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Fim do Esporte Interativo faz clubes ameaçarem rescindir contratos para o Brasileiro; Space e TNT rejeitados

Reprodução/Esporte Interativo

“A Turner, agora uma afiliada AT&T, anunciou hoje que migrará a sua principal programação de futebol para as marcas TNT e Space, criando os primeiros superstations para o Brasil.

“A Turner transmitirá a Série A do Campeonato Brasileiro, a partir de 2019 e pelos próximos seis anos; e continuará comprometida com a Liga dos Campeões da UEFA por mais três temporadas, a partir de agosto de 2018.

“Os canais Esporte Interativo, bem como suas atividades de produção, serão desativados nos próximos 40 dias. A Turner se concentrará em reforçar ainda mais as marcas já estabelecidas TNT e Space. O superstation é um modelo de sucesso nos Estados Unidos e a Turner está confiante de que o mesmo acontecerá no Brasil.

“Ao integrar o melhor do Esporte Interativo com a TNT e o Space teremos os primeiros superstations para o público brasileiro, com o melhor de todos os gêneros, atendendo aos desejos dos nossos fãs, incluindo futebol ao vivo, séries originais, programas de variedades, blockbusters de Hollywood e eventos exclusivos ao vivo”, diz Antonio Barreto, gerente geral da Turner Brasil.

“O foco nas plataformas digitais e o engajamento nas redes sociais do Esporte Interativo permanecem inalterados.

“Pessoalmente, e em especial para os nossos fãs de esportes, é difícil ver o fim dos canais Esporte Interativo. Mas a decisão vai fortalecer nossas marcas e possibilitar uma melhor oferta de esportes em plataformas digitais e nossa relação direta com o consumidor de internet, impulsionado pelo engajamento do Esporte Interativo nesses meios.

“As audiências de esportes estão claramente migrando para essas plataformas e a Turner está comprometida em liderar esta transformação no nosso mercado, o mais importante para a empresa depois dos Estados Unidos”, reforça Barreto.

Esse foi o comunicado oficial da assessoria de imprensa da Turner.

Os canais a cabo do EE deixarão de existir em 40 dias. Aliás, a partir de hoje, já estão transmitindo a mesma programação, gravada. Centenas de profissionais já foram avisados de suas demissões.

A Champions League, adquirida pelos canais, há quatro anos, teve seu contrato renovado até 2021.

A situação é ainda mais complicada para Santos, Palmeiras, Internacional, Paraná Clube, Atlético PR, Bahia e Ceará, todos na elite do Campeonato Brasileiro deste ano. O grupo ainda tem vínculo com o Coritiba, Criciúma, Figueirense, Fortaleza, Paysandu e Ponte Preta.

Os clubes venderam o direito de transmissão do Brasileiro de 2019 até 2024. Tinham a certeza de que seus jogos seriam mostrados e teriam espaço especial na programação dos canais Esporte Interativo. Viraram as costas ao Sportv e à Globo. Os dirigentes comemoraram a independência e agora há grande chance de tentarem anular o contrato que assinaram.

“Vamos ver legalmente o que faremos. Nosso compromisso era com com dois canais esportivos. Não nossos jogos ficarem na programação de entretenimento, filmes. Vamos rever essa situação. E não estamos sozinhos”, antecipa ao blog um dirigente esportivo de um clube paulista, que pede sigilo, para não entrar em atrito público com a cúpula do Esporte Interativo.

Foi um golpe pesadíssimo.

Vale relembrar o que foi escrito nesse blog, no dia 9 de janeiro de 2016.

“A Turner teve imensa dificuldade para entrar nas maiores operadoras do país. Torcedores perderam as primeiras rodadas da Champions. Fox Sports, ESPN e Sportv chegaram a sonhar em fim de contrato do Esporte Interativo com a UEFA. E o principal torneio de clubes europeus passar a ser dividido entre os concorrentes. Só que a Turner usou de sua truculência, do seu poder. E, já que a Net e a Sky, não ofereciam espaço para o EI, a saída foi mostrar as partidas nos canais Space e TNT. Cumpriu assim, à força, o compromisso com a UEFA de comprar e mostrar os jogos, com exclusividade para o Brasil, na tevê fechada.

A força da Turner estava exposta. O Esporte Interativo ficou com a Champions por US$ 130 milhões, R$ 523 milhões. Por três anos, só ela mostrará o melhor campeonato do mundo.”

Depois gastou R$ 600 milhões para ter o direito dos jogos de clubes tradicionais, com milhões de torcedores. Palmeiras, Internacional, Bahia, Fortaleza, Atlético Paranaense.

Há duas versões para o caos ter dominado o Esporte Interativo.

A primeira é a compra por parte da AT&T da Time Warner, dona da Turner. E a AT&T decidiu não seguir mais com os canais esportivos no Brasil.

A segunda está amarrada na primeira.

Seriam os péssimos resultados financeiros do Esporte Interativo.

A programação, mesmo com a Champions League, e a promessa de ter os Brasileiros de 2019 a 2024 não conseguiu arrebatar patrocinadores importantes. Perdeu para a recessão, a crise.

A situação segue ainda muito confusa.

Só há a certeza que vários clubes importantes podem recuar. E querer anular seus contratos com a Turner para os próximos cinco Brasileiros.

Na derrocada do Esporte Interativo, vitória da Globo…

Cosme Rímoli

 

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