Jornalismo

Estado reclama da falta de leitos enquanto hospitais são subutilizados

O Hospital Geral Monsenhor Walfredo Gurgel/Clóvis Sarinho é o grande termômetro da saúde pública no Rio Grande do Norte. Se ele está superlotado é sinal de que a retaguarda de atendimento não funciona como deveria. Nas cidades próximas a Natal, com exceção do Hospital Regional Deoclécio Marques, os outros seis hospitais regionais estão subutilizados. Em dois deles, visitados pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE o número de pacientes está abaixo da capacidade instalada. Sobram leitos, diariamente.

Na quinta-feira, 03, o Hospital Regional Alfredo Mesquita, em Macaíba, que possui 21 leitos de clínica médica (sendo um de isolamento), mantinha apenas onze pacientes internados. No mesmo dia, o Hospital Regional Deoclécio Marques, em Parnamirim, a menos de 15 quilômetros, trabalhava com 30% acima de sua  capacidade. Somente a ortopedia, que tem a maior demanda, estava com 75 pacientes internados, dos quais 70 aguardam cirurgia.

No Deoclécio Marques, a equipe de reportagem da TRIBUNA DO NORTE encontrou pacientes internados em macas, alojados em salas improvisadas e nos corredores. Já no Alfredo Mesquita, dez leitos estavam vazios. Na cidade de São José de Mipibu, o Hospital Regional Monsenhor Antônio Barros tem espaço “de sobra”, segundo os profissionais de saúde, para ser uma unidade de apoio para o Hospital Walfredo Gurgel, em casos simples, em que os pacientes estejam estabilizados.

Na sexta-feira, 4, a unidade tinha vagos quatro leitos de clínica médica, três de pediatria e sete cirúrgicos. Nas unidades, as diretorias reconhecem a subutilização e garantem que informam, diariamente, à Coordenadoria de Operação dos Hospitais (Cohur), da Secretaria Estadual de Saúde Pública, o número de leitos vagos. “Nós informamos e nunca recusamos qualquer transferência, até porque quando houve a restruturação ficamos como hospital de retaguarda”, afirmou a diretora geral da unidade de Macaíba, Altamira Galvão de Paiva.

No entanto, os gestores dos hospitais regionais são unânimes em afirmar que aumentar a produtividade, ou seja, a ocupação da unidade exige ampliação de recursos humanos. “Hoje nossa dificuldade”, afirmou a diretora da unidade, Célia Serafim, “é de recursos humanos. Estamos pensando em aumentar o número de cirurgias, mas não temos equipe suficiente para isso”. Nenhum deles tem Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o que impede a realização de cirurgias mais complexas.

Essa unidade tem 28 que realizam, em média 20 cirurgias por semana, segundo informou a Célia Serafim. Em Macaíba, o centro cirúrgico está fechado há, pelo menos, um ano. A situação de ‘caos’ dos principais hospitais levou o Ministério Público Estadual a realizar um estudo que possa revelar porque os hospitais da rede estadual consomem milhões de reais para pagamento  de profissionais da saúde e, ainda assim, a assistência é deficiente.

Solicitado ao Centro de Apoio às Promotorias de defesa da Cidadania, pela promotora de Justiça da Saúde, Iara Pinheiro, o  estudo motivou uma auditoria nas unidades integrantes da rede estadual de Saúde Pública.  A pedido da promotora, o  procurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, Thiago Martins Guterres, requereu a auditoria que foi aprovada pelo Tribunal de Contas do estado, em janeiro deste ano.

No documento enviado ao Ministério Público de Contas, a promotora afirma que “a rede hospitalar do Estado absorve vultuosos recursos financeiros, especialmente no pagamento da folha de pessoal, sem oferecer mínimas condições de assistência regionalizada”. O resultado disso, destaca a Iara Pinheiro, “é a transferência de pacientes para atendimento em Natal e, em menor escala, nas cidades polos, como Mossoró e Parnamirim”. A promotora afirma que “os hospitais regionais possuem potencial para uma resposta assistencial de qualidade”.

