Política

Pesquisa exclusiva: maioria apoia políticas conservadoras de Bolsonaro, destaca Veja

Foto: Alan Santo/PR

Reconhecido como um dos maiores gênios políticos da história, Winston Churchill mantinha o bom humor mesmo sob pressão e, entre outras tiradas antológicas, costumava dizer que nunca se deve deixar uma boa crise ser desperdiçada. Sua sentença ensina que, nos momentos de enorme turbulência, se abrem oportunidades preciosas para tentar a resolução de problemas graves. No caso do Brasil, infelizmente, Jair Bolsonaro tem feito uso literal da frase de Churchill. O presidente parece agir acreditando que uma crise é sempre uma boa chance para produzir uma crise ainda maior. Assim ocorreu nos últimos dias, quando uma tempestade perfeita começou a se formar na direção do país, com a fraca recuperação econômica correndo o risco de ser atropelada pelas crises do petróleo e do coronavírus (veja as reportagens nas págs. 56 e 58). Bolsonaro preferiu, mais uma vez, apagar o fogo com gasolina.

Exemplo maior disso foi seu comportamento errático em relação à convocação das manifestações de 15 março contra o Congresso. Entre o embarque e os compromissos de uma viagem a Miami, onde se reuniu com Donald Trump (de quem, aliás, o capitão imita o estilo disparatado e o radicalismo de direita), o presidente, depois de já haver recuado sobre o endosso aos protestos pelas críticas que recebeu ao compartilhar um vídeo agressivo contra o Parlamento, voltou a apoiar o movimento organizado por grupos que gravitam ao redor do núcleo duro do bolsonarismo. Para não haver dúvidas sobre o endosso oficial aos atos que estavam programados em mais de 100 cidades, a Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto reforçou a convocação na última terça, 10, via Twitter. O ministro da Justiça, Sergio Moro, também aplaudiu a ideia, chamando-a de “festa da democracia”.

Tal festa, no entanto, dividiria o país justo no momento em que o Brasil precisa de união para enfrentar um ano que promete ser dos mais difíceis (grupos de esquerda revidaram, chamando uma série de pas­sea­tas de protestos contra o governo). O apoio do presidente a uma grande manifestação também se chocava com o comportamento de governantes de vários outros países, que têm proibido aglomerações como medida de combate ao novo vírus. Na última quarta, 11, por pressões políticas, Bolsonaro fez um novo movimento de recuo com relação ao seu apoio aos atos. Na noite do dia seguinte, finalmente chancelou oficialmente a atitude mais sensata, pedindo em uma live e em cadeia nacional a seus seguidores que adiem as manifestações.

Em meio a essas idas e vindas em relação aos protestos, o presidente foi surpreendido pela suspeita de que havia contraído o coronavírus. Foi uma grande ironia. Antes disso, ele havia declarado que a pandemia “não é isso tudo” e, mais uma vez, aproveitou a ocasião para criticar a imprensa, que, na sua opinião, estava exagerando na cobertura do problema. Na última quinta, conforme revelou o site de VEJA, o presidente aguardava o resultado do teste para a doença, feito depois que o secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, foi contaminado. Bolsonaro esteve com ele na viagem recente aos Estados Unidos.

O Congresso e seus líderes estavam entre os principais alvos dos manifestantes do 15 de março (pixulecos de personalidades como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, eram preparados para “estrelar” os eventos). Segundo uma recente pesquisa exclusiva encomendada por VEJA ao instituto FSB, o prestígio dos parlamentares encontra-se na lona. O levantamento mostra que apenas 11% dos brasileiros classificam como “ótimo” ou “bom” o trabalho de deputados e senadores. A maioria, 44%, diz que o desempenho está entre péssimo e ruim. Esse mesmo estudo VEJA/FSB revela que, além das críticas ao Congresso, o presidente está em sintonia com boa parte dos eleitores nas chamadas “pautas conservadoras”. Detalhe importante: isso não se restringe apenas a quem votou no capitão nas eleições de 2018. O levantamento foi feito no mês passado, por telefone, com 2 000 eleitores de mais de 16 anos, nas 27 unidades da federação. Os resultados apontam alta rejeição de questões comportamentais como a união civil entre gays e a possibilidade de a mulher decidir sobre um aborto. Por outro lado, encontram aceitação na sociedade políticas pensadas pelo governo Bolsonaro que parecem datadas do século passado, como a militarização das escolas, o poder de veto do governo a determinados temas em projetos culturais financiados com dinheiro público e a campanha de abstinência sexual entre adolescentes como forma de evitar a gravidez precoce. “Essas questões estavam fora da pauta das manifestações do 15 de março, mas recebem nosso apoio integral”, afirma Edson Salomão, um dos líderes do Movimento Conservador, grupo que engordará o evento pró-governo.

Entre todos os temas abordados na pesquisa, o conservadorismo aflora mais na questão da descriminalização das drogas. Nada menos que 62% dos brasileiros rejeitam liberar o consumo, embora a maioria concorde com a autorização para o uso medicinal da maconha. “Nosso presente está cheio de passado”, afirma a historiadora Lilia Schwarcz, da Universidade de São Paulo. “É preciso considerar que nós sempre fomos conservadores, são dados estruturais. Não tem a ver apenas com pessoas que elegeram Bolsonaro, mas com o perfil da população. O conservadorismo é um traço do brasileiro.” Nos anos 60, por exemplo, Jânio Quadros foi eleito com votação expressiva graças a um discurso moralizador em que usou uma vassoura como símbolo de que varreria a corrupção. Uma vez empossado, ficou mais conhecido pela série de medidas esdrúxulas que adotou, como a proibição de rinhas de galo, de corridas de cavalo e do uso de biquíni em praias.

A “cara” da onda conservadora atual tem algumas diferenças e peculiaridades. “O fenômeno aflorou no período mais recente, mas isso não significa que não estivesse no submundo da sociedade nem que não estivesse se organizando há muito tempo. Basta ter como referência que as marchas para Jesus reúnem milhares de pessoas todos os anos”, afirma Eduardo Grin, professor da FGV. Bolsonaro conseguiu vocalizar esse sentimento e foi eleito em um cenário de profundo descrédito das instituições democráticas e da elite política. Criou-se em torno do então candidato a imagem de que ele era um “mito”, uma alternativa a “tudo que está aí”. Fato é que, decorrido mais de um ano desde a sua posse, os índices de rejeição ao establishment não se alteraram. Na visão de Heloisa Starling, professora da Universidade Federal de Minas Gerais, quanto mais esgarçados são os pontos que fazem a sociedade confiar no campo público, mais fortes se tornam os bolsões privados, como a família e a religião. “Não há referência no mundo público, então a referência é a família. Se eu perco a família, qual é a minha referência num país de coisas tão instáveis?” Não por acaso, “família” é uma das palavras mais citadas por Bolsonaro em seus discursos.

O aumento da população evangélica também se explica dentro desse cenário de desamparo. O último levantamento feito pelo Datafolha mostra que os evangélicos superarão os católicos em 2032. “Eles crescem porque prometem a resolução de problemas o tempo todo”, diz Maria das Dores Campos Machado, especialista em sociologia da religião. Outro componente novo no conservadorismo brasileiro é a questão da segurança. “Bolsonaro surfa nesse tema porque as esquerdas se negam a entrar na discussão com ideias claras”, diz Lilia Schwarcz.

Se encontram eco na sociedade, as propostas de cunho conservador fazem espuma no Congresso. Esperava-se que, com a ascensão de Bolsonaro, a pauta do Legislativo fosse inundada de propostas voltadas para o campo moral, mas projetos como a implementação da Escola sem Partido travaram em comissões da Câmara por falta de apoio parlamentar. Formar uma base no Congresso, aliás, algo que é uma das tarefas básicas de um presidente, tem sido um dos muitos pontos negligentes criados pelo atual governo. Em vez disso, Bolsonaro prefere a política do confronto com deputados e senadores, como se viu na forma de seu apoio aos atos do dia 15 e nos ataques a outras instituições, como o STF e, mais recentemente, o TSE — o mesmo tribunal que avalizou sua vitória em 2018 foi posto por ele em dúvida nos últimos dias, com a declaração estapafúrdia e sem provas de que teria havido fraude nas eleições.

Grande parte da agenda do capitão é concentrada em ações diversionistas e populistas, sempre com o objetivo de manter os apoiadores unidos pela causa bolsonarista, em uma campanha eleitoral prematura e permanente para 2022, com enorme energia gasta em confusões de todos os tipos e prejuízos claros aos temas urgentes. Não bastassem as altas taxas de desemprego persistentes e o crescimento econômico pífio, há agora pela frente desafios como o de uma grande encrenca mundial de saúde pública batendo às portas do país. Bolsonaro personificou com sucesso o antipetismo e, como mostra a pesquisa VEJA/FSB, ganhou pontos também por defender ideias e valores que coincidem com os da média da população brasileira. Mas esse capital político dificilmente resistirá caso ele não deixe de lado as lutas desnecessárias e se concentre em governar o país, portando-se à altura do cargo que conquistou democraticamente. Como dizia Churchill, é no enfrentamento das crises que um verdadeiro líder precisa encontrar soluções. Mais do que um conservador de plantão, o Brasil precisa de um presidente.

