Estamos a dois anos das eleições presidenciais, que são aquelas em que elegemos, entre outros, o governador do Rio Grande do Norte. Ainda nem terminamos o pleito desse ano, na qual elegemos vereadores e prefeito, mas já é fácil notar que o vice-governador Robinson Faria está muito bem encaminhado para conquistar seu maior sonho: o de se tornar governador do Rio Grande do Norte.
A governadora Rosalba Ciarlini está mal falada em todos os cantos, a exceção do seu reduto Mossoró. Ela é mal avaliada em Natal, na Grande Natal, na região do Agreste, na região Trairí, no Alto Oeste, no Médio Oeste, no Seridó, na região Central. Enfim, a desaprovação de sua gestão se dá em todos os cantos do Rio Grande do Norte. A imagem da governadora está tão desgastada que até candidatos a prefeito do próprio partido Democratas estão evitando chamá-la para participar de palanques. Politicamente, ela também é alvo de crítica até de aliados. Grandes e médias forças políticas, com e sem mandato, tem encontrado no governo Rosalba um verdadeiro governo de portas fechadas. Poucos são os prefeitos e vereadores que conseguem ser plenamente atendidos.
No plenário da Assembleia a boca miúda é critica por todos os lados.
Esse desgaste reflete bem o que foi a prefeita Micarla de Sousa nesses quatro últimos anos a frente da Prefeitura do Natal. A imagem que só fazia se desgastar e desgastar, fez com que a prefeita evitasse o vexame de ser humilhantemente derrotada nas urnas desse ano contando com o apoio apenas dos vereadores de seu partido. Lá se vão dois anos de gestão e a Rosa está seguindo os mesmos caminhos da Borboleta. O Carlos Eduardo Alves de hoje pode ser o Robinson Faria de amanhã, aliás, de daqui a dois anos. Alguém já notou como Robinson Faria anda viajando nessa campanha? Ele é o verdadeiro andarilho, está andando todo o estado, falando muito pouco. Das vezes em que fala, Robinson adota o discurso fácil: falar bem do partido que preside, falar bem de seus correligionários e falar mal da gestão desaprovadíssima de Rosalba. Rosalba pode terminar elegendo seu vice como próximo governador só por causa desse desgaste com os eleitores e com os políticos aliados.
Robinson vem, desde o surgimento do PSD, angariando aliados de todos os partidos. Como um bom minerador que tem a paciência de escolher a joia perfeita em uma mineração, Robinson vai escolhendo a dedo seus aliados. Fora dos quadros do seu partido, a primeira e mais forte aliada já foi, de cara, a ex-governadora Wilma de Faria, presidente estadual do PSB e candidata muito bem encaminhada a vice-prefeita de Natal. Wilma, claramente, não deve passar mais que dois anos como vice-prefeita de Natal. Agora, ela está ganhando holofote, visibilidade e agregando a imagem de vitoriosa à sua imagem para as próximas eleições onde pode ser candidata a deputada federal ou novamente a senadora. Tudo vai depender das conversas entre os partidos que vão acontecer no próximo ano. Mas todo esse esse cenário que vai se desenhando aos poucos projeta Robinson como candidato natural a governador em 2014.
Há também quem garanta que o jogo um pouco silencioso de Robinson é nada mais nada menos do que a espera do rompimento do ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, com a cúpula equipe da governadora. Mesmo Garibaldi sendo companheiro político de Rosalba, de José Agripino Maia (senador e presidente nacional do DEM) e de Carlos Augusto Rosado (considerado o verdadeiro secretário-chefe do Gabinete Civil), todos que convivem um pouco com a política sabem que essas amizades já não são como em outras épocas. Rosalba [leia-se: sua equipe] andou vetando projetos do filho do ministro, o deputado estadual Walter Alves, sem motivo; andou virando as costas para o ministro quando ele precisou; e anda escanteando muita gente graúda que nem pertence aos quadros do PMDB, mas que tem sua força dentro da legenda. Robinson pode estar, como uma cobra Naja, aguardando somente a hora do bote certo. Assim, seria PMDB e PSD juntos em um possível chapão com PT, PSB e vários outros. Se lembrem, na política nada é impossível.
Apesar de alguns desgastes e raivas que está tendo nessa eleição por causa de algumas candidaturas de seu partido pelo interior do Estado, Robinson está, em um contexto geral, tranquilo. O PSD, partido do qual é presidente estadual, está com 44 candidatos a prefeito, 34 a vice-prefeito e 600 a vereador para as eleições desse ano já confirmadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). É um partido novo, que, mesmo hipoteticamente sendo derrotado em mais da metade dos municípios em que disputa, já vai nascer grande. Afinal, são milhares de votos em jogo.
Apesar de ser extremamente ansioso e só pensar em política, Robinson não é menino. Não nasceu hoje. Ele entende muito bem da política mesmo. Inclusive, da velha política que envolve compromisso e dinheiro. Soube articular a eleição do seu filho Fábio Faria para deputado federal. Soube que jogou errado ao deixar Wilma de Faria para apoiar Rosalba Ciarlini.
Robinson Faria foi deputado estadual durante seis mandatos consecutivos, chegando a ser presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (AL/RN) entre 2003 a 2010. Há anos ele vive da política. Ele sabe jogar esse jogo que é um jogo de poucos vencedores, chamado política.
O jogo está aí pra ser jogado. Joga quem quer e observa quem tem um olhar atento. Silenciosamente, Robinson Faria vai caminhando em berço esplêndido rumo à Governadoria.
Tudo que estou falando pode não valer de nada em Janeiro de 2014, mas hoje é exatamente assim que as coisas caminham.
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