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‘Falta de privacidade mata mais que terrorismo’: o surpreendente alerta de professora de Oxford, sobre “controle de dados”

Foto: FRAN MONKS, via BBC News Brasil

Eles sabem praticamente tudo sobre você.

Antes mesmo de você sair da cama ou desligar o alarme do seu celular, muitas organizações já sabem a que horas você vai acordar, onde dormiu e até com quem.

E quando você acordar e pegar o celular, eles ainda saberão muitos mais detalhes particulares sobre você: pela música que você toca, eles vão deduzir, por exemplo, seu humor.

Até mesmo ligar a máquina de lavar ou fazer café pode revelar informações pessoais.

Seus gostos, seus hobbies, seus hábitos, seus relacionamentos, seus medos, seus problemas médicos…

Praticamente tudo o que fazemos é espionado e controlado por empresas que, por sua vez, compartilham todas essas informações pessoais entre si e com vários governos.

Não se trata apenas de venderem os seus dados pessoais, mas do imenso poder de influenciar que isso lhes confere.

Esses assuntos são abordados em Privacy is Power (ou Privacidade é poder), o livro que acaba de ser publicado no Reino Unido pela filósofa mexicana-espanhola Carissa Véliz, professora do Instituto de Ética e Inteligência Artificial da Universidade de Oxford.

Nascida no México em uma família espanhola que teve que deixar a Espanha após a Guerra Civil e encontrar refúgio naquele país, Véliz se interessou por privacidade quando começou a investigar a história de seus parentes em arquivos da Espanha.

“Fiquei pensando se eu tinha o direito de saber o que meus avós não me contaram sobre a Guerra Civil Espanhola”, explica Véliz.

Hoje ela é uma especialista em privacidade e no imenso poder que nossos dados pessoais conferem a empresas e governos.

BBC News Mundo – Por que a privacidade é importante?

Carissa Véliz – A privacidade é importante porque a falta dela dá aos outros imenso poder sobre nós. Quando outras pessoas sabem muito sobre nós, elas podem interferir em nossas vidas.

A privacidade nos protege de abusos de poder. Por exemplo, ele nos protege contra a discriminação. Se seu chefe não souber a religião que você segue, ele não poderá discriminá-lo.

A privacidade é como a venda que cobre os olhos da Justiça para que o sistema nos trate com igualdade e imparcialidade.

Neste momento, não somos tratados como iguais: não vemos o mesmo conteúdo online, não nos são oferecidas as mesmas oportunidades, muitas vezes não pagamos o mesmo preço pelos mesmos produtos — graças a algoritmos de sites da internet que usam nossos dados para nos oferecerem informações e produtos diferentes.

Se somos tratados de acordo com nossos dados (se somos mulheres ou homens, magros ou gordos, ricos ou pobres) não somos tratados como cidadãos iguais. Privacidade é poder.

Se continuarmos dando nossos dados a empresas, não devemos nos surpreender depois que os ricos serão quem escreve as regras de nossa sociedade. Se dermos aos governos nossos dados, não devemos depois nos surpreender que esses mesmos governos passem a nos controlar.

Para que a democracia seja forte, os cidadãos devem estar no controle dos dados. É por isso que a privacidade é uma preocupação política — e não apenas individual.

BBC News Mundo – Quais dos nossos dados são coletados por meio de dispositivos eletrônicos? Você pode nos dar alguns exemplos?

Véliz – Tudo que você pode imaginar e um pouco mais. Quem são seus amigos e familiares, onde você mora, onde trabalha, com quem dorme, se está sendo infiel ao seu parceiro, sua orientação sexual, suas opiniões políticas, que carro você tem, quanto dinheiro você ganha.

Também quanto gasta, se tem dívidas, se foi vítima ou autor de um crime, o que come, quanto bebe, se fuma, o que compra, se tem alguma doença, o que o preocupa, a que horas vai dormir e a que horas acorda, como você dirige, o que você procura na internet, o que chama sua atenção, qual é o seu humor.

Seu carro, por exemplo, se for ‘inteligente’, fica atento à música que você gosta e o assento mede até seu peso.

BBC News Mundo – E que uso é feito desses dados e por quem?

Véliz – Todas essas informações são vendidas a quem oferecer o lance mais alto. Os ‘data brokers’ compilam dossiês sobre os usuários da internet e os vendem.

