Economia

Poupança já rende mais que aplicação de curto prazo

A caderneta de poupança já está mais vantajosa do que os fundos de renda fixa para investimentos de curto prazo. Em aplicações de até seis meses, só os raros fundos com taxa de administração inferior a 0,50% ao ano, rendem mais que a poupança. Entre seis meses e um ano de aplicação, os fundos com taxa superior a 1,50% anuais também perdem para a caderneta.

A maior atratividade da poupança se deu por causa da redução de 0,75 ponto porcentual feita na taxa básica de juro (Selic) na última quarta-feira, o que impacta a rentabilidade dos fundos. Como os fundos têm incidência de Imposto de Renda e taxa de administração, a redução do ganho líquido com a nova Selic (9,75% ao ano), dá vantagem à tradicional caderneta – que é isenta de IR e de outros custos.

Segundo cálculos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), quando a Selic chegar a 9% ao ano, a caderneta será mais vantajosa em todas as comparações com os fundos de renda fixa. O cenário deve ser alcançado na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, marcada para dia 18 de abril.

Rogério Bastos, sócio da consultoria FinPlan, esclarece que a rentabilidade da poupança – de 6,17% ao ano mais taxa referencial (TR) – é garantida por lei. “Se o governo não alterar a fórmula que calcula essa rentabilidade, o investidor deve fazer a conta antes de escolher entre renda fixa, ou mesmo outros fundos, e caderneta.”

A maior competitividade da poupança sobre outras aplicações pode provocar saída massiva de investidores dos fundos rumo à poupança. Para Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac, como há perspectiva de novas quedas na Selic daqui em diante, a alteração das regras da caderneta poderá ser apressada pelo governo. Entre possíveis mudanças, diz Oliveira, está tributar o investimento na caderneta ou atrelar o rendimento da modalidade ao juro (assim como ocorre nos fundos).

Em 2009, com a Selic em 8,75% ao ano, o governo já tentou cobrar imposto sobre poupanças com mais de R$ 50 mil, mas desistiu por pressões políticas e porque a taxa de juros voltou a subir logo depois.

“Dessa vez o governo não tem alternativa. Para manter o equilíbrio do mercado, é importante que a poupança tenha uma nova fórmula de cálculo”, considera o matemático José Dutra Vieira Sobrinho. “Nos próximos 90 dias, no máximo, o governo tem de apresentar um plano”, diz, se referindo ao prazo para os próximos cortes esperados nos juros.

Mesmo com a Selic acima de 10% que vigorou até a última quarta-feira, os fundos que têm como referência o juro e cobram taxa superior a 2% ao ano já estavam em desvantagem, segundo André Oda, professor de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA).

O que fazer

Embora os cálculos mostrem a vantagem da caderneta sobre os fundos de renda fixa, o investidor deve ter cautela na hora de tomar a decisão de sacar os recursos para colocá-los na poupança. Primeiro porque o cálculo do mercado usa uma média da rentabilidade dos fundos – portanto, alguns podem render mais e outros menos. Além disso, embora seja dada como certa mais uma redução na Selic, ainda não se sabe o rumo do juro, por exemplo, para o ano que vem. “Tem de esperar. Não adianta pular de galho em galho”, diz Fábio Colombo, administrador de investimentos.

Ele comenta também que a diferença porcentual dos ganhos é relativamente pequena – de cerca de 1,5% ao ano. “Para quem tem R$ 10 mil ou R$ 20 mil, esse porcentual não faz muita diferença. Portanto, repito, é melhor ter cautela e esperar.”

Para Colombo, o novo cenário importa mais para quem está iniciando o investimento. “Se a pessoa está com dinheiro e ia aplicar em fundo de renda fixa, recomendo que espere um pouco, para ver o que vai ocorrer”, sugere. “Enquanto espera, deixe os recursos na poupança”, completa o administrador de investimentos.

Fonte: Estadão

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