Diversos

Desigualdade: renda ‘per capita’ varia até 342% entre os estados brasileiros

CcJHq7rUYAAKfrSEm 2015, os brasileiros nos estados mais ricos do país ganharam até 342,4% a mais que os habitantes das regiões mais pobres. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE, esta é a diferença entre a renda per capita domiciliar no Distrito Federal, de R$ 2.252 — maior entre as 27 unidades da federação —, e a do Maranhão, de R$ 509, última colocada do ranking. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.

A renda per capita domiciliar foi obtida a partir da razão entre o total de rendimentos domiciliares e o total de moradores do país. Na média nacional, a renda dos brasileiros ficou em R$ 1.113 no ano passado. Os dados serão enviados ao Tribunal de Contas da União (TCU), por exigência legal, para cálculo do rateio do Fundo de Participação dos Estados (FPE).

O levantamento mostra que sete unidades da federação tiveram rendimento acima da média nacional. Além do Distrito Federal, São Paulo (R$ 1.482), Rio Grande do Sul (R$ 1.435), Santa Catarina (R$ 1.368), Rio de Janeiro (R$ 1.285), Paraná (R$ 1.241) e Minas Gerais (R$ 1.128) estão na lista com os maiores rendimentos.

Nos últimos meses, os números do IBGE têm mostrado recuo na renda dos trabalhadores brasileiros, devido ao enfraquecimento do mercado de trabalho. Na quinta-feira, a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) mostrou retração de 7,4% da renda em janeiro nas seis maiores regiões metropolitanas do país. Ainda segundo o levantamento, a taxa de desemprego nessas seis regiões ficou em 7,6%, o pior para o mês desde 2009.

O Globo

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Saúde

Profissionais do Mais Médicos estranham desigualdades na Saúde

2013-641554829-2013083027034.jpg_20130830Na primeira visita a uma unidade de saúde desde que chegaram ao Rio de Janeiro, há uma semana, 20 dos 79 médicos que integram o Mais Médicos na cidade, entre estrangeiros e brasileiros formados no exterior, conheceram na manhã de hoje a Clinica da Família Assis Valente, na Ilha do Governador. Além do contato com a rotina da unidade, eles tiveram aulas de saúde da família.

Segundo o coordenador pedagógico do módulo de acolhimento do Rio, Paulo Mendonça, a visita foi criada para que os profissionais entendam como funciona a rede de saúde. Esta será a única visita que os profissionais farão antes do início das atividades, em 16 de setembro. Mendonça também falou sobre a situação excepcional do estado do Rio de Janeiro, que é um dos mais desiguais do país. Perguntado sobre a necessidade de os médicos conhecerem clínicas com pouca estrutura, diferentes das que encontraram na capital, ele disse que, no Rio, o modelo de clínicas da família é bom:

— Nós, brasileiros, precisamos de ajuda. Humildemente, precisamos reconhecer isso. A gente trabalha a questão da desigualdade no Brasil. Há cinco anos, não tínhamos nem 3% de estrutura de saúde da família no Rio. No interior, não é verdade que não haja nada, mas o estado do Rio tem os melhores e piores índices do país. Como Japeri pode ser tão diferente do Rio? Como a Penha pode ser tão diferente do Complexo do Alemão? É importante que eles vejam um modelo como esse — disse o coordenador, acrescentando: — A maior pergunta dos médicos é esta: “Como funciona a rede de saúde no Brasil?” Eles custam a entender essa desigualdade.

O médico argentino Hugo Galantini, porém, disse ter ficado impressionado com a estrutura da clínica Assis Valente:

— Aqui tem tudo. Normalmente, atenção básica é bem básica mesmo, mas aqui parece ser diferente.

Para a visita, os 79 médicos que estão no Rio foram distribuídos em quatro unidades próximas à Avenida Brasil, onde estão hospedados em um alojamento da Marinha. Em quatro grupos de 20, eles foram acompanhados por professores do módulo de acolhimento.

Mendonça adiantou, durante a visita, que médicos destinados a distritos indígenas terão mais tempo de treinamento:

— Quem for para situações extremadas fará mais tempo de treinamento. A saúde indígena terá um módulo maior junto às áreas indígenas. Os médicos serão acompanhados por um antropólogo. Eles precisam aprender a língua. É muito mais complexo. No Brasil, temos 180 línguas diferentes. A situação é diferente.