BBC News Mundo – Quem os compra?

Véliz – Empresas de marketing, seguradoras, bancos, empregadores em potencial e até governos e, em alguns casos, criminosos que desejam roubar sua identidade.

BBC News Mundo – Que dano isso pode causar — que alguns de nossos dados pessoais sejam conhecidos por outros?

Véliz – Os danos podem ser tanto individuais (alguém roubando seu número de cartão de crédito e comprando algo com ele, ou alguém roubando sua identidade e cometendo crimes em seu nome), quanto danos coletivos (hackeando nossa democracia, como a empresa Cambridge Analytica tentou, enviando propaganda personalizada, incentivando algumas pessoas a votarem e desencorajando outras, ou enviando notícias falsas para confundir a população e gerar desconfiança).

Em casos extremos, a falta de privacidade mata: de suicídios por humilhação pública (como aconteceu no ano passado na Espanha) a regimes autoritários que usam dados pessoais para perseguir certos grupos (a China usa dados biométricos e pessoais para perseguir os uigures).

Durante a Segunda Guerra Mundial, por exemplo, os nazistas usaram registros públicos para procurar judeus.

Na França, onde o censo não coletou informações sobre religião por motivos de privacidade, eles encontraram e mataram apenas 25% da população judia.

Na Holanda, onde existiam registros muito detalhados de domicílio e religião, eles encontraram e assassinaram cerca de 75% da população judia. A diferença são centenas de milhares de pessoas.

Como essa informação não existia na França, os nazistas confiaram a tarefa de coletar dados sobre religião a René Carmille, Controlador Geral do Exército francês.

Carmille disse que usaria máquinas Hollerith, que funcionavam com cartões perfurados da IBM, para fazer um censo. O que os nazistas não sabiam é que Carmille era uma das pessoas mais importantes da Resistência Francesa.

Ele reprogramou as máquinas para que não perfurassem a coluna 11, onde os cidadãos indicavam sua religião. Ao não coletar essas informações, Carmille salvou centenas de milhares de vidas.

Vista dessa forma, a falta de privacidade (indiretamente) causou a morte de mais pessoas do que o terrorismo.

No meu livro, argumento que você deve pensar nos dados pessoais como se fossem uma substância tóxica, porque de certo modo é. Eles estão envenenando nossas vidas, como indivíduos e como sociedades.

Os dados pessoais devem ser regulamentados da mesma forma que regulamentamos outras substâncias tóxicas, como o amianto.

BBC News Mundo – As informações coletadas sobre nós podem ser usadas para discriminar algumas pessoas ou para outros fins perversos?

Véliz – Claro. Imagine que uma empresa deseja contratar alguém. Você tem dois candidatos que são igualmente competentes.

A empresa compra os dados de ambos os candidatos e percebe que um deles professa uma religião ou apoia um partido político contrário às crenças do chefe da empresa.

Ou você fica sabendo que um candidato tem um problema de saúde que pode ser sério no futuro, ou que tem filhos pequenos.

A empresa pode contratar o candidato que tem a religião certa, ou que apoia o partido político que eles apoiam, ou pode preferir o candidato mais saudável, ou o que não tenha família para distraí-lo.

Discriminação é ilegal, mas quem vai ficar sabendo? Você pode ter sido vítima de discriminação e nunca descobrir.

BBC News Mundo – Como sociedade, por que é importante mantermos nossa privacidade?

Véliz – Porque sem privacidade não há garantia de igualdade, nem justiça, nem liberdade, nem democracia. A vigilância em massa é incompatível com o Estado de Direito.

A arquitetura da vigilância é perfeita para cairmos em uma sociedade de controle ou com tendências autoritárias. A liberdade de pensamento não pode ser garantida quando tudo o que lemos está sendo observado.

A confidencialidade entre advogados e clientes, ou médicos e pacientes, não pode ser garantida quando tudo o que dizemos se transforma em dados que são coletados, analisados e vendidos.

A falta de privacidade ameaça nossa autonomia, nossa capacidade de governar a nós mesmos, como indivíduos e como cidadãos.

Como pode haver confiança entre os cidadãos, ou debates políticos saudáveis, se há atores estrangeiros querendo hackear nossa psicologia, usando dados sobre os nossos medos para incitar o conflito entre nós?