Veja

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Geral

Governo ameaça ir ao STF se avançar aposentadoria especial para agentes de saúde

Foto: Washington Costa/MF

O ministro interino da Fazenda, Dario Durigan, afirmou nesta segunda-feira (24) que o governo Lula pode recorrer ao STF caso avance no Congresso o projeto de lei complementar 185/2024, que cria aposentadoria especial para agentes comunitários de saúde e de combate a endemias. A proposta, pautada por Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), deve ser votada no Senado nesta terça-feira (25).

Durigan disse que a aprovação do texto obrigaria o governo a vetá-lo — e, caso o veto fosse derrubado, não restaria alternativa senão judicializar o tema. Segundo ele, a proposta não apresenta fonte de compensação para o aumento de despesas, requisito previsto na legislação.

Dados do Ministério da Previdência aos quais o Poder360 teve acesso estimam impacto de R$ 24,72 bilhões em dez anos, afetando tanto o RGPS, administrado pelo INSS, quanto o RPPS, destinado a servidores públicos concursados. O ministro interino evitou confirmar números, afirmando ter solicitado detalhamento à pasta.

Durigan fez um apelo público para que os parlamentares não aprovem o projeto. “Esse texto tem um impacto muito grande para os cofres públicos. É muito ruim do ponto de vista fiscal e não deveria avançar”, declarou. Ele lembrou que o governo já acionou o STF em outras ocasiões em que o Congresso aprovou medidas sem indicar fonte de receita.

Apesar das críticas, o ministro também buscou amenizar o tom e elogiou o papel do Legislativo na agenda econômica. “Todo resultado positivo da economia deve ser compartilhado com o Congresso, que ajudou muito no avanço das pautas”, afirmou.

Com informações do Poder 360

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Mundo

Com pressão dos EUA no Caribe, Maduro reforça laços com China e Rússia

Foto: Presidência da Venezuela

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, voltou a destacar sua aproximação com China e Rússia nesta segunda-feira (24), em meio ao acirramento das tensões com os Estados Unidos após Washington classificar o chamado Cartel dos Sóis como organização terrorista estrangeira. Em seu programa na TV estatal, Maduro afirmou que a parceria com Pequim alcançou um nível de “confiança profunda, ampla e estável”, ressaltando que a relação resistiu aos momentos mais difíceis para o país.

Maduro disse ver a atual conjuntura como uma oportunidade para intensificar a cooperação com a China em diversas frentes, como economia, tecnologia e infraestrutura. Ele também mencionou a carta enviada por Vladimir Putin na véspera de seu aniversário — mensagem na qual o presidente russo reafirmou apoio à Venezuela e expressou confiança na capacidade do país de enfrentar “todas as provações com dignidade”.

Segundo Maduro, Caracas e Moscou trabalham em uma comissão intergovernamental voltada à conclusão de novos acordos nas áreas petrolífera, financeira, militar, científica, educacional e cultural. O movimento ocorre no mesmo dia em que passou a valer a designação dos EUA contra o Cartel dos Sóis, estrutura que Washington alega ser chefiada pelo líder venezuelano — acusação que Maduro sempre rejeitou.

A decisão dos EUA vem acompanhada de um expressivo destacamento militar no Caribe, composto por mais de uma dezena de navios de guerra e cerca de 15 mil soldados, dentro da chamada “Operação Lança do Sul”, iniciativa que elevou ainda mais a temperatura diplomática na região.

Com informações da CNN

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Geral

Motta mantém ponte com Lula apesar de rompimento com líder do PT na Câmara

Foto: BRENO ESAKI/METRÓPOLES

A tensão entre o presidente da Câmara, Hugo Motta, e o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias, não se estendeu ao Palácio do Planalto. Apesar do corte de diálogo com o petista, Motta afirmou a aliados que sabe separar sua relação com Lindbergh da que mantém com o presidente Lula, garantindo que a interlocução institucional segue preservada. Como prova disso, citou o bom trânsito que mantém com o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT).

