O Poti traz hoje matéria, assinada por Jéssica Barros, sobre a longa obra de restauração da Cidade da Criança, que foi iniciada em 2009, e cujo término deve acontecer daqui a 12 meses, segundo previsão do Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Infra Estrutura (SIN).
O investimento inicial em torno da obra foi de R$ 7.199.596 e se encontra parada desde abril deste ano. O fato, segundo as informações dadas pela SIN, se deve a readequações de planilhas de custo e a rescisão do contrato com a empresa M&K Comércio e Construção LTDA, responsável por tocara obra. Uma nova licitação será aberta.
Atualmente, SIN e Fundação José Augusto (FJA) desenvolvem projetos complementares que contemplam, por exemplo, facilidades de acessibilidade.
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Com ou sem férias, os espaços públicos para o lazer das crianças estão cada vez mais difíceis de serem encontrados em Natal. Para completar, a revitalização da Cidade da Criança, no bairro Tirol, anda a passos lentos desde 2009 e ainda não há previsão de término das obras, com o local fechado ao público. Tendo seu projeto inicialmente estimado em R$ 7.199.596, a revitalização vem passando por adequações em suas planilhas de custo, paralisações de obras e, atualmente, a Secretaria Estadual de Infra Estrutura (SIN) está rescindindo o contrato com a empresa responsável e uma nova licitação será aberta. Para a população que conheceu tempos melhores da Cidade da Criança, o sentimento é de tristeza com a situação atual.
Fechada ao público desde o início da restauração, a obra voltou a ser parada em abril deste ano. O projeto, elaborado pela Fundação José Augusto (FJA), contemplava reparos básicos e, em 2010, a empresa licitada, M&K Comércio e Construção LTDA, se deteve ao início da dragagem e limpeza da lagoa de 8 mil metros quadrados e ao restauro da igreja e da biblioteca, localizadas no interior do parque. Quanto às reformas no restaurante, no anfiteatro e na concha acústica, onde inicialmente eram previstos restauros, foi constatado que grande parte das estruturas estava comprometida, havendo a necessidade de se demolir as edificações para que elas fossem reconstruídas. Devido a essas novas adequações no projeto, a planilha orçamentária da obra também foi modificada em 2011. Com as mudanças, a governadora Rosalba Ciarlini solicitou à empresa que as obras fossem entregues à população até o final de 2011, o que não ocorreu. Em decorrência dos contínuos descumprimentos de prazos, a SIN optou por não renovar seu contrato com a M&K este ano e abrir um novo processo licitatório.
Após uma nova análise do espaço, a SIN e a Fundação José Augusto desenvolveram projetos complementares, onde incluem a acessibilidade do local, projetos de iluminação externa e de urbanismo, além de reformas em seu anfiteatro, que recebeu um novo layout. Contudo, a Cidade da Criança segue sem funcionar em pleno período de férias escolares e a população aguarda respostas práticas.
Memórias de infância entregues ao descaso
Para o jornalista e pecuarista Marcelo Abdon, a sensação de ver o lugar que carrega tantas memórias de sua infância entregue ao descaso só pode ser descrita como “triste”. Ele conta que desde criança, na década de 1960, sua mãe o levava para brincar, andar de bicicleta ou de pedalinho, ver o zoológico que havia no local e passar dias de pura diversão e alegria ao ar livre. Segundo Marcelo Abdon, até a década de 1980, tudo funcionava perfeitamente na Cidade da Criança, mas a partir da década de 1990, os problemas começaram a surgir e o poder público deixou o lugar chegar a situação atual.
“Hoje em dia, as crianças não têm mais essa oportunidade de brincar ao ar livre, ver animais, andar de bicicleta. As crianças agora só querem saber de ficar em casa jogando videogame ou mexendo no computador”, diz Marcelo Abdon. Para ele, as boas lembranças de toda uma infância e adolescência deixam saudade e ele lamenta que seus filhos não tenham tido a mesma oportunidade de construir memórias saudáveis do lugar e só terem ,fechado ao público desde 2008.
Heriberto Bezerra, advogado e procurador do município do Natal também traz as melhores recordações dos tempos de pleno funcionamento da Cidade da Criança, quando passava o dia brincando, andando de bicicleta, de pedalinho e assistindo a peças teatrais que eram oferecidas ao público infantil. “Meus filhos já não puderam aproveitar esse tempo. Se meus netos pudessem gozar desse mesmo privilégio que eu tive seria ótimo”, diz, com esperança de que a prometida revitalização do espaço seja concluída.
Como procurador do município, Heriberto conta que chegou a enviar um projeto Prefeitura, sugerindo não só a revitalização da Cidade da Criança, mas também que fossem realizadas atividades pedagógicas, envolvendo a educação ambiental, mas até então não recebeu qualquer resposta. Ele lembra que atualmente só existe o Parque das Dunas para levar as crianças para brincar ao ar livre e desfrutar do meio ambiente. “A Cidade da Criança está fechada há anos e o Parques da Cidade está abandonado”,diz Bezerra. Para ele, a lentidão das obras é um exemplo de descaso do poder público.
Espaço pode ser reaberto em 12 meses
De acordo com a assessoria de imprensa da SIN, até março deste ano, foi feito o aprofundamento de cerca de três metros da lagoa da Cidade da Criança e torres de segurança, quiosques e novas baterias de banheiros foram erguidos, e os prédios correspondentes ao anfiteatro e ao restaurante foram reconstruídos. Para a secretária extraordinária da Cultura do RN, Isaura Rosado, a importância da Cidade da Criança para a população é incontestável e a expectativa do estado é de que as obras de revitalização sejam retomadas e concluídas o quanto antes. Segundo ela, as reformas que ainda faltam ser concluídas são acabamentos finais na Concha Acústica, o projeto de jardinagem do local, a implantação do planetária e outros detalhes menores. Segundo informado pela assessoria, um orçamento atualizado para a revitalização da Cidade da Criança deve ser concluído ainda este mês. A partir de então, a licitação para uma nova empresa assumir o projeto deve ser iniciada. A expectativa é de que dentro de dois meses as obras sejam retomadas e o projeto seja entregue e aberto à sociedade dentro de 10 meses, contados da data que a empresa assumirá.
Fonte: O Poti
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