Comportamento

DURÕES NA MIRA: Masculinidade tóxica afeta a saúde e o bem-estar dos homens, diz estudo

(Foto: Hunters Race / Unsplash)

As necessidades sociais dos homens são afetadas pela masculinidade tóxica – um conjunto de estereótipos nocivos em torno da masculinidade, como o de que homens devem ser fortes, independentes e durões. A conclusão é de um novo estudo divulgado na publicação científica Sex Roles.

De acordo com a pesquisa, homens que apoiam uma concepção negativa da masculinidade podem acabar se isolando conforme envelhecem, o que impacta na saúde, no bem-estar e na felicidade deles. Quando se deparam com problemas de saúde ou financeiros, por exemplo, eles podem sentir que não têm ninguém com quem se abrir.

“Ter pessoas com quem podemos falar sobre questões pessoais é uma forma de apoio social. Se as pessoas só têm um indivíduo com quem podem compartilhar informações – ou, às vezes, não têm ninguém –, elas não têm uma oportunidade de refletir e compartilhar”, explica em um comunicado stef shuster, que leciona na Universidade do Estado de Michigan, nos Estados Unidos, e conduziu o estudo.

A pesquisa envolveu a análise de dados de 5.487 homens e mulheres mais velhos nos Estados Unidos. Cientistas perceberam que, em comparação com mulheres, homens têm menor probabilidade de terem alguém como confidente e de terem esse tipo de relacionamento próximo tanto com familiares quanto com amigos. Além disso, quanto mais os homens apoiam a masculinidade hegemônica, menores eram as chances de eles terem confidentes.

Celeste Campos-Castillo, coautora do estudo e professora associada do Departamento de Sociologia da Universidade de Wisconsin-Milwaukee, nos Estados Unidos, observa: “Isolamento social é comum entre adultos que estão envelhecendo. Mudanças como aposentadoria, viuvez e mudança de casa podem atrapalhar as amizades existentes”.

De acordo com stef shuster, está na hora de estudar como a masculinidade tóxica é danosa para os próprios homens. “Frequentemente, masculinidade tóxica é um termo que usamos para descrever como a masculinidade afeta outras pessoas, especialmente as mulheres”, disse. “Mas nosso estudo mostra como a masculinidade tóxica também tem consequências prejudiciais para os homens que seguem esses ideais. A própria premissa da masculinidade hegemônica, de certa forma, é baseada na ideia de isolamento, porque se trata de ser autônomo e não demonstrar muita emoção. É difícil desenvolver amizades vivendo assim.”

A questão é que quanto mais um homem segue os ideais de masculinidade tóxica, menores são as chances dele mudar sua visão de mundo e procurar ajuda. “Você pode mudar os princípios ideológicos de alguém? Acho que isso é mais difícil de vender do que tentar fazer as pessoas acreditarem que o isolamento social é extremamente prejudicial à saúde”, considera shuster. “Trata-se de aprender a oferecer ferramentas para que as pessoas não fiquem socialmente isoladas e ajudá-las a desenvolver a capacidade de reconhecer que todas as formas do ser ‘homem de verdade’ que elas sustentam não vão funcionar para elas à medida que envelhecem”, aponta shuster.

O estudo é um dos primeiros a tratar a masculinidade como um espectro em vez de uma categoria binária. “Muitas pesquisas de gênero são baseadas em binários simplistas de mulheres ou homens, feminino ou masculino, seja você hegemonicamente masculino ou não. Por causa do conjunto de dados que estamos usando, nosso estudo realmente examina a masculinidade em um espectro”, explica shuster.

Galileu

Opinião dos leitores

  1. Tempos difíceis criam homens fortes, homens fortes criam tempos fáceis e tempos fáceis criam homens fracos… Para um bom entendedor…

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Saúde

Receita para uma vida saudável todo mundo sabe de cor, no entanto, não é tão fácil quanto parece; veja como ter uma rotina que promove bem-estar e saúde

Foto: Getty Images

A receita para uma vida saudável todo mundo sabe de cor: praticar exercícios regularmente, comer bem, dormir o suficiente e evitar o estresse. Seguir essas recomendações, no entanto, não é tão fácil quanto parece – para começar, as interpretações sobre cada uma delas são muitas. Há ainda os fatores individuais, como idade, condição física e relógio biológico. Como saber, então, se estamos no caminho certo?

A medicina pode ajudar na busca do equilíbrio na rotina de cada um, dentro de suas circunstâncias específicas. As horas de sono recomendadas, por exemplo, variam conforme a fase da vida. No início, o corpo tem mais necessidade de descanso; depois passa a exigir cada vez menos enquanto envelhecemos — de 14 horas na primeira infância, diminui para cerca de sete ou oito na terceira idade.

— Não é verdade que existem pessoas que ficam recuperadas dormindo pouco. Dez dias dormindo seis horas por noite já causam um efeito na cognição equivalente a uma noite acordado — explica o ortopedista Lucas Furtado da Fonseca, especialista em Medicina do Esporte e credenciado à rede do plano de saúde premium Amil One .

