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Fim do mistério: fardos encontrados em praias do Nordeste do Brasil pertenciam a dois navios nazistas

Foto: Divulgação

Fardos de borracha encontrados no litoral da Bahia e de Alagoas, em agosto deste ano, pertenciam a um segundo navio nazista. Objetos semelhantes já haviam sido localizados anteriormente, em 2018, e foram identificados como carga de uma embarcação alemã afundada na Segunda Guerra Mundial. Mas pesquisadores descobriram que os materiais avistados recentemente na costa brasileira eram transportados em um outro cargueiro alemão.

O estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) concluiu que os novos fardos de borracha são provenientes do navio de carga alemão MV Weserland. A embarcação foi naufragada pela Marinha Americana em janeiro de 1944. Já os fardos que apareceram há três anos faziam parte da carga de outro navio, o SS Rio Grande, também naufragado em combate no mês de janeiro de 1944.

Buscas pelo valioso estanho

Os pesquisadores observaram que os fardos mais recentes tinham inscrições em ideogramas japonês. Já os objetos encontrados anteriormente tinham inscrições da Indochina. Outro elemento considerado para a diferenciação, pelos pesquisadores, é o aparecimento de fardos em Salvador, neste ano. Em 2018, os objetos encontrados não foram vistos na capital baiana.

– Duas coisas chamaram a nossa atenção: primeiro a grande quantidade de fardos neste ano, mais de 200 na Bahia, Sergipe e Alagoas. Era uma quantidade grande demais para ser considerado residual. Outro fator foram as fotos enviadas por um colega de Alagoas. Nelas haviam ideogramas em japonês, que depois identificamos como do tipo kanji. Isso não tinha no outro. Então ligou o alerta de que não seriam os mesmos fardos – explicou o professor Luis Ernesto Arruda Bezerra, do Instituto de Ciências do Mar, da UFC.

Bezerra e seu colega, o professor Carlos Peres Teixeira, começaram a vasculhar bancos de dados sobre navios de guerra naufragados. Em seguida, eles entraram em contato com o pesquisador britânico David Mearns, especializado na localização de naufrágios. O inglês confirmou que no começo deste ano houve uma tentativa de recuperar a carga de estanho que também era transportada no MV Weserland.

– O preço do estanho triplicou no começo de 2021, porque é usado em componentes eletrônicos. Com a pandemia, houve aumento na demanda e ele se tornou o produto mais promissor na bolsa de Londres. Então tentaram recuperar a carga desse navio e isso fez com que os fardos se soltassem – disse Bezerra.

Os pesquisadores também criaram modelos matemáticos para simular a ação dos ventos e das correntes oceânicas. Os resultados mostraram que os fardos seriam trazidos exatamente para os locais onde foram encontrados se soltos onde o MV Weserland está naufragado.

Apesar de terem sido transportados em diferentes navios, os fardos possuem as mesmas características. Eles pesam até 200 kg e na verdade são “folhas” de látex dobradas diversas vezes. Trata-se de matéria prima para borracha utilizada nos pneus e armas do exército alemão.

O MV Weserland afundou em janeiro de 1944, a cerca de 1.600 km da costa brasileira, nas proximidades das Ilhas de Santa Helena, um território britânico situado no Oceano Atlântico.

O SS Rio Grande foi atingido por um Destroyer americano em janeiro de 1944. Ele está afundado a 1 mil km de Recife (PE), em linha reta, a 5,6 mil metros de profundidade. Até o ano passado era o naufrágio mais profundo já alcançado por um robô.

Em 2018, quando os fardos do SS Rio Grande apareceram no litoral brasileiro, houve uma tentativa de recuperar uma carga de cobalto que era transportada pela embarcação. Naquela altura, o preço do metal estava em alta pois tinha passado a ser usado em baterias de carros elétricos.

O Globo

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Diversos

Petrobras recolheu mais de 200 toneladas de resíduos de óleo nas praias do Nordeste

Cerca de 1700 agentes ambientais contratados pela companhia atuaram na limpeza das áreas impactadas. Foto: Adema

A Petrobras completou um mês de apoio permanente ao Ibama nos esforços para limpeza das praias atingidas por óleo no Nordeste. Desde o dia 12 de setembro, a companhia coletou mais de 200 toneladas de resíduos oleosos (mistura de óleo e areia). Ao todo, a Petrobras mobilizou cerca de 1700 agentes ambientais para limpeza das áreas impactadas e mais de 50 empregados para planejamento e execução da resposta.

Também foram acionados cinco Centros de Defesa Ambiental (CDA) e nove Centros de Resposta a Emergência. Os CDAs são instalações da Petrobras distribuídos estrategicamente em diversas regiões do país, de modo a complementar os recursos de resposta a emergências de vazamento de óleo das unidades operacionais da companhia. Além dos CDAs, cada unidade possui equipamentos e recursos para resposta imediata nos seus Centros de Resposta a Emergência. Essa estrutura garante os tempos, os recursos e capacidade de resposta das instalações sob gestão da companhia.

A Petrobras reforça que o óleo nas praias do Nordeste não tem origem nas operações da companhia e os custos das atividades de limpeza serão ressarcidos, conforme informado pelo Ibama. A análise das amostras realizadas pelo Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) atestou que o petróleo cru encontrado em praias do Nordeste não é produzido no Brasil, nem comercializado ou transportado pela companhia.

A atuação da Petrobras na limpeza das praias é feita por solicitação e coordenação do Ibama, órgão responsável pela estratégia de contenção do óleo. Desta forma, estabeleceu-se uma rotina de comando coordenado, onde as decisões estratégicas de resposta são tomadas pelo Ibama, com apoio técnico da Petrobras. A partir destas decisões, a companhia mobiliza e implementa no campo as atividades de limpeza nos locais prioritários indicados, bem como a destinação final do material recolhido.

A Petrobras permanece, nesta quarta-feira (16/10), com diversas equipes em campo. A companhia reforça seu comprometimento com a proteção do meio ambiente e mantém os recursos mobilizados, conforme as orientações estratégicas do Ibama.
“DNA” do petróleo

O Cenpes mantém um banco de resultados das análises geoquímicas realizadas em todos os campos produtores de petróleo da Petrobras. Quando há a necessidade de investigar a procedência de uma amostra de óleo, os pesquisadores da Petrobras comparam os resultados deste banco com o da amostra, no que é chamado de geoquímica forense. Este foi o trabalho realizado a partir do óleo coletado nas praias do Nordeste.

O petróleo é formado a partir da matéria orgânica contida em sedimentos, que foram depositados há milhões de anos. Essa matéria orgânica é constituída por restos de microorganismos que viveram em mares ou em lagos e apresentam em sua constituição moléculas características que os definem biologicamente e ambientalmente, chamados biomarcadores.

Apesar desses sedimentos sofrerem transformações por aumento de pressão e temperatura, a composição molecular dos biomarcadores mantém sua forma estrutural praticamente inalterada, permitindo assim, a sua utilização para distinguir os diversos ambientes de geração do petróleo. É esta especificidade que permite diferenciar um tipo de petróleo de outro.

Opinião dos leitores

  1. Por que os desocupados do MST e os vermelhos PT e outros não aparecem pra ajudar a combater o derrame de óleo, já que o País também é deles????

  2. Cadê a ONU, a França, a Alemanha e as demais entidades preocupadas com o meio ambiente? Só sabe fazer ladainha quando envolve a Amazônia?

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