A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um novo alerta sobre a “epidemia” de cesarianas que assola o mundo e chamou atenção para o Brasil, que é campeão na prática. De acordo com a entidade, a taxa considerada ideal para a recorrência destas cirurgias é 10% e 15% dos partos. Mas, como já mostrado em reportagens anteriores publicadas pelo GLOBO, se a cesariana era uma opção restrita a 14,5% do total de partos, em 1970, passou para 52%, em 2010, no Brasil. Na rede privada, o número é ainda mais impressionante: 88% dos brasileiros nascem por cesáreas
Segundo a OMS, a cesariana é uma das cirurgias mais comuns no mundo, com taxas que continuam a aumentar, particularmente em países de renda alta e média. Embora ele possa salvar vidas, é muitas vezes realizada sem necessidade médica, expondo as mulheres e seus bebês a riscos de saúde a curto e longo prazo. A nova declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS) ressalta a importância de se concentrar nas necessidades do paciente, em uma base caso a caso.
Para entidade, a cesariana pode ser necessária quando o parto natural possa representar um risco para a mãe ou o bebê. É o caso do trabalho de parto prolongado, sofrimento fetal ou quando o bebê está numa posição anormal. No entanto, as cesarianas podem causar complicações significativas, invalidez ou morte, principalmente em localidades que não dispõem de facilidades para realizar cirurgias seguras ou tratar complicações potenciais.
Novos estudos mostram que, quando as taxas de cesariana chegam a até 10% em toda a população, o número de mortes maternas e neonatais diminui. Mas quando a taxa é maior, não há evidências se as taxas de mortalidade melhoram
– Estas conclusões destacam o valor da cesariana para salvar a vida das mães e recém-nascidos – diz a diretora do Departamento de Saúde Reprodutiva e Pesquisa da OMS, Marleen Temmerman. – Eles também ilustram o quanto é importante garantir que cesariana seja fornecida para as mulheres em necessidade – e não apenas se concentrar em alcançar qualquer taxa específica.
A OMS também destacou que, devido ao seu custo elevado, altas taxas de cesarianas desnecessárias podem consumir recursos de outros serviços nos sistemas de saúde, os quais já podem estar sobrecarregados e fracos.
O Globo
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