Saúde

OMS desaconselha ventilador em local público fechado por causa de risco transmissão da Covid-19

Foto: Divulgação

Após reconhecer parcialmente evidências sobre transmissão da Covid-19 pelo ar, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou nesta semana novas orientações sobre o tema, desta vez alertando para a possibilidade de o ventilador e o ar-condicionado servirem como apoio na propagação do coronavírus de pessoa a pessoa em ambientes fechados.

No formato de “Perguntas e Respostas”, o documento “Ventilação, Ar-Condicionado e Covid” desaconselha o uso de ventiladores em ambientes fechados e compartilhados por pessoas que não vivem na mesma casa e alerta que janelas e portas devem estar sempre abertas durante o uso.

“O ar soprado de uma pessoa infectada diretamente para outra [por meio do ventilador] em espaços fechados pode aumentar a transmissão do vírus de uma pessoa à outra”, alerta a publicação da OMS.

Sobre o uso do ventilador, o documento da OMS orienta:

Deve ser usado somente em casa e em espaço compartilhado por membros da família que vivem juntos

Não deve ser ligado se algum membro da família estiver infectado

Não deve ser ligado quando alguém de fora da casa estiver no ambiente domiciliar (ex: visitas, profissionais que tenham vindo consertar algo, profissionais da saúde etc)

Em locais de trabalho ou escolas, deve-se ligar o ventilador somente “se for inevitável”. Neste caso, deve-se manter porta e janelas do local abertos para permitir a troca de ar do ambiente externo com o interno

Se puder escolher entre um ou outro, escolha o ventilador de teto, já que o de mesa ou pedestal sopra o vento diretamente de uma pessoa a outra

Janelas e portas sempre devem estar abertas durante o uso do ventilador

Sobre o ar-condicionado, a publicação orienta que a função de recirculação do ar não deve ser usada em nenhum momento. Além disso, o aparelho deve ser limpo regularmente e inspecionado com frequência.

Nesta sexta-feira (31), um estudo de Harvard também fez alerta sobre a transmissão do coronavírus pelo ar ao concluir que 59% do surto ocorrido dentro de um cruzeiro no Japão em fevereiro foi por contaminação aérea. O navio em questão é o Diamond Princess, que chegou a ficar quase um mês de quarentena em um porto japonês, com mais de 3,7 mil passageiros e 700 casos.

Transmissão aérea da Covid

No dia 9, após a divulgação de uma carta assinada por cientistas de vários países, a OMS reconheceu que há evidências que confirmem a transmissão do coronavírus pelo ar em alguns locais específicos e sob determinadas condições.

Segundo a organização, estudos recentes levantaram a hipótese do coronavírus, ao ser expelido por um infectado por meio da fala ou tosse, ser capaz de permanecer no ar e ser inalado por outras pessoas que estejam no mesmo ambiente, até horas depois.

No documento publicado do dia 9, a OMS:

Reafirma que reconhece a transmissão aérea pode ocorrer em procedimentos médicos em ambiente hospitalar que geram aerossóis (como em algumas técnicas de oxigenação e ventilação assistida de pacientes).

Alerta que não há estudos que comprovem a transmissão do Sars-Cov-2 por aerossol lançado no ambiente durante a fala normal.

Diz, porém, que não pode ser descartada a transmissão pelo ar em ambientes internos inadequadamente ventilados e lotados como restaurantes, academias de ginástica e karaokês.

Entretanto, a organização considera que, nesses locais aglomerados, a transmissão por gotículas também pode ser um dos fatores combinados de transmissão. E ainda cita que nesses espaços é maior a chance de um “superespalhador” (infectado com alta carga viral) ser o responsável pela transmissão para várias pessoas, sobretudo se cuidados com higiene e máscaras não forem adotados no espaço.

O documento também avaliou relatórios de pesquisadores que apontam surtos da Covid-19 relacionados a aerossóis concentrados em ambientes como restaurantes, academias e durante a prática do canto (como em karaokês e corais).

“Nesses eventos, a transmissão de aerossóis de curto alcance – particularmente em ambientes internos, com espaços lotados e inadequadamente ventilados – por um período prolongado de tempo com pessoas infectadas não pode ser descartada.”

Na quinta (30), a líder técnica da OMS, Maria van Kerkhove, alertou que boates e casas noturnas estão virando focos de coronavírus. “Cada vez mais vemos as boates como espaços de infecções”, disse.

G1

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