Judiciário

Ex-presidente do Peru tenta suicídio com tiro na cabeça depois de receber ordem de prisão no caso Odebrecht

García, que tentou pedir asilo ao Uruguai, chega à Promotoria para depor em novembro de 2018 Foto: ERNESTO BENAVIDES / AFP

O ex-presidente do Peru, Alan García, está internado depois de ter atirado contra a própria cabeça diante de uma ordem de prisão preventiva emitida pela Justiça, confirmou o advogado do ex-líder, Erasmo Reyna. García foi levado para o hospital Casimiro Ulloa, que confirmou que a causa da internação foi um ferimento na cabeça.

Policiais também confirmaram à agência Reuters que o ex-líder peruano tentou suicídio. García é um dos dos quatro ex-chefes de Estado do país investigados sob a acusação de terem recebido suborno da construtora brasileira Odebrecht. A Justiça havia ditado sua prisão preventiva por dez dias.

O secretário pessoal de García, Ricardo Pinedo, confirmou que o ex-presidente entrou em seu quarto depois de ser informado que um promotor batia à porta de sua casa, informou o jornal “La Republica”, de Lima. A situação do ex-presidente “é delicada”, segundo o advogado.

— Neste momento, ele está sendo operado. Rogamos a Deus que lhe dê força — ressaltou Erasmo Reyna.

A ordem judicial de detenção desta quarta-feira também afeta o ex-ministro de Transportes Enrique Cornejo, Luis Nava, seu filho José Antonio Nava, Miguel Atala, seu filho Samir Atala, Oswaldo Plasencia Contreras, Jorge Menacho e Raúl Antonio Torres.

Além de García, que governou o país por dois mandatos, o último de 2006 a 2011, a investigação sobre subornos da Odebrecht no Peru envolve também os ex- presidentes Alejandro Toledo (2001-2006), Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018). Todos estão sob investigação do Ministério Público peruano. Kuczynski foi preso preventivamente por dez dias no início deste mês.

Todos estão sob investigação do Ministério Público peruano. Toledo, que supostamente recebeu US$ 20 milhões da empreiteira pela construção de uma rodovia, vive nos Estados Unidos.

O escândalo também salpicou nas ex-candidatas Lourdes Flores e Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), em prisão preventiva desde 31 de outubro.

Em fevereiro, a empresa assinou um acordo de cooperação com a Procuradoria peruana em São Paulo para ampliar as investigações sobre contribuições ilícitas eleitorais.

Ficou então definido que a Odebrecht teria que pagar cerca de US$ 182 milhões como compensação civil aos peruanos, com base em quatro licitações que venceu mediante o pagamento de subornos a autoridades locais. A empreiteira já admitira em 2016 que havia pagado propinas na casa dos US$ 29 milhões entre 2005 e 2014 no país.

Em sua declaração, na ocasião, a empresa brasileira ressaltou que o Peru é o oitavo país com o qual chega a um acordo. Negociações semelhantes ocorreram com o Brasil, os Estados Unidos, a Suíça, a República Dominicana, o Panamá, o Equador e a Guatemala.

Em dezembro, o presidente peruano, Martin Vizcarra, rejeitou a possibilidade da continuação das operações da Odebrecht em seu país, sob a alegação de que as práticas corruptas da empresa provocaram sérios estragos. Vizcarra foi eleito em 2018, tendo como uma de suas principais propostas a condução de uma reforma contra a corrupção no país. Apesar das críticas, Vizcarra afirmou que respeita o pacto dos promotores com a Odebrecht.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. Se os políticos corruptos do nosso país imitassem essa atitude, rapidamente esvaziaríamos as dependências carcerárias da Polícia Federal e pouparíamos muito dinheiro do contribuinte brasileiro. Pena que eles não têm vergonha na cara. Tem um chefe de seita macabra que, ao invés de um gesto de altruísmo e arrependimento como esse, além de ter nos roubado muito e nos custar muito caro, ainda trama na cadeia para destruir nossa pátria.

  2. Dificilmente veremos um político brasileiro se suicidar ( com exceção de Getúlio Vargas), por um simples motivo: Eles não tem vergonha na cara.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Judiciário

Fachin nega pedido para suspender ação penal de Lula em caso Odebrecht

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), negou uma liminar (decisão provisória) pedida pela defesa de Luiz Inácio Lula da Silva para que fosse suspensa uma das ações penais em que o ex-presidente é acusado pelo suposto recebimento de propina da empresa Odebrecht. O caso está sob responsabilidade do juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.

No pedido, os advogados de Lula argumentaram que uma decisão do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) recomendou que o Brasil não pratique nenhum ato que embarace a conclusão do processo aberto no órgão internacional sobre suposta irregularidades cometidas por Moro contra o ex-presidente.

Para a defesa de Lula, Moro não poderia dar andamento a mais uma ação penal contra o ex-presidente ao mesmo tempo em que tem sua imparcialidade julgada na ONU.

Na decisão assinada ontem (29), Fachin entendeu que a recomendação do órgão multilateral não se aplica ao caso. O ministro escreveu que “quanto às alegações atinentes ao comitê da ONU, como citado, a matéria não se enfeixa em exame preambular atinente ao campo especificamente da seara penal”.

Em setembro, o plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), considerou, por 6 a 1, que uma outra recomendação da ONU, para que fosse garantidos os direitos políticos de Lula, não vincularia a Justiça Eleitoral brasileira e julgou o ex-presidente inelegível pela Lei da Ficha Limpa. Também ministro do TSE, Fachin foi o único a votar na ocasião de modo favorável ao ex-presidente.

Lula está preso desde 7 de abril na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde cumpre a pena de 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex no Guarujá (SP). A condenação foi confirmada pela segunda instância da Justiça Federal, o que levou o TSE a enquadrar o ex-presidente na Lei da Ficha Limpa. Ele recorre às instâncias superiores contra a condenação.

Agência Brasil

Opinião dos leitores

  1. Kkkkkkk, tá chegando a outra condenação, mais outra, mais outra. Esse bandido deveriam era juntar tudo e dar prisão perpétua. Ladrão inveterado

  2. A defesa do ex presidente quer fazer palhaçada com a justiça brasileira.
    Onde um parecer de infiltrado na ONU terá mais valor que uma decisão judicial brasileira?
    A defesa do condenado quer trocar toda justiça brasileira por um parecerzinho da ONU?
    Isso sim é ditadura!
    Estão tentando criar e impor a troca a justiça brasileira por "parecer", isso mesmo, um "parecer" sabe-se lá de quem da ONU. Detalhe, "parecer" monocrático, ou seja, de uma figura qualquer da ONU. Isso está muito além de arbitrariedade, passa a ser conluio contra a justiça e o Estado de Direito brasileiro.

  3. BG
    E haja chicana para tentar absorver um réu com inúmeras acusações, inclusive provadas. É uma vergonha esses advogados querendo arranjar desculpa as mais imbecis possíveis. O Brasil tem o seu ordenamento juri dico e a ONU não tem nada que querer se intrometer aqui, somos uma democracia em que bandidos tem que cumprir suas penas.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Polícia

PF pede quebra de sigilo telefônico de Temer, Moreira e Padilha em caso Odebrecht

Por interino

Foto: Givaldo Barbosa/ O Globo

A Polícia Federal (PF) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra do sigilo telefônico do presidente Michel Temer e de seus ministros mais próximos, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Minas e Energia), referente ao ano de 2014. O objetivo é aprofundar a investigação sobre o pagamento de R$ 10 milhões que teria sido feito pela Odebrecht e acertado em um jantar no Palácio do Jaburu, residência oficial de Temer, naquele ano. Os investigadores buscam rastrear telefonemas feitos entre eles nas datas próximas das entregas de dinheiro em espécie relatadas pelos delatores da empreiteira.

O pedido da PF, protocolado sob sigilo, chegou ao gabinete do ministro Edson Fachin, do STF, no fim de março, de acordo com fontes do Supremo Tribunal Federal. Relator da investigação sobre os R$ 10 milhões da Odebrecht, Fachin enviou o processo para uma manifestação da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Os autos foram devolvidos ao gabinete de Fachin há duas semanas.

Raquel Dodge se posicionou contra a quebra do sigilo telefônico de Temer, apesar de ter concordado com as quebras dos demais personagens envolvidos. Segunda colocada na lista tríplice para comandar a PGR, Dodge foi nomeada ao cargo diretamente por Michel Temer.

É a primeira vez que uma investigação em andamento pode quebrar o sigilo telefônico do presidente da República. No outro inquérito do qual é alvo, que apura suspeitas de pagamento de propina do setor portuário, Temer teve seus sigilos bancário e fiscal quebrados por autorização do ministro do STF Luís Roberto Barroso, mas não houve pedido de quebra de sigilo telefônico. Assim como desta vez, Raquel Dodge tinha se posicionado contrária às quebras de sigilo bancário e fiscal de Temer, mas Barroso seguiu o pedido inicial feito pela Polícia Federal.

Caberá agora ao ministro Edson Fachin decidir se acolhe integralmente o pedido da PF ou se vai acompanhar a manifestação da PGR, que excluiu Temer como alvo da quebra.

A solicitação de quebra do sigilo telefônico também atinge os operadores da Odebrecht responsáveis pelas entregas de dinheiro ao PMDB. O objetivo da PF é rastrear possíveis telefonemas e contatos feitos pelos políticos e pelos operadores no período próximo às entregas de dinheiro. Os extratos telefônicos mostrarão apenas os registros das ligações feitas entre eles, sem detalhes do seu conteúdo.

A investigação apura entregas feitas no escritório do advogado José Yunes, amigo de Temer, e também pagamentos no Rio Grande do Sul, que seriam destinados a Padilha. Entregadores da Odebrecht já reconheceram o escritório de Yunes como um dos endereços onde efetuaram as entregas de dinheiro vivo.

De acordo com a delação dos executivos da Odebrecht, houve um acerto da empreiteira de repassar R$ 10 milhões para o PMDB em 2014, ano no qual Temer era candidato à vice-presidência na chapa de Dilma Rousseff. O acerto foi selado em um jantar no Jaburu. Parte desse dinheiro teria abastecido a campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo, enquanto o restante teria sido captado por Eliseu Padilha. Yunes já confirmou à PF que recebeu um envelope em seu escritório a pedido de Padilha.

O Globo

 

Opinião dos leitores

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Judiciário

Caso Odebrecht: PGR pede ainda que STF envie a instâncias inferiores 211 casos

Rodrigo Janot acaba de enviar ao STF 320 pedidos baseados na delação da Odebrecht. No total, são 83 pedidos de abertura de inquérito, 211 declínios de competência para outras instâncias da Justiça, 7 pedidos de arquivamento e 19 outras providências.

Os declínios de competência são de pessoas citadas nas delações que não têm prerrogativa de foro no STF.

Janot pediu a Edson Fachin o fim do sigilo de todo esse material.

Lauro Jardim – O Globo

Opinião dos leitores

  1. Nesse grupo vão o Lula, a Dilma e os dois ex tesoureiros do PT. A ORCRIM vai sendo desmontada.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *