mais em campanhas institucionais para que, no hiato de cinco anos entre eleições, manter a sociedade engajada nos processos políticos.

CNN Brasil

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Geral

Gonet e delegado da PF também entram na mira de sanções dos EUA

Foto: Fellipe Sampaio /STF

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, e o delegado da Polícia Federal (PF) Fabio Shor entraram também na mira do governo dos Estados Unidos e podem vir a ser alvo de sanções junto com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Fontes que municiam o governo americano com dados sobre o processo administrativo relataram à CNN que apresentaram às autoridades americanas relatos sobre Gonet e Shor na mesma linha dos apresentados sobre Moraes, de que eles colaboram para a violação de direitos humanos e a perseguição política no Brasil tendo por base o processo da trama golpista. Gonet é o autor da denúncia e Shor foi o delegado responsável pelas investigações.

Procurada pela CNN, a Embaixada dos Estados Unidos em Brasília não negou a informação, mas disse que não se posicionaria sobre o assunto.

Na quarta-feira, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que o ministro Alexandre de Moraes pode ser alvo de sanções norte-americanas tendo por base a Lei Magnitsky.

Outros ministros do STF, em especial os da Primeira Turma, também podem virar alvo da lei.

Sancionada por Barack Obama em 2012, a legislação leva o nome do advogado russo Sergei Magnitsky, morto em uma prisão na Rússia no ano de 2009.

Desde 2016, ela é aplicada mundialmente a quem for considerado, pelos Estados Unidos, violador dos direitos humanos em qualquer lugar do mundo.

Um dos punidos foi o ex-presidente da corte eleitoral da Nicarágua Roberto José Rivas Reyes. O site oficial que trata do histórico da lei o caracteriza como um “controlador-geral da Nicarágua”, “acima da lei”, e que “cometeu fraude eleitoral que minou as instituições eleitorais daquele país”.

Dentre as possíveis punições estão: congelamento de ativos e contas bancárias nos Estados Unidos, restrições de visto de entrada no país ao infrator, assessores e familiares, e restrições financeiras a empresas ligadas ao mesmo.

Também prevê proibição de transações com cidadãos e empresas norte-americanas, vedando realizar negócios, contratos, serviços ou qualquer tipo de operação financeira, jurídica ou comercial com a pessoa sancionada.

Uma fonte que acompanha o processo de perto informou à CNN que a Casa Branca neste momento aguarda a conclusão do parecer do Departamento do Tesouro sobre os impactos econômicos das sanções, que é uma etapa formal exigida pela lei.

O processo já estaria bem avançado, com análise das provas apresentadas, bem como o depoimento de testemunhas.

A expectativa é de que seja concluído no segundo semestre, antes mesmo da conclusão do julgamento da trama golpista pelo STF.

Procurados, Gonet, Shor e o STF não se manifestaram.

 

CNN Brasil – Caio Junqueira

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Geral

Para Janja, modelo ideal de regulação de redes sociais é o da ditadura chinesa

Foto: Reprodução/Youtube

Janja deu uma entrevista para uma colunista da Folha em que demonstrou, mais uma vez, que continua voando na bolha palaciana sem assessoria e sem pé na realidade.

Preocupada em se defender das notícias envolvendo sua participação num jantar com Xi Jinpin e Lula na China, ela se lançou a dar opiniões sobre regulação de redes sociais e revelou sua admiração pelo eficiente modelo de censura chinês que, segundo ela, até prende quem posta conteúdos em desacordo com o regime.

“Eu falei um pouquinho dessa questão de como o algoritmo entrega para fora da China e não teve nenhum mal-estar no momento. O presidente Xi falou, inclusive, que eles também têm problemas dentro da China, apesar de ter uma regulação muito forte. Lá, crianças menores de idade só podem usar telas a partir de 11 anos com horário específico, não podem ter rede social. Tem toda uma regulamentação e, se não seguir a regra, tem prisão. Por que é tão difícil a gente falar disso aqui? Não é uma questão de liberdade e de expressão, a gente está falando de vida e de crianças e adolescentes”, disse Janja.

Era para ser uma entrevista simpática, para melhorar a imagem da primeira-dama, mas virou um manifesto nas mãos da oposição a legitimar a velha crítica sobre o apreço petista por ditaduras. Pior. Deu munição aos opositores no momento em que o bolsonarismo fortalece seu discurso contra o STF e o que classifica de controle das redes exercido a partir de decisões do ministro Alexandre de Moraes.

Há anos, o Congresso reluta em lidar com o desafio das redes sociais e seus conteúdos fora de controle. Janja achou que sozinha teria uma solução genial para o problema: replicar no país comandado pelo marido o “modelo” adotado por uma ditadura. Logo Lula, o presidente eleito com discurso de defesa da democracia.

Na edição de VEJA que está nas bancas, o repórter Ricardo Chapola mostra como o comportamento da primeira-dama ajuda a desgastar a imagem de Lula e de seu governo. Parece um caminho sem retorno.

Lula escalou, no início do ano, um novo ministro para comandar a Comunicação do governo. Sidônio Palmeira mudou seu local de trabalho para o Planalto com a missão de corrigir todos os problemas da máquina petista, então causados, na visão de Lula, por falhas de comunicação.

