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NOVA REVOLUÇÃO EM CURSO: Cada vez mais trabalhadores se tornam seus próprios patrões

Foto: Renato Pizzutto/VEJA

De tempos em tempos, o mundo do trabalho passa por grandes rupturas. Na Revolução Industrial, entre os séculos XVIII e XIX, os operários começaram a dar expediente nas fábricas em troca de salário regular e as relações entre patrão e empregado eram estabelecidas por contrato. No início do século XX, países como Alemanha e México introduziram as primeiras leis trabalhistas que limitavam abusos e garantiam direitos e proteções. Logo após a crise de 1929, o desemprego elevado obrigou nações como Estados Unidos e Inglaterra a diminuir a jornada laboral, o que acabaria abrindo espaço para que novas contratações fossem feitas. Nas últimas décadas, pouca coisa mudou. De maneira geral, o trabalho para a maioria das pessoas consiste em dar expediente de segunda a sexta-feira, em períodos de oito a dez horas diárias e mediante uma série de regras definidas pelo Estado e pelas empresas. Agora, uma nova revolução está em curso — talvez a mais radical da história. Trata-se da ascensão do trabalho independente, livre das amarras das relações formais, e que abre um imenso campo de possibilidades para profissionais de diversas áreas. Cada vez mais o indivíduo será seu próprio patrão.

As transformações são resultado principalmente do avanço tecnológico e do surgimento de uma nova geração de empresas e trabalhadores que estão dispostos a romper com o passado, custe o que custar. Inovações como a inteligência artificial associada a sistemas eficientes de comunicação permitiram, por exemplo, que boa parte dos ofícios pudesse ser feita a distância. Na indústria 4.0, robôs controlados por mentes pensantes posicionadas em cidades longínquas conseguem restaurar equipamentos, construir máquinas fabris e até controlar uma planta industrial inteira — e tudo isso a uma velocidade impressionante. Processos mais ágeis liberam os funcionários para exercer outras atividades, inclusive a prestação de serviços a terceiros. “Cada vez mais, haverá menos emprego e mais trabalho”, afirma o presidente do Sebrae, Carlos Melles.

As empresas, por seu lado, perceberam que colaboradores livres podem ser mais produtivos. Nenhuma levou a máxima tão a sério quanto a americana Netflix. Os funcionários da líder global dos serviços de streaming tiram o tempo de férias que desejarem e quando bem entenderem. “Muito antes da Netflix, eu já acreditava que o valor de um trabalho criativo não devia ser medido por horas de trabalho”, escreveu Reed Hastings, fundador da companhia, no livro A Regra É Não Ter Regras. “Esse tipo de pensamento é uma relíquia da era industrial, quando os funcionários executavam tarefas que agora são feitas por máquinas.” Outros gigantes, como a também americana Microsoft e a britânica Unilever, ensaiam a introdução da semana de quatro dias para que os funcionários possam usufruir o tempo da maneira que acharem melhor — eles, afinal, mandam na própria carreira.

No Brasil, a reforma trabalhista de 2017 foi um importante passo para tornar as relações entre empregados e patrões mais flexíveis, aproximando o sistema brasileiro dos países desenvolvidos. É pouco diante da brutal transformação que está por vir. De certa forma, a pandemia acelerou as mudanças. Com as restrições de circulação, o home office tornou-se uma realidade possível para milhões de pessoas. Empresas como Facebook e Twitter e a brasileira XP estão entre as que pretendem adotar o trabalho a distância permanente, pelo menos para parte de seus funcionários. Em casa, ressalte-se, dividir o trabalho entre vários clientes — ou vários patrões — pode ser mais fácil.

Como a história ensina, crises profundas como a de 2020 são desencadeadoras de revoluções. Sem emprego, muitas pessoas foram obrigadas a buscar caminhos por conta própria, antecipando processos que, cedo ou tarde, chegariam. Há vinte anos no ramo de pet shops, José Nilton Cerqueira viu o movimento da empresa onde trabalhava cair a praticamente zero durante a pandemia. A necessidade de manter alguma renda fez com que buscasse alternativas. Em maio, lançou uma pet shop móvel, que vai até a casa dos clientes para prestar o serviço de banho e tosa. “Minhas despesas foram reduzidas e consegui continuar trabalhando em uma condição que me dá maior flexibilidade”, afirma. “Agora, dependo apenas do meu trabalho. Essa liberdade não tem preço.” As grandes rupturas sempre trazem desafios. Para ser o próprio chefe, é preciso desfrutar boa reputação e ser capaz de promover o que os especialistas chamam de autogestão. Em outras palavras: administrar bem o tempo, buscar incessantemente novos clientes e manter reservas financeiras. Se fizer tudo isso, o trabalhador individual estará pronto para os novos tempos.

