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Bolsonaro cria a primeira estatal de seu governo, a NAV Brasil

Foto: Marcos Corrêa/PR

Em uma vitória da ala militar do governo frente a uma equipe econômica de viés privatizante, o presidente Jair Bolsonaro sancionou a criação da primeira estatal federal desde 2013: a NAV Brasil Serviços de Navegação Aérea, responsável pelo controle do espaço aéreo do País. O texto sancionado está publicado no Diário Oficial da União (DOU) de hoje.

É a primeira empresa pública criada pela União desde 2013, quando a ex-presidente Dilma Rousseff criou a Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF).

A NAV resulta da cisão da Infraero, que administra aeroportos públicos como Congonhas (SP) e Santos Dumont (SP), e ficará com as receitas das tarifas de navegação aérea. Ela será vinculada ao Ministério da Defesa, por meio do Comando da Aeronáutica, e herdará cerca de 2 mil empregados da Infraero que já atuam na área de controle de tráfego aéreo.

Mas as transferências de empregados podem superar esse número. Apesar da recomendação do Ministério da Economia, Bolsonaro manteve o artigo 23 da lei, que permite a transferência de todos os empregados da Infraero em caso de “extinção, privatização, redução de quadro ou insuficiência financeira”. Para isso, bastará a solicitação de “qualquer órgão da administração pública direta, indireta ou autárquica, mantido o regime jurídico”.

Os empregados da Infraero entram por concurso público, mas no regime de CLT. Apesar disso, um acordo coletivo firmado em 2011, quando o governo começou a privatizar aeroportos, concedeu estabilidade aos empregados até o fim de 2020.

Com a intensificação das concessões de aeroportos à iniciativa privada nos últimos anos, os funcionários temiam ficar sem emprego e atuaram para emplacar uma emenda que protegesse a categoria, durante tramitação da proposta no Congresso.

Hoje, já são 22 aeroportos privados, entre eles Guarulhos, Campinas, Brasília, Galeão, Confins, Natal, Fortaleza, Porto Alegre, Salvador e Florianópolis. O governo Bolsonaro também leiloou 12 aeroportos neste ano, divididos em blocos regionais no Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste.

Os empreendimentos privados têm liberdade para contratar empregados que não sejam da Infraero, e o governo já havia sinalizado que esses funcionários poderiam ser dispensados ao fim do prazo do acordo coletivo.

A Medida Provisória que criava a NAV foi enviada ao Congresso pelo ex-presidente Michel Temer em 20 de dezembro. Em 22 de maio o governo Bolsonaro revogou a proposta que criava a NAV, por meio do envio de outra Medida Provisória, pois a matéria estava trancando a pauta de votações da Câmara.

Depois que o problema foi resolvido, a MP foi “ressuscitada” e aprovada numa tramitação relâmpago: como ela perdia validade em 27 de setembro, a Câmara aprovou a proposta no dia 25 de setembro, e o Senado, no dia 26. A MP da NAV foi relatada pelo senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o filho 01.

Privatizações

Antes da sanção presidencial, o secretário especial de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, que trabalha para reduzir o número de estatais, criticou a criação da NAV. Disse que a empresa era “coisa do governo passado” e disse que sua criação não estava garantida. Deputados do Partido Novo ligaram para Mattar para se orientar. Eles tentaram obstruir a proposta, mas não tiveram sucesso.

De janeiro a setembro, o governo vendeu ativos estimados em US$ 23,5 bilhões, ou R$ 96,2 bilhões. A conta considera desinvestimentos – venda de subsidiárias vinculadas a empresas-mãe, como a TAG e a BR Distribuidora, da Petrobras -, concessões de aeroportos, terminais portuários e de um trecho ferroviário, além de campos de petróleo.

Até agora, nenhuma estatal federal de controle direto da União foi privatizada durante o governo Bolsonaro.