BBC News Mundo – Mark Zuckerberg, presidente e fundador do Facebook, declarou em 2010 que “a era da privacidade acabou”. É isso mesmo? Precisamos nos resignar ao fato de que empresas e governos sabem cada vez mais sobre nossa vida pessoal?

Véliz – Zuckerberg teve e ainda tem interesse financeiro no fato de as pessoas acreditarem que a privacidade é coisa do passado. Mas a privacidade é mais relevante do que nunca.

Tente pedir a um estranho que lhe forneça a senha de seu e-mail: ninguém vai dar isso a você. A privacidade não morreu. Pelo contrário. Este é apenas o começo da luta por nossa privacidade online.

O próprio Zuckerberg, percebendo que as pessoas estão cada vez mais preocupadas com sua privacidade, mudou o tom de sua publicidade e afirmou no ano passado que o futuro é privado.

Não, não devemos nos resignar. Devemos lutar por nossa privacidade, porque há muita coisa em jogo. Nossa forma de vida está em jogo. Nosso futuro e o futuro de nossos filhos.

Mesmo nas sociedades mais capitalistas, concordamos que certas coisas devem estar fora do mercado. Por exemplo, se colocarmos os votos à venda, corroemos a democracia. Se vendermos o resultado das partidas de futebol, arruinamos o esporte.

Temos que colocar nossos dados pessoais nessa lista de coisas que não deveriam estar à venda. Permitir que os urubus de dados lucrem aprendendo sobre nossas vulnerabilidades é escandaloso.

BBC News Mundo – Como você pode combater a perda de privacidade individualmente? Você pode nos dar alguns conselhos práticos?

Véliz – Pare de usar o Google; use DuckDuckGo. Pare de usar o WhatsApp; use Signal. Não forneça seus dados pessoais para quem não precisa deles.

Se uma empresa pedir seu e-mail e não precisar dele, dê um e-mail falso, assim como você daria um telefone falso para alguém inconveniente que não aceita “não” como resposta.

Não viole a privacidade de terceiros: não poste fotos ou mensagens de alguém sem seu consentimento, e não compartilhe nenhuma imagem ou vídeo que viole a privacidade de alguém.

Não seja um acessório para vigilância em massa. Evite comprar objetos que se conectam à internet se não for necessário.

Eletrodomésticos como máquinas de lavar e chaleiras funcionam melhor se não estiverem conectados à Internet e não puderem ser hackeados.

Informe-se mais sobre o assunto privacidade. Leia sobre isso, e comente. Exija que as empresas e seus representantes políticos protejam a sua privacidade.

BBC News Mundo – Ter privacidade é um direito? E se for, quem deve garantir e proteger esse direito?

Véliz – Sim, a privacidade é um direito humano, é um direito tanto legal como moral.

É dever dos governos e dos cidadãos proteger esse direito, assim como o seu direito à vida é protegido tanto pelo Estado quanto pelas pessoas ao seu redor.

BBC News Mundo – E por que o direito à privacidade não é protegido?

Véliz – A privacidade não está sendo suficientemente protegida por razões financeiras, porque a venda de dados é lucrativa. É por isso que eu argumento em meu livro, “Privacidade é poder”, que nós temos que acabar com a economia de dados.

Enquanto os dados forem lucrativos, haverá abusos. Algumas pessoas podem pensar que é radical fazer uma chamada para encerrar a economia de dados.

Mas o radical é ter um modelo de negócios que dependa da violação massiva e sistemática de nossos direitos.

BBC News Mundo – Há quem diga que não se preocupa que empresas e governos tenham acesso aos seus dados privados e pessoais, que elas não têm nada a esconder. O que diria a essas pessoas?

Véliz – Diria que você tem muito a esconder e a temer, a menos que seja um exibicionista com desejos masoquistas de sofrer roubo de identidade, discriminação, desemprego, humilhação pública e totalitarismo, entre outros riscos possíveis.

Outra coisa é que você não sabe o que tem a esconder. Você pode ter uma doença que ainda não se manifestou, mas que, quando os abutres de dados descobrirem (e eles podem descobrir antes de você), eles usarão isso contra você.

Um problema com a privacidade é que muitas vezes não percebemos como ela é importante até que a perdemos e sofremos as consequências. E então é tarde demais.

