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Greve: Sindicatos dos funcionários da Receita Federal: "vamos fazer o governo sangrar"

O Sindifisco, entidade sindical da Receita Federal, deu um aviso ao Ministério do Planejamento. Se o governo levar adiante o plano de substituir na fiscalização aduaneira os auditores federais por servidores dos Estados e das prefeituras, a medida será entendida como uma “declaração de guerra.”

“E nessa guerra, vamos fazer o governo sangrar”, disse Pedro Delarue (foto), presidente do Sindifisco, em reunião com Sérgio Mendonça, secretário de Relações do Trabalho da pasta do Planejamento. Ocorrido na noite de quarta (8), o encontro foi relatado por Delarue a delegados sindicais do fisco nesta quinta (9).

O linguajar bélico do líder do sindicato da Receita foi reproduzido em textos pendurados no site da entidade. Num, Delarue refere-se à audiência com o auxiliar da ministra Miriam Belchior (Planejamento) como evidência de que, emparedado pelas greves, o “governo já sente a necessidade de negociar.”

Noutro, declara ter aproveitado a reunião com Sérgio Mendonça para encaminhar os “recados” do Sindifisco. Fora recebido no Planejamento junto com sindicalistas de outras corporações em litígio salarial com o governo.

A hipótese de substituição de servidores federais por funcionários estaduais e municipais está prevista no decreto 7.777, editado por Dilma Rousseff em 24 de julho como resposta às greves.

“Não entendo como um partido com a história do PT, quando uma categoria faz uma mobilização, baixe um decreto em que coloca trabalhadores para furar greve de outros trabalhadores, numa atitude inconstitucional e com características ditatoriais. Isso é inaceitável”, disse Delarue.

Verbo engatilhado, o mandachuva do Sindifisco afirmou que, “se houver alguma tentativa de separar a Aduana [da Receita Federal], iremos para a guerra. E, com certeza, ambos os lados sairão muito feridos.”

Delarue contou aos seus pares que o auxiliar de Miriam Belchior prometeu levar à mesa, na semana que vem, as propostas do governo às diferentes corporações paralisadas. Trava-se uma corrida contra o relógio. Vence em 31 de agosto o prazo para que o Planalto envie ao Congresso a proposta de Orçamento da União para 2013.

“Não será aceito reajuste zero. Exigimos tratamento condizente com a importância das nossas atividades”, disse Pedro Delarue a Sérgio Mendonça segundo o relato feito por ele na reunião do Sindifisco. Como que decidido a provar ao governo que não está para brincadeira, o sindicato dos auditores aprovou um lote de providências radioativas.

Programou-se para a próxima quarta-feira (16) o ‘Dia Nacional de Entrega das Chefias’. Se funcionar como idealizado pelo sindicalismo do fisco, todos os ocupantes de postos de comando na Receita entregariam formalmente seus cargos em sinal de descontentamento.

Decidiu-se realizar duas paralisações de 48 horas –uma nos dias 22 e 23 de agosto; outra em 28 e 29 de agosto. Desatendido em suas pretensões salariais, o Sindifisco fará assembléia nacional em 4 de setembro. Vai a voto proposta de nova paralisação, dessa vez de 72 horas. Coisa para os dias 11, 12 e 13 do mês que vem.

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