Saúde

‘Vacina de vento’: técnica de enfermagem de Petrópolis-RJ pode ter aplicado seringa vazia para encobrir erro

Foto: Reprodução

A técnica de enfermagem acusada de aplicar “vacina de vento” em uma idosa de 96 anos, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, pode ter praticado o ato para esconder um outro erro durante a vacinação. Essa é a principal linha de investigação da 105ª DP (Petrópolis) que apura o caso, ocorrido no último dia 12. De acordo com investigadores, foi feita uma minuciosa contagem nas doses contra a Covid-19, no posto de imunização em sistema drive-thru, instalado em um campus da Universidade Católica de Petrópolis, e não foi detectada nenhuma subtração de vacinas. Para a polícia, uma das hipóteses mais prováveis, portanto, é que, para justificar a perda de uma dose, talvez por imperícia, a técnica tenha simulado a aplicação da vacina na idosa.

O caso ganhou repercussão no fim de semana, depois que um vídeo circulou pelas redes sociais e mostrou a imagem da idosa dentro de um carro no momento em que a técnica lhe aplicava a agulha sem o líquido da vacina na seringa. No entanto, a profissional de enfermagem, ao prestar depoimento na última terça-feira na delegacia, não confirmou a sequência vista no vídeo. Ela disse aos investigadores que não percebeu a ausência da dose ao apertar o êmbolo.

— Ouvimos a técnica de enfermagem e todas as testemunhas que estavam no posto no dia do fato. Também estamos trocando informações com a prefeitura e outros órgãos para entender melhor a dinâmica da vacinação. As diligências estão em curso — explicou o delegado da 105ª DP, João Valentim, que aconselha as pessoas a procurarem o chefe do posto ou a delegacia, caso observem algo errado durante a vacinação.

Todos os procedimentos de vacinação foram revistos pela polícia no posto da prefeitura de Petrópolis. Como não houve desvio de vacina e o caso ainda está sob investigação, a técnica não foi indiciada. No momento, ela continua afastada pela secretaria de Saúde de Petrópolis. Um procedimento interno administrativo também foi instaurado pela prefeitura, no qual ela também já foi ouvida. Segundo o depoimento da profissional da área de Saúde, que é contratada pelo município, ela “não percebeu o problema” e assegurou que o ato “não foi intencional, mas sim um problema com a seringa”.

A polícia continua cautelosa nas investigações. A técnica mora com a família, incluindo uma pessoa idosa, em bairro da Baixada Fluminense, vizinho a Petrópolis. Depois da divulgação do vídeo, que viralizou e chamou a atenção para o problema da “vacina de vento”, a prefeitura de Petrópolis mudou o protocolo de vacinação contra a Covid-19 nos postos da cidade serrana. Os técnicos de enfermagem foram orientados a mostrar seringas cheias e, depois da aplicação, vazias. A prefeitura também está sugerindo que as pessoas fiquem atentas e ainda filmem e fotografem todo o procedimento de vacinação. Também pedem que as pessoas chequem o rótulo, observando, principalmente, a validade dos frascos. No Rio e em Niterói, também ocorreram casos semelhantes em que não houve a aplicação da vacina. Nesta última cidade, a polícia indiciou uma técnica de enfermagem por peculato e infração de medida sanitária. A profissional de Saúde não apertou o êmbolo da seringa ao atender um idoso de 90 anos, em um posto drive-thru da Universidade Federal Fluminense.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. Lamento discordar da sua opinião, não estou defendendo a sua não punição, deve-se apurar e se aplicar a sanção prevista. Acredito ser extrema a punição proposta pelo Sr. Casio e seguramente a defenderia, não houve óbito ou nada parecido, não se trata de tratar homicídio, não temos nem certeza da tentativa.

  2. Concordo parcialmente com vc amigo Casio, de fato a Enfermagem é uma das profissões mais bonitas, dignas e respeitadas na área da saúde, apesar de não devidamente reconhecida. Representa 60% da força de trabalho na saúde, normalmente cumpre Missões difíceis e exaustivas, que levam na maioria das vezes a síndromes difíceis de serem curadas. A investigação deverá ser adotada, a punição cabivei deve ser aplicada, mais a cassação do exercício profissional, só depois de um processo ético, conduzido pelo seu conselho profissional. Na minha opiniao, devemos considerar o erro e o prejuízo material, e só assim tomar as medidas cabíveis, de forma lamentável, somos todos passíveis de
    cometer erros, e por isso não concordo com a medida extrema que sugere.

    1. "devemos considerar o erro e o prejuízo material"
      E quanto a vida Raimundo? A idosa foi ser vacinada para proteger sua vida. Devo concordar que se deve passar por todos as estantes (etica, adm, etc…). Porém porque que ela deixaou de aplicar a vacina? Esta idosa foi a unica? O que se ia fazer com a vacina, não aplicada?
      Além do erro profissional, material. Existe o valor que esta pessoa dar a uma vida, que para mim, o seu ato deixa bem claro.

  3. Dever ser proibida de exercer a profissão,um vez que não faz jus à uma profissão tão bonita de ajudar a salvar vidas.

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