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O novo jeito de fazer a ‘festa da firma’ durante a pandemia: férias a mais, delivery de churrasco, lives e mais

Lacerda, VP de gente, cultura e inovação da Cogna, diz que dias de férias a mais e não descontados substituíram os brindes — Foto: Divulgação

As “festas da firma” de fim de ano vão ter de esperar. Com a necessidade de distanciamento social por conta da pandemia, empresas optam por celebrações virtuais ou compensam a confraternização com outros benefícios. As iniciativas, que geralmente marcam a conclusão de um ciclo nas operações, vão incluir lives com shows exclusivos para os funcionários, envio de kits de churrasco, festa de pijama a distância até 15 dias de recesso. Ações que faziam parte do calendário, como entrega de cestas de Natal e de brinquedos para os filhos dos funcionários, seguirão no modelo de entrega em domicílio.

Pesquisa realizada pela consultoria de recursos humanos Robert Half indica que a maioria dos profissionais (48%) espera um fechamento de período sem festas, pois não estão no clima para comemorações, e 44% dos entrevistados gostariam de confraternizações adaptadas ao “novo normal” – no padrão on-line. Apenas 4% dos entrevistados torcem para um evento presencial. O levantamento foi feito entre os dias 23 e 30 de novembro, com 1,6 mil profissionais, na página da consultoria no LinkedIn.

“Como 2020 foi desafiador, testou a inteligência emocional e exigiu o máximo de entrega das equipes, é importante que as lideranças encontrem formas de reconhecer a dedicação do quadro”, diz Fernando Mantovani, diretor geral da Robert Half. Separar um momento em que todos se conectem para celebrar ou enviar brindes para a casa dos colaboradores são movimentos que propiciam engajamento e diversão, afirma.

O escritório do LinkedIn no Brasil, com 180 funcionários, é um dos que vai adaptar a agenda festiva no último mês do ano. “Vamos enviar um pijama customizado para funcionários, terceirizados e prestadores de serviços”, diz Pedro Alencar, CFO e ‘facilities leader’ da rede social no país. A ideia remete ao que acontece hoje quando as câmeras estão desligadas, diz. “O pijama é o uniforme oficial do home office na quarentena.”

Serão despachadas 200 caixas com a peça, mais uma carta convite para participar da atividade, marcada para o dia 17 de dezembro, que conta com apresentações on-line de diretores e vídeos de funcionários sobre as principais experiências e desafios do ano. Em 2019, o LinkedIn organizou uma festa com o tema “as mil e uma noites”, com comida, música, dançarinos e decoração inspiradas em motivos árabes.

Na Ingredion, gigante americana do setor de ingredientes com 1,4 mil funcionários no Brasil, todos vão receber um kit churrasco (fraldinha, linguiça, coxinha, pão de alho e farofa). “Para animar, teremos uma live com show da banda Jota Quest”, diz Santiago Bellotti, diretor de recursos humanos e excelência operacional para América do Sul e Brasil. O encontro virtual terá sorteio de brindes, como smartphones e aparelhos de TVs.

A despedida do ano não descartou ações praticadas pelo grupo no pré-pandemia, como o envio de cestas de Natal e brinquedos para filhos de funcionários de até 12 anos. Outros 245 empregados que completam de cinco a 40 anos de companhia também ganham uma placa comemorativa pelo tempo de casa.

Bellotti diz que o destino da festa começou a ser discutido em junho e, em agosto, venceu o modelo virtual. “O objetivo era levar a companhia para dentro da casa dos funcionários. Nos outros anos, as famílias dos times sempre estiveram nas celebrações.”

Ao longo de 2020, a Ingredion, com unidades em São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Paraná, realizou três pesquisas para entender as necessidades dos funcionários na pandemia. As análises mostraram que 94% do pessoal queriam ficar mais tempo trabalhando remotamente por questões de saúde. A resposta guiou decisões administrativas, como o incremento da política de home office, para três dias na semana, e a possibilidade de horários mais flexíveis.

Laís Mastantuono, diretora de RH da farmacêutica Astellas Farma Brasil, com 180 funcionários, lembra que o congraçamento virtual de dezembro não será o primeiro de 2020. “Tivemos festa junina, halloween e show de talentos”, diz. “São ações para manter o time engajado e reforçar o senso de pertencimento à empresa.”

A comemoração no dia 17 terá show do cantor Tiago Abravanel e abre uma série de benefícios pensados para o término de 2020. Os funcionários ganharão 15 dias de férias, compensados durante o ano, a partir do dia 18 de dezembro, mais cartão de R$ 320 para a ceia de Natal e vale-presente de R$ 160 para os filhos de até 12 anos. Antes, no dia 11, os colaboradores têm o dia livre e recebem em casa uma cesta de piquenique, com 40 itens. “É uma maneira de agradecer às famílias que, desde o início da pandemia, deram suporte para que eles durante o trabalho”.

Na Zenvia, do setor de tecnologia, foi reservada uma semana para uma agenda com show de talentos dos funcionários, com vídeos de música, dança e gastronomia que enfrentarão a votação dos colegas, e uma retrospectiva dos projetos e equipes que se destacaram em 2020. “Devemos refletir sobre os aprendizados dos últimos meses”, diz Katiuscia Teixeira,
head de gestão de pessoas da companhia de 400 funcionários.

A Cogna, holding da Kroton, optou por não adaptar a sua tradicional festa da firma, que costuma reunir até 5 mil pessoas vestindo camisetas personalizadas, em uma casa de show. Ao invés dessa forma de celebração, a empresa anunciou aos seus 28 mil funcionários um período de folga de 15 dias no fim de ano. O recesso “extra” não será descontado no banco de horas, nem entrará na conta de férias coletivas. A empresa irá arcar com os custos de paralisação extra. A iniciativa surgiu da percepção, obtida em pesquisas de clima nos últimos meses, de que os funcionários, em home office desde o início da pandemia, estavam sobrecarregados. “As entregas estavam elevadas, mas começamos a ver que as pessoas estavam trabalhando mais horas e mais cansadas porque estão lutando para equilibrar demandas pessoais e afazeres com a casa”, diz Fabio Lacerda, VP de gente, cultura e inovação da Cogna. Segundo ele, a iniciativa foi bem recebida – o NPS (índice que mede a satisfação com relação a um produto ou serviço) dos funcionários com a iniciativa foi de 90%.

Para viabilizar esse benefício, o executivo disse que a empresa fez ajustes de entregas para garantir que algumas áreas pudessem ficar ausentes por mais tempo. “Há uma pequena parte que precisará manter operações entre o Natal e Ano Novo, mas combinamos que eles receberão esses dias mais para frente”. No âmbito do RH, a iniciativa faz parte do que Lacerda define como “criar uma nova experiência para o funcionário” e que engloba várias ações envolvendo uso de tecnologia e de serviços de saúde e bem-estar para acompanhar a jornada do colaborador dentro da empresa, em todos os níveis.

Cada empresa conhece a cultura corporativa que tem e a melhor forma de lidar com o quadro nesse momento, diz Mantovani, da Robert Half. “Independentemente do formato escolhido, o essencial, considerando as particularidades do ano, é transmitir sinais de agradecimento, confiança e sobre a importância do funcionário.”

Valor

 

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