A informação é da coluna do Paulo Cappelli, do Metrópoles. Do lado do Planalto, a avaliação também é de que não há interesse em criar um desgaste com Motta. Com o ano eleitoral se aproximando, Lula considera pouco estratégico entrar em confronto com o presidente da Câmara, responsável por organizar a pauta legislativa e influenciar diretamente o ritmo das votações.

A crise foi desencadeada após Lindbergh criticar duramente a atuação de Motta na condução da votação do projeto de lei Antifacção. Em entrevista recente, o líder petista classificou o processo como uma “lambança” e acusou o presidente da Câmara de agir errado “do começo ao fim”.

Segundo Lindbergh, a escolha do relator — Guilherme Derrite (PP) — exemplifica o problema. Ele afirmou que, embora o governo não exigisse um relator petista, era fundamental designar alguém neutro, com capacidade de diálogo, o que, para ele, não ocorreu.

Com informações do Metrópoles

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Geral

Brasil fica em 8º lugar em emissões per capita entre os 10 maiores poluidores do planeta

Foto: FÁBIO VIEIRA/FOTORUA/ESTADÃO CONTEÚDO

O Brasil aparece na 8ª posição no ranking de emissões per capita entre os dez países que mais liberam gases de efeito estufa, segundo dados atualizados do Edgar, banco de dados global mantido pela Comissão Europeia. Em 2024, o país registrou 5,93 toneladas de CO₂ equivalente por habitante — número inferior ao de outras grandes economias, mas ainda relevante dentro do grupo dos maiores emissores.

A análise per capita altera significativamente a ordem dos países, já que considera o tamanho da população. A Índia, por exemplo, terceira maior emissora total, aparece na última colocação dentro do top 10, com apenas 3 toneladas por habitante, reflexo de sua enorme população de 1,46 bilhão de pessoas. Já a Arábia Saudita lidera o ranking proporcional, com 22,8 tCO₂e por indivíduo, seguida de Rússia (18 tCO₂e) e Estados Unidos (17,3 tCO₂e). A China, que lidera o mundo em emissões totais, ficou em 5º no recorte proporcional, com 10 tCO₂e.

Nos números globais, o Brasil caiu da 6ª para a 7ª posição entre os maiores emissores totais ao ser ultrapassado pela Indonésia. Em 2024, o país lançou 1.299 megatoneladas de CO₂ equivalente, enquanto China, Estados Unidos e Índia seguem no topo da lista. O estudo considera gases como CO₂, metano e óxido nitroso, associados a atividades humanas como geração de energia, transporte, indústria e agropecuária.

O relatório reforça que o avanço das emissões intensifica o efeito estufa, acelerando o aquecimento global e os impactos climáticos. As medições consideram apenas emissões resultantes de ações humanas e ajudam a orientar políticas para redução de poluentes e transição energética.

Com informações do Poder 360

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Política

Ala do governo sugere que Jorge Messias ajuste articulação para conseguir vaga no STF

Foto: BRENO ESAKI/METRÓPOLES

Integrantes influentes do governo Lula avaliam que o advogado-geral da União, Jorge Messias, precisa recalibrar sua estratégia para superar resistências no Senado e garantir a aprovação para o Supremo Tribunal Federal. A orientação, discutida nos bastidores, é que ele reduza o foco em entidades jurídicas e líderes evangélicos e concentre seus esforços diretamente nos senadores que ainda se opõem ao seu nome.

A informação é do Igor Gadelha, do Metrópoles. Segundo interlocutores do governo no Legislativo, Messias foi aconselhado a buscar aproximação com lideranças estratégicas da Casa, capazes de influenciar votos e abrir caminho para sua aprovação. A aposta é que um diálogo mais direto e político com os parlamentares pode ser decisivo para reverter parte das resistências.

Durante essas conversas, o indicado de Lula também foi orientado a apresentar alternativas para temas sensíveis ao Senado, especialmente questões ligadas às emendas parlamentares — um dos principais pontos de incômodo entre congressistas. A expectativa é que um gesto claro de diálogo ajude Messias a construir a base mínima necessária para assumir a vaga no STF.