Noites bem dormidas estão entre os principais ingredientes de uma vida saudável. Ajudam a manter o peso, a regular os hormônios e a prevenir doenças como o diabetes e a depressão. Entre as recomendações dos médicos para manter uma rotina de sono está evitar cafeína, nicotina, álcool e telas de TV e celular perto da hora de dormir. Também é bom não deixar para fazer atividade física no período da noite. Expor o corpo à luz logo cedo ajuda a normalizar o ritmo circadiano, ou seja, o ciclo de atividade biológica.

Exercícios também influem em amplos aspectos da saúde. Além de melhorarem força, sistema cardiorrespiratório e imunidade, reduzem a chance de depressão e aumentam a longevidade. Segundo Furtado, o ideal é fazer 30 minutos de atividade aeróbica cinco vezes por semana e 75 minutos semanais de atividade resistida, com pesos. Um médico do esporte pode ajudar a encontrar os esportes mais adequados ao perfil de cada um.

— É importante começar com metas realistas, tais como dar uma volta no quarteirão ou subir de escada em vez de elevador. Encontrar algo prazeroso dá aderência, faz não desistir. Chamar amigos ou parentes para participar também ajuda — recomenda.

O obstetra Iago Frazão Nogueira, cliente do plano de saúde premium Amil One, conhece bem os benefícios do esporte. Quando entrou na faculdade de Medicina, a vida corrida o afastou da equitação, que praticava desde quando era criança. Há cerca de oito anos, voltou a praticá-la com o mesmo empenho da juventude. Como resultado ganhou resistência e saúde mental para encarar o trabalho.

— Minha especialidade é bastante desgastante e imprevisível. Voltar para a atividade física regular diminuiu muito minha ansiedade e o estresse no dia a dia — afirma o médico, com exames equilibrados aos 49 anos.

Quem faz exercícios de manhã, defende Furtado, pode até pular o café da manhã. Se tiver feito uma refeição à noite com carboidratos complexos, como aipim e batata doce, ainda estará com estoque de glicogênio (a reserva energética do corpo) para gastar. Mas, de novo, vale aqui a regra da adequação. Quem sentir fraqueza deve consumir uma fruta de absorção rápida, como banana ou maçã. E procurar um nutricionista se tiver demandas específicas, como perda de peso ou ter energia para esportes de alto desempenho.

Os hábitos alimentares de hoje contam com carboidratos em demasia, que podem elevar o colesterol e o risco de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. Estudos têm apontado que a fórmula da longevidade passa por um consumo reduzido desse grupo alimentar. Nesse sentido, o especialista em medicina do esporte indica a adoção de dietas balanceadas, que reduzam bastante a ingestão de carboidratos, e alerta que é fundamental consultar um médico ou nutricionista antes de pensar em alterar o cardápio.

Falando em hábitos, vale reforçar a importância de beber água. Furtado recomenda a ingestão de, ao menos, dois litros diários – por volta de 6 a 8 copos. No entanto, é preciso considerar que a quantidade varia de acordo com fatores como temperatura do ambiente, peso, idade e atividades. Praticantes regulares de esportes, por exemplo, precisam de mais hidratação por causa da atividade física.

A recomendação final, mas não menos importante, prega que momentos de lazer tenham destaque na rotina. De acordo com a OMS, cerca de 90% da população sofre com algum nível de estresse. Escutar música, passear na natureza, sair com amigos e família, meditar e até fazer trabalho voluntário já se provaram bons métodos de preservar a saúde.

— A monotonia das tarefas diárias tem efeitos nefastos sobre a personalidade. Nesse sentido, o lazer funciona como um reparador dos desgastes físicos, mentais e emocionais — conclui Furtado.

Hábitos de uma rotina que promove o bem-estar:

Busque sempre dormir bem, tendo, pelo menos, oito horas de sono. Isso ajuda a manter o peso, a regular os hormônios e a prevenir doenças como o diabetes e a depressão;

Evite cafeína, nicotina, álcool e telas de TV e celular perto da hora de dormir;

Pratique exercícios regularmente. O hábito ajuda a melhorar a força, o sistema cardiorrespiratório e a imunidade, reduz a chance de depressão e aumenta a longevidade;

O ideal é fazer 30 minutos de atividade aeróbica cinco vezes por semana e 75 minutos semanais de atividade resistida, com pesos;

Tenha uma rotina alimentar em que os carboidratos não são protagonistas, evitando assim os riscos de elevar o colesterol e de ter doenças neurodegenerativas;

Dê preferência a alimentos frescos e naturais e reduza ao máximo o consumo de alimentos processados;

Beba pelo menos dois litros (de 6 a 8 copos) de água por dia;

Coloque o lazer como prioridade em sua vida, ajudando, assim, a reparar desgastes físicos, mentais e emocionais.

O Globo

 

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