Educação

Aluno paga cursinho com faxina por 2 anos e passa em medicina na USP

Foto: Nathalia Alcatrão/Divulgação

Passar no vestibular e conquistar uma vaga na faculdade de medicina em uma universidade pública é um sonho para muitos estudantes em todo o país. O santista Guilherme Nobre tornou esse sonho uma realidade ao garantir a entrada na USP (Universidade de São Paulo).

Porém, para frequentar o campus da universidade, em Ribeirão Preto, e enfrentar a maratona de estudos até se tornar um médico, Guilherme encarou um árduo caminho.

Para conseguir assistir às aulas do cursinho, o jovem teve de fazer faxina nas salas de aula — durante dois anos — para garantir a bolsa de estudos.

O sonho de cursar medicina surgiu ainda na infância, quando Guilherme acompanhava o pai nas consultas ao neurologista e nas várias internações em hospitais.

“Meu pai tinha hidrocefalia, fez ao menos cinco cirurgias para colocar e tirar válvulas na cabeça, retirar líquido, sofreu muito, chegou a ficar em coma”, conta. “E eu acompanhei o cuidado dos médicos, a atenção das enfermeiras e aquilo me marcou muito, achava incrível, queria ser médico também.”

A admiração do pai pelos profissionais da saúde também influenciou o menino. “Meu nome é uma homenagem a um médico, meu pai sempre falava com muita admiração dos cirurgiões que cuidaram dele e eu queria ser admirado também, queria que as pessoas se sentissem gratas, queria salvar vidas”, revela.

O desejo de cursar uma faculdade de medicina ganhou forças e no terceiro ano do ensino médio, quando ainda estudava computação em uma Etec (Escola Técnica Estadual), decidiu fazer um cursinho.

“Eu comecei a fazer as aulas a noite e entre o tempo da escola e o das aulas do cursinho, eu ficava no trabalho com a minha mãe, que é frentista.” Guilherme estudava no banheiro do posto de gasolina.

“Sabia que para passar no vestibular, em uma universidade pública, eu precisaria fazer um cursinho mais forte para ter mais chance”, explica. Foi aí que conheceu a professora Eliane Limonti, do cursinho Sapiência. “Um amigo estudava com ela e me indicou. Fui com meus pais conversar, mas o valor era muito acima do que poderíamos pagar, muito fora das nossas condições”, lembra. O desconto na mensalidade veio, mas com uma condição: Guilherme teria de limpar e arrumar as salas duas vezes por semana.

“Não tinha grana para participar daquele lugar. Não sou como aquelas pessoas, mas fiz o possível para alcançar o meu objetivo”, diz. “Todo esforço é válido quando você tem um sonho. Era cansativo, sim, mas não pesava limpar o cursinho. Valeu a pena totalmente, não foi um fardo. Era como se fosse uma continuação das aulas”.

Depois de dois anos estudando muito, Guilherme conseguiu uma vaga na faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto. No domingo (17), o rapaz deixará a casa dos pais, no litoral paulista, e seguirá para o interior do Estado. E quais os planos?

“Obviamente, por influência do meu pai, penso em ser neurocirurgião e quero ajudar as pessoas, principalmente quem não tem dinheiro, nem esperança”, diz. Guilherme também pretende viajar para a Amazônia e para a África. “Não tenho ambição, não quero status, apenas fazer a diferença na vida das pessoas.”

R7

 

Opinião dos leitores

  1. Sem "vitimismo", com base em méritos próprios, em grande esforço pessoal. Esse é o Brasil que nós queremos e que começa a surgir com a derrocada da ORCRIM comandada pelo PT. Força, meu jovem, coragem para enfrentar as muitas dificuldades que ainda virão pela frente mas vc demonstra ter capacidade prá superar. E não se deixe iludir pelo discurso fácil, pelas promessas mentirosas e nem por utopias fracassadas dessa gente sem brios, sem vontade própria e desonesta, que tentaram destruir mas não conseguiram. Sucesso, meu jovem.

  2. Um belo exemplo de força de vontade,dedicação, persistência e superação. Que esse futuro médico continue com os seus ideais e não se deixe influenciar negativamente pelos que querem transformar a medicina em um negocio simplesmente.

