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O que faz alguém seguir na web famosos como Preta Gil só para ofendê-los?

reproducao-de-foto-do-perfil-da-cantora-preta-gil-no-instagram-1432238075833_615x470Com 2,5 milhões de seguidores no Instagram, Preta Gil coleciona comentários elogiosos dos seus seguidores. Mas, no meio deles, não é raro alguém aparecer para ofender a cantora. Os “haters” (expressão em inglês para a pessoa que odeia tudo e todos) seguem famosos nas redes sociais apenas para depreciá-los.

Os especialistas ouvidos por UOL Comportamento nesta reportagem dizem que por trás do comportamento existe uma satisfação mórbida.

“Esse prazer é motivado pela inveja. Quem pratica ‘cyberbullying’ gostaria de ocupar o lugar do alvo. Esse desejo de estar sob os holofotes é colocado em prática de forma violenta. A pessoa que ‘toca o terror’ com seus comentários nada mais quer do que chamar a atenção”, afirma a mestre em psicologia clínica Maria Tereza Maldonado, autora do livro “Bullying e Cyberbullying – O que Fazemos com o que Fazem Conosco?” (editora Moderna).

Na opinião de Carol Garcia, mestre e doutora em comunicação e semiótica pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, há um forte sentimento de rejeição, não consciente, na atitude de quem pratica o apedrejamento virtual.

Inveja

“O indivíduo gostaria de viver tudo aquilo, mas não pode. Para lidar com a frustração e se sentir mais confortável com a própria vida, ele acaba desqualificando o outro”, afirma Carol.

De acordo com os especialistas, por trás de tanta raiva, há decepção com a própria realidade. “Quem se dedica a seguir alguém unicamente com o intuito de ofender e xingar não tem nenhum projeto de vida significativo para se dedicar. Óbvio que arruma tempo para procurar falhas em pessoas famosas”, diz Maria Tereza.

Para Valeria Brandini, antropóloga graduada pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e PhD em ciências da comunicação pela USP (Universidade de São Paulo), outro ponto a ser ponderado é que a nossa cultura costuma ser intolerante com quem faz sucesso.

“A inveja tem um lado sombrio. Ela não significa apenas querer o que o outro tem. Invejar é também não querer que o outro tenha. O sucesso alheio nos faz lembrar dos nossos fracassos reais ou imaginários, que se evidenciam”, diz.

Silêncio, a melhor resposta

Raramente os famosos atingidos nas redes sociais se pronunciam a respeito ou revidam provocações, comportamento que é tido como saudável por Ana Luiza Mano, psicóloga do NPPI (Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática) da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo e coordenadora do site Psicólogos da Internet. “O objetivo do “hater” é atingir e ter audiência. Quem evita se manifestar não alimenta essa atitude, que, sem reforço, perde o sentido”, fala.

Para Maria Tereza Maldonado, o momento é de crise ética de enormes proporções. “O ódio está arraigado na sociedade. Os adolescentes cresceram vendo as atrocidades e as barbáries cometidas pelo Estado Islâmico, as intolerâncias religiosas, ao mesmo tempo em que ser popular é tão importante que muitos vão fazer o que for preciso para se destacarem. E se isso significar humilhar o outro, o farão”, fala a psicóloga.

O que diz a lei

De acordo com o advogado Alexandre Atheniense, especializado em direito digital pelo Berkman Center – Harvard Law School, nos Estados Unidos, liberdade de expressão é o direito de expor livremente opiniões, ideias e pensamentos, desde que a manifestação não seja feita de forma anônima, tenha caráter ofensivo ou contenha uma informação falsa atribuída a uma pessoa, marca ou empresa.

“Chamar de ‘feia’ ou ‘gorda’, dependendo da maneira que o texto é escrito, pode gerar um processo para o agressor”, fala Atheniense.

Segundo a advogada Gisele Truzzi, também especialista em direito digital, publicações ofensivas nas redes sociais podem configurar crimes contra a honra –calúnia, difamação e injúria– ou crime de preconceito racial e discriminação. As penas variam conforme cada caso, mas podem incluir desde multa a detenção, que varia de um mês (ofender a dignidade ou o decoro) a cinco anos de reclusão (racismo).

UOL

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