Animado com a visita à unidade da Zona Norte, que considerou excelente, o espanhol José Maria Pabcos, de 56 anos, já trabalhou em Portugal e na Inglaterra, onde morava antes de vir ao Brasil. Ele desistiu da Inglaterra por causa da língua e vai trabalhar em Cáceres, no Mato Grosso:

— Estou na expectativa, não sei o que vou encontrar em Cáceres. Fui para a Inglaterra com a expectativa de ficar, mas a língua atrapalhou, foi uma barreira. Se eu não entendo direito o que o doente diz, fico como no mar, à deriva — disse Pabcos, que fez questão de falar em bom português, reticente de que jornalistas dissessem que os estrangeiros não dominam a língua.

A Clínica da Família Assis Valente, na Ilha do Governador, foi inaugurada em julho de 2011 e atende uma média de 2.500 pessoas por mês. Nela, trabalham cerca de 60 profissionais, entre médicos, técnicos de enfermagem, enfermeiros e agentes de saúde. Eles são divididos em seis equipes de dez pessoas.

O Globo

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Social

Brasil é o quarto país mais desigual da América Latina, à frente somente da Guatemala, Honduras e Colômbia

RIO DE JANEIRO – Apesar de avanços no combate às desigualdades sociais, mais de um quarto da população pobre da América Latina vive no Brasil, segundo dados divulgados nesta terça-feira pela ONU. Em relatório feito pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), dados mostram que há 124 milhões de pessoas vivendo na linha da pobreza na região, 37 milhões delas só no território brasileiro.

O documento também afirma que o Brasil é o quarto país mais desigual da América Latina, à frente somente da Guatemala, Honduras e Colômbia. Entretanto o país avançou no combate à desigualdade, já que em 1990 era o líder do ranking das nações com pior distribuição de renda. O estudo também mostra que em 2020, 90% da população brasileira estarão vivendo nas cidades, assim como seus vizinhos do Cone Sul (Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai).

Urbanização da América Latina

Embora seja a menos povoada em relação à dimensão seu território, a região da América Latina e do Caribe é a mais urbanizada do mundo e quase 80% de suas populações vivem hoje nas cidades. Apesar desse panorama, após décadas de êxodo rural, o estudo demonstra que a explosão urbana é coisa do passado. A maioria das migrações acontecem, agora, entre as próprias cidades, que são responsáveis por dois terços do Produto Interno Bruto (PIB) da região.

Desde 2000, o crescimento médio anual da população na região tem sido inferior a 2%, crescimento considerado normal, segundo o relatório. Segundo o estudo, a desaceleração populacional na região, iniciada há cerca de 20 anos, deve continuar. Até 2030 o número de habitantes na maioria dos países latino-americanos e caribenhos crescerá menos de 1% ao ano e tal estabilidade demográfica é muito vantajosa para várias dessas nações, onde a população ativa supera em muito a de crianças e velhos.

A situação privilegiada, porém, não durará mais que 30 anos e as nações devem aproveitá-la para se preparar para um futuro sustentável, com boa estrutura para os idosos que serão maioria em algumas décadas. Para aproveitar esse momento, o estudo sugere uma série de medidas e novo modelo de crescimento diferentes dos atuais, que impulsionem a expansão das periferias, de rodovias, condomínios fechados e veículos individuais.

Segregação espacial diminui na América Latina

A proporção de pessoas vivendo em favelas na América Latina diminuiu nas últimas duas décadas, mas o relatório mostra que cerca de 111 milhões de pessoas ainda moram nesses espaços, a maioria segregada socialmente e espacialmente, com poucos locais de lazer, pouco transporte público, serviços básicos precários e poucos equipamentos sociais e estruturas produtivas.

A elaboração do relatório foi apoiada pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), a Federação Latino-Americana de Cidades, Municípios e Associações de Governos Locais (Flacma), pelos Ministros e Autoridades Máximas de Habitação e Desenvolvimento Urbano da América Latina e do Caribe (Minurv) e pela Aliança para as Cidades e o Banco de Desenvolvimento na América Latina (CAF).

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