Informações da Tribuna do Norte:
O advogado Anderson Miguel da Silva, assassinado na tarde da quarta-feira passada, revelou na Justiça um esquema de agiotagem em que pediu emprestado R$ 100 mil ao advogado Gilberto Pires, que trabalhava no prédio onde ocorreu o crime. O acordo financeiro teria ocorrido para “saldar compromissos de ordem pessoal e empresarial” e foi encoberto sob forma de um contrato de compra e venda de um imóvel em Barra de Maxaranguape. A informação está contida no depoimento prestado por Anderson ao juiz Marco Antônio Mendes Ribeiro relatado no processo 0000006-91.2011.8.20.0162, da Vara Única da Comarca de Extremoz.
O objetivo do depoimento do advogado assassinado era reaver a casa localizada na rua João Francisco, nº 139, centro de Maxaranguape. O local foi concedido judicialmente a Gilberto de Souza Pires, que nega o esquema e diz que a quantia de R$ 100 mil foi realmente destinado a aquisição do imóvel.
No depoimento prestado à Justiça, Anderson Miguel diz que, juntamente com a então mulher Jane Alves, celebrou o contrato simulado de compra e venda, sendo tal condição foi aceita por todas as partes envolvidas.
“Entretanto, suscitou que nunca houve contrato de compra e venda celebrada entre os réus, eis que trata-se de um contrato simulado, com ciência de todos os envolvidos, visando mascarar a prática de ‘agiotagem’ que vem ocorrendo (…)”, ressaltava o juiz Mendes Ribeiro citando o depoimento de Anderson.
Apesar de ter pedido 100 mil, o casal alvo de uma série de investigações conseguiu R$ 32 mil de Gilberto Pires, sobre os quais seriam cobrados 10% ao mês. No processo, Anderson pede a reintegração da residência, que os juros fossem considerados abusivos e a dívida, quitada.
De acordo com informações contidas no depoimento de Anderson à Justiça, o imóvel já havia sido transferido para o enteado Dyogo Rodrigues de Oliveira, filho de Jane Alves. A decisão ocorreu como “forma de resguardar o patrimônio do casa, tendo em vista que o autor já tinha outra companheira, visando assim assegurar eventuais direitos dos cônjuges sobre os bens adquiridos durante o casamento”.
Investigação
Na tarde de ontem, o delegado geral da Polícia Civil, Fábio Rogério Silva, reiterou que todas as ligações da vítima serão investigadas. “Ele tinha muitos inimigos e cada um deles nos dá uma linha de investigação diferente. Estamos estudando os relacionamentos da vítima”, afirmou.
Gilberto Pires havia se mudado para o escritório da vítima no ano de 2005, ocupando quatro salas do local e por isso pagava cerca de R$ 4,5 mil por mês. Há menos de vinte dias, o advogado associado havia comprado o escritório pertencente a Anderson por R$ 500 mil.
A residência em Maxaranguape foi garantida à Gilberto, pois no entendimento dos magistrados, o advogado assassinado havia declarado ter recebido a quantia de R$ 100 mil relativa à compra do local. A transferência definitiva estava marcada inicialmente para ocorrer em 10 de agosto de 2010. A casa de 606 metros quadrados permaneceu sub judice entre dezembro e janeiro deste ano, tendo sido a transferência ratificada em 13 de janeiro de 2011.
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