Saúde

Levantamento UFRN: Concentração bancária no Seridó pode estar ligada à pandemia; Caicó e Currais Novos apresentam um dos menores níveis de distanciamento social do estado

A região do Seridó e suas principais cidades, Caicó e Currais Novos, apresentam desde o início da pandemia um dos menores níveis de distanciamento social do estado, segundo novo levantamento do Observatório do Nordeste para Análise Sociodemográfica da Covid-19 (Onas-Covid19), da UFRN. E isso pode estar relacionado à baixa infraestrutura bancária na região e à dependência dos demais municípios seridoenses aos serviços prestados por essas duas cidades polo. Segundo dados do Banco Central do Brasil, 27% dos municípios potiguares não possuem agências ou postos bancários.

Em maio de 2020, apenas Currais Novos e Caicó apresentavam agências ou postos de atendimento da Caixa Econômica Federal (uma agência e um posto de atendimento em cada um deles). Considerando que Caicó se localiza a cerca de 86 km do município currais-novense, possivelmente, o recebimento do auxílio emergencial durante a pandemia por covid-19 agiu como um fator potencializador da sobrecarga na rede bancária de Currais Novos, e consequentemente, da circulação de pessoas neste município.

Desde o início da pandemia, cidades importantes da Região do Seridó têm apresentado um dos menores níveis de adesão ao distanciamento social do estado. Seguindo a tendência dos demais municípios potiguares, Caicó e Currais Novos atingiram o maior nível de distanciamento social no início da pandemia, mas que não se sustentou no tempo e decresceu para patamares abaixo de 40% no decorrer do tempo. Em Currais Novos, a tendência do indicador de isolamento social foi de crescimento ao final do período analisado, enquanto em Caicó a tendência foi de queda na adesão ao distanciamento em fins de junho.

Os municípios próximos ou vizinhos à Caicó apresentam os maiores coeficientes de incidência da doença. Em Currais Novos, a incidência de Covid-19 para cada grupo de 100 mil habitantes é crescente, sendo o quinto maior da região.  Apesar dos municípios do entorno de Currais Novos não se encontrarem no grupo das dez cidades com maiores coeficientes de incidência do Seridó, eles apresentam risco potencial de avanço da doença, tendo em vista a estreita relação que elas estabelecem com Currais Novos em termos de prestação de serviços bancários.

Os seis municípios limítrofes a Currais Novos não possuem agências bancárias, o que estimula a circulação de pessoas em busca de atendimento (dados de maio de 2020)

A concentração da rede bancária em Currais Novos, que representa uma espécie de “ilha bancária” (figura acima) na Região do Seridó, sentiu um aumento da sobrecarga da infraestrutura bancária do município currais-novense com os pagamentos do auxílio emergencial à população de baixa renda durante a pandemia. Segundo dados do Banco Central do Brasil, em maio de 2020 Currais Novos apresentava oito instituições financeiras entre agências bancárias e postos de atendimento, o que em face do apagão bancário no estado, representa um local de alta demanda não apenas por parte de seus residentes como também pelas populações de municípios vizinhos.

Tendência do indicador de isolamento social em municípios selecionados do Rio Grande do Norte

Todas as informações epidemiológicas utilizadas neste texto estão disponíveis no site da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN) e se encontram disponíveis para acesso público. A matéria utilizou análises e dados do estudo divulgado pelo Observatório do Nordeste para Análise Sociodemográfica da Covid-19 (ONAS) pelos professores da UFRN Ivanovitch Silva e Luciana Lima e pelos pesquisadores Ivenio Hermes Junior, Patricia Takako Endo, Marcel Ribeiro Dantas e Gisliany Alves, e pode ser acessado na íntegra neste link.

UFRN

Opinião dos leitores

  1. Estado póbi é uma merda, vão terminar pedindo ao deputado da região – se é que há esse dito cujo – para pleitear a instalação de (mais uma) agência bancária estatal. Afinal, prejuízo bom é aquele que vai para os cofres públicos.

    1. O cabra apoiando um projeto que vai dar ao Estado o poder de supervisão sobre tudo o que diz e compartilha em redes sociais. Só um mói de capim, como diz o matuto. Acorda pra vida! Contra calúnia e difamação já existem leis.

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