Fosse esse o problema, o país estaria vivendo um ciclo virtuoso de avanços em diferentes áreas e Lula não seria o presidente rejeitado por parcela importante dos eleitores nas pesquisas.

Atuando sem qualquer cuidado estratégico, Janja tornou-se a principal opositora do governo do marido, agora oferecendo, em vídeo, elementos para aquecer a fornalha de narrativas da oposição contra a gestão petista.

A prudência é a qualidade de agir e falar de forma atenta às consequências — ainda mais diante do imediatismo e alcance das redes sociais. Janja parece não se dar conta disso: o momento de falar, a conjuntura do país no momento em que se fala, e, mais importante, a mensagem passada.

O descolamento de realidade na cúpula do poder não é uma novidade trazida por Janja. A ruína do governo Dilma Rousseff e a derrocada de Jair Bolsonaro tinham forte combustível nessa alienação imposta pela bolha de burocratas sempre dispostos a elogiar os inquilinos dos palácios em Brasília.

Na entrevista, Janja mostrou que continua sendo Janja. Para desespero do governo e alegria dos bolsonaristas.

Radar – Veja

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Geral

Morre Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos do mundo, aos 81 anos

Foto: Joel Saget/AFP/Arquivo

Sebastião Salgado, considerado um dos fotógrafos mais importantes do mundo, morreu aos 81 anos. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, organização não-governamental fundada por ele.

Ele tinha um distúrbio sanguíneo causado por malária, que ele contraiu na Indonésia e não conseguiu tratar apropriadamente. Por isso, se aposentou do trabalho de campo em 2024, dizendo que seu corpo estava sentindo “os impactos de anos de trabalho em ambientes hostis e desafiadores”.

“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora”, diz o texto do Instituto Terra.

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Geral

RN tem mais de 37 mil pessoas diagnosticadas com autismo, diz IBGE; veja números por cidade

Foto: Divulgação/ Equatorial

O Rio Grande do Norte tem mais de 37 mil pessoas diagnosticadas com autismo, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado foi levantado pela primeira vez no Censo de 2022 e divulgado nesta sexta-feira (23).

O Rio Grande do Norte apresentou, em 2022, uma taxa de 1,1% da população diagnosticada com autismo. O percentual é levemente inferior à média do Brasil (1,2%) e idêntico ao da região Nordeste.

Em números absolutos, o estado registrou 37.625 pessoas com diagnóstico, com maior proporção entre os homens (1,5%) do que entre as mulheres (0,8%).

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Trânsito

Trânsito na Ponte de Igapó será liberado no final da tarde desta sexta-feira 23

O trânsito na Ponte de Igapó será liberado no final da tarde desta sexta-feira, conforme informações que chegam ao blog. A próxima etapa será a sinalização, que será comunicada pelo DNIT.

Blog Tácio Cavalcante

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Polícia

Polícia suspeita que mulher dormiu ao lado do cadáver do pai por 6 meses

Foto: Reprodução

A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga se a filha de Dário Antonio Raffaele D’Ottavio, de 88 anos, dormia ao lado do cadáver do idoso, morto há pelo menos seis meses.

O corpo dele foi encontrado na última quinta-feira (22) em avançado estado de decomposição dentro de casa, na Ilha do Governador, zona norte do Rio. A polícia encontrou potes de comida na mesa perto da cama onde o esqueleto era mantido, o que levantou as suspeitas.

Tania Conceição Marchese D’Ottavio e o irmão, Marcelo Marchese D’Ottavio são suspeitos de terem assassinado o pai. Eles foram internados em um hospital, sob escolta policial, após apresentarem sinais de possíveis transtornos psicológicos. Autuados por ocultação de cadáver, resistência e lesão corporal, ambos vão passar por audiência de custódia nesta sexta-feira (23).

Em depoimento à polícia, vizinhos relataram que o idoso foi visto pela última vez em novembro de 2023. Além disso, constantes discussões entre Dário e os filhos eram ouvidas – na última, o filho mandava o pai entregar o cartão do banco e a senha, o que Dário teria se negado a fazer.

Outra testemunha relatou que Marcelo costumava gritar “Eu matei meu pai” e falar que jogou o corpo do idoso no lixo. Além disso, o suspeito teria começado a apresentar sintomas de distúrbios psicológicos há cerca de três anos e andava com grande quantidade de dinheiro, ostentando as notas. O homem ainda impedia que qualquer pessoa entrasse na casa depois que o pai não foi mais visto.

“As diligências iniciais revelaram que o falecido era titular de dois benefícios previdenciários ativos junto ao INSS, sendo um de aposentadoria e outro de pensão por morte, o que reforça suspeitas sobre possível motivação financeira por parte dos indiciados. Essa linha de apuração segue sob análise, sem prejuízo da consideração de outras hipóteses investigativas”, destacou o delegado titular da 37ª DP, Felipe Santoro.

A polícia aguarda o resultado do laudo do Instituto Médico Legal (IML) que vai determinar a causa da morte e há quanto tempo o idoso estava morto. Os irmãos ainda não foram ouvidos pela Polícia, mas, segundo os investigadores, Marcelo reagiu à abordagem com agressividade e entrou em confronto físico com um dos agentes. Tania teria tentado impedir a prisão do irmão, investindo contra os policiais.

CNN

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