Tecnologia

É hora de tratar as mídias sociais como a crise climática, argumentam os pesquisadores

Foto: Andrew Harnik (AP)

Mark Zuckerberg precisa entregar as chaves, argumenta uma equipe de pesquisadores. Em um novo artigo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences dos Estados Unidos da América, o grupo defende que o problema da mídia social atinge o mesmo nível de urgência das mudanças climáticas. Neste ponto, parece ruim não reunir todos os recursos disponíveis para controlar um sistema que fomentou a violência genocida, criou uma plataforma de insurreição e aumentou a resistência à vacina durante uma pandemia.

Ao todo, 17 acadêmicos, incluindo pesquisadores de desinformação, especialistas em ética em tecnologia, cientistas do clima, biólogos, teóricos psicológicos e antropólogos, escrevem que devemos considerar o desastre da rede social uma “disciplina de crise”. Isso quer dizer que o tema requer colaboração interdisciplinar urgente para compreender e resolver o problema, como previsões matemáticas e modelos ecológicos. Eles dizem, também, que a desinformação apresenta uma séria ameaça em um mundo que já enfrenta uma crise climática, a ameaça de uma guerra nuclear, uma pandemia, racismo, ódio, fome, desigualdade, etc.

A equipe considerou as mídias sociais a partir de um ponto de vista evolutivo. Eles comparam a rede a um “comportamento coletivo”, semelhante a gafanhotos. A estrutura sem líder que torna possível esse comportamento são os “sistemas complexos”, como a economia global. O potencial para desastres cresce exponencialmente junto com o sistema: “Quando perturbados, sistemas complexos tendem a exibir resiliência finita seguida por mudanças catastróficas, repentinas e muitas vezes irreversíveis na funcionalidade”, eles escrevem.

Como há pouco incentivo para que as empresas compartilhem exatamente o que estão fazendo, eles disseram: “Isso levanta a possibilidade de que alguns modelos de negócios possam ser fundamentalmente incompatíveis com uma sociedade saudável”. Em outras palavras, desconecte o Facebook. “As decisões que impactam a estrutura da sociedade não devem ser guiadas pelas vozes das partes interessadas individuais, mas sim por valores como a não maleficência, benevolência, autonomia e justiça.”

Levando isso para o próximo passo lógico, eles sugerem elevar o arquiteto de mídia social a um cargo solene e respeitável, exigindo algo como um juramento hipocrático.

Zuckerberg não está se comprometendo a fazer nada em breve. Sua proposta mais imediata combinaria ciência comportamental e uma compreensão macro da manipulação algorítmica, raciocinando que “não temos a estrutura científica necessária para responder até mesmo às questões mais básicas que as empresas de tecnologia e seus reguladores enfrentam”. Não é que faltem estudos de caso; o grupo internacional de direitos humanos Avaaz desenvolveu suas próprias ferramentas para estudar bilhões de casos de desinformação impulsionadas algoritmicamente no Facebook. Um corpo da literatura, pelo menos, deixaria menos facilidade para CEOs de tecnologia, que fugiram das audiências com desculpas fracas, algumas promessas e absurdos inexplicáveis.

Gizmodo

 

Opinião dos leitores

  1. Creio que 98% das pessoas jamais poderiam possuirem contas nas redes sociais de Zuckerberg,98% da humanidade tem pouco ou não tem nada para ostentarem e inclusive a mim que não possuo conta em rede social,e depois o pobre e os também lisos da classe media ficam impressionados com a ostentação de riquezas dos influenciadores digitais com os seus carrões super caros sendo boa parte alugados,casas e apartamentos luxuosos alugados como residencia e muitas vezes só para tirarem as fotografías perfeitas modificadas totalmente fora da realidade do corpo do sujeito fotografado,e esses artistas da midia são irreconheciveis com o contato pessoal,principalmente as mulheres que Põem maquiagens nos seus rostos,e as pessoas também ficam impressionadas com as viagens nacionais e internacionais dos artistas da midia que são todas patrocinadas por empresas e comprando coisas caras em estabelecimentos luxuosos e etc…,para 98% da populacão do mundo de patrimonio só possuem mesmo as suas proprias urinas e fezes que expelem diariamente para ostentarem como suas.

  2. Vixe, é isso que a esquerda quer.
    Igual a Cuba e Venezuela, controle geral da mídia, lá falou mal dos sebosos dos castros ou maduro, vai pro paredon.

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Diversos

Brasileiros gastam um tempo insano em mídias sociais, diz editor do 'BuzzFeed'

O site de humor e notícias BuzzFeed é hit nas redes sociais e acaba de estrear versão brasileira; seu editor-chefe, Ben Smith, falou ao Link.

Por que o BuzzFeed ganhou uma versão brasileira?

Temos milhões de leitores brasileiros no nosso site. Sua cultura de internet é muito parecida com a americana. E vocês gastam um tempo insano em mídias sociais.

O conteúdo do BuzzFeed brasileiro é quase todo traduzido do inglês ainda, certo?

Já temos alguns itens originais e queremos ter cada vez mais. O staff do BuzzFeed em português tem dois brasileiros. Ele é todo traduzido por alunos do Duolingo [empresa que oferece cursos de idiomas gratuitos e traduções feitas por seus estudantes]. Se formos bem, queremos mais para a frente ter um editor-chefe e uma redação no País.

Quais as características da cultura de internet brasileira que chamam sua atenção?

Vejo muitas similaridades com a cultura online dos Estados Unidos. Todo mundo é muito conectado e participativo. Ela é, ao mesmo tempo, local e universal. As formas de expressão são universais, mas o conteúdo é nativo. Mesmo quando usam referências americanas, vocês remixam de um jeito todo seu. Por exemplo, não existe nada nos EUA que pareça com o Não-Salvo. Muitos países tem sites com a palavra “buzz” no nome, mas vocês não, porque têm suas próprias referências.

Muitos dizem que o BuzzFeed, ao misturar humor e notícias “sérias”, seria o futuro do jornalismo. Você concorda?

Não acho que sejamos o futuro, e sim o presente. Gastamos muito tempo no Facebook e isso é o presente.

Estadão

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