MP afirma que há distorções nas unidades

Para a Promotoria de Defesa da Saúde, a relação custo-benefício está descompensada no caso dos hospitais regionais da rede estadual. Ao solicitar a auditoria a promotora Iara Pinheiro citou a necessidade de “corrigir distorções”. O MP constatou na rede estadual de 23 hospitais “disparidade entre os recursos gastos na manutenção e a efetividade de ações de saúde”.

Dados do estudo do MP mostram que o hospital regional de Macaíba, por exemplo, custou, entre janeiro e agosto do ano passado, aproximadamente R$ 681,4 mil, mas R$ 616,6 foram destinados a pagamento de pessoal. Em contrapartida, a unidade realizou, no mesmo período, 1.274 procedimentos de internação hospitalar. A demanda maior foi ambulatorial: mais de 302 mil atendimentos.

No hospital regional de São José de Mipibu, do total de gastos, R$ 711,3 mil, mais de R$ 644 mil foram destinados para pessoal. A unidade realizou 151 internações hospitalares e 26,8 mil atendimentos ambulatoriais. O período analisado foi o mesmo.

O MP considera desequilibrada a distribuição espacial das unidades e critica a oferta de serviços de baixa complexidade nas unidades hospitalares. A chamada ambulancioterapia continua em alta, nas portas das principais unidades de Natal e Parnamirim. A falência da Atenção Básica, de responsabilidade dos municípios, agrava a crise na rede hospitalar.

Casos simples como torcicolo, torção e viroses continuam superlotando as unidades, que deveriam estar atendendo pacientes com patologias mais complexas. “A todo instante, recebemos pacientes de outros municípios, na maioria das vezes”, afirma a diretora do hospital regional, em Macaíba, Nilzelene Carrasco, “pacientes que poderiam recorrer aos postos de saúde e às UPAS [Unidades de pronto-Atendimento]”.

Segundo ela, esses pacientes não deixam de ser atendidos. “Apesar de toda a crise das últimas semanas, que só agora começa a ser equacionada”, disse Nilzelene, “em nenhum momento nossa porta de atendimento foi fechada. Atendemos a todos os que chegaram ao hospital”.

No hospital regional, em São José, a técnica de enfermagem Maria Aparecida de Oliveira reclamou da sobrecarga de trabalho, devido à superlotação que acontece no pronto-socorro da unidade. “Hoje os bancos estão cheios de pacientes que deveriam estar sendo atendidos na atenção básica”, afirmou Aparecida. A técnica de enfermagem ressaltou que não estava “questionando a necessidade do paciente, mas a falência da atenção básica”.

Segundo Maria da Guia Dantas dos Santos, diretora local do Sindicato dos Servidores da Saúde do RN, o município possui 17 equipes de Estratégia de Saúde da Família (antigos PSFs). “Pelo que a gente vê, todos os dias aqui, essas equipes não funcionam e a gente questiona para onde estão indo os recursos que são repassados”, asseverou.

Inspeção registra falta de cuidados

Por quase uma hora fiscais do  Conselho Regional de Medicina no Rio Grande do Norte (Cremern)  visitaram todas as alas de internação e corredores do Hospital Monsenhor Walfredo Grugel/Clovis Sarinho, no início da tarde de ontem. O relatório da inspeção será apresentado ao presidente do Cremern, Jeancarlo Fernandes, nesta segunda-feira, 7. No mesmo dia, o documento será levado ao conhecimento do plenário do Conselho, que poderá aprovar uma intervenção em alguns setores do HWG.

“Na impossibilidade de atuarmos em toda a unidade”, avisou Jeancarlo Fernandes, “vamos atuar no setor de reanimação”. O presidente do Cremern adiantou que “a situação está mais grave do que se pensava”. A última visita do Conselho ao Walfredo Gurgel foi  realizada em janeiro deste ano, juntamente com a Comissão de saúde da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e várias recomendações foram emitidas.