    1. Mais um estudante de Medicina para falar mal do PT. Em breve, vai esquecer-se do passado pobre dele, vai juntar-se a outros estudantes, fantasiados com a camisa da decadente seleção brasileira e bradar "LULADRÃO". Ah… Se você é rico ou se acha rico ou quer ser rico, ou quer se passar por rico, não precisa dizer que não gosta do PT, que o PT é corrupto ou que ele acabou com o país (como se o Brasil, antes do PT, fosse um Canadá, Noruega, Finlândia…) Procure outra forma de explicitar essa sua vaidade.

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Diversos

FOTO: Aos 14 anos, aluno de escola pública passa em medicina na Federal de Sergipe

 

jose-victor-menezes-teles-tem-14-anos-e-obteve-nota-no-enem-2014-para-entrar-em-medicina-na-ufs-universidade-federal-de-sergipe-1422409775672_300x420Foto: Eugenio Barreto/Divulgação

Conquistar uma vaga numa faculdade de medicina já é uma vitória a qualquer vestibulando. E o se candidato em questão não tiver sequer terminado o ensino médio na escola pública? José Victor Menezes Teles, 14, obteve nota no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) suficiente para ser calouro do curso de medicina da UFS (Universidade Federal de Sergipe) esta semana.

O garoto de corpo franzino é aluno do 1º ano do ensino médio do Colégio Estadual Murilo Braga, em Itabaiana (SE), a 52 km da capital, Aracaju. Ele conta que sempre gostou de ler, estudar e apontou os pais, ambos professores da língua portuguesa na rede pública, como principais motivadores. “Eles sempre acreditaram no meu potencial. Sempre me incentivaram e eu sempre corri atrás de meus objetivos”, disse.

Segundo o garoto, ele se dedicava a 5 horas de estudos por dia, fora o tempo da escola. Para treinar, usou a estratégia recomendada por dez entre dez professores: fazer provas anteriores. Se ele percebia dificuldades, como foi o caso de assuntos de química e física, buscava reforço.  “Durante as férias fiz cursinho aqui em Itabaiana e Aracaju”, lembrou.

José Victor se diz um aficionado usuário de internet e a utilizou como uma ferramenta importante nos estudos. “A internet me ajudou muito através das vídeoaulas, nas consultas, nas dúvidas”, disse o garoto, lembrando ainda que a rede mundial de computadores também lhe servia como fonte de lazer.

Não é muito novo?

Afiado nas respostas, o itabaianense respondeu sem titubear que seus 14 anos não lhe atrapalhariam no desempenho no curso superior. “Não se mede a capacidade pela idade. Estou sim preparado para cursar medicina. Era meu sonho e estou perto”, respondeu o adolescente, mais velho entre quatro irmãos.

Agora, ele aguarda uma decisão judicial para poder comemorar a vitória. O garoto, apesar da pontuação no Enem, não concluiu o ensino médio — exigência da UFS para se matricular. “Não se coloca limite de idade para ingressar na Universidade Federal de Sergipe”, afirmou o diretor do departamento de administração acadêmica da UFS, professor Antônio Edilson do Nascimento.

Já a secretaria estadual de Educação não pode lhe conceder o certificado de conclusão do ensino médio por causa da sua idade. Apenas jovens com mais de 18 anos, com pontuação de 450 e que não tenham zero na redação, podem pedir um certificação.

Os pais de José Victor entraram na Justiça pedindo para que a Secretaria de Estado da Educação conceda ao filho o direito de realizar a prova de proficiência e, portanto, um certificado que lhe ateste o ensino médio.

“Entramos com o mandado na Justiça. Meu filho teve média no Enem e merece essa oportunidade. É um menino que gosta de correr atrás das coisas. Com certeza ele pode fazer esse curso [medicina]. Tem maturidade”, disse o pai de José Victor, José Mendonça, conhecido na cidade como “Professor Tostão”.

O desempenho de José Victor no Enem não foi uma surpresa para o pai que contou, orgulhoso, outro feito do garoto. “Ano passado ele ganhou uma bolsa por ser medalhista na Olimpíada Brasileira de Matemática de Escolas Públicas”, destacou.

José Victor obteve  751,16 pontos na prova e 960 na redação.

UOL

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