BBC News Mundo – Que implicações éticas existem por trás da perda de privacidade que sofremos?

Véliz – Muitas. Talvez a mais importante seja que Estados e empresas de comércio de dados estão apoiando um sistema econômico profundamente imoral, porque ele depende da violação sistemática de nosso direito à privacidade.

BBC News Mundo – Alguém pode fazer uso político de nossos dados pessoais? A falta de privacidade pode ser uma ameaça à democracia?

Véliz – Sem dúvida. Já aconteceu com Cambridge Analytica, que interferiu no referendo do Brexit e nas eleições americanas em que Trump ganhou.

A empresa usou dados pessoais para tentar convencer os cidadãos que votariam em Hillary Clinton de que votar não valia a pena, por exemplo. O conteúdo personalizado é tóxico e deve ser banido.

Ninguém tem acesso direto à realidade: sabemos (ou pensamos saber) o que está acontecendo no mundo por meio de nossas telas. Se a informação que uma pessoa recebe é diametralmente diferente daquela de seu vizinho, não há como se entender e ter uma discussão racional.

Cada um vai pensar que o outro é louco. Mas não somos loucos, estamos simplesmente sendo expostos a imagens do mundo tão diferentes que não são compatíveis.

Quando o conteúdo que vemos é individual, a esfera pública se fragmenta em realidades individuais, guetos informativos.

BBC News Mundo – Ainda estamos a tempo de recuperar nossa privacidade?

Véliz – Estamos na hora certa. Podemos proibir a economia de dados, forçar os abutres de dados a apagar nossas informações confidenciais, impor deveres fiduciários a qualquer pessoa que manipule nossos dados (de tal forma que os nossos dados só possam ser usados por nós e nunca contra nós, exatamente como acontece com os médicos, que só podem usar o que sabem para nos beneficiar e nunca para nos prejudicar), melhorar nossos padrões de segurança cibernética e muito mais.

Estamos passando por um processo de civilização semelhante ao que passamos no contexto pré-digital. Conseguimos transformar o Velho Oeste em um lugar habitável.

Graças à regulamentação, podemos confiar que os alimentos vendidos no supermercado são (relativamente) comestíveis, que os carros que dirigimos são (relativamente) seguros e que a água que bebemos é suficientemente limpa.

No futuro, teremos imposto as medidas adequadas para confiar que podemos usar a tecnologia sem que ela nos use. Algo importante a ter em mente é que a tecnologia pode funcionar perfeitamente bem sem a necessidade se negociar com nossos dados.

A venda de dados é apenas um modelo de negócios. Podemos financiar tecnologia de outras maneiras.

BBC News Mundo – Por que você se interessou pelo tópico de privacidade?

Véliz – Meu interesse pela privacidade começou como um assunto pessoal. Eu estava pesquisando a história da minha família nos arquivos da guerra civil na Espanha.

Descobrir certas coisas que não sabia sobre meus avós me fez pensar se eu tinha o direito de saber o que eles não me contaram e se tinha o direito de escrever sobre isso.

Filósofa, busquei respostas em minha disciplina, mas elas não me satisfizeram.

Naquele mesmo verão, quando visitei os arquivos com minha mãe, (Edward) Snowden revelou que o mundo inteiro estava sendo monitorado eletronicamente por agências de inteligência. Isso me chocou. Então comecei a investigar a privacidade com mais seriedade.

Acabei escrevendo minha tese de doutorado na Universidade de Oxford sobre ética e política de privacidade. Quanto mais eu leio sobre isso, mais o estado de nossa privacidade me preocupa.

Quanto mais eu leio história, mais percebo que a economia de dados é uma loucura absoluta, que é extremamente perigoso ter tantos dados populacionais mal protegidos.

Vender para quem quiser comprar é colocar a população em risco constante. Os dados pessoais frequentemente acabam sendo abusados, mais cedo ou mais tarde.

Eles são uma bomba-relógio.

Época, via BBC

 

Opinião dos leitores

  1. Infelizmente e principalmente no Brasil essa economia de dados só tende a aumentar, pois os governantes brasileiros só pensam em dinheiro, nunca, jamais no bem estar da população. Em todos os negócios o que vem em primeiro lugar é o lucro, a propina, o roubo, se pessoas vão sofre ou morrer, não interessa.