Estadão

 

Opinião dos leitores

  1. Realmente!
    O PT sempre dava satisfação aos contribuintes brasileiros! Aliás, respeito! Era essa a postura do PT, sempre prestando contas aos contribuintes, ATÉ MESMO das propinas, desvios de dinheiro, petrolão, mensalão, etc. etc…

    Oh PTrakhada honesta!

  2. DEPOIS DE CRIAR UM PARTIDO, O ANEL (Aliança Nacional) PARA PEGAR UM FUNDO PARTIDARIO, AGORA VEM O NAV PARA PROTEGER A TERRA PLANA E GARANTIR PAZ NO LARANJAL SOB AS BÊNÇÃOS DE JESUS NO OIO DA GOIABEIRA.

  3. Isso é solicitado a mais de 20 anos e ignorado pelo governo.
    Já provaram que existem vários ponto de navegação aérea no Brasil que são "cegos", os radares existentes perdem o avião e é uma situação temerária, exposta a muitos anos sem qualquer providência do governo.
    O texto tendencioso e que tenta difamar o governo que está tendo o compromisso de atender a solicitação e principalmente, acabar com o perigoso problema no controle do tráfego aéreo, recebe a taxação de ser privatizante , mas vai criar uma empresa estatal. Quanta distorção.
    Aí vem os cultos e conhecedores dos assuntos, dão seus palpites desconexos e ficam se achando senhor da razão. Esse país precisa ser passado a limpo, está invertido em valores, conceitos e começa a ser colocado de cabeça para baixo diante da insegurança jurídica produzida.

  4. "Em uma vitória da ala militar do governo frente a uma equipe econômica de viés privatizante,……"????? .
    Qualquer governo democrático daria, no mínimo, uma satisfação ao contribuinte que o sustenta.

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Política

Bolsonaro pede “desculpas” por não estar indicado inimigos para postos em seu governo

Presidente Jair Bolsonaro usou as redes sociais nesta sexta-feira(11) para cutucar a imprensa, que vem dando destaque as indicações para postos do governo.

“Peço desculpas à grande parte da imprensa por não estar indicando inimigos para postos em meu governo”, disse.

Embora uma ou outra indicação possa ser questionada, o fato é que parece, de fato, exagerada a cobertura de parte da imprensa, na questão das indicações de cargos.

Em todos os governos, sejam locais ou pelo mundo, normalmente, os governantes entregam seus cargos de confiança para pessoas dos seus ciclos de amizade e convivência política. No critério técnico, pela apresentação dos nomes, todos apresentam currículos coerentes.

Opinião dos leitores

  1. Deveria abandonar o cargo e virar comediante junto com a Gleisi Hoffmann.
    Caro presidente, o problema é a indicação de gente incompetente. Gente que exonera um fulano e no dia seguinte corre atrás pra recontratá-lo porque dispensou gente qualificada por pura perseguição ideológica.
    Por falar em ideologia, seu chanceler, seu Ministro da Educação, sua Ministra da Família, seu novo Coordenador do Enem, seu Ministro da Casa Civil estão todos dando belíssimos exemplos de como se governa "sem víeis ideológico". Tá de parabéns, taokei? Aparentemente, apenas trocamos uma ideologia por outra, tão nociva quanto.

    1. Né isso! Aí chamamos o Pateta do CE ou o Poste do Presidiário para ser Presidente?

    2. Concordo. O que mudou, além da cor partidária? As práticas são as mesmas. Mais tarde o povo irá se arrepender, assim como se arrependeu pelos 13 anos de PT. É a história sempre se repetindo no Brasil. Quem tem que mudar somos nós, não os políticos. Temos que parar de acreditar em salvadores da Pátria, corruptos, demagogos e populistas. Infelizmente, quase tudo só acontece porque nós, brasileiros, nos identificamos com muitos deles.

    3. Interessante esse comentário! Uma pitada de sarcasmo, mas foi bem sutil… Parabéns pelo texto!

    4. Acreditar em um governo sem ideologia é tão surrealista quanto crer numa imprensa imparcial.

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