Sem alarde, a juíza Gislaine Reis, da 4ª Vara de Fazenda Pública do Distrito Federal, expediu no dia 24 de agosto uma sentença alvissareira.
Condenou cinco empresas a devolver às arcas de Brasília R$ 240,8 milhões. A novidade veio à luz em notícia do repórter Filipe Coutinho, na Folha.
Eis as logomarcas condenadas: Linknet (R$ 79 milhões), Linkdata (R$ 50 milhões), Prodata (R$ 38 milhões)…
…Conecta (R$ 36 milhões), Poliedro (R$ 35 milhões) e Brasil Telecom (R$ 2,8 milhões).
Excetuando-se a Brasil Telecom, as demais foram citadas por Durval Barbosa como provedoras do esquema batizado de mensalão do DEM.
Antes de se tornar um delator premiado, Durval comandou a Codeplan (Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central).
Contratado na gestão de Joaquim Roriz, Durval foi aproveitado na equipe do sucessor dele, José Roberto Arruda.
A sentença de Gislaine envolve justamente contratos celebrados pela Codeplan. Tudo em caráter emergencial, sem licitação. “Absolutamente ilegal”, anotou a juíza.
Empresas de informática, as fornecedoras da Codeplan venderam à estatal produtos alheios ao seu ramo de atividade. A magistrada observou:
“É bem de ver-se a desnecessidade de contratação emergencial para a colocação de carpete, gesso, persianas e fornecimento de copos e papel higiênico.”
Servindo-se das revelações feitas pelo delator Durval, a PF constatou que a Codeplan está no DNA dos desvios de verbas que nutriram o mensalão brasiliense.
O próprio Durval informara que os contratos da estatal serviram para financiar a campanha de Arruda e de deputados distritais do grupo dele.
Os negócios que resultaram na condenação da juíza Gislaine são de 2006. São desse ano também os vídeos em que Durval aparece distribuindo dinheiro a políticos.
Entre os personagens da cinemateca de Durval, estava a filha de Roriz. Eleita deputada distrital, Jaqueline Roriz (PMN-DF) fingiu-se de morta.
Mais que isso: ajudou a cassar colegas pilhados nos vídeos. Pronunciou inflamados discursos pela ética. Num deles, chamou uma mensaleira de “cara de pau.”
Em março de 2011, quando Jaqueline já ocupava uma cadeira na Câmara Federal, vieram à luz as cenas em que ela apalpa as verbas sujas de Durval.
A despeito da força das imagens, a Câmara mandou ao arquivo, na semana passada, o pedido de cassação do mandato da filha de Roriz.
Ao alvejar a caixa registradora dos corruptores, a magistrada de Brasília como que oferece um lenitivo ao contribuinte desamparado.
Convém degustar a novidade rapidamente. Pode durar pouco tempo. A palavra da juíza Gislaine não encerra o caso. Cabe recurso.
Josias de Souza
Essa imprensa é engraçada mesmo. Cobre com o maior estardalhaço o caso do cara do FMI vítima de uma armação. O ministério público dos estados unidos retirou a denúncia por falta de credibilidade da denunciante. Certamente aqui o tal Durval (condenado já mais de uma vez, réu em cerca de 40 processos e pedófilo) deve ter muita "credibilidade". E os procuradores denunciados como autores de tentativa de extorsão contra Arruda e expulsos do Ministério Público devem merecer muita fé. É isso?
Se fosse alguém ligado ao PT oa alarde seria grande… Parece até que existe nada de errado nos governos do DEM PSDB para grande parte da imprensa
O que eu acho engraçado nessa estória toda é o seguinte:
Se a deputada Jaqueline Roriz recebeu "propina"das mãos do secretário de Estado de Assuntos Sindicais, Durval Barbosa, em setembro de 2006; Se naquela época o governador do Distrito Federal era Joaquim Roriz, pai da deputada; Se Durval Barbosa era Secretário de Joaquim Roriz, cargo de confiança do governador;
Se o governador Joaquim Roriz apoiava -como de fato apoiou- Maria Abadia como candidata à sua sucessão; Se o governador Joaquim Roriz, em conversa com seu advogado, Eri Varela, divulgada pela Tv, referia-se ao candidato José Roberto Arruda com palavrões e prometia acabar com ele…me responda…
Por que Arruda, apesar de tudo issso, é citado na denúncia como chefe desse esquema criminoso?
Apenas porquê Durval Barbosa disse que Arruda comandava esse esquema, mesmo sabendo-se que esse senhor já foi condenado em vários processos, indiciado em diversos outros, investigado e com pedido de prisão feito pela polícia por crime de pedofilia, denunciado pelo ministério público por formação de quadrilha e tentativa de extorão?