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Perícia do Instituto de Criminalística confirma pirâmide financeira na Priples

Uma perícia contábil realizada pelo Instituto de Criminalística (IC) em três livros com as anotações da movimentação da Priples comprovou que a empresa funcionava no esquema de pirâmide financeira, modelo de negócio que é considerado crime contra a economia popular e proibido por lei no Brasil desde 1957. A investigação iniciada no final do mês de maio do ano passado e conduzida pela Delegacia do Ipsep conseguiu obter na Justiça o bloqueio dos bens e das contas bancárias dos proprietários e da empresa, o que se mantém até hoje.

“Não restam mais dúvidas. Além de já termos provado o esquema, conseguimos também a prova técnica de que a Priples funcionava em esquema Ponzi (pirâmide). Segundo o laudo pericial, 99,9% do dinheiro que entrava na empresa eram provenientes do recebimento de novas adesões”, afirmou o delegado Carlos Couto Ferraz. O laudo pericial assinado pelo perito criminal Carlos Barreto de Freitas analisou as anotações dos meses de abril, maio e junho de 2013.

No pedido de análise feito pela Polícia Civil, o delegado Carlos Couto questionou, entre outros pontos, se sem as receitas advindas do recebimento de “usuários sem compra de espaço na página para publicidade do Portal Priples” a empresa poderia oferecer aos clientes rendimentos de 60% ao mês sobre os valores investidos e se a empresa possuía outra fonte de renda. As respostas foram negativas. O resultado pericial, assim como o inquérito concluído, já estão na Justiça. “Todos os bens e contas dos sócios continuam bloqueados devido às irregularidades constatadas. No entanto, esse montante se revela insuficiente para ressarcir as mais de 200 mil pessoas envolvidas no sistema”, pontuou o delegado.

É a primeira

A comprovação de que a Priples funcionava no esquema de pirâmide financeira é a primeira na esfera judicial. Os números analisados pela perícia revelam que, de um montante de R$ 103,614 milhões, R$ 103,533 milhões correspondiam a receitas oriundas da entrada de novos usuários. Isto é, pouco mais de R$ 80 mil não estavam condicionados à rede de participantes. De acordo com a polícia, com a promessa de lucro fácil e rápido pela internet, os sócios da Priples conseguiram juntar uma fortuna de R$ 71 milhões.

No início de agosto de 2013, o empresário Henrique Maciel Carmo de Lima e a esposa dele, Mirele Pacheco de Freitas, 22, chegaram a ser presos em casa, no bairro da Imbiribeira, em cumprimento aos mandados expedidos pela 9ª Vara Criminal do Recife. Eles foram soltos por força de habeas corpus. Segundo o advogado Fernando Lacerda, que atua na defesa do proprietário da Priples, eles não irão comentar sobre o laudo pericial do IC, porque ainda não tiveram acesso ao documento. “Conversei com Henrique e ele ressaltou que a empresa não cobrava taxa de inscrição nem adesão aos clientes. As pessoas podiam se cadastrar sem custos, tornando-se um simples divulgador”, explicou Lacerda.

Diário de Pernambuco

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