Cultura

Espetáculo premiado estreia amanhã em Natal

Natal foi a cidade escolhida para sediar a estreia, amanhã (19/07), da turnê Nordeste do grupo La Mínima (SP), com o espetáculo “A Noite dos Palhaços Mudos”. Pela primeira vez na cidade, a peça – que une tradição circense ao humor físico –, é baseada na HQ do famoso cartunista Laerte. A apresentação será às 20h, no Teatro Alberto Maranhão, com direito a dose repetida nos dois dias seguintes (20 e 21). A entrada custa R$ 20 inteira e está à venda na bilheteria do teatro.

O próximo destino do espetáculo ainda é em solo potiguar: serão duas apresentações em Mossoró, dias 24 e 25 de julho, no Teatro Dix-huit Rosado. Depois, é hora de seguir viagem para Recife e para Caruaru. Profissionais e estudantes das artes cênicas também poderão participar gratuitamente, no segundo dia de espetáculo, às 15h, da oficina “Os Palhaços do Grupo La Mínima”, na qual serão demonstradas características fundamentais do trabalho de palhaço do grupo paulista: trabalhos corporais, aquecimentos, técnicas acrobáticas, comicidade física, pantomima e o ator-palhaço.

A partir da comicidade física, da lógica do absurdo e do humor sem palavras, a obra evidencia os conflitos entre as intolerâncias urbanas e o universo irreverente do palhaço, baseada na HQ original publicada em 1987 na Revista Circo.

“É uma história simples, que contesta a falta de flexibilidade daqueles que não entendem a relatividade das culturas, algo que ainda é muito comum nos dias de hoje”, lembra Laerte. Para o cartunista, ao sofrerem uma perseguição implacável apenas pelo fato de existirem, os personagens remetem à própria natureza do palhaço, que precisa lidar com o rompimento dos tais valores absolutos para preservar sua própria essência.

A mescla entre fantasia e realidade dá uma pitada de “policial noir” ou “clown noir” ao espetáculo, toque essencial para a atuação dos atores. “Nada mais instigante para o La Mínima do que montar um espetáculo que sempre pareceu sua própria sinopse”, detalha o ator Domingos Montagner, que teve recentemente uma experiência na novela “Cordel Encantado”, da Rede Globo, ao interpretar o cangaceiro “Herculano”. Para o ator, o embate entre o conservadorismo intolerante e o arquétipo do palhaço envolve o espectador. “Em cena, os palhaços dão as cartas. Mas o público é quem joga o jogo”, compara.

Qualidade evidenciada em prêmios

Já na sua estreia, em 2008, em São Paulo, “A Noite dos Palhaços Mudos” teve sua qualidade reconhecida. Foram quatro indicações ao Prêmio Shell 2008, vencendo na categoria Melhor Ator – graças às brilhantes atuações de Domingos Montagner e Fernando Sampaio – e seis indicações ao Prêmio Coca-Cola FEMSA de Teatro 2008.

Mas não pense que acabou: foi eleito o “Melhor Espetáculo de 2008” pela Folha de São Paulo e pela revista Bravo!, ganhou o “Prêmio de Melhor Espetáculo de Sala Convencional e Melhor Elenco” por meio do Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro 2008, além de muitas outras indicações.

Sobre o espetáculo

Os Palhaços Mudos são seres que habitam a cidade e dedicam-se a praticar palhaçadas. Existe uma Seita, no entanto, que os considera uma ameaça alarmante e os persegue, na tentativa de extingui-los.

Numa noite de caça a dois Palhaços, conseguem capturar apenas um e, na tentativa de matá-lo, conseguem apenas arrancar seu nariz. O pobre mutilado escapa, mas não consegue suportar a vergonha e se desespera. Surge então o segundo Palhaço Mudo, que entende o que aconteceu e arrasta-o para um ousado resgate nasal.

Neste contexto, perseguições em meio às sombras de uma seita secreta misturam-se a truques de magia, números musicais e referências contemporâneas, numa estética de inspiração cinematográfica. A direção é de Alvaro Assad; o elenco conta com os atores Fernando Sampaio, Fernando Paz e Paulo Federal – que substitui Domingos Montagner, em viagem para gravação da nova novela da Globo; a iluminação é de Wagner Freire; os figurinos são assinados por Inês Sacay e a música original é de Marcelo Pellegrini.

Sobre o La Mínima

Em 1997, Domingos Montagner e Fernando Sampaio criam o Grupo La Mínima, depois de uma jornada iniciada quando se conheceram no Circo Escola Picadeiro, em São Paulo. O primeiro espetáculo foi o “LaMínima Cia. de Ballet”, baseado no humor físico e nas clássicas paródias acrobáticas.

Desde então, o circo e a arte do palhaço de picadeiro conduzem o trabalho da dupla, em espetáculos como “À La Carte” (2001), “Piratas do Tietê, O Filme” (2003), “Feia” – Uma comédia circense (2006),“Reprise” (2007), “A Noite dos Palhaços Mudos” (2008), inspirada em HQ de Laerte, e a mais nova produção “O Médico e Os Monstros” adaptação de Mário Viana e direção de Fernando Neves; e na participação em festivais como o Festival de Curitiba – Mostra Oficial (2000), 23º Festival Mundial de Circo de Demain – Paris (2002), Teatralia – Madrid (2002), 21º Festival Internacional Teatro a Mil – FITAM – Chile (2004), Festclown de Brasília (2006), Festival de Circo do Brasil (2005 e 2007), Temporada de 2 meses do espetáculo Sueños em el Circo Price, Madrid / Espanha, entre outros.

Dentre os principais prêmios recebidos pelo La Mínima estão dois: APCA: Melhor Espetáculo Infanto-Juvenil, por “Piratas do Tietê – O Filme” e Melhor Espetáculo com Técnicas Circenses, por “À La Carte”; Prêmio Coca-Cola FEMSA na Categoria Especial pela Valorização de Números Circenses de Humor Físico de 2007, por “Reprise” e de Melhor Espetáculo Jovem de 2003 por “Piratas do Tietê – Filme” e Prêmio Em Cena Brasil do Ministério da Cultura, em 2002, por “À La Carte”. “A Noite dos Palhaços Mudos” também recebeu diversas premiações e indicações.

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