Com informações do Metrópoles

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Geral

Crise dos Correios se aprofunda e força governo a bloquear gastos de ministérios

Foto: Divulgação/Correios

A situação financeira dos Correios se deteriora rapidamente e já compromete o equilíbrio das contas públicas. Em meio ao pior cenário da última década, a estatal acumula prejuízo superior a R$ 4 bilhões no primeiro semestre de 2025 — valor que pode alcançar R$ 10 bilhões até dezembro. Em 2024, o déficit já havia passado de R$ 2,5 bilhões, agravando uma sequência de anos negativos. Antes dominante no mercado de encomendas, a empresa viu sua fatia despencar para cerca de 25% devido à falta de investimentos e à concorrência mais moderna.

O rombo crescente obrigou o governo federal a revisar suas projeções para as estatais, elevando a estimativa de déficit de R$ 6 bilhões para R$ 9 bilhões em 2025. Como a nova regra fiscal exige compensações quando as empresas públicas ultrapassam o limite estipulado, o Executivo precisou contingenciar R$ 3 bilhões do orçamento dos ministérios. Economistas alertam que a crise exige medidas profundas, incluindo a revisão de atividades e até abertura ao capital privado, dada a dificuldade dos Correios em investir e se modernizar.

Para enfrentar o quadro crítico, a direção da estatal lançou um plano de reestruturação que prevê cortes de despesas, parcerias e busca por novos financiamentos. O pacote inclui um programa de demissão voluntária voltado à redução de 10 mil dos atuais 83 mil funcionários, o fechamento de cerca de mil agências deficitárias e a venda de imóveis para levantar aproximadamente R$ 1,5 bilhão. A estatal também avalia fusões, aquisições e negociações de empréstimos que podem chegar a R$ 20 bilhões.

Mesmo com o plano, especialistas avaliam que a reversão do quadro só será possível com mudanças estruturais. Para analistas, a governança da empresa precisa ser profissionalizada e aberta à participação privada, como ocorre em modelos internacionais. Na visão de economistas, uma gestão técnica e independente poderia definir quais áreas devem permanecer sob controle estatal e quais poderiam ser privatizadas ou operadas em parceria, garantindo eficiência e continuidade dos serviços postais no país.

Com informações do G1

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Geral

BC prepara nova rodada de apurações sobre irregularidades no Banco Master

Foto: Ana Paula Paiva/Valor

Após decretar a liquidação do Banco Master na semana passada, o Banco Central se organiza para abrir uma série de procedimentos administrativos destinados a investigar irregularidades atribuídas à instituição de Daniel Vorcaro — preso pela Polícia Federal na Operação Compliance Zero, junto com outros seis executivos. As apurações internas devem ir além das fraudes já identificadas pela PF e pelo Ministério Público e que motivaram as prisões.

As informações são do blog da Malu Gaspar, do O Globo. O BC também mira o fundo Bravo, um FIDC ligado ao Master e administrado pela Reag, empresa investigada na Operação Carbono Oculto por suspeitas de ligação entre fintechs e o PCC. O fundo, que declarava patrimônio de R$ 8 bilhões, nunca apresentou documentos detalhando suas operações e funcionou por pouco mais de um ano, entre julho de 2023 e novembro de 2024. No Senado, o senador Eduardo Girão articula uma investigação legislativa ampla sobre supostas operações fraudulentas envolvendo o Master, o BRB e possíveis transações associadas ao crime organizado.

Técnicos do Banco Central relataram à PF e ao MP terem sofrido pressão política inédita durante o período em que o Master ainda operava, segundo relatos divulgados ao longo das investigações. Outra irregularidade sob análise é o não recolhimento dos depósitos compulsórios, obrigação legal dos bancos para garantir a segurança do sistema financeiro — prática que, segundo apurações, o Master deixou de cumprir desde julho.

As novas frentes de investigação podem resultar na inabilitação de Vorcaro e demais dirigentes para atuar no sistema financeiro. No pedido de habeas corpus apresentado ao STJ, a defesa do Master argumentou que as prisões ocorreram sem a existência de apurações internas do BC. Fontes da autarquia, porém, afirmam que a prioridade inicial foi comunicar as fraudes às autoridades e estruturar a liquidação do banco, sem necessidade de abrir previamente processos administrativos formais.

Com informações do O Globo

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Política

Hugo Motta rompe articulação institucional com líder do PT e amplia tensão na Câmara

Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados e Ton Molina/Fotoarena/Estadão Conteúdo

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), confirmou nesta segunda-feira (24) o rompimento da relação institucional com o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (RJ). A crise, antecipada pela imprensa, reflete uma série de atritos recentes envolvendo a condução de projetos e a articulação política no Congresso.

