Tribuna do Norte:
Operação Hígia
A Operação Hígia foi uma investigação da Polícia Federal que, no dia 13 de junho de 2008, cumpriu 12 mandados de prisão e 42 ordens de busca e apreensão em Natal e em João Pessoa, devido a possíveis fraudes em licitações da Secretaria Estadual de Saúde e recebimento de propina por parte de pessoas influentes no Governo do Estado, durante a gestão de Wilma de Faria. Entre os presos estava o filho da então governadora, Lauro Maia.
As investigações davam conta de possíveis irregularidades no contrato da Secretaria Estadual de Saúde com a empresa A&G, que prestava serviços gerais à Sesap. De acordo com as investigações e os depoimentos colhidos, ocorria o que se chama de “tráfico de influência” por parte de membros do primeiro escalão do Governo do Estado e familiares da então governadora. Eles supostamente trocavam cargos por apoios políticos e cobravam propina para membros de empresas terceirizadas para que o pagamento dos contratos fosse efetuado.
Além de Anderson Miguel, são réus na Operação Hígia Edmílson Pereira de Assis, Francinildo Rodrigues de Castro, Francisco Alves de Souza Filho, Genarte de Medeiros Brito Júnior, Herbert Florentino Gabriel, João Henrique Lins Bahia, Jane Alves de Oliveira Miguel da Silva, Lauro Maia, Luciano de Souza, Marco Antônio França de Oliveira, Maria Eleonora D’Albuquerque Castim, Mauro Bezerra da Silva, Rosa Maria da Apresentação Caldas Siminetti e Ulisses Fernandes de Barros
Depoimento
Em depoimento no dia 25 de novembro de 2010, Anderson Miguel, proprietário da A&G, confirmou o esquema de corrupção e citou os nomes de outras pessoas que poderiam estar envolvidas, incluindo o irmão da ex-governadora Wilma de Faria, Fernando Faria, e o ex-deputado estadual Wober Júnior (PPS).
Apesar de não haver confirmação por parte do réu, nem do Ministério Público ou da Justiça, foi levantada a hipótese de que Anderson Miguel tivesse conseguido o benefício da delação premiada.
Briga
A empresária Jane Alves, ex-mulher de Anderson Miguel, rebateu o depoimento do ex-marido. No dia 17 de dezembro do ano passado, Jane Alves disse que foi ameaçada por Anderson Miguel e que houve a tentativa de impedir que ela levasse ao depoimento documentos referentes aos contratos da A&G com o governo do Estado.
O motivo para a tentativa de impedimento e supostas ameaças, segundo depoimento de Jane Alves, seriam informações falsas repassadas por Anderson Miguel à Justiça. Ela garantiu que, ao contrário do que disse o empresário em depoimento, os contratos também foram superfaturados e que havia documentos que poderiam comprovar a irregularidade.
Justiça
Além do processo referente à Operação Hígia, Anderson Miguel também é réu em quatro processos na Justiça Federal, referentes principalmente a cobranças de dívidas, e 12 na Justiça do Rio Grande do Norte. As denúncias vão desde improbidade administrativa até cobrança de dívidas e reintegração de posse. Na segunda-feira passada, inclusive, ele foi condenado a pagar R$ 120.525,64 a uma pessoa que lhe cobrava dívidas.
O escritório de advocacia onde Anderson Miguel foi assassinado chegou a ser motivo de discussão na Justiça. Um filho de Jane Alves cobrava que Anderson Miguel, seu ex-padrasto, deixasse o imóvel. O advogado e Jane Alves teriam vendido o imóvel de nove salas para o filho da empresária, que teria fornecido uma sala para Anderson Miguel como comodato. Contudo, depois da separação, o autor da ação alegou que a convivência com o advogado era inviável e queria a saída – o que não foi aceito pela Justiça, em decisão publicada no dia 4 de março deste ano.
Outros processos correm na Justiça cobrando altos valores a Anderson Miguel. O banco Bradesco move ação superior a R$ 256 mil contra o advogado, enquanto o banco Safra pede quase R$ 35 mil.
Política
O advogado Anderson Miguel da Silva também tinha atuação política em Maxaranguape, situado no litoral sul e a 44 quilômetros de Natal. Em 2008 ele disputou a eleição de prefeito pelo PSDC, tendo perdido o pleito por apenas 47 votos de diferença para a então candidata do PSDB, Maria Ivoneide da Silva, a “Neidinha”.
Naquela eleição, Anderson Miguel obteve 3.499 votos (49,67%) contra 3.546 sufrágios (50,33%) dados à atual prefeita, que foi candidata pela situação e com o apoio do ex-prefeito Amaro Saturnino Alves.
Anderson Miguel liderava todas as pesquisas eleitorais até às vésperas da eleição, mas a aliança de Toinho Costa com até então adversária “Neidinha”, de quem foi companheiro de chapa, como candidato a vice-prefeito, terminou revertendo o quadro eleitoral que era favorável ao advogado. Toinho Costa hoje está rompido politicamente com a prefeita.
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