Os fiscais do Cremern fizeram fotografias e registros para colher  provas de materialidade do fato. Jeancarlo Fernandes disse que um relato informal dos médicos que fizeram a inspeção aponta para uma situação  “de caos absoluto”. No HWG, os pacientes entubados, que precisam de terapia intensiva (UTI) estão acomodados em  macas, que transbordam da sala de reanimação para corredores, politrauma e clínica médica e observação pós-cirúrgica.

Na madrugada de ontem um desses pacientes entubados no corredor veio a óbito. O Cremern tem imagens comprovando desassistência. As fotografias mostram resíduos de larvas de mosca na boca do paciente. “Na verdade, os pacientes estão jogados num cantinho de parede, sem ter quem olhe por eles, o que é completamente inadmissível”, afirmou o médico.

Jeancarlo frisou que o paciente necessita de vigilância constante e, se essa assistência não é dada adequadamente, o resultado é a elevação da mortalidade. “Num hospital de trauma”, afirmou Jeancarlo Fernandes, “a mortalidade é maior pela própria natureza do paciente, entretanto parte das mortes não ocorrem na hora do trauma. O paciente que está morrendo é aquele que está estabilizado e internado há mais de uma semana, nos corredores”. Segundo enfermeiras do HWG entrevistadas,  pela equipe da TN, na semana passada ocorreram 44 óbitos, sem considerar as mortes por trauma. A unidade tem um técnico de enfermagem para cada 16 pacientes.

Grande Natal tem oito hospitais

Dos hospitais da rede estadual, oito estão na região metropolitana de Natal. Com corredores lotados, unidades como o Walfredo Gurgel, Santa Catarina, e Deoclécio Marques, em Parnamirim, estão operando ‘milagres’, segundo os gestores para atender a demanda. No entanto, unidades como o Alfredo Mesquita, em Macaíba, e Antônio Barros, em São José de Mipibu, que têm espaços e leitos ociosos poderiam ser um ponto de apoio.

A médica Jacila Braga, do HRMAB, de São José, afirma que  “a unidade tem condições para isso, por ter equipamento de raio-x, de atender traumas simples, como luxações, torções, fratura de punho, torcicolos. Mas precisa ser equipada e ter mais profissionais”. Ontem, a médica estava transferindo a paciente Maria Letícia da Silva, 15 anos, para Parnamirim. “Ela está com problema de torcicolo, mas é preciso ortopedista faça uma avaliação”, explicou a médica.

No hospital regional de Macaíba, depois da interdição ocorrida no ano passado, a unidade reabriu apenas com 21 leitos de clínica médica. A obstetrícia, que antes da interdição chegou a fazer uma média de 160 partos/mês, está sem funcionar, aguardando reforma do centro cirúrgico e da sala de parto. Berços comuns e aquecidos, encubadora e diversos equipamentos estão sem uso.

A diretora geral Altamira Galvão de Paiva disse que aguarda orçamento para inicar a reforma. Os dois hospitais não possuem autonomia financeira. Segundo os médicos do interior, a superlotação de Natal e Parnamirim deve-se a uma regulação ineficiente. No último sábado, no hospital de São José, a médica teve que aguardar cinco horas para a transferência de um paciente infartado.

Segundo o coordenador de Ortopedia do Estado, Jean Valber, a quebra no fluxo de pacientes da ortopedia tornou a superlotação mais crítica na última semana. O governo do Estado estava em débito com a Cooperativa de Médicos do RN que disponibiliza ortopedistas para os procedimentos. Eles só retomam o atendimento na segunda-feira.

Devido à greve, a unidade está trabalhando com 30% de sua equipe. “Nós só conseguimos fechar uma equipe, apesar de termos capacidade para fazer três cirurgias simultâneas”, disse o médico. Ela acredita que se a retaguarda fosse estruturada melhor, desafogaria os hospitais de Natal e Parnamirim.

Fonte: Tribuna do Norte

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Geral

Prefeito Jaime Calado autorizou reforma do Mercado do Artesanato que vai abrigar a primeira Escola de Cerâmica Artística do Nordeste

O prefeito Jaime Calado assinou nesta terça-feira (15) a ordem de serviço para a reforma do Mercado de Artesanato Dona Neném Felipe, em Santo Antônio do Potengi. O espaço será transformado em um polo cultural com a implantação da primeira Escola de Cerâmica Artística do Nordeste, fruto de uma parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

A iniciativa marca um novo momento para o mercado, que há 35 anos é símbolo da produção cultural e do talento dos artesãos da região. O espaço, que no passado funcionava como um mercado popular com venda de frutas e produtos diversos, foi reestruturado em 2009, ainda na primeira gestão de Jaime Calado, e passou a se chamar oficialmente Mercado de Artesanato Dona Neném, em homenagem à ceramista que transformou o Galo Branco em uma peça artesanal decorativa.

Agora, de volta à Prefeitura, o prefeito reafirma seu compromisso com a cultura local: “Queremos ampliar ainda mais as conexões com o ensino superior. Ter uma escola de arte em cerâmica aqui representa a preservação da cultura do nosso povo. O galo de Dona Neném é um símbolo de uma arte viva”, destacou Jaime Calado.

A artesã Daniela Amaral, moradora de Santo Antônio, se emocionou ao falar sobre o impacto da obra: “A gestão do prefeito Jaime Calado nos acolheu. Agora, nos sentimos valorizados. Em apenas seis meses de gestão, sentimos essa mudança, principalmente com a garantia desse espaço que há 35 anos retrata a história de um povo.”

O secretário de Cultura do município, Gleydson Almeida, também reforçou a importância do momento: “Esse dia vai entrar para a história. Estamos valorizando a ancestralidade desse lugar, que tanto nos orgulha.”

Representando a UFRN, o professor Carlos Alberto Pascocimas destacou o potencial da parceria: “Estaremos trazendo para os artesãos novas tecnologias e possibilidades na arte cerâmica — como pigmentações e novas modalidades —, somando ao talento natural que eles já possuem.”

O projeto de reforma foi viabilizado por emenda parlamentar do deputado federal Fernando Mineiro, no valor de R$ 327.065,00 e área construída de 325,17 m². A obra foi licitada ao custo de R$ 283.122,27.

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Jornalismo

Operação Amicis: Jovem da BMW Rebate Acusação de Laranja E Se Diz Vítima: ‘Fui Enganado’

Foto: Blog do Dina

No depoimento, o alvo detalhou sua relação com os líderes do esquema e descreveu como emprestou seu nome para negócios e movimentações financeiras. Operação Amicis.

O que você vai ler:

Um dos alvos da investigação que apura um esquema de lavagem de dinheiro em Natal na Operação Amicis, Lucas Ananias Lopes Silveira de Sousa prestou depoimento às autoridades e confrontou a acusação de “laranja” que lhe é atribuída. Segundo afirmou, ele foi enganado por João Eduardo Costa de Souza, conhecido como “Duda”, e Layana Soares da Costa.

No depoimento, Lucas detalhou sua relação com os líderes do esquema e descreveu como emprestou seu nome para negócios e movimentações financeiras controladas por Duda e Layana.

Quiosque de fachada

O ponto de partida da parceria, segundo Lucas, foi o convite de Duda para abrir um quiosque de suplementos, em agosto ou setembro de 2023. Eles se conheceram na academia Pulse. Lucas aparecia como único sócio formal da empresa, mas afirma que a gestão do negócio era inteiramente feita por Duda e Layana.

Ele declarou ter investido R$ 10 mil em mercadorias e atuava na parte técnica, com base em sua experiência no setor e que tinha recursos disponíveis após ter morado três anos nos Estados Unidos. Apesar disso, todas as decisões de compra e administração partiam do casal. A conta bancária da empresa era acessada por ele e também por Duda e Layana.

Empresas e contratos

Lucas contou que o contador do quiosque, José Ildo Pereira Leonardo, era ligado a Duda e que nunca o conheceu pessoalmente. Toda a documentação da empresa foi assinada digitalmente por orientação do suposto líder do esquema.

Além disso, Lucas admitiu ter autorizado o uso do próprio nome para registrar veículos comprados por Duda. Um deles, uma Land Rover Discovery, teve financiamento assinado por Lucas, embora os pagamentos estivessem sob responsabilidade de Duda — que teria começado a atrasá-los. Outra caminhonete, uma Triton L200, está registrada em nome da empresa L.A. Suplementos, ligada a Lucas.

Movimentações financeiras

Chamam atenção as transações feitas por meio da empresa L.A. Serviços de Saúde, também em nome de Lucas. Segundo ele, foram transferidos R$ 151 mil para a empresa LL Construções e Locações de Máquinas Ltda., inicialmente registrada em nome de Luanderson Lima e depois passada para João Pereira Neto, outro investigado. A L.A. Serviços de Saúde teria movimentado cerca de R$ 645 mil em apenas quatro meses.

Lucas disse desconhecer transferências feitas para a empresa NP Locações e Serviços, alegando que a gestão financeira era conduzida por Duda e Layana.

Eu fui totalmente vítima e acredito que quando vocês puxarem conversas aí, você vai ver eu cobrando a ele [Duda], eu cobrando a irmão dele, eu compartilhando com amigos a minha indignação por ele ter comprado um carro no meu nome e não ter honrado os pagamentos“.

Quando questionado se alguém pode ter transferido a empresa sem o seu consentimento, Lucas responde com firmeza: “Com certeza, com certeza. Não tenho um pensamento disso”. Ele menciona que o contador, José Hildo, com quem ele “nunca nem vi pessoalmente”, tinha a senha do GOV.br e acesso para movimentar documentos digitalmente.

Polícia vê indícios de lavagem

De acordo com a investigação, Lucas Ananias compõe o chamado “Núcleo Fungível” do grupo, sendo usado como interposto para ocultar patrimônio. Os investigadores apontam que ele mantém um estilo de vida de “influencer” e possui um patrimônio incompatível com sua renda.

Além da Discovery e da Triton L200, uma BMW 320i Active Flex 2018 também está registrada em seu nome. O contador José Ildo é citado pela polícia como responsável pela abertura de empresas de fachada e alterações contratuais fraudulentas.

A apuração continua sob sigilo, com os investigadores aprofundando as conexões entre os envolvidos.

Com Blog do Dina

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Geral

Toffoli anula todos os atos da Lava Jato contra Alberto Youssef

Foto: Carlos Moura/SCO/STF

O ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), anulou nesta terça-feira (15) todos os atos da Operação Lava Jato contra o doleiro Alberto Youssef.

Com a decisão, ficam invalidadas todas as determinações do ex-juiz Sergio Moro no processo.

Segundo Toffoli, Youssef foi alvo de um “conluio” entre a PF (Polícia Federal), o MPF (Ministério Público Federal) e Moro.

“A parcialidade do juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba extrapolou todos os limites, porquanto os constantes ajustes e combinações realizados entre o magistrado e o Parquet e apontados acima representam verdadeiro conluio a inviabilizar o exercício do contraditório e da ampla defesa pelo requerente”, argumenta Toffoli.

Para o ministro, o processo contra o doleiro tinha “cartas marcadas”, com decisões tomadas a partir de um objetivo definido de garantir a condenação dos investigados.

Ainda de acordo com Toffoli, ficou evidente que Moro e os procuradores passaram a articular estratégias e medidas em contra Youssef, comprometendo seu direito a um julgamento imparcial.

“Ressalta-se a clara mistura da função de acusação com a de julgar, corroendo-se as bases do processo penal democrático”, afirma o ministro.

Toffoli também citou a gravação clandestina de conversas de Youssef dentro da cela da Polícia Federal, em 2014, como exemplo da proximidade entre o juiz e os acusadores, além de prova dos abusos cometidos pela operação.

Segundo a defesa, a escuta funcionou por 11 dias e teria sido usada para pressionar o doleiro a firmar um acordo de colaboração.

Apesar da anulação dos atos, o ministro ressaltou que a decisão não invalida o acordo de delação premiada firmado por Youssef, um dos mais relevantes da Lava Jato e base para diversas investigações e sentenças da Justiça no Paraná.

Youssef foi um dos primeiros presos da operação, em março de 2014. Condenado por lavagem de dinheiro e organização criminosa, ele fechou novo acordo de delação e, em novembro de 2016, passou ao regime de prisão domiciliar. Em 2017, foi autorizado a cumprir pena em regime aberto.

CNN

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Brasil

Audiência termina sem acordo e Moraes prepara decisão sobre IOF

Foto: Nelson Jr./SCO/STF

Terminou sem acordo a audiência de conciliação no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o impasse entre o governo federal e o Congresso envolvendo o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), nesta terça-feira (15).

A CNN apurou que agora o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, já prepara decisão judicial sobre a questão.

A reunião ocorreu na sala de audiência do STF e durou pouco mais de uma hora. No encontro, participaram o advogado-geral da União, ministro Jorge Messias, e a equipe jurídica da Câmara e do Senado, além de representantes do Ministério da Fazenda e dos partidos que ingressam com ações no Supremo, PL e PSOL.

Segundo a ata da audiência, Moraes ressaltou durante a reunião a importância do diálogo e que era necessária a concessão recíproca entre o governo e o Parlamento.

“Os presentes disseram que, apesar da importância do diálogo e da iniciativa dessa audiência, preferiam aguardar a decisão judicial”, consta a ata da audiência.

Dado o impasse entre as partes, o ministro Alexandre de Moraes pediu para que os autos do processo fossem conclusos para ele poder tomar uma decisão sobre o impasse. Três ações no Supremo tratam sobre o IOF e são relatadas por Moraes.

Por nota, após a reunião, o ministro Jorge Messias defendeu a legalidade do decreto do Executivo. “A importância desta decisão para o retorno da plena harmonia institucional e reafirmou que o Poder Executivo permanece sempre aberto a um diálogo franco, leal e construtivo, seja no Ministério da Fazenda ou no Palácio do Planalto com todos os setores da sociedade em benefício do Brasil”, diz trecho da nota.

Impasse sobre o IOF

A crise do IOF entre o Executivo e o Congresso começou com um decreto editado pelo governo federal, em maio deste ano. A norma aumentava as alíquotas do imposto para reforçar as receitas e manter os gastos dentro do arcabouço fiscal.

No entanto, o decreto presidencial causou insatisfação entre parlamentares e no mercado financeiro. Com isso, o governo decidiu recalibrar o aumento e apresentou outras alternativas em conjunto. Os ajustes foram acordados em reuniões com líderes partidários e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Mesmo assim, congressistas mantiveram críticas e passaram a cobrar novas opções de corte de despesas. Duas semanas após a mudança, a Câmara e o Senado aprovaram, no mesmo dia, o PDL (Projeto de Decreto Legislativo) para derrubar o decreto do executivo que aumentava as alíquotas do IOF.

CNN 

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Brasil

VÍDEO: Janones diz que adversários apalparam seu pênis e políticos caem na risada

O deputado federal André Janones (Avante-MG), que teve nesta terça-feira (15) o seu mandato suspenso de forma sumária por três meses, afirmou que na confusão que se envolveu no último dia 9 no plenário da Casa, durante discurso de Nikolas Ferreira (PL-MG), teve o pênis apalpado por adversários em meio a empurra-empurra e agressões.

O relato provocou risos de parlamentares bolsonaristas presentes, como Helio Lopes, Carlos Jordy e Osmar Terra. Até mesmo o presidente da sessão, Fábio Schiochet (União-SC), não conteve a reação.

A suspensão de Janones foi aprovada por 15 votos a 3 e tem efeito imediato, com corte de salário e verbas parlamentares. Um processo de cassação será aberto em seguida, seguindo rito tradicional.

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Política

VÍDEO: Câmara suspende André Janones por 3 meses após confusão com Nikolas Ferreira; veja a reação do deputado

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (15), a suspensão do mandato do deputado federal André Janones (Avante-MG) por um período de três meses. A punição é resultado da confusão protagonizada por Janones no plenário da Casa durante um discurso do também deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), seu adversário político declarado.

O episódio ocorreu na semana passada, quando, durante uma fala de Nikolas, Janones interrompeu o parlamentar e iniciou uma troca acalorada de ofensas, que precisou ser contida por colegas presentes na sessão. O caso repercutiu nas redes sociais e aumentou a tensão entre aliados do governo e da oposição.

A decisão do Conselho de Ética teve maioria dos votos favoráveis à suspensão, considerada uma punição intermediária entre advertência e cassação. Parlamentares justificaram o voto alegando “quebra de decoro parlamentar” e “conduta incompatível com o ambiente do plenário”.

Após a deliberação, Janones reagiu com indignação. Em vídeo que acompanha esta matéria, é possível ver o deputado saindo do plenário visivelmente contrariado, enquanto critica o que chamou de “perseguição política” e “blindagem a extremistas”. Segundo ele, a medida “não vai calar sua voz contra o bolsonarismo e seus representantes”.

A suspensão impede Janones de participar das sessões, votar ou apresentar projetos no período determinado. Durante os três meses, ele também terá o salário suspenso, exceto o auxílio-saúde.

Blog do BG e Folha de SP

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RN

Prefeitura de Parnamirim inicia obras da Estrada de Japecanga

O prazo foi dado e o prazo foi cumprido nas obras de recuperação da Estrada de Japecanga, iniciadas nesta segunda (14), em mais um problema resolvido pela atual gestão. Sem intervenções significativas há mais de 30 anos, em breve, moradores e motoristas que trafegam pela RN-316, conhecida como Estrada de Japecanga, viverão uma nova realidade.

A Prefeitura de Parnamirim começou nesta manhã (14), a limpeza dos dutos de drenagem e retirada da pavimentação antiga para na sequencia realizar o nivelamento e a recuperação asfáltica. A via é de responsabilidade do Governo do Estado, mas a gestão municipal recebeu a autorização para trabalhar no local, por solicitação da prefeita Nilda Cruz junto a Governadora Fátima Bezerra.

“E um momento de muita satisfação para nos que fazemos esta nova gestão. Essa era uma demanda antiga da população e de todos que precisam passar por aqui diariamente. Mesmo não sendo uma responsabilidade nossa, não poderia nunca deixar esse sofrimento do povo seguir. Solicitamos a autorização, recebemos a liberação e hoje os serviços iniciaram, conforme havíamos divulgado. Essa é uma gestão comprometida com a qualidade de vida e o progresso de Parnamirim”, destacou a prefeita.

Além da manutenção e limpeza das galerias, serão recuperados 600 metros da via a partir da 2ª saída da rotatória. Esse trecho ficará interditado por 15 a 30 dias sendo o desvio feito da seguinte forma: pela Rua Presidente Castelo Branco logo após a rotatória e em seguida, passando para a Rua Presidente João Goulart sentido para sair na continuidade da Estrada de Japecanga.

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Brasil

Itamaraty acusa EUA de “intromissão indevida” em assuntos do Brasil

Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil classificou as recentes manifestações diplomáticas dos Estados Unidos, por meio do Departamento de Estados do país, como uma “nova intromissão indevida e inaceitável em assuntos de responsabilidade” dos poderes brasileiros. A declaração aconteceu nesta terça-feira (15/7), por meio de um comunicado oficial.

“O governo brasileiro deplora e rechaça, mais uma vez, manifestações do Departamento de Estado norte-americano e da embaixada daquele país em Brasília que caracterizam nova intromissão indevida e inaceitável em assuntos de responsabilidade do Poder Judiciário brasileiro”, diz um trecho da nota publicada pelo Itamaraty. “Tais manifestações não condizem com os 200 anos da relação de respeito e amizade entre os dois países”.

Nessa segunda-feira (14/7), o subsecretário do Departamento de Estado dos EUA, Darren Beattle, comentou a taxa de 50% imposta por Donald Trump contra o Brasil. De acordo com o diplomata, a medida foi uma resposta à decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em seguida, a embaixada dos EUA no Brasil também falou sobre a retaliação norte-americana contra a economia brasileira. Segundo a representação diplomática, a tarifa e as declarações de Trump são respostas a “ataques contra Jair Bolsonaro”.

O ex-presidente é apontado como o líder de uma organização criminosa que planejou realizar um golpe de Estado em 2022. Atualmente, ele enfrenta julgamento no STF, e pode enfrentar penas que podem chegar a 43 anos. Apesar das investigações, Trump usou tarifas para pressionar por um fim do caso contra Bolsonaro — que atualmente está inelegível por abuso de poder político.

Em fevereiro, a diplomacia norte-americana já havia se manifestado sobre assuntos brasileiros, ligados ao poder Judiciário.

Na época, o Bureau de Assuntos para o Hemisfério Ocidental classificou as decisões de Moraes contra plataformas digitais como “censura”. Meses depois, o secretário de Estado, Marco Rubio, confirmou que o ministro brasileiro poderia ser alvo de sanções vindas dos EUA.

Metrópoles

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Geral

Justiça arquiva ação que acusava Janja e filhos de Lula de usarem aviões da FAB de forma irregular

Foto: Claudio Kbene/PR

A Justiça Federal em Brasília rejeitou uma ação popular nesta terça (15) que acusava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de permitir que seus familiares usassem, de forma irregular, aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).

O processo foi movido pelo deputado estadual Carmelo Melo (PL-CE). Ele dizia que os filhos de Lula, Fábio Luís e Luís Cláudio, e a primeira-dama, Janja, teriam viajado em aeronaves oficiais sem ter cargo público ou missão oficial.

Para ele, isso desrespeitaria princípios da administração pública, como moralidade e impessoalidade.

A juíza Iolete Maria Fialho de Oliveira, responsável pelo caso, considerou que não havia provas suficientes para que a ação seguisse adiante.

Ela afirmou que as acusações se baseiam apenas em reportagens jornalísticas, sem qualquer documento oficial ou evidência concreta de que houve irregularidade ou prejuízo aos cofres públicos.

A magistrada também destacou que os atos do governo têm uma “presunção de legalidade” —ou seja, são considerados corretos até que se prove o contrário. Segundo ela, essa presunção não foi quebrada no caso.

Com isso, a ação foi encerrada sem julgamento do mérito. A decisão ainda pode ser revista por instâncias superiores.

Mônica Bergamo – Folhapress

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Geral

Circo Kroner faz estreia nesta sexta-feira (18), às 19h30, na Arena das Dunas


Espetáculo internacional chega a Natal com estrutura de alto padrão, atrações grandiosas e ingressos a partir de R$ 30

A espera está prestes a terminar: nesta sexta-feira (18), às 19h30, o Internacional Circo Kroner estreia em Natal com uma superprodução que promete encantar o público de todas as idades. Após duas décadas, o tradicional espetáculo europeu volta à capital potiguar com apresentações na Arena das Dunas, em estrutura climatizada e repleta de atrações de tirar o fôlego.

O espetáculo reúne mais de 60 artistas brasileiros com carreira internacional, em números de alto nível como trapezistas, mágicos, o globo da morte com cinco motos simultâneas, acrobatas de pernas de pau na trupe de báscula e muito mais. Um dos destaques é a banda ao vivo que acompanha o show do início ao fim, em uma verdadeira imersão musical e visual no universo circense.

Os ingressos para a estreia já estão disponíveis a partir de R$ 30, com opção de parcelamento em até 3x sem juros, pelo site www.circokroner.com.br. Os setores são divididos de forma a garantir boa visualização de todos os pontos da lona, que é climatizada e exclusiva no Brasil. O espaço ainda conta com banheiros de alto padrão, acessibilidade e segurança para proporcionar uma experiência completa.

Depois da estreia, o circo segue com sessões especiais no fim de semana: no sábado (19) e domingo (20), o público poderá escolher entre três horários por dia — 16h, 18h30 e 20h30. A programação continua nas semanas seguintes.

Acompanhe mais detalhes e novidades nas redes sociais oficiais do espetáculo: @circokroneroficial.

Prepare-se para viver sua própria experiência Kroner.

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