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Instituto que usava beagles para pesquisa decide encerrar atividades em cidade paulista

O Instituto Royal decidiu interromper definitivamente as atividades de pesquisa com animais realizadas em seu laboratório em São Roque, no interior de São Paulo. A decisão, informada nesta quarta-feira, 6, ocorre 19 dias depois de ativistas invadirem as instalações da entidade e levarem 178 cães da raça beagle, usados para testes de remédios.

A invasão ocorreu no dia 18, por manifestantes que haviam acampado na porta do local, e as instalações foram depredadas. De acordo com os ativistas, o Royal submetia os animais a maus-tratos. Após o episódio, o instituto teve o alvará suspenso por 60 dias pela prefeitura da cidade. Tanto a invasão quanto a denúncia de maus-tratos estão sob investigação da polícia.

Em nota, o instituto explica sua decisão, tomada após assembleia extraordinária dos associados. “Tendo em vista as elevadas e irreparáveis perdas e os danos sofridos em decorrência da invasão realizada no último dia 18 – com a perda de quase todo o plantel de animais e de aproximadamente uma década de pesquisas -, bem como a persistente instabilidade e a crise de segurança que colocam em risco permanente a integridade física e moral de seus colaboradores, os associados concluíram que está irremediavelmente comprometida a atuação do Instituto Royal para dar continuidade à realização de pesquisa científica e testes mediante utilização de animais.”

“A decisão, por ora, não afetará a unidade Genotox, de Porto Alegre, onde não se faz experimentação animal”, informa o instituto em nota.

Leia a íntegra da nota divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Royal:

“Em assembleia geral extraordinária realizada entre seus associados, o Instituto Royal, por meio de seu Conselho Diretor, vem a público informar a decisão de interromper definitivamente as atividades de pesquisa em animais, realizadas em seu laboratório de São Roque.

Tendo em vista as elevadas e irreparáveis perdas e os danos sofridos em decorrência da invasão realizada no último dia 18 – com a perda de quase todo o plantel de animais e de aproximadamente uma década de pesquisas -, bem como a persistente instabilidade e a crise de segurança que colocam em risco permanente a integridade física e moral de seus colaboradores, os associados concluíram que está irremediavelmente comprometida a atuação do Instituto Royal para dar continuidade à realização pesquisa científica e testes mediante utilização de animais.

Por este motivo, o Instituto decidiu encerrar suas atividades na unidade de São Roque.

A interrupção acarretará o desligamento de funcionários, todos já comunicados da decisão. Mantém-se, por ora, o Comitê de Ética formado por colaboradores do laboratório, que conta com veterinários, biólogos e membros da Sociedade Protetora dos Animais, conforme a legislação vigente. A decisão, por ora, não afetará a unidade Genotox, de Porto Alegre, onde não se faz experimentação animal.

Com o intuito de preservar a integridade dos animais remanescentes que ainda estão sob seus cuidados, o Instituto Royal tomará as providências necessárias junto aos órgãos regulatórios competentes, para assegurar que continuem sendo dados a eles tratamento e destinação adequados.

Desde 2005, o Instituto Royal realiza testes pré-clínicos com vistas ao desenvolvimento de medicamentos para o tratamento de doenças como câncer, diabetes, hipertensão, epilepsia entre outros. Com essa decisão, interrompe-se o trabalho do único Instituto laboratorial do Brasil capacitado e regulamentado para exercer este tipo de pesquisa. A partir de agora, qualquer empresa interessada na realização de testes para registro de medicamento será obrigada a realizar suas pesquisas fora do País, até que outro laboratório seja credenciado pelo CONCEA (Conselho Nacional de Controle e Experimentação Animal) para essa atividade.

Todos os testes desenvolvidos no Instituto Royal atendiam aos princípios de boas práticas de laboratório (BLP) e também às normas para cuidados dos animais do CONCEA, estando também regulamentadas por protocolos internacionais, tais como o da European Medicines Agency e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

O Instituto Royal acredita que as ações violentas ocorridas no dia 18 de outubro são resultado de dois fatores complementares: as inverdades disseminadas de forma irresponsável – e por vezes oportunista – associadas à falta de informação pré-existente. As consequências dos atos advindos dessa equação resultaram não somente em prejuízo para a instituição, que fecha suas portas, mas também e mais gravemente para a sociedade brasileira, que assiste à inutilização de importantes pesquisas em benefício da vida humana.

É inquestionável o direito de todo cidadão ou instituição expressar suas opiniões e propor à sociedade brasileira o debate sobre temas de interesse público. Não se pode anuir, contudo, com as atitudes de violência que cercaram os episódios envolvendo o Instituto Royal. Uma sociedade organizada e civilizada não pode aceitar que a pesquisa científica seja constrangida por grupos de opinião que preferem o uso da força e da violência em detrimento das vias institucionais e democráticas para travar debates.

O ambiente de insegurança gerou – e continuará gerando – prejuízos para a ciência brasileira, na medida em que não assegura aos cientistas um ambiente institucional adequado para o desenvolvimento de pesquisas cujo objetivo, em última análise, é o de salvar vidas. A consequência deste cenário de hostilidade é o desestímulo à fixação e permanência das melhores mentes científicas em nosso País.

O prejuízo causado ao Instituto Royal não é mensurável. Mas é certo que o Brasil inteiro perde muito com este episódio, lamentavelmente.”

Estadão

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Diversos

Globo é massacrada por reportagem com espaço "exclusivo" ao Instituto Royal; telefonistas desligam na cara do público

A TV Globo não foi feliz ao fazer reportagem domingo (20), no Fantástico, dando apenas espaço ao Instituto Royal, que faz testes em animais. O público se revoltou e choveram ligações e e-mail de reclamações para a emissora carioca.

Não foram somente ativistas que ficaram indignados com a suposta falta de imparcialidade da Globo, tão comentada nas redes sociais. Telespectadores do Brasil todo estão ligando na Central de Atendimento ao Telespectador desde domingo para reclamar.

Telefonistas estão enlouquecidos. Alguns chegaram a desligar na cara das pessoas por não aguentarem mais tantos xingamentos. Todos são a favor de acabar com testes em animais.

O bicho está pegando para a Globo.

Com acréscimo de informações de Fabíola Reipert – R7

Opinião dos leitores

  1. 99% desses que estão indignados, vivem nas farmácias comprando os remédios testados em animais, por que eles não boicotam a compra desses remédios?
    Será que fariam isso? Duvido!!
    Duvido também que algum desses, se proponham a testar em si mesmos os remédios, no lugar dos animais.

  2. Alguém me explique: se não testar os medicamentos em animais vão fazer isso em quem? Nos anencefálicos que se dizem defensores dos mesmos? Em crianças? Ou nas pedras?
    Esses radicais da ignorância só querem aparecer. Claro que não existe quem defenda os maus tratos puros e simples contra um animal, mas no caso de testes de medicamentos isso não é só necessário, é a única opção.
    Aliás, esses ignorantes não comem peixe, bife ou frango não? E esses itens não derivam da morte de um animal?
    Estamos voltando à idade média do conhecimento.

  3. Acho que esses medicamentos em vez de serem testados em cahorros deveriam ser testados nesses ativistas idiotas e nessas pessoas que estão ligando para protestar.
    Por que esses ativistas não libertaram e levaram para suas casas os ratos que tambem estavam no instituto Royal?
    O uso de cachorros da raça Beagles atende a um padronização mundial para testes de medicamentos.
    Será que esses ativistas acham que um medicamento é colocado no mercado sem que tenha havido testes?

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