Jornalismo

Secretário nega acusações do ex-corregedor e diz que ele "passou os pés pelas mãos"

O Diário de Natal publica hoje entrevista com o Secretário de Segurança, Aldair Rocha. O secretário foi incisivo nas respostas as acusações do ex-corregedor Francisco Sales e fala abertamente em falta de conduta de Sales no cargo.

Após ser acusado de omissão pelo ex-corregedor da segurança pública estadual, o titular da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed) Aldair da Rocha resolveu posicionar-se sobre a polêmica exoneração do advogado Francisco de Sales Felipe no dia 13 de junho.

O secretário, que é delegado da Polícia Federal, negou todas as acusações feitas por Francisco em entrevista concedida ao Diário de Natal. “Não consigo entender a posição dele. Por mim este assunto teria ‘morrido’ no mesmo dia da exoneração, não precisava mencionar o assunto. Mas, já que ele resolveu falar, tenho que justificar minha atitude”, afirmou Aldair da Rocha.

Uma sequência de atos errados na condução do trabalho na Corregedoria, culminando na viagem à Brasília teriam retirado Francisco de Sales do cargo, segundo o secretário de segurança. “A ida dele até Brasília foi clandestina. Como seu superior teria que ter sido informado. Não queria saber o assunto. Ele foi por conta própria, em uma uma quebra de hierarquia e principalmente de confiança. Não questiono a honestidade de Francisco, mas ele não poderia ter feito isso. Prezo pela hierarquia e pela disciplina”, declarou o delegado federal.

O secretário ainda afirma que, ao contrário do que foi relatado pelo ex-corregedor, nunca ocorreram retaliações a seu trabalho enquanto integrante do quadro da Sesed. “Sempre dei todo apoio aos trabalhos dele. Só que estranhamente ele mudou muito de comportamento nos últimos 40 dias. E isso não sou eu quem digo. São as pessoas que trabalharam próximo dele. Não havia mais como conviver com ele”, contou Aldair.

A aproximação entre a Corregedoria e o Ministério Público, que segundo Francisco de Sales teria incomodado o secretário, não preocupou Aldair. “Nunca tive nenhum incômodo com relação ao Ministério Público. A Sesed inclusive esteve sempre à disposição do MP e as minhas relações com o procurador geral de justiça (Manoel Onofre Neto) são as melhores possíveis”, explicou ele.

O secretário de segurança negou veemente as reclamações quanto à omissão no caso da denúncia que apontaria a participação de delegados potiguares em crimes no Estado. O documento foi encaminhado da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República para o Governo do Estado e teria ficado nas gavetas da Sesed por mais de três meses, segundo declarou Sales.

“Todos os encaminhamentos foram dados em relação a esta denúncia. Tudo está sendo investigado”, pontuou o titular da Sesed. O secretário ainda lembrou que a denúncia não teria sido anônima, mas assinada de forma falsa. A documentação vinda da SDH dava o Sindicato dos Policiais Civis do RN (Sinpol-RN) como o autor da denúncia. O próprio Sinpol negou envolvimento no caso.

Inquéritos

A denúncia encaminhada pela Secretaria de Direitos Humanos traz indícios de participação de delegados da Polícia Civil do RN em casos como tráfico de drogas e homicídios. Em virtude da grande quantidade de fatos envolvidos no documento vindo de Brasília, mais de um inquérito foiaberto para investigação. “Os casos foram separados em três inquéritos e distribuídos para os delegados. Já pedi ao delegado-geral Fábio Rogério a máxima urgência nas investigações. Todos queremos saber o resultado. E quem tiver culpa que pague”, explicou o secretário de segurança.

Também foi confirmado por Aldair da Rocha que estão sob investigação o vazamento da documentação para a imprensa e a responsabilidade pela denúncia atribuida ao Sinpol-RN. “Alguém falhou neste ponto, ao vazar informação sigilosa. E também ao utilizar-se do nome do sindicato dos policiais civis para realizar uma denúncia”, completou. Informações extra-oficiais apontam o ex-corregedor como um dos principais investigados no caso do vazamento.

Aldair interpreta o posicionamento dele como uma forma de defesa. “Vejo que ele está querendo se defender. É possível que esteja com medo de alguma coisa que fez e se colocando como vítima de algo que não aconteceu. Francisco está preocupado com alguma coisa. Não sei se ele pode estar envolvido nos casos investigados de vazamento e denúncia”, afirmou o secretário. Ainda não há previsão de quando sairá o novo nome para ocupar a cadeira de corregedor geral. “Quando estiver de cabeça mais fria vou procurar alguém experiente e disposto a assumir o cargo”, explicou Aldair da Rocha. Desde a exoneração de Francisco de Sales a corregedora adjunta Cecília Maria de Holanda ocupa o cargo interinamente.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *