Foto: Bruno Kelly / REUTERS
O candidato à presidência da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL) reagiu nesta segunda-feira às exonerações feitas por Rodrigo Maia (DEM-RJ) na estrutura da Casa. Como informou O GLOBO, servidores em cargos comissionados indicados por parlamentares do bloco de Lira foram demitidos. Maia apoia Baleia Rossi (MDB-SP) para eleição que ocorrerá em fevereiro. Segundo Lira, trata-se de um exemplo de “fisiologismo”.
— Isso não é Câmara livre. É uma troca clara de ideologia por espaço político, fisiologismo. Cabe à imprensa apurar. Não gosto de fazer essa política, não farei essa política, não farei essa crítica, as coisas acontecem naturalmente. Mas não acho normal que a 15 dias do fim do mandato de uma Mesa você esteja fazendo demissões ou contratações em massa — disse Lira.
Houve cerca de 20 exonerações e um número equivalente de nomeações registradas no boletim administrativo da Câmara dos Deputados desde o dia 20 de dezembro — desconsiderando as exonerações a pedido —, nem todas relacionadas a partidos específicos. O deputado do PP ironizou a slogan da campanha de Rossi.
— É claro que vocês estão vendo um movimento atípico de exonerações e nomeações de servidores a 15 dias do final de um mandato de uma Mesa. Eu pergunto: é normal? Alguma reforma administrativa? Foram os servidores que pediram demissão? Na verdade nós estamos recebendo relatos de deputados de pessoas ligadas que tiveram servidores demitidos sem nenhum tipo de notificação, remanejamento de cargos (…) Isso é o maior exemplo de uma Câmara livre. Então, é isso: você prega uma coisa e faz outra — acrescentou.
O deputado do PP criticou ainda o acordo entre PT e Rossi, que envolve posicionamento sobre pedidos de impeachment. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), cobrou publicamente o emedebista por uma declaração que deu sobre um eventual processo de impedimento de Jair Bolsonaro. Em entrevista à “Folha de S.Paulo”, Baleia Rossi disse que “não há nenhum compromisso, como muitos falam, de abertura de impeachment. É uma mentira.” Em resposta, Gleisi escreveu em rede social que “dar resposta a crimes do Executivo” faz parte do compromisso.
— Como é que você pode aceitar acordo que trata de impeachment? Não se brinca com democracia — questionou Lira. Ele ainda acrescentou: — O item 3.6 (do acordo) vai ser cumprido pelo Baleia (que trata da possibilidade de crimes de responsabilidade)? Ele achou um beco sem saída ali.
Antes de embarcar para o Tocantins, onde tem agenda de campanha, Lira participou de uma coletiva de imprensa em Brasília. Voltou a criticar a possibilidade de haver uma eleição virtual, mesmo que restrita aos parlamentares idosos, e atacou a realização do pleito no dia 2 de fevereiro. É comum que os parlamentares façam a escolha no dia 1º, apesar de ser possível transferi-la para o dia seguinte.
— Por que aventar a possibilidade de fazer a eleição no dia 2? Tudo bem, o regimento permite, a lei dá oportunidade. Mas vocês têm notícias de quando ocorreu no dia 2? Talvez no caso de domingo, feriado, ou alguma coisa. Mas dia 1º de fevereiro (deste ano) é segunda-feira. Por que o Senado vai fazer dia 1º e a Câmara dia 2? Essa também não pode ser uma questão monocrática, porque a Câmara não tem dono.
Lira diz que vem tentando ser ouvido por Maia e que fez até mesmo um pedido de reunião para que decisões administrativas relacionadas à eleição sejam discutidas. Até agora, no entanto, foi ignorado.
O Globo
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