Saúde

De Alzheimer a diabetes e acne, novos estudos mostram dez benefícios do consumo do vinho tinto

Foto: Marcelo de Jesus / Agência O GLOBO

Não é de hoje que o vinho tinto é apontado pela ciência como um protetor para a saúde cardíaca. A fonte maior dos benefícios vem de um composto que aparece em abundância na natureza, os polifenóis. Nas plantas ele desempenha o papel de proteção contra o sol, insetos e microrganismos. No corpo humano, atua principalmente no combate aos radicais livres, as moléculas que causam o envelhecimento.

O principal polifenol do vinho é o resveratrol, mas há outros, como os taninos, os flavonoides, a quercetina, a antocianina e o ácido elágico, encontrados em menor quantidade.

De uns tempos para cá, no entanto, pesquisas passaram a identificar efeitos até pouco inimagináveis, como a prevenção de espinhas e a redução do risco de doenças neurodegenerativas. Alguns desses mecanismos estão relacionados aos radicais livres, outros, não. Mas todos têm em comum os polifenóis.

Além disso, o álcool em si contribui para evitar a sobrecarga nas artérias. Segundo estudo de pesquisadores do Kingston General Hospital, da Queen’s University, no Canadá, e publicado na revista científica da Associação Americana do Coração, os polifenóis do vinho relaxam a parede das artérias e evitam a agregação plaquetária, reduzindo assim o risco de aterosclerose, trombose e hipertensão.

Doses moderadas para garantir o efeito

Os benefícios, no entanto, só são identificados com doses moderadas da bebida. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), isso significa a ingestão diária de 90ml por mulheres e 180ml por homens — uma e duas taças, respectivamente. A diferença na quantidade se deve ao fato de que o organismo feminino absorve mais rapidamente a bebida. Isso ocorre porque elas produzem quantidades menores de uma enzima chamada álcool desidrogenase (ADH), que é liberada pelo fígado e usada para metabolizar o álcool.

— O vinho também tem vantagem sobre outras bebidas, já que geralmente é consumido junto com a comida, o que reduz o risco do uso excessivo — destaca Antonio Carlos do Nascimento, médico endocrinologista e escritor do livro “Vinho: saúde e longevidade”.

Doses acima do volume recomendado pela OMS podem ter o efeito contrário no corpo. O consumo exagerado está ligado a vários problemas de saúde, como cirrose hepática, impotência sexual, hipertensão e até mesmo câncer, além do risco de dependência química.

Os vinhos com maior quantidade de polifenóis são os tintos e não necessariamente ele deve custar alto.

— Os mais densos, como os feitos da uva Tannat, são os melhores para a saúde. O vinho mais barato que não fica envelhecendo tem mais benefício para a saúde se comparado com vinhos caros que ficam reservados por anos e vão perdendo elementos neste tempo, embora melhorem no sabor — destaca o endocrinologista.

O suco de uva

Os polifenóis são encontrados também no suco de uva integral, mas em menor quantidade do que no vinho tinto. O motivo está na preparação da bebida: na fabricação do suco de uva, a fruta é aquecida e macerada para liberar o sumo, passando pouco tempo em contato com a casca, região que concentra a maior quantidade de polifenóis. Já na produção do vinho, o líquido que vai para a fermentação inclui as cascas da uva, aumentando o tempo de contato.

Quem tem algum tipo de restrição ao vinho, vale substituir por suco de uva integral. Pesquisadores do Centro de Pesquisa em Alimentos da Fapesp desenvolveram uma técnica que aumenta a concentração de resveratrol na uva, elevando em até 70% o teor da substância no suco de uva, o que tornaria os benefícios do suco bem semelhantes ao do vinho.

O consumo de vinho cresceu no Brasil

Segundo dados da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), o consumo de vinho no Brasil cresceu 18,4% em 2020. O país passou de 360 milhões de litros, em 2019, para 430 milhões no ano passado, o maior aumento entre os países associados à entidade, a maior do setor.

Em 2020, o brasileiro bebeu, em média, 2,6 litros de vinho no ano. Em 2019, esse número era de 2 litros ao ano por pessoa.

O aumento no país está associado ao isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19 — a facilidade de comprar vinhos online e o maior tempo em casa favoreceu.

No mundo, os Estados Unidos lideram o consumo em números absolutos, com 3,3 bilhões de litros por ano. Já os líderes no consumo per capita são os imbativeis Portugal (51,9 litros per capita ao ano), Itália (46,6 litros) e França (46 litros).

Top 10 dos benefícios do vinho tinto

1. Ajude a combater o Alzheimer

Um copo de vinho ao dia pode reduzir o risco de desenvolver a doença, que é neurodenegerativa.A bebida deixa em nosso intestino compostos antioxidantes únicos que são capazes de proteger os neurônios cerebrais de danos.

2. Aumenta a densidade óssea

O vinho tinto é rico em silício, um mineral essencial para o bom funcionamento do corpo humano que contribui para a densidade mineral óssea, ajudando a reduzir o risco de desenvolver doenças como a osteopenia e a osteoporose. Além disso, ajuda estimula a produção de colágeno, substância com poder rejuvenescedor natural, atuando com ótimo potencial na regeneração de tecidos.

3. Impulsiona o sistema imunológico

O resveratrol aumenta a capacidade do corpo de criar moléculas anti-inflamatórias, o que pode levar a uma melhora no sistema imunológico. O antioxidante ajuda as bactérias intestinais saudáveis a florescer, estimulando a produção de células T e aumentando a resposta imunológica do corpo.

4. Ajuda a reduzir o risco de diabetes tipo 2

O resveratrol melhora a sensibilidade à insulina, hormônio secretado pelo pâncreas, com importante função no metabolismo dos carboidratos no sangue. Isso ajuda o corpo a reduzir seus níveis de açúcar, evitando o diabetes do tipo 2.

5. Reduz acne

O resveratrol consegue inibir o crescimento de algumas bactérias que contribuem para o aparecimento das espinhas.

6. Afia o raciocínio

A bebida tem sido associada à uma melhora na função cognitiva de homens e mulheres, sobretudo acima dos 50 anos. Ela atua na formação de novas memórias, aprendizado, vocabulário e emoções.

7. Mantém o coração forte

A bebida está associada a um menor risco de morte por doenças cardíacas — o consumo moderado pode diminuir em até 50% o risco de doença isquêmica do coração, por exemplo. Isso ocorre porque os polifenóis promovem a vasodilatação das artérias e diminuem a agregação plaquetária, reduzindo o risco de hipertensão.

8. Ajuda a reduzir os níveis de colesterol ruim

O perfil lipídico dos polifenóis reduz as chances do LDL (colesterol ruim) de oxidar, que é o principal fator causador da aterosclerose. