Economia

‘A queda do dólar está só começando’: o impacto da pandemia sobre a moeda americana

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Um dos efeitos da recessão econômica causada pela pandemia covid-19 é que o mundo foi inundado de dólares.

O Federal Reserve (Fed), o Banco Central (BC) dos Estados Unidos, reduziu drasticamente a taxa de juros para quase 0%.

Quando isso acontece, o país tende a ficar ‘menos atraente’ aos olhos dos investidores estrangeiros, que tendem a buscar outros mercados com retornos maiores sobre seu capital.

Paralelamente, o Fed deu sinal verde para a impressão de dinheiro, com o objetivo de mitigar os efeitos da crise.

De fato, 2020 foi o ano em que mais dólares foram emitidos do que nunca. Essa injeção de dinheiro permitiu financiar o aumento dos gastos fiscais e deu oxigênio aos mercados.

Mas, ao mesmo tempo, ajudou a empurrar o valor do dólar para baixo em relação às principais moedas do mundo nos últimos 10 meses – com algumas exceções, como o real brasileiro.

Isso pode ser verificado em um dos índices que acompanham a evolução da moeda, o Bloomberg Dollar Index (BBDXY), que atingiu a máxima de quase 1.300 pontos em 23 de março – e, depois disso, começou uma queda que não deu trégua até agora.

Atualizado anualmente, o índice mede o desempenho do dólar ante uma cesta de moedas globais, incluindo de países emergentes, que têm a maior liquidez nos mercados de câmbio e os maiores fluxos comerciais com os EUA. O real brasileiro não faz parte dessa cesta.

Trata-se de uma queda superior a 12% nos últimos 10 meses (percentual que pode variar um pouco dependendo do índice que acompanha a evolução da moeda).

Atualmente, está em seu nível mais baixo desde o início de 2018 e muitos especialistas concordam que a moeda continuará a se desvalorizar.

‘Dólar vai continuar caindo’

“O colapso do dólar apenas começou”, diz Stephen Roach, professor da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e ex-presidente do banco de investimentos Morgan Stanley na Ásia, à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

Roach prevê que a moeda poderá cair mais de 35% até o final deste ano com base em três grandes motivos.

O primeiro é que há um aumento acentuado do déficit em conta corrente dos Estados Unidos, ou seja, o país paga mais no exterior pela troca de bens, serviços e transferências do que recebe.

Sua projeção é de que esse déficit continue a impulsionar a queda da moeda.

A segunda é a valorização do euro, depois que os governos da Alemanha e da França concordaram com um pacote de estímulo fiscal, além da emissão de títulos.

E a terceira é que Roach prevê que o Federal Reserve pouco faria para impedir a queda do dólar.

Com os Estados Unidos cada vez mais dependentes de capital estrangeiro para compensar seu crescente déficit de poupança interna, explica ele, e com as políticas adotadas pelo Fed que criam um grande excesso de liquidez, “o argumento para um forte enfraquecimento do dólar parece mais convincente do que nunca”, argumenta.

Em relação aos efeitos que uma desvalorização do dólar tem sobre os mercados emergentes (como Brasil, México, Argentina, Colômbia, Peru ou Chile na América Latina), o especialista sugere que podem ocorrer aumentos em algumas bolsas desses países.

Enquanto o Federal Reserve não aumentar as taxas de juros, que é o que Roach presume que acontecerá, “a fraqueza do dólar deve causar aumentos nos mercados acionários estrangeiros em geral e nas ações dos mercados emergentes em particular.”

“Sem exageros”

No entanto, outros economistas argumentam que, embora a moeda esteja um pouco fraca este ano, em nenhum caso um “crash” deve ser esperado.

“A queda do dólar não deve ser exagerada”, escreveu Mark Sobel, presidente para os EUA do Fórum Oficial de Instituições Monetárias e Financeiras (OMFIF), no início de janeiro no site do centro de estudos.

Sua posição é que há uma perspectiva “desalentadora” para o dólar.

“O dólar pode cair neste ano, mas uma perspectiva muito negativa não se justifica”, disse Sobel.

Um dos argumentos é que o dólar já caiu bastante (13% em 2020 em relação ao pico em março).

Outra é que em meio às incertezas globais, não é tão certo que os investidores prefiram arriscar e apostar em outras moedas que não o dólar.

Paralelamente, o economista também diz acreditar que pode haver condições monetárias relativamente mais favoráveis nos EUA e que o atual ciclo de dólar forte está simplesmente chegando ao fim.

Efeitos na América Latina

Na América Latina, a queda do dólar veio com defasagem em relação a outras partes do mundo.

Um dos motivos que explicam esse atraso na queda em relação às moedas das economias latino-americanas é que são mais arriscadas, como explica Diego Mora, executivo sênior da consultoria XTB Latam, sediada no Chile.

“A desvalorização do dólar na América Latina começou há apenas quatro ou cinco meses”, diz Mora em entrevista à BBC News Mundo.

Ao analisar as maiores economias da região, o analista afirma que o México é o país onde o dólar mais se desvalorizou, seguido pelo Chile, Colômbia e Brasil.

As consequências do colapso variam substancialmente, dependendo dos diferentes atores econômicos.

Por um lado, os consumidores latino-americanos se beneficiam – aponta o especialista – porque muitos dos bens que consomem são importados, como automóveis e produtos tecnológicos.

Porém, a história não é tão simples, pois ao mesmo tempo os preços de alguns alimentos subiram, alerta.

Milho, trigo, cacau e outros produtos básicos aumentaram mais de 30% devido à desvalorização do dólar.

Hakan Aksoy, gerente sênior de portfólio da empresa francesa de gestão de ativos Amundi, diz esperar que, com o dólar mais fraco, os preços das commodities subam no mercado internacional, o que beneficia os países latino-americanos, produtores dessas matérias-primas.

A isso se deve a relação inversa entre o preço das commodities e o comportamento da moeda americana. Historicamente, quando o dólar se desvaloriza, o preço das commodities sobe – e vice-versa.

Isso porque a maioria das commodities é cotada em dólares, de forma que os consumidores e empresas fora dos EUA veem seu poder de compra aumentar quando suas moedas se fortalecem. A maior demanda global por esses produtos acaba elevando seu preço.

Por outro lado, um dólar mais fraco significa que haverá uma política fiscal e monetária mais flexível nos EUA, diz ele à BBC News Mundo.

Assim, “os países emergentes podem tomar empréstimos com mais facilidade, o que ajuda suas demandas de financiamento externo”, assinala Aksoy.

Tudo isso seria positivo para o crescimento e a percepção de risco dos investidores.

O consenso entre os analistas é que, apesar das diferenças entre os países, a desvalorização do dólar traz mais benefícios do que desvantagens para a região.

“Um dólar desvalorizado é definitivamente positivo para as economias latino-americanas”, diz Joseph Mouawad, administrador de fundos da Carmignac, especializada em mercados emergentes. “Um dólar fraco vem com preços mais altos das matérias-primas”.

Em relação à dívida em dólares dos países latino-americanos, Diego Mora explica que, como há mais moeda no mundo e as taxas de juros são baixas, os Estados Unidos têm menos poder de negociação.

Assim, “a dívida em dólares dos países latino-americanos pode ser renegociada com juros menores”.

No entanto, a queda do dólar frente ao real brasileiro não deve ser tão expressiva, acredita André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos.

Ele diz acreditar que a moeda deve chegar ao fim deste ano cotada a R$ 5,30, acima da previsão do mercado, de R$ 5,01. O dólar terminou o pregão da última sexta-feira (5/2) cotado a R$ 5,42.

Sua perspectiva menos otimista, diz ele, deve-se ao nível historicamente baixo da taxa básica de juros, a Selic, e ao risco país.

“Os juros baixos não equilibram os riscos que temos. O Brasil tem sido mal visto em relação a outros países emergentes. Uma das percepções de risco tem a ver com a situação fiscal extremamente difícil para o governo”, conclui.

De qualquer forma, o câmbio é uma das variantes econômicas mais difíceis de prever, alertam os economistas.

Em 2020, por exemplo, o dólar fechou o ano cotado a R$ 5,19. Mas a expectativa do mercado em janeiro, ou seja, pré-pandemia de covid-19, era que a moeda americana terminaria negociada a R$ 4,09.

BBC

Opinião dos leitores

  1. O real foi q moeda que mais se desvalorizou frente ao dólar em janeiro/2021.
    O governo Bolsonaro é um fracasso

  2. Guedes disse que se o governo fizesse tudo certo o dólar não passaria de $5… Agora não posso mais levar minha empregada na disney

  3. Que bom, quem torce pelo pior do Brasil vai se arrepender, isso é se tiver um pingo de caráter.

    1. Não eh questão de torcer contra ou a favor , mas de enxergar a realidade sem viés ou viseira: o Real foi uma das moedas no mundo que mais perdeu valor frente ao dólar na pandemia , basta pesquisar. Os motivos são vários, desde a questão fiscal como também o propagação do vírus aqui, negacionismo da vacinação e o possível atraso do retorno econômico devido a isso. O Brasil foi um dos emergentes que mais sofreu com a pandemia… Pq será?

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Cidades

Furto de fios e cabos em Parnamirim prejudica serviços municipais

Foto: Reprodução

Os constantes furtos de fios nas redes de iluminação pública e internet na cidade de Parnamirim, assim como já acontece em toda a Região Metropolitana, estão afetando a prestação dos serviços públicos municipais e prejudicando a população. Só na última semana, foram registrados três casos em menos de 72 horas, nos bairros de Santos Reis e Monte Castelo.

A Prefeitura de Parnamirim, por meio da Secretaria Municipal de Segurança, Defesa Social e Mobilidade Urbana (SESDEM) já fez os boletins de ocorrência e vai ampliar e reforçar o patrulhamento nas áreas afetadas, com equipes da Guarda Municipal. A Policia Civil também já iniciou uma investigação.

Diversas unidades de saúde, prédios da assistência social, escolas e sedes de órgãos públicos municipais já tiveram que paralisar momentaneamente os seus serviços por conta da ação dos criminosos. A prefeita de Parnamirim, Nilda Cruz, determinou que os órgãos de segurança da gestão atuem de maneira firme para coibir os furtos.

“Não podemos tolerar esse tipo de delito; o furto de fios da iluminação e de internet provocam graves prejuízos para a população; já determinei que sejam ampliadas as ações de combate e repressão, e, inclusive, uma pessoa já foi presa; pedimos também que a população colabore e denuncie, acionando o 190 ou o nosso Centro de Operações Integradas (COI) pelos números 156 ou pelo whatsapp no 98701-2694”, disse a prefeita Nilda Cruz.

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Geral

STTU divulga linhas de ônibus que devem circular durante a greve; confira lista

Foto: Helysmar Lima

A Prefeitura do Natal, por meio da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU), está acompanhando com atenção a paralisação deflagrada pelos rodoviários, e já determinou as empresas como deve ser realizada a operação durante o período do movimento. O Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região determinou a operação de 70% da frota e das viagens, que deverão ser assim distribuídos:

N-02 – Gramoré/CRI, via Midway Mall: 4 veículos, 22 viagens
N-04 – Amarante/Mirassol, via Av. Nevaldo Rocha: 4 veículos, 22 viagens
N-05 – Vale Dourado/Ribeira, via Petrópolis: 4 veículos, 22 viagens
N-07 – Alvorada IV/Mirassol, via Av. Nevaldo Rocha: 8 veículos, 40 viagens
N-08 – Redinha/Mirassol, via Rodoviária: 9 veículos, 47 viagens
N-15 – Pajuçara/Ribeira, via Petrópolis: 4 veículos, 27 viagens
O-21 – Felipe Camarão/Areia Preta: 5 veículos, 33 viagens
O-22 – Felipe Camarão/Ribeira, via Bom Pastor: 5 veículos, 33 viagens
O-24 – Planalto/Ribeira, via Av. Prudente de Morais: 4 veículos, 26 viagens
N-25 – Redinha/Bairro Nordeste, via Alecrim: 2 veículos, 14 viagens
N-27 – Alvorada IV/Ribeira, via Av. Deodoro da Fonseca: 4 veículos, 20 viagens
N-29 – Nova Natal/Nova Descoberta, via Mirassol: 6 veículos, 36 viagens
O-30 – Felipe Camarão/Mirassol, via Candelária: 4 veículos, 24 viagens
O-33 – Planalto/Praia do Meio, via BR-101/Av. Prudente de Morais: 8 veículos, 45 viagens
O-33A – Planalto/Ribeira, via Candelária/Av. Hermes da Fonseca: 4 veículos, 22 viagens
N-35 – Soledade/Candelária, via Av. Prudente de Morais: 7 veículos, 33 viagens
L-37 – Rocas/Cidade Satélite, via Praça: 4 veículos, 24 viagens
O-38 – Planalto/Praia do Meio, via Av. 06: 16 veículos, 68 viagens
O-39 – Cidade Nova/Ribeira, via Tirol: 6 veículos, 40 viagens
O-40 – Planalto/Mãe Luíza, via Rua dos Potiguares: 8 veículos, 26 viagens
O-41A – Leningrado/Ribeira, via Av. Prudente de Morais: 6 veículos, 31 viagens
N-43 – Nova Natal/Morro Branco, via Alecrim: 6 veículos, 31 viagens
L-46 – Rocas/Ponta Negra, via Praça: 7 veículos, 40 viagens
S-50 – Serrambi/Santa Catarina, via Av. Nevaldo Rocha: 10 veículos, 52 viagens
L-51 – Rocas/Pirangi, via Praça: 3 veículos, 24 viagens
L-52 – Rocas/Pirangi, via Alecrim: 3 veículos, 22 viagens
L-54 – Rocas/Ponta Negra, via Alecrim: 2 veículos, 14 viagens
L-56 – Rocas/Ponta Negra, via Via Costeira: 2 veículos, 14 viagens;
O-59 – Guarapes/Praia do Meio, via Bom Pastor: 3 veículos, 20 viagens
N-60 – Pajuçara/Mirassol, via Av. Nevaldo Rocha: 5 veículos, 33 viagens
O-63 – Felipe Camarão/Mirassol, via Av. Nevaldo Rocha: 5 veículos, 33 viagens
N-64 – Nova Natal/Ribeira, via Petrópolis: 5 veículos, 30 viagens
N-70 – Parque dos Coqueiros/Ribeira, via Petrópolis: 4 veículos, 24 viagens
N-72 – Vale Dourado/Mirassol, via Av. Nevaldo Rocha: 4 veículos, 26 viagens
N-73 – Santarém/Ponta Negra, via Av. Nevaldo Rocha: 16 veículos, 84 viagens
N-75 – Parque das Dunas/Alecrim, via Petrópolis: 4 veículos, 26 viagens
N-77 – Parque dos Coqueiros/Mirassol, via Av. Nevaldo Rocha: 12 veículos, 64 viagens
N-78 – Santarém/Nova Descoberta, via Av. Hermes da Fonseca: 3 veículos, 18 viagens
N-79 – Parque das Dunas/Mirassol, via Av. Nevaldo Rocha: 6 veículos, 36 viagens
O-83 – Felipe Camarão/Ponta Negra, via Cidade Satélite: 4 veículos, 20 viagens
N-84 – Soledade/Petrópolis, via Av. Moema T. C. Lima: 5 veículos, 33 viagens
581 – Vila Verde/Santa Catarina: 1 veículo, 10 viagens
587 – Guarapes/Village de Prata, via Planalto: 1 veículo, 14 viagens
588 – Circular UFRN: 3 veículos, 72,5 viagens
593 – Circular Residencial Redinha: 1 veículo, 10 viagens
599 – Guarapes/Mirassol, via Av. Cap.-Mor Gouveia: 3 veículos, 20 viagens
Corujão A – Rocas/Cidade Alta/Petrópolis/Zona Norte: 1 veículo, 2 viagens
Corujão E – Felipe Camarão/Ponta Negra, via Av. Nevaldo Rocha: 1 veículo, 2 viagens

Não terão operação as linhas N-26 (Soledade/Ponta Negra, via Av. Nevaldo Rocha), N-61 (Soledade/Ribeira, via Petrópolis), O-33B (Encanto Verde/Lagoa Nova, via Rua dos Pintassilgos), O-76 (Felipe Camarão/Parque das Dunas), 585 (Terminal Planalto/Village do Prata) e 589 (Felipe Camarão/Nova Cidade, via Rodoviária/Jardim América).

De acordo com a decisão judicial, o sistema deverá funcionar no horário regular de funcionamento e deve ser garantido o acesso as garagens, bem como a não retenção dos veículos em via pública.

O órgão informa ainda que vai fiscalizar o cumprimento da determinação judicial,  elaborando relatórios técnicos que, em caso de descumprimento, serão encaminhados às autoridades competentes para a aplicação das sanções previstas.

O Sintro informou que vai cumprir a decisão judicial. No entanto, pontuou que o cumprimento vai depender da adesão da categoria à greve. Quanto maior o número de motoristas na greve, menor será a quantidade de veículos em circulação.

A STTU reafirma seu compromisso institucional com a ordem pública, o cumprimento das decisões judiciais e, sobretudo, com a garantia dos direitos da população usuária do transporte coletivo urbano. Agentes de mobilidade urbana acompanharão a movimentação durante todo o dia.

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Geral

Falas de Lula sobre Gaza escancaram crise entre Brasil e Israel

Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

As manifestações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no início desta semana, escancararam, ainda mais, a crise vivida por Brasília e Tel Aviv. Em duas ocasiões diferentes, o líder brasileiro voltou a classificar as ações israelenses na Faixa de Gaza como “genocídio” – e provocou uma resposta pública por parte da representação diplomática de Israel no Brasil.

Tensão Brasil x Israel

  • Desde que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu a presidência, a relação entre Brasil e Israel tem vivido momentos de tensão.
  • De um lado, Israel acusa o governo brasileiro de ter posturas pró-Hamas. Do outro, Lula tem feito críticas quanto à atuação israelense na Faixa de Gaza, onde mais de 50 mil pessoas já morreram.
  • O ápice da crise aconteceu em fevereiro de 2024, quando Lula comparou as ações de Israel na Faixa de Gaza com o Holocausto de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
  • Depois da repercussão negativa da fala, o presidente brasileiro foi declarado persona non grata em Israel. Em retaliação, Lula retirou o embaixador do Brasil em Tel Aviv, dando assim menos peso na relação diplomática dos dois países.
  • Existe ainda o temor, por parte de Israel, de que o país fique sem um embaixador no país. Isso porque o governo brasileiro ainda não aprovou o nome do embaixador Gali Dagan, indicado para chefiar a missão diplomática em Brasília.

Em 1º de junho, o presidente brasileiro esteve no Recife cumprindo agenda oficial e aproveitou o momento para criticar o anúncio de novos assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada – considerados ilegais por grande parte da comunidade internacional.

Depois de ler uma nota do Ministério das Relações Exteriores, Lula voltou a classificar a ofensiva de Israel contra o Hamas – que atinge, inevitavelmente, palestinos – como “genocídio”.

A fala do líder brasileiro aconteceu após acusações de um tiroteio próximo à um centro que distribuía ajuda humanitária em Rafah, no sul de Gaza. Na ocasião, 23 palestinos foram mortos enquanto buscavam comida, segundo informações do Crescente Vermelho Palestino, afiliado à Cruz Vermelha Internacional.

Segundo autoridades do enclave palestino, sob o domínio do grupo extremista Hamas, as Forças de Defesa de Israel (FDI) teriam sido os responsáveis pelo ataque. O que é negado pelo governo de Benjamin Netanyahu.

Diplomacia quebra silêncio

Ao subir o tom contra o governo de Benjamin Netanyahu, Lula fez com que o silêncio da diplomacia israelense fosse quebrado após meses. Apesar das recentes declarações críticas à Israel, a diplomacia do país vinha adotando uma postura de não rebater as condenações brasileiras publicamente. Cenário que mudou na segunda-feira (2/6).

Em um comunicado, a Embaixada de Israel no Brasil disse ser “importante esclarecer as coisas” diante das críticas internacionais recentes – como as que partem do governo Lula. Na nota, a chancelaria israelense ainda culpou o Hamas por iniciar o conflito, e negou que militares das FDI têm “a intenção de prejudicar pessoas não envolvidas” na guerra.

Por isso, o governo israelense classificou como falsas as alegações de que tiros haviam sido disparados contra palestinos em busca de ajuda em Gaza.

“Infelizmente, tem quem compre essas mentiras, que estão prejudicando israelenses e judeus no Brasil e no mundo todo”, disse um trecho do comunicado oficial.

Ao ser questionado se responderia a declaração, Lula afirmou que presidentes “não respondem a embaixadas”. Além de reiterar o que já havia dito no fim de semana, o presidente do Brasil ainda classificou como “vitimismo” as acusações israelenses sobre antissemitismo após as críticas pela violência em Gaza.

Metrópoles

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Geral

[VÍDEO] DestravaRN: Deputado Neilton lança movimento para dar competitividade e sustentabilidade ao RN

Vídeo: Reprodução/YouTube

O deputado estadual, Neilton Diógenes (PP), lança nesta quarta-feira (4) o movimento DestravaRN, que tem o objetivo de atualizar a legislação ambiental e tornar o Rio Grande do Norte mais competitivo. O lançamento ocorre durante a audiência pública com o tema “Construção da nova política estadual de Meio Ambiente”, realizada na Assembleia Legislativa, às 8h30.

“O RN sofre com a falta de atualização do marco legal ambiental e isso causa insegurança jurídica para quem deseja investir no estado. Dessa forma, o RN acaba perdendo competitividade e se tornando o menos eficiente do Nordeste e o menos sustentável do Brasil”, destacou Neilton, em entrevista ao Meio Dia RN, com o BG – assista a entrevista completa no link acima.

Diante desse cenário, o DestravaRN tem como objetivo atualizar o modelo atual, incluindo atividades que sequer estão previstas na legislação de hoje, como a energia eólica. “Estamos há mais de um ano reunindo propostas e sugestões e vamos levá-las ao debate na audiência pública, junto com instituições representativas de vários setores”, afirmou Neilton.

Para isso, o parlamentar convidou para a audiência pública representantes de diversos segmentos, como Fiern, Fecomércio, FCDL, Femurn, além do Idema e de outros órgãos de controle.

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Geral

STF volta a julgar responsabilidade de big techs sobre conteúdo de usuários

Foto: Getty Images

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) volta a julgar nesta quarta-feira (4) a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet. Os ministros vão discutir se as big techs são responsáveis ou não por conteúdos criminosos postados pelos usuários em suas plataformas.

O artigo 19 do Marco Civil da Internet vigente define que é preciso de ordem judicial especificada para exclusão de conteúdo para que provedores de internet, websites e gestores de redes sociais sejam responsabilizados por danos causados por postagens ilegais publicadas por terceiros.

A decisão a ser tomada pelos ministros tem repercussão geral (Tema 987) e ocorre no âmbito do Recurso Extraordinário (RE) 1037396, relatado pelo ministro Dias Toffoli. No caso concreto, o Facebook questiona uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) que determinou a exclusão de um perfil falso na rede social.

Em outro recurso (RE 1057258), relatado pelo ministro Luiz Fux, o Google tenta reverter uma decisão, determinada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), a pagar danos morais por não excluir uma comunidade do Orkut criada para ofender uma pessoa. Nas duas situações, os relatores negaram o provimento dos recursos.

Dois ministros — Dias Toffoli e Luiz Fux — já votaram para ampliar as hipóteses de responsabilização das plataformas.

A última discussão da Corte sobre o assunto ocorreu em 18 de dezembro do ano passado. No julgamento, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, votou contra o provimento dos recursos e apresentou três hipóteses: remoção por ordem judicial, remoção por notificação extrajudicial e dever geral de cuidado.

O julgamento foi pausado após pedido de vista do ministro André Mendonça.

Nesta semana, o ministro Gilmar Mendes se manifestou sobre o julgamento e disse que o resultado “pode significar, pelo menos, um esboço de regulação da mídia social”.

Ontem, em entrevista coletiva, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também opinou sobre a regulação das redes. “Temos que fazer uma regulamentação, seja pelo Congresso ou Suprema Corte, o mais rápido possível. Porque não é possível que um cara tenta dar golpe de Estado em 8 de janeiro e fale que isso é liberdade de expressão. Vocês sabem a fábrica de mentira desse país”, disse.

Em nota sobre o julgamento, o Google diz que “abolir regras que separam a responsabilidade civil das plataformas e dos usuários não contribuirá para o fim da circulação de conteúdos indesejados na internet”.

“O Marco Civil da Internet pode e deve ser aprimorado, desde que se estabeleçam garantias procedimentais e critérios que evitem insegurança jurídica e a remoção indiscriminada de conteúdo. O Google remove, com eficiência e em larga escala, conteúdos em violação às regras de cada uma de suas plataformas. São centenas de milhões de conteúdos removidos por ano pela própria empresa, em linha com as regras públicas de cada produto”, explica.

CNN

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Geral

“Brasil saberá sempre defender sua democracia”, diz Moraes

Foto: Rosinei Coutinho/STF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta terça-feira, 3, que o Brasil “sempre saberá defender sua democracia” de “inimigos nacionais” e “internacionais”, durante cerimônia de inauguração de seu retrato na galera de presidentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segundo O Globo.

“O TSE deu mostra de que só tem uma missão: a grande missão de realizar as eleições, de mostrar ao povo brasileiro que aqueles que a população brasileira escolhe serão empossados. Pouco importa quais são e quais serão os inimigos da democracia e o estado democrático de Direito. Sejam inimigos nacionais sejam inimigos internacionais, o Brasil sempre saberá defender a sua democracia”, disse.

Moraes presidiu a Corte eleitoral entre 2022 e 2024, sendo sucedido pela ministra Cármen Lúcia.

Em seu discurso, a Cármen Lúcia afirmou que o “Brasil teve a sorte de ter um juiz operante, eficiente e trabalhador” para “enfrentar com todas as suas forças tudo que fosse necessário para garantir que aquelas eleições acontecessem como aconteceram”.

O evento contou com a presença do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e do advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias.

Moraes, contudo, não mencionou a possibilidade de ser punido pelo governo Trump por ações relacionadas a cidadãos americanos.

O Antagonista

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Geral

VÍDEO: Motoristas impedem saída de ônibus das garagens em Natal, mesmo com liminar da justiça

Vídeo: Via Certa Natal

Mesmo após a liminar concedida pelo Tribunal Regional do Trabalho determinando a circulação de 70% da frota de ônibus durante a greve dos motoristas, a situação segue crítica na manhã desta quarta-feira (5) em Natal. Os motoristas estão impedindo a saída dos veículos das garagens, e apenas poucos ônibus estão circulando na cidade.

A Polícia Militar está presente na porta das empresas, mas, até o momento, não interveio para garantir o cumprimento da decisão judicial. O cenário agrava ainda mais os transtornos para a população, especialmente para os trabalhadores que dependem do transporte coletivo.

A paralisação foi deflagrada pelo Sindicato dos Motoristas diante do impasse nas negociações salariais e na definição das normas coletivas da categoria. A greve é por tempo indeterminado e já impacta diretamente a rotina da cidade.

Do lado patronal, o Seturn afirma ter apresentado proposta com ganho real, incluindo a recomposição da inflação, reajustes no vale-alimentação e no auxílio-saúde, e lamenta a continuidade da paralisação. As negociações seguem mediadas pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego.

Via Certa Natal

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Geral

Zambelli deixou Brasil pela fronteira com a Argentina

Foto: ANDRE VIOLATTI/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) está fora do Brasil desde o dia 25 de maio, quando deixou o país rumo à Argentina. A congressista havia sido condenada a 10 anos e 8 meses de prisão pelo STF (Supremo Tribunal Federal) dias antes, em 14 de maio.

Segundo o Metrópoles, Zambelli deixou o país por terra e entrou na Argentina pela fronteira perto de Foz do Iguaçu (PR). A congressista viajou de carro até Buenos Aires e, de lá, partiu para os Estados Unidos.

Não há controle migratório na travessia da fronteira entre Brasil e Argentina nessa região. Por isso, a saída da deputada não foi registrada pela Polícia Federal.

Nesta terça-feira (3), Zambelli afirmou que irá pedir licença não remunerada do seu cargo e que viajará para a Itália em poucos dias. A congressista tem cidadania italiana.

Depois de anunciar que estava fora do país, a PGR (Procuradoria Geral da República) pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a prisão preventiva da deputada. Agora, cabe ao Supremo determinar ou não a prisão. Em seguida, a Câmara avaliará a decisão.

A congressista deixou o Brasil antes da conclusão do julgamento de todos os recursos contra sua condenação. A deputada está de posse de seu passaporte, o que não torna ilegal a sua saída do país.

ZAMBELLI CONDENADA

Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por unanimidade pela 1ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) em 14 de maio. O colegiado analisou a ação penal na qual a congressista e o hacker da “Vaza Jato”, Walter Delgatti Neto, são réus pelos crimes de invasão ao sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e falsidade ideológica.

De acordo com a acusação da PGR (Procuradoria Geral da República), a congressista comandou a invasão do sistema do conselho para emitir um mandado de prisão a Moraes, como se ele estivesse determinando a própria prisão.

Segundo as investigações, o hackeamento foi executado por Walter Delgatti, que confirmou ter realizado o trabalho a mando da parlamentar. O hacker foi condenado a 8 anos e 3 meses de prisão no mesmo processo.

O relator, Alexandre de Moraes, votou pela perda do mandato de Zambelli, que deverá ser declarada pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Ele determinou ainda a inelegibilidade da congressista por 8 anos.

Mesmo inelegível, Zambelli só perderá o mandato quando não houver mais possibilidade de recurso.

Poder 360

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Geral

Após interceder em crise com Congresso, Lula viaja para a França

Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega à França nesta quarta-feira (4), em uma visita focada em questões ambientais, comerciais e políticas. Durante a passagem pelo país europeu, o petista deve discutir o acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, a guerra na Ucrânia, além de alinhar uma declaração conjunta em defesa do clima.

A viagem do petista acontece depois de Lula se reunir, nessa terça-feira (3), com os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP), para contornar um impasse com o Congresso, após o anúncio do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na semana passada.

No encontro, em que estavam também os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Geraldo Alckmin (Indústria), os políticos discutiram medidas alternativas para o ajuste fiscal.

Haddad afirmou, após a reunião, que anunciará medidas fiscais para contornar a crise em torno do aumento do IOF somente após reunião com líderes do Congresso, prevista para ocorrer no domingo (8).

Agora, com Lula na França, a equipe econômica irá se debruçar para apresentar uma nova possibilidade de ajuste e os impactos fiscais dessas medidas.

Compromissos

O primeiro compromisso do petista na França será a cerimônia oficial de chegada ao Pátio de Honra (ou Cour d’Honneur) da Esplanada dos Inválidos. Em seguida, Lula e o presidente francês, Emmanuel Macron, terão uma reunião privada, seguida de um encontro com as delegações. No mesmo dia, os líderes devem assinar atos de cooperação e fazer uma declaração à imprensa.

É esperado que os dois discutam o acordo entre Mercosul e União Europeia. A expectativa é que o pacto seja firmado definitivamente em dezembro, ao término da presidência brasileira no grupo sul-americano. De acordo com o Itamaraty, há um entendimento de que o cenário geopolítico atual favorece a assinatura do acordo. Em Paris, o presidente ainda deve se reunir com a prefeita da capital francesa, Anne Hidalgo.

Homenagens

A passagem pela França também será marcada por honrarias concedidas ao presidente. Em Paris, ele receberá uma homenagem da Academia Francesa, instituição semelhante à Academia Brasileira de Letras. A honraria, considerada rara, é concedida a chefes de Estado e apenas um brasileiro a recebeu: Dom Pedro II, em 1872.

Além disso, Lula receberá o título de doutor honoris causa na Universidade de Paris 8, conhecida também pelo nome de Paris 8 de Vincennes Saint-Denis. O título é concedido a “personalidades de nacionalidade estrangeira por serviços excepcionais prestados à ciência, à literatura ou às artes, à França ou à universidade”.

Metrópoles

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  1. A essas alturas a CANJA já deve ter viajado pra gastar nosso dinheiro, afinal, isso é a única coisa que ela sabe fazer.

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Economia

Gastos com BPC saltam 11% e atingem a marca inédita de R$ 10 bilhões por mês em 2025

Foto: Wilton Junior/WILTON JUNIOR

Em meio a negociações com o Congresso para conseguir alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o Ministério da Fazenda vê disparar os gastos com Benefício de Prestação Continuada (BPC), além de outras despesas do Orçamento, como o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e seguro-desemprego.

Segundo dados do Tesouro Nacional, os gastos com BPC – benefício pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda – saltaram 11,62% de janeiro a abril deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, já descontada a inflação. Foram R$ 41,83 bilhões neste ano, contra R$ 37,48 bilhões nos mesmos meses de 2024.

Desde janeiro, essa rubrica atingiu um novo patamar de gasto, permanecendo na casa dos R$ 10 bilhões por mês.

Em dezembro de 2024, o Ministério da Fazenda chegou a propor uma série de medidas para conter essa despesa, dentro do pacote fiscal enviado ao Congresso, mas as ideias foram derrubadas no Parlamento, com atuação tanto da oposição e quanto de partidos da base aliada, incluindo o PT.

Procurada, a pasta não se manifestou, assim como os ministérios do Planejamento, do Trabalho e Emprego, e da Educação.

O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), por sua vez, afirmou, por meio de nota, que o BPC atua na redução da pobreza e da desigualdade no País. A pasta afirma que desde 2024 implementa revisões bienais na concessão do benefício, e que também atua em colaboração com o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para aprimorar a gestão do programa.

“Diversas leis aprovadas desde 2020 impactaram diretamente o direito de acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) para pessoas idosas e com deficiência. Em um contexto mais amplo, fatores como o envelhecimento populacional e o aumento do número de pessoas com deficiência, evidenciado pelo Censo e pela série histórica da PNAD Contínua, também influenciam na expansão do benefício”, diz o MDS.

O BPC também entrou para o programa de revisão de despesas comandado pelo Ministério do Planejamento.

Gasto em alta como proporção do PIB

Além do aumento na concessão do BPC, muitos deles por decisões judiciais, os gastos com esse programa são pressionados pela política de valorização do salário mínimo, recriada no governo Lula, que estabelece a correção da inflação do ano anterior mais o PIB de dois anos antes, até o teto de 2,5% ao ano.

O economista Rogério Nagamine, especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, aponta que o gasto com BPC passou de 0,2% do PIB no ano 2000 para 0,9% em 2024.

“Essa despesa vem crescendo há mais tempo, mas foi impulsionada pela política de valorização do salário mínimo, pelo crescimento de judicialização e também houve mudanças na gestão do programa”, afirmou.

Ele entende o debate sobre alterações no BPC como “difícil” no Legislativo, que já derrubou propostas feitas pela equipe econômica. “É um debate muito difícil no Congresso, porque é um benefício concedido a idosos, e deficientes de baixa renda. A equipe econômica tentou fazer alterações no ano passado, mas o Congresso desidratou as medidas”, afirmou.

Nos últimos 12 meses até abril, os gastos com BPC atingiram R$ 120 bilhões. Pelas contas do economista Fábio Serrano, do BTG Pactual, a rubrica ainda vai acelerar até dezembro e fechará 2025 com um gasto de R$ 127,5 bilhões.

“No relatório de Receitas e Despesas de maio, divulgado há duas semanas, o governo elevou sua projeção com o BPC em R$ 2,72 bilhões. Ainda assim, avalio que o número esteja subestimado em R$ 5,7 bilhões”, disse Serrano.

Tiago Sbardeloto, da XP Investimentos, também entende que a revisão feita pelo governo na previsão de gastos com o BPC foi tímida e terá de ser elevada nas próximas revisões do Orçamento. Com isso, a tendência é de aumento no bloqueio de gastos, ou seja, com o cancelamento das despesas discricionárias (que incluem gastos de custeio, emendas parlamentares e investimentos).

Ele diz que houve um crescimento na fila de benefícios do BPC em mais de 250 mil pedidos.

“O gasto continua bastante elevado apesar do crescimento da fila de pedidos em mais de 250 mil, o que sugere uma pressão de despesas reprimida. Além disso, o ajuste realizado no relatório bimestral foi bastante tímido e incorporou, basicamente, o aumento da projeção de sentenças judiciais de pequeno valor. Ainda há necessidade de um ajuste adicional, com possível aumento de bloqueio”, explicou.

Fundeb e seguro-desemprego sobem fortemente

Além do BPC, outros gastos também têm pressionado o Orçamento deste ano. Um deles são os repasses do governo federal para o Fundeb, com a elevação desses aportes aprovada em lei no governo Jair Bolsonaro, com amplo apoio de partidos de esquerda e direita, e sem vetos pelo presidente.

De janeiro a abril deste ano, essa despesa cresceu 20,59%: de R$ 18,57 bilhões no ano passado para R$ 22,4 bilhões este ano. Nos 12 meses acumulados até abril, as despesas com o Fundeb pelo governo federal chegaram a R$ 53,65 bilhões, contra R$ 44,43 bilhões do mesmo mês do ano passado.

Em 2020, o novo Fundeb determinou que os aportes da governo federal para o fundo terão crescimento ano a ano até 2026. Com isso, a participação federal saiu de 10% em 2020, para 12% em 2021; 15% em 2022; 17% em 2023; 19% em 2024; 21% em 2025; e 23% a partir de 2026.

Mesmo com o desemprego na mínima histórica, as despesas com seguro-desemprego saltaram 5,61% nos primeiros quatro meses do ano, chegando a R$ 21,46 bilhões no período.

Sbardelotto diz que houve pagamento antecipado de seguro-defeso (benefício pago a pescadores artesanais) este ano, que pressionou esta rubrica, mas também há um problema de desenho do programa, já que o gasto aumenta com o desemprego em queda, pela rotatividade do mercado de trabalho. Ele diz que o governo também terá que subir a projeção de gastos com seguro-desemprego.

“Um fator é mais pontual, que é a antecipação dos pagamentos do seguro-defeso neste ano, e outro mais conjuntural, relacionado ao mercado de trabalho mais aquecido o que, pela alta rotatividade da mão de obra no país, acaba por colocar mais pressão nas despesas. Esse segundo fator é o que deve exercer maior pressão neste ano, e ainda vemos a necessidade de um pequeno ajuste nas projeções do governo”, afirmou.

No acumulado de janeiro a abril, a despesa do governo federal está em queda de 1,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Há três motivos principais para essa redução, segundo Sbardelotto.

“No ano passado, os precatórios foram pago em fevereiro. Este ano, serão pagos em julho. Além disso, por conta do atraso na votação do Orçamento, também atrasou o reajuste dos servidores, e houve aumento na fila de pedidos previdenciários”, explicou.

Estadão

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  1. Addad já ganhou o título de pior prefeito da história de São Paulo agora vai ganhar o título de pior ministro da economia do Brasil.
    Ele não desiste, ele vai conseguir, falta bem pouquinho

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