Economia

Banco Central vê inflação contida e indica novo corte de juros

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central indicou nesta terça-feira (5), por meio da ata da reunião realizada na semana passada – quando os juros básicos caíram para 6% ao ano, o menor valor da série histórica – que a taxa Selic pode recuar novamente nos próximos meses.

“O Comitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva [nos próximos meses] deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo [monetário, ou seja, redução da taxa Selic]”, registrou o BC na ata.

O mercado financeiro acredita que o BC continuará reduzindo os juros nos próximos meses. A expectativa dos analistas, ouvidos em pesquisa realizada pela instituição na semana passada, é de que a taxa Selic recue para 5,5% ao ano em setembro, e para 5,25% ao ano em dezembro.

Controle da inflação

Por meio da definição da taxa básica de juros, a missão do Banco Central do Brasil é controlar a inflação, tendo por base o sistema de metas.

Para este ano, a meta central de inflação é de 4,25%, podendo oscilar entre 2,75% a 5,75%. Para 2020, a o objetivo central é de 4% – com oscilação autorizada de 2,5% e 5,5%.

Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o BC reduz os juros. Quando estão acima da trajetória esperada, a taxa Selic é elevada.

Para definir a taxa básica de juros neste momento, o BC já está de olho nas previsões de inflação do ano que vem. Isso porque as decisões demoram meses para terem impacto pleno na economia.

De acordo com o Copom, com a perspectiva de redução dos juros para 5,5% ao ano no fim de 2019 e manutenção nesse patamar até o fim do ano que vem, as projeções do BC para a inflação situam-se em torno de 3,6% para 2019 e 3,9% para 2020.

Crescimento do PIB

Sobre o crescimento da economia, o Banco Central avaliou que os dados sugerem possibilidade de retomada do processo de recuperação da economia brasileira, que tinha sido interrompido nos últimos trimestres.

“O Comitê estima que o Produto Interno Bruto (PIB) deve ficar estável ou apresentar ligeiro crescimento no segundo trimestre, com alguma aceleração nos trimestres seguintes, que deve ser reforçada pelos estímulos decorrentes da liberação de recursos do FGTS e PIS-PASEP”, informou.

Na reunião anterior do Copom, realizada em junho, o BC informou apenas que o PIB deveria “apresentar desempenho próximo da estabilidade no segundo trimestre”.

Segundo a instituição, indicadores recentes da atividade econômica sugerem possibilidade de retomada, em “ritmo gradual”, do processo de recuperação da economia brasileira.

De acordo com o BC, porém, a economia segue operando com “alto nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego”.

O Banco Central, o mercado financeiro e o governo estimam que o Produto Interno Bruto apresentará um crescimento ao redor de 0,8% neste ano – abaixo do patamar de 1,1% registrado em 2018.

Reformas econômicas

O Banco Central informou ainda que a reforma da Previdência, aprovada em primeiro turno pela Câmara dos Deputados, reduzirá o ritmo de crescimento dos gastos do governo, aumentando a poupança pública.

“Além disso, gera incentivos para aumento da taxa de poupança por parte da população, visando sustentar um certo padrão de consumo após a aposentadoria”, informou, acrescentando que a reforma também “induz aumento da oferta de trabalho e tende a estimular investimentos privados ao reduzir incertezas sobre aspectos fundamentais da economia brasileira”.

O Copom avaliou que a continuidade do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira são um fator “essencial para a queda da taxa de juros estrutural, para o funcionamento pleno da política monetária e para a recuperação sustentável da economia”.

“O Comitê ressalta ainda que a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes. Em particular, o Comitê julga que avanços concretos nessa agenda são fundamentais para consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva”, concluiu a ata.

G1

 

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