Saúde

Vacina contra o HIV apresenta baixa eficácia e estudo é encerrado

Foto: Pixabay

Uma vacina experimental contra o HIV, vírus causador da Aids, teve os estudos encerrados após dados mostrarem que a proteção oferecida pelo imunizante ao organismo era insuficiente. Fabricada pela Johnson & Johnson, a vacina apresentou apenas 25% de eficácia.

— Eu já deveria estar acostumada, mas você nunca está. Você ainda coloca seu coração e alma nisso — afirma a principal pesquisadora do estudo e presidente do Conselho de Pesquisa Médica da África do Sul, Glenda Gray, ao jornal New York Times. A pesquisadora tem tentado desenvolver uma vacina para o vírus há mais de 15 anos.

O estudo, denominado Imbokodo, analisou 2,6 mil mulheres jovens, entre 18 e 35 anos, de cinco países da África Subsaariana (Malaui, Moçambique, África do Sul, Zâmbia e Zimbábue). A região escolhida foi determinante no estudo, uma vez que representa a maior parcela de mulheres vulneráveis em todo o continente, representando quase dois terços das novas infecções por HIV em 2020.

Os testes tiveram início em 2017. Desde então, as participantes receberam quatro doses do imunizante ao longo do período e foram acompanhadas pela equipe de pesquisadores. Em dois anos de observação, 51 das 1.079 participantes que receberam a vacina foram infectadas; já entre as 1.109 voluntárias que receberam placebo, 63 contraíram o vírus. A tecnologia utilizada no imunizante é a do adenovírus inativado, assim como as vacinas AstraZeneca, Janssen e Sputnik V contra a Covid-19.

Apesar da baixa eficácia, o estudo trouxe alguns dados úteis. Pesquisas recentes realizadas na Tailândia indicaram que os anticorpos provocados pela vacina podem ser suficientes para oferecer proteção contra o vírus em um período inicial da infecção. Isso significa, segundo Glenda, que o fato de o estudo ter sido conduzido na África, onde as taxas de incidência de HIV são maiores, pode ter sido determinante no resultado.

— O tipo de resposta imunológica induzida não foi suficiente para interromper as altas taxas de ataque que vemos na África — diz a pesquisadora.

Um trabalho paralelo, denominado Mosaico, ainda deve prosseguir, segundo a fabricante. Um outro imunizante está sendo atualmente testado em oito países, incluindo o Brasil, em homens que fazem sexo com outros homens e pessoas trans.

O Mosaico é um esforço conjunto público-privado envolvendo os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos EUA, a Rede de Ensaios de Vacinas contra o HIV, com sede no Centro de Pesquisa do Câncer Fred Hutchinson, o Comando de Pesquisa e Desenvolvimento Médico do Exército dos EUA e a farmacêutica Janssen, da Johnson & Johnson.

A Moderna, que também é uma das fabricantes de uma vacina contra o Sars-CoV-2, anunciou recentemente que vai iniciar a testagem de um novo imunizante contra o HIV. Segundo a empresa, os testes devem começar ainda neste ano.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 38 milhões de pessoas vivem com o HIV em todo o mundo; 1,5 milhão infectadas no último ano.

O Globo, com informações de agências internacionais

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