Finanças

Bancos darão desconto de até 90% entre dias 2 e 6 em mutirão de renegociação de dívida

Foto: Agência Brasil/EBC

Com a sinalização de descontos de até 90%, os grandes bancos de varejo vão promover, na primeira semana de dezembro, um mutirão de renegociação de dívidas de clientes. A medida é uma das ações previstas em acordo firmado entre as instituições financeiras e o Banco Central (BC) para promover educação financeira.

Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Caixa, Banco do Brasil (BB) e Banrisul terão 261 agências abertas até às 20h, entre os dias 2 e 6 do próximo mês, com essa finalidade. A parte da rede de agências das instituições que vai manter o horário normal de funcionamento também fará o atendimento de renegociações.

As ofertas também estarão disponíveis nos canais digitais dos bancos. O cliente que procurar essas instituições para renegociar suas dívidas terá de assistir a um vídeo e receberá um folheto com dicas de como melhorar a gestão de suas finanças.

No Banco do Brasil, por exemplo, 57 agências funcionarão em horário estendido. Mas a renegociação também poderá ser feita nas demais unidades e nos canais digitais. “Mobilizamos toda a nossa rede para esta ação de enorme relevância e que incentiva a reinclusão das pessoas no mercado de consumo no momento em que aumentamos a velocidade do crescimento econômico”, disse o presidente do BB, Rubem Novaes, em comunicado enviado ao Valor.

Apesar de anunciado com alarde, o acordo de cooperação assinado ontem pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e pelo BC não traça metas específicas de redução do endividamento. Tampouco estabelece condições mínimas para a oferta que será feita pelos bancos.

“Cada banco tem suas ofertas, que vão desde parcelamento a descontos e troca por dívida mais vantajosa aos clientes”, disse o diretor de autorregulação e relações com clientes da Febraban, Amaury Oliva. “Há compromisso dos bancos em oferecer propostas melhores.”

Os bancos ainda não fecharam as condições que vão oferecer, mas os descontos chegarão a 90%. É o caso do Santander, em que a redução no valor devido poderá ser dessa magnitude nas dívidas com atraso acima de 60 dias, dependendo do caso. A instituição também promoverá cortes de até 20% nas taxas cobradas de clientes com atraso inferior a 60 dias.

“Participar de uma ação como essa é evitar o superendividamento da população brasileira e contribuir para um consumo consciente e saudável das famílias”, disse Gustavo Alejo, diretor de produtos de crédito e recuperações do Santander Brasil, por meio de nota.

De tudo um pouco

A Caixa também confirmou descontos de até 90% para os inadimplentes há mais de um ano quitarem suas dívidas à vista. Segundo o banco, os clientes poderão ainda unificar os contratos em atraso e parcelar em até 96 meses, realizar pausa no pagamento de até uma prestação e efetuar a repactuação do empréstimo, com possibilidade de aumento do prazo.

As condições também englobam os contratos habitacionais. Uma das alternativas oferecidas será pagamento de entrada e a incorporação do restante da dívida em atraso às demais prestações do contrato.

Itaú e Bradesco ainda finalizavam suas propostas ontem. Individualmente, os bancos já vinham promovendo ações, de tempos em tempos, para renegociar dívidas de clientes. A Caixa lançou um programa em junho que, segundo a instituição, regularizou pagamentos de mais de 110 mil clientes desde então.

No entanto, o que o BC quer agora é que as renegociações venham acompanhadas de medidas de educação financeira. A medida é a primeira ação do acordo de cooperação em educação financeira assinado ontem entre a autoridade e a Febraban.

O chefe do Departamento de Promoção e Cidadania Financeira do BC, Luiz Gustavo Mansur, afirmou esperar que as medidas previstas no acordo tenham efeito positivo sobre o custo do crédito. “Vai aumentar o nível de educação financeira da população e isso acaba impactando no custo do crédito”, disse.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, destacou o grande alcance dos bancos, que contam com uma ampla rede de agências, para ajudar a disseminar a educação financeira. “As instituições, com sua capilaridade, podem alcançar público vasto, 144 milhões de brasileiros que usam serviços financeiros”, disse.

O presidente da Febraban, Murilo Portugal, acrescentou que a parceria busca “facilitar o crédito responsável em bases sólidas, em bases permanentes”. O dirigente da Febraban também afirmou que o acordo prevê o lançamento de uma plataforma que vai reforçar o caráter duradouro das iniciativas de renegociação de dívidas e educação financeira. “Além de trazer conteúdos, vai medir a saúde financeira das pessoas que desejarem participar. O plano prevê prêmio para incentivar ações de educação financeira.”

Segundo Campos, serão quatro ações no âmbito do acordo. Além do mutirão para renegociação de dívidas, será lançada uma plataforma on-line, que “ofertará ações de educação com base no índice de saúde financeira e interesses específicos”, como renegociações de dívidas e planejamento do orçamento. Haverá ainda um concurso de iniciativas para fomentar ações de amplo alcance.

“Seguiremos estudando medidas na semana de educação financeira, a Enef, que será realizada em maio de 2020”, disse. O BC e a Febraban também vão “estudar benefícios financeiros diretos e indiretos para fomentar o acesso a essa plataforma”.

Globo, via Valor Investe

 

Opinião dos leitores

  1. Quem paga em dia não tem vantagem alguma. Agora para os inadimplentes sempre têm benefícios. Muito melhor dar calote. Só no Brasil mesmo…

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