Entre os episódios que aumentaram a tensão está a decisão de Hugo Motta de colocar o deputado Guilherme Derrite à frente das negociações do PL Antifacções — proposta enviada originalmente pelo governo Lula. Aliados do presidente da Câmara afirmam também que ele se irritou com uma campanha contra sua atuação, que teria sido promovida por influenciadores ligados ao PT. Motta atribui a articulação ao próprio Lindbergh, que negou as acusações nas redes sociais e disse que Hugo deve assumir as consequências de suas escolhas.

O afastamento preocupa lideranças da Câmara, que veem risco direto para pautas de interesse do governo, já que o Planalto não dispõe de votos suficientes para aprovar projetos mais sensíveis sem apoio articulado. Uma das questões que pode ser impactada é o debate sobre a anistia aos condenados pelo 8 de janeiro, tema que voltou ao radar após a prisão preventiva de Jair Bolsonaro.

A crise interna na Câmara ocorre paralelamente ao desgaste entre o governo e o Senado. Para lidar com a resistência de Davi Alcolumbre à indicação de Jorge Messias ao STF — e com o enfraquecimento da alternativa de Rodrigo Pacheco — aliados do Planalto já cogitam mudanças na liderança governista, incluindo a possível substituição do senador Jaques Wagner (PT).

Com informações da CNN

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Geral

Lula volta ao Brasil para tentar consolidar indicação de Jorge Messias ao STF

Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retorna a Brasília nesta terça-feira (25) após compromissos na África do Sul e em Moçambique, trazendo como prioridade destravar no Senado a nomeação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal. Atual advogado-geral da União, Messias foi indicado por Lula na última quinta-feira (20), mas enfrenta resistência significativa entre parlamentares.

A principal barreira está no Senado, onde muitos defendiam a ida do ex-presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para a Corte. A disputa nos bastidores já havia adiado o anúncio da indicação, que inicialmente seria feito ainda em outubro. A pressão pela escolha de Pacheco, articulada por Davi Alcolumbre (União-AP), levou Lula a segurar o gesto até depois da COP30.

O clima se tornou público na segunda-feira (24), quando a equipe de Messias e Alcolumbre divulgaram notas oficiais trocando recados. Embora em tom institucional, ficou claro que Alcolumbre — responsável por pautar a sabatina na CCJ — tem poder para acelerar ou retardar o processo. O senador afirmou apenas que a análise será feita “no momento oportuno”, preservando ritos e permitindo que cada parlamentar vote livremente.

A articulação política também envolve as eleições de 2026. Lula deseja que Pacheco concorra ao governo de Minas Gerais e avalia que o atual AGU, por ser evangélico, pode ajudar na aproximação com um segmento tradicionalmente distante do PT. Hoje, o STF conta apenas com um ministro evangélico, André Mendonça, indicado por Jair Bolsonaro. Messias, que é frequentador da Igreja Batista, também carrega a memória de ter atuado no governo Dilma Rousseff, fator que pesa no ambiente já sensível do Senado.

Com informações do R7

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Geral

Atores que pagaram ‘mico’ na abertura da COP30 protestam por falta de pagamento

Foto: Redes sociais

Artistas que participaram fantasiados de animais na cerimônia inicial da COP30, em Belém, voltaram aos holofotes — agora para cobrar o pagamento dos cachês prometidos. O grupo, que já havia sido alvo de críticas e piadas nas redes sociais pela encenação, afirma que não recebeu nem a primeira parcela do valor acertado.

Segundo uma das atrizes, cada profissional deveria receber R$ 5 mil, divididos em duas parcelas de R$ 2,5 mil, sendo a primeira com vencimento em 5 de novembro. Durante o protesto, ela declarou que o grupo foi “enrolado” pelos responsáveis e que está reivindicando apenas o mínimo. Cartazes exibidos pediam “paguem os artistas da Free Zone” e “queremos nossos direitos pagos”.

Os artistas relatam que houve um depósito de R$ 1.500 como tentativa de conter a mobilização, mas o valor foi considerado insuficiente. “A gente está aqui sendo feito de palhaço”, desabafou a manifestante, cobrando a regularização dos pagamentos.

A apresentação, realizada no pavilhão da sociedade civil, durou poucos minutos e viralizou após as imagens dos performers rastejando vestidos de animais circularem nas redes. A cobrança por pagamento ocorreu poucas horas depois do discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que abriu oficialmente a conferência destacando os impactos das recentes tragédias climáticas.

Com informações do Diário do Poder

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