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Opinião dos leitores

  1. Incrível, empreendedorismo???

    Desmonte de direitos trabalhistas e previdenciários, os mais ricos ficando bem mais ricos e os pobres, beeeemmmn mais pobres. Quero saber como a roda da economia vai girar? Sem empregos formais, a galera tendo que ser virar para garantir o mínimo, uma subsistência.

    O resto é só ilusão e choro e ranger de dentes, o futuro será isso.

  2. Sensacional!!
    Dô o maior valor a isso aí.
    É assim que se faz.
    O brasileiro (a) tem no sangue o empreendedorismo, basta olhar como exemplo esses guerreiros do Alecrim.
    Mas tem no Brasil inteiro, de Norte a Sul, gente trabalhando vendendo tudo que é produto que se possa imaginar, e de sorriso estampado no rosto.
    O brasileiro e foda meu amigo.
    bravo!
    bravo!
    bravo!
    Vai ficar melhor, a equipe de Dr. Paulo Guedes e o PR Jair Bolsonaro, ja estão estudando como tirar los, boa parte da clandestinidade.

  3. Boa, deveríamos ser incentivados desde crianças a sermos empreendedores e não funcionários.

    1. Coitados de parasita como você, que vive no aguardo da teta do governo ou de pão de mortadela, pois não conhece a palavra trabalho. É bom JAIR se acostumando, pois ou trabalha ou terá que ir para Venezuela ou Cuba para disputar lixo com os ratos..

    2. E o que dizer de um parasita profissional que depois de ser expulso do Exército vem mamando há 30 anos na política.
      Carregue seus ídolos de barro nas costas quem quiser.

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Economia

Prazo para pagar guia do eSocial de janeiro termina nesta sexta

Os patrões têm até esta sexta-feira (5) para pagar a guia do eSocial – o Simples Doméstico – referente a janeiro. Documentos gerados a partir desta data serão calculados com multa.
A Receita lembra que os empregadores devem ficar atentos, porque os recolhimentos previdenciários, trabalhistas e tributários – incluindo o do FGTS – referentes ao mês de janeiro já devem levar em conta o valor do novo salário mínimo, de R$ 880,00, em vigor desde 1° de janeiro de 2016.
Como funciona
Para fazer o recolhimento dos encargos, o patrão deve se cadastrar como empregador no eSocial, e em seguida registrar também os dados de seu(s) empregado(s). Após o cadastro, é possível fazer a emissão da guia única de pagamento.
A guia única tem código de barras e o valor pode ser pago em qualquer agência ou canais eletrônicos disponíveis pela rede bancária.

Esse novo modelo de pagamento já estava previsto na chamada PEC das Domésticas, lei que foi aprovada em abril de 2013. Mas eles só foram regulamentados no último mês de junho, e apenas agora começam a valer. A lei do Simples Doméstico foi regulamentada no dia 1º de junho e, no início de outubro, começou o cadastro de trabalhadores no sistema. As guias de pagamento dos dias trabalhados em outubro começaram a ser emitidas pela internet no dia 1º de novembro.
Como é o cadastro
Para cadastramento são necessários CPF e número de recibos da declaração do Imposto de Renda de 2014 e 2015 do empregador. Quem não tiver os recibos deve consultar o site da Receita ou procurar uma agência do órgão. Se o empregador for isento do IR, deverá utilizar o número do título de eleitor para o cadastro.
Caso o empregador também não tenha o título de eleitor, deverá utilizar o Certificado Digital, obtido no atendimento da Receita na internet.
No caso do empregado, são necessários nome, CPF, data de nascimento registrada na carteira de trabalho e número do NIS – o mesmo número usado no pagamento do INSS, além do endereço, telefone, início do contrato de trabalho, salário e jornada.
Ao final, o sistema gera um código de acesso, e o contribuinte deve criar uma senha. O código e a senha serão necessários para acessar o site novamente e emitir a guia de pagamento.
Fonte: G1

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