Judiciário

PF apura ação de hackers em celulares de Moro e de procuradores; até relator da Lava Jato no TRF foi alvo criminosos

Foto: Rafael Marchante/Reuters – 28.05.2019

A Polícia Federal instaurou há cerca de um mês um inquérito para investigar ataques feitos por hackers aos celulares de procuradores da República que atuam nas forças-tarefas da Lava Jato em Curitiba, no Rio e em São Paulo, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo com uma fonte a par da investigação.

Há 4 dias, outro inquérito foi aberto para apurar ataques ao celular do ministro da Justiça, Sérgio Moro.

Neste domingo (9), o site The Intercept Brasil divulgou o suposto conteúdo de mensagens trocadas pelo então juiz federal Sergio Moro e por integrantes do Ministério Público Federal, como o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa em Curitiba.

As conversas supostamente mostrariam que Moro teria orientado investigações da Lava Jato por meio de mensagens trocadas no aplicativo Telegram. O site afirmou que recebeu de fonte anônima o material. O The Intercept tem entre seus fundadores Glenn Greenwald, americano radicado no Brasil que é um dos autores da reportagem.

De acordo com o site, há conversas escritas e gravadas nas quais Moro sugeriu mudança da ordem de fases da Lava Jato, além de dar conselhos, fornecer pistas e antecipar uma decisão a Dallagnol.

Os hackers miraram especialmente em mensagens trocadas por meio do Telegram. As vítimas, que não haviam acionado a verificação em duas etapas, recurso que adiciona camada adicional de segurança às mensagens, tiveram suas conversas violadas pelos criminosos, segundo fonte a par da investigação.

Os procuradores notificaram a Polícia Federal após um deles desconfiar de mensagem recebida por meio do aplicativo. O ataque em massa foi descoberto e começou a ser apurado pela PF.

Um investigador que conversou com a reportagem sob reserva diz que somente as vítimas do ataque poderão confirmar se o conteúdo das mensagens é verdadeiro. Isso porque é muito comum que hackers incluam passagens falsas no meio de conversas “roubadas” das vítimas.

Um integrante da cúpula do Ministério Público Federal, que falou ao jornal sob reserva, disse que foi “imprudente” o uso do Telegram e não das vias oficiais, já que há uma rede oficial e segura do MPF para esse fim.

O ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal, disse que esse tipo de comunicação não deveria ocorrer por aplicativos.

“A troca de mensagens entre juiz e Estado acusador tem de ser no processo, com absoluta publicidade. A internet é sempre perigosa”, disse. Ele não quis comentar, porém, o teor das conversas e eventual repercussão em casos em andamento.

A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba afirmou, em nota divulgada na noite deste domingo, que “não sabe exatamente ainda a extensão da invasão”, mas que “possivelmente” foram copiados “documentos e dados sobre estratégias e investigações em andamento e sobre rotinas pessoais e de segurança” dos integrantes do grupo e de suas famílias.

Disse ainda antecipar que os criminosos tentem usar o material roubado para constranger os integrantes da força-tarefa, falseando o conteúdo das conversas. “Uma vez ultrapassados todos os limites de respeito às instituições e às autoridades constituídas na República, é de se esperar que a atividade criminosa continue e avance para deturpar fatos, apresentar fatos retirados de contexto, falsificar integral ou parcialmente informações e disseminar ‘fake news’.”

Segundo a nota, os procuradores têm “tranquilidade” de que as mensagens “refletem atividade desenvolvida com pleno respeito à legalidade e de forma técnica e imparcial” e que não irão “se dobrar à invasão imoral e ilegal, à extorsão ou à tentativa de expor e deturpar suas vidas pessoais e profissionais”.

Também por meio de nota, Sergio Moro afirmou que, nas mensagens em que é citado, “não se vislumbra qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado”. O ministro da Justiça disse lamentar “a falta de indicação de fonte de pessoa responsável pela invasão criminosa de celulares de procuradores” e o “sensacionalismo das matérias, que ignoram o gigantesco esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato”.

Preocupação

Os ataques de hackers vêm sendo recorrentes e já eram motivo de preocupação dentro do MPF. Em maio, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, determinou instauração de procedimento administrativo para acompanhar a apuração de tentativas de ataques cibernéticos a membros do MPF.

Raquel Dodge determinou ainda que a Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação da PGR adotasse providências para diagnosticar eventuais ataques e resolver o problema. À época, ela considerou os ataques graves e afirmou que eles poderiam comprometer diversas apurações em curso.

No final de abril, o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, informou que seu celular havia sido “clonado ou hackeado”.

O relator do processo da Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 2.ª Região, Abel Gomes, também foi alvo de hacker, como mostrou a Coluna do Estadão no sábado.

Na semana passada, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, teve seu celular pessoal clonado. Ele cancelou a linha e determinou a abertura de investigações. O ministro desconfiou de uma ligação recebida por ele e, logo em seguida, bloqueou a linha. Procurados pela reportagem, a Polícia Federal, a Procuradoria-geral da República e Palácio do Planalto não comentaram.

Estadão

 

Opinião dos leitores

  1. O Papa orou; Deus respondeu. "que, no final, o bem vencerá o mal, a verdade vencerá a mentira e a Salvação vencerá a condenação" Francisco I

  2. NÃO TEM MAIS DINHEIRO DO BNDES, PETROBRAS, BANCO DO BRASIL, CAIXA ECONÔMICA,…. ESSA GRITARIA TODA, HISTERIA TODA.

  3. Seria a glória se esse hacker entrasse no sistema de Gilmarzinho….taí que eu desafio The Intercept Brasil publicar as conversinhas dele com a Jararaca, o Vampirão. Aquelas que eles tinham no cair da penumbra nas catacumbas do Planalto.

  4. Gente, vocês não têm bandidos de estimação. Deixem investigar o cidadão de bem Moro pra ver a quantidade de lindezas que vai aparecer.

  5. Meta a chibata nesses felas. De forma legítima a Polícia e a justiça agiram de forma natural, porém os bandidos tentam de toda forma desqualificar as acusações contra os maiores bandidos que já foram pegos, o problema é que ainda falta um punhado grande, aí estão todos esperniando. Kkkkkkk. Tenham pena não, cadeia nesses FDP PTralhas e associados.

  6. "Temos a Globo e o Estadão ao nosso lado". Dai quando a globo demite, alguém vem dizer que Bolsonaro acabou com a boquinha, ou fora #GloboLixo.
    Aceitem, a globo ajudou a derrubar Lula em 89 e novamente em 2018. O quarto poder só está ameaçado pela internet, mesmo assim o G1 continua firme e forte.

  7. Um hacker não vai mexer com celular de ministros àtoa… isso tem mão de partido político derrotado querendo botar uns contra os outros…. vai atrás que já tem partidários presos….

  8. Os verdadeiros criminosos estão igual a lâmpada prestes a queimar: piscando, piscando…até que queimar definitivamente.
    Aguardem, teremos por trás dos cibermortadelas grandes empresas e seus pupilos da politicagem macabra!
    A "imprensa" que divulgou em primeira mão pode até ter uma cortina de proteção, contudo, o (os) invasor (es) terão que fugir para bem longe!

  9. Confia-se tanto na Decisão de um juiz, acredita-se que será baseada em provas e será sobretudo imparcial. Mas parece que não foi o que ocorreu nesse caso específico. E quase todos embarcaram no tresloucado 17…..

  10. O moro é aquele que o dalagnol chama de "razão dos meus pensamentos impuros"? Não fosse trágico e criminoso seria cômico.

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