  2. Não deviam confundir falta de privacidade com encobertar falcatruas, desmandos, transgressão da lei, essas não poderiam ter privacidade alguma, só assim a sociedade se privava de bandidos corruptos e criminosos psicopatas.

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RN

Prefeito Antônio Henrique solicita novas linhas de transporte intermunicipal para Ceará-Mirim

Foto: Ceará-Mirim Notícias

O prefeito Antônio Henrique solicitou, nesta segunda-feira (12), ao Governo do Estado a criação de quatro novas linhas de transporte intermunicipal para atender Ceará-Mirim e região metropolitana. As rotas propostas são:

• Barra de Maxaranguape – Muriú – Jacumã – Pitangui – Extremoz – Natal
• Projeto Santa Águida – Lagoa do Cosmo – Gravatá – Massangana – Vila de Fátima – Extremoz
• Nova Ceará-Mirim – Santa Paula – Barretão – Planalto – Massaranduba – São Gonçalo – Natal
• Rodoviária e Centro de Ceará-Mirim – Baixo Vale – Extremoz

“Transporte é um direito e precisa ser tratado como prioridade. O povo não pode mais esperar”, destacou o prefeito.

Também participaram da reunião os prefeitos Emídio Júnior (Macaíba), Jussara Sales (Extremoz) e o presidente da FEMURN, Baba.

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Geral

Trump consegue aos poucos o que quer

Foto: Gage Skidmore (via Flickr)

O presidente dos EUA, Donald Trump (Partido Republicano) aos poucos consegue o que quer: cobrar taxas maiores dos produtos que vêm de outros países e conseguir que os mesmos países cobrem taxas menores que as anteriores para produtos norte-americanos.

Nesta 2ª feira (12.mai.2025), os EUA e a China anunciaram um acerto provisório com a China, com a duração de 90 dias. Leia a íntegra da declaração conjunta traduzida (PDF – 44 KB). Na 5ª feira (8.mai), Trump apresentou um acordo comercial com o Reino Unido.

Pouco importa se as tarifas vão ficar abaixo do que foi imposto inicialmente pelos EUA em 2 de abril. O que o republicano procura mostrar é que fará pelo país o que sempre buscou para seus negócios: conseguir pagar menos e cobrar mais.

A estratégia de Trump é quase infantil. Ele a usa há décadas: “Make threats, strike deals, always declare victory” (faça ameaças, negocie, sempre se declare vitorioso).

Na vida real, nem tudo é tão simples. Outras variáveis econômicas podem ser afetadas. Essa é uma discussão mais sofisticada. Só que Trump e parte de seus eleitores dão pouca importância a essas complexidades.

Se o crescimento econômico desacelerar significativamente e o desemprego aumentar, haverá consequências negativas na política dos EUA. Mas qualquer resultado que não seja claramente prejudicial será apresentado como  parte do fortalecimento dos EUA e da tendência de melhora no longo prazo tudo será melhor.

DETERIORAÇÃO DO MULTILATERALISMO

Há quem avalie que os países erram ao aceitar as condições de Trump, como esta análise do Financial Times (para assinantes) sobre o acordo com o Reino Unido, por considerar que haverá deterioração do multilateralismo e da economia global. Mas o fato é que a deterioração das negociações multilaterais já está em curso há muito tempo. É um pouco romântico esperar que isso se reverta no curto prazo. O multilateralismo está em processo de esvaziamento. Trump só acelera a a marcha. Busca tirar o melhor disso e demonstrar vitória.

Poder 360

 

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Geral

Lula leva 220 pessoas à Ásia e gasta mais de R$ 4 milhões

foto:Ricardo Stuckert

Em março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajou ao Japão e ao Vietnã, levando pelo menos 220 pessoas consigo. Conforme dados disponíveis em documentos publicados no Diário Oficial da União , ordens bancárias e registros do Senado, essa viagem gerou despesas superiores da R$ 4,54 milhões.

O custo pode ter sido ainda maior, considerando que parte dos dados segue indisponível. Classificada como missão oficial, parlamentares, servidores do Executivo, militares e integrantes do entorno da primeira-dama Janja Silva acompanharam o presidente.

Mesmo sem a divulgação da lista dos integrantes no Painel de Viagens e no Portal da Transparência, essa é considerada a maior comitiva presidencial feita pela atual gestão. A Secretaria de Comunicação da Presidência da Presidência também se negou a divulgar o número total de viajantes e custos agregados.

Nesse caso, a pasta afirmou que as listas das comitivas técnicas e de apoio são classificadas como “reservadas”, ou seja, podem ficar em sigilo por até cinco anos. Entretanto, os meios de comunicação identificaram 72 membros ligados ao Planalto.

Além disso, entre os viajantes estão parlamentares e deputados como o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira; de Minas e Energia, Alexandre Silveira; e de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, (União-AP), também participou da missão oficial.

Janja viajou antes da Lula

A primeira-dama, Janja Silva, viajou antes do presidente Lula em um voo da FAB. Ela retornou ao Brasil em classe executiva no trecho entre Paris e São Paulo, totalizando um custo total de R$ 60 mil em deslocamentos, segundo o Painel de Viagens.

Em entrevista, ela justificou que a ida antecipada foi para “economizar passagem aérea”. Ela se hospedou na residência do embaixador brasileiro em Tóquio.

Já o grupo que prepara a chegada do presidente, Escav, contou com 112 integrantes, entre eles militares, membros do GSI e diplomatas. O fotógrafo pessoal de Lula, Ricardo Stuckert, integrantes do gabinete informal de Janja e a infectologista Ana Helena Germoglio, que atende o presidente, também estavam nessa comitiva.

Os voos da FAB fizeram escala no Alasca, onde hospedagens e deslocamentos em Anchorage também geraram custos. Os pernoites no hotel Crowne Plaza totalizaram R$ 77,9 mil, enquanto o aluguel de veículos com motorista custou R$ 397, 8 mil, pagos à empresa BAC Transportation LLC.

Autoridades do governo foram os que mais gastaram

Algumas autoridades do Governo Lula estão entre as pessoas que mais geraram despesa. Um deles é o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Márcio Elias Rosa, com R$ 112,2 mil em passagens e diárias.

O ex-ministro das Comunicações, deputado Juscelino Filho (União-MA) aparece logo em seguida, com R$ 99,6 mil. Essa foi a última missão oficial dele antes de pedir demissão. O parlamentar pediu para deixar a Esplanada após denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por desvio de emendas parlamentares.

Ele levou dois assessores ao Japão, gerando custo adicional de R$ 106, 9 mil.

GP1

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Polícia

VÍDEO: Casal é vítima de tentativa de duplo homicídio no RN

Um homem foi morto a tiros e uma mulher ficou ferida dentro de um carro na av. Olavo Lacerda Montenegro, sentido av. Maria Lacerda, no bairro de Nova Parnamirim.

Testemunhas ouviram disparos e acionaram a polícia.

A mulher, baleada, foi socorrida com vida.

A Polícia Civil investiga a tentativa de duplo homicídio para descobrir autoria e motivação.

Devido ao ocorrido, grande engarrafamento foi ocasionado na via, impedindo a fluidez do trânsito.

Veja o vídeo:

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Blog do BG

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Política

Fátima afirma que candidatura dela ao Senado é “desejo de Lula” e deixará governo em 2026

Foto: Sinsp/RN

A governadora Fátima Bezerra (PT) confirmou que vai deixar o Governo do RN em 2026, para disputar o Senado Federal. Segundo ela, a renúncia foi um desejo do presidente Lula.

A declaração foi dada ao programa Panorama 95, apresentado pelo jornalista Marcos Dantas, uma das referências do jornalismo no Rio Grande do Norte.

Fátima ainda destacou que conversou com Walter Alves (MDB) e que o vice vai assumir o Governo, mas não disputará a eleição. Com isso, ela confirmou também que Carlos Eduardo Xavier, atual secretário da Fazenda, será o candidato do PT ao Governo. A notícia é do Portal 96.

Sobre aliança, a governadora citou que o PT vai ter algumas alianças para o pleito, dentre elas, a do MDB do vice-governador. “O deputado Ezequiel, que é uma liderança muito importante, já colocou que a prioridade dele não é o governo. E que vê o nome de Cadu com muitas credenciais para disputar o Governo”, acrescentou.

Grande Ponto

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Brasil

VÍDEO: “Mãe” de bebê reborn estaciona em vaga para gestantes e gera confusão

Uma mulher causou polêmica em Mato Grosso do Sul ao estacionar em uma vaga reservada para gestantes, alegando ser “mãe” de um bebê reborn — boneca realista que simula um recém-nascido.

Vídeos do incidente viralizaram nas redes sociais, gerando debates sobre o uso indevido de vagas preferenciais. Especialistas esclarecem que, embora não exista legislação federal específica para vagas de gestantes, muitos estabelecimentos oferecem essas vagas por iniciativa própria.

Mas, o uso indevido dessas vagas por pessoas que não se enquadram nas categorias previstas pode gerar discussões e constrangimentos.

 

Blog do BG

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Geral

Gemini: empreendimento inovador da Constel chega para quem busca viver o extraordinário

Localizado na privilegiada esquina das avenidas Lima e Silva com Potiguares, em Lagoa Nova, o Gemini — novo empreendimento residencial da Constel na capital potiguar — chega para quem busca um novo estilo de vida, reunindo sofisticação, conforto, infraestrutura inovadora e excelência das unidades às áreas comuns.

Com duas torres, o Gemini oferece experiências únicas no dia a dia dos moradores, como por exemplo as coberturas das duas torres que abrigam espaços exclusivos como lounge sky, rooftop sky, fitness e o fitzone equipados e todos eles com uma vista panorâmica da cidade que é de tirar o fôlego. Os ambientes são de uso comum dos futuros moradores, democratizando o privilégio para todos.

As plantas sempre com 3 suítes vão de 93,01 m² a 133,60 m² e entre os destaques estão piscinas adulto e infantil aquecidas e salinizadas, elegante pool house, spa com deck molhado e espaço gourmet ideal para confraternizações. Cada torre conta ainda com um salão de festas, proporcionando comodidade e privacidade.

Para os momentos de lazer ao ar livre, os moradores contam com quadra recreativa, minicampo gramado, playground, espaço kids, espaço teens e pet place. Já para o dia a dia, o projeto inclui facilidades como delivery room, self market, sala de estudos, sala de reuniões e um exclusivo espaço youtuber, pensado para a nova geração de criadores de conteúdo.

O empreendimento oferece ainda um beauty space unissex para quem desejar cuidar da beleza no próprio condomínio com seus profissionais de confiança, além de vagas para carros elétricos, bicicletário e guarita com eclusa que reforça a segurança e o controle de acesso.

O Gemini é o lançamento para quem busca uma vida imersa na excelência da modernidade e bem-estar, com a comodidade de estar em uma localização estratégica.

Mais informações: 

https://constelempreendimentos.com.br/empreendimentos/gemini/

(84) 98112-3578

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Geral

Paroquianos lançam campanha para reforma da igreja de Nossa Senhora de Lourdes


Um grupo de empreendedores, fieis paroquianos da Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes, criaram uma comissão com o objetivo de colaborar com o projeto de melhorias estruturais e estéticas na igreja.

O projeto contempla:

• Climatização do ambiente
• Melhoria da acústica
• Melhorias do sistema de som
• Reforma dos altares
• Pintura interna e externa.

O valor estimado para execução completa da obra é de R$ 460.000,00.

Para alcançar o objetivo, a paróquia conta com a colaboração dos paroquianos e de todos que reconhecem a importância da evangelização da igreja para a comunidade.

As doações serão realizadas para a conta da paróquia.
Pix: [email protected]

 

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Geral

VÍDEO: show de Oruam termina em tiros e banho de sangue com dois mortos

Um festival de música ocorrido em Olinda, na Região Metropolitana do Recife, na madrugada desse domingo (11/5), terminou em tragédia. Dois homens foram baleados na cabeça na saída de um festival que contou com shows dos cantores Hariel, Oruam, MC Cabelinho e Orochi.

Segundo a Polícia Militar (PM), as duas vítimas, identificadas como João Victor Nogueira da Silva, de 24 anos, e Dorival Francisco Luz Neto, 21, foram levadas para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da Tabajara, em Olinda, mas não resistiram aos ferimentos e tiveram os óbitos declarados pela equipe médica.

Relatos de testemunhas apontaram que os dois amigos estavam saindo do festival quando teriam sido surpreendidos por dois assaltantes. A Polícia Civil de Pernambuco investiga o caso como duplo homicídio.

Briga generalizada

Além das mortes, informações apontam que brigas e agressões envolvendo multidões foram registradas no local.

Conhecido como Marcão, o influenciador Marcos Paulo postou, em seu perfil, no qual acumula mais de 1 milhão de seguidores, fotos exibindo cortes e ferimentos na cabeça e no rosto sofridos em um episódio de violência ocorrido após o festival.

Nas redes, ele afirmou ter sido agredido por mais de 20 homens e contou que acabou desmaiando enquanto era agredido.

“Posso dizer a vocês que eu sou um milagre. Eu tive mais uma oportunidade aí dada por Deus. Porque o que eu passei ali, velho, de verdade, eu não sei como eu estou aqui falando com vocês”, declarou em um vídeo.

Metrópoles

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Economia

Correios culpa “taxa das blusinhas” por prejuízo bilionário em 2024

Foto: Oscar Wong/GettyImages

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos atribui o prejuízo bilionário registrado em 2024 à chamada “taxa das blusinhas”, que diz ter sido “uma demanda do varejo nacional que teve impacto positivo para o setor, mas negativo para os Correios”.

O resultado financeiro, com um rombo de R$ 2,6 bilhões, foi divulgado na edição da última sexta-feira (9/5) do Diário Oficial da União (DOU). O prejuízo foi quatro vezes maior que o de 2023, quando foi registrado um rombo de R$ 597 milhões.

Em nota (leia a íntegra abaixo), a empresa disse enfrentar um “legado de sucateamento com investimentos e modernização” e frisou que, mesmo com o prejuízo, foram investidos R$ 830 milhões no último ano, renovando frota, modernizando a infraestrutura e ampliando sua capacidade tecnológica.

Medidas para conter gastos

Nesta segunda-feira (12/5), a empresa anunciou aos empregados um conjunto de medidas para conter gastos. No documento, os Correios reforçam que o desempenho do ano passado “é reflexo, principalmente, da queda nas receitas com encomendas internacionais – impactadas por mudanças no mercado – e do aumento nas despesas da empresa, com destaque para precatórios e contingências judiciais”.

A empresa presidida por Fabiano Silva dos Santos estima que o plano de redução de despesas gere economia de até R$ 1,5 bilhão em 2025.

Além disso, os Correios firmaram parceria com o New Development Bank (NDB) para captar R$ 3,8 bilhões em investimentos. O processo está em andamento.

Nota dos Correios sobre resultado financeiro de 2024:

Os Correios enfrentam legado de sucateamento com investimentos e modernização

Diante de críticas ao resultado financeiro de 2024, os Correios reafirmam seu compromisso com a recuperação econômica e a modernização da empresa. Após anos de abandono e sucateamento, a estatal iniciou uma ampla agenda de transformação, com foco em eficiência, sustentabilidade e inovação. Os resultados positivos que nos antecederam decorreram, principalmente, da retirada de direitos dos trabalhadores – o que gerou um passivo judicial sem precedentes para a atual gestão.

Mesmo com o cenário adverso – marcado por queda nas receitas internacionais e aumento de despesas judiciais herdadas de gestões anteriores – os Correios investiram R$ 830 milhões no último ano, renovando frota, modernizando a infraestrutura e ampliando sua capacidade tecnológica.

A frustração de receita observada em 2024 decorre exclusivamente dos efeitos do novo marco regulatório das compras internacionais — uma demanda do varejo nacional que teve impacto positivo para o setor, mas negativo para os Correios.

Como resposta, a empresa lançou um plano robusto de redução de despesas, com expectativa de economia de até R$ 1,5 bilhão em 2025. Entre outras medidas, estão o lançamento de um marketplace próprio e a ampliação do market share internacional.

Além disso, os Correios firmaram parceria com o New Development Bank (NDB) para captar R$ 3,8 bilhões em investimentos. O processo está em andamento.

A estatal reafirma seu papel como braço logístico do Estado, presente em mais de 5 mil municípios e essencial em momentos críticos, como o apoio à população do Rio Grande do Sul. Os Correios seguem focados em garantir sua sustentabilidade, sem abrir mão de sua missão pública de integrar o Brasil.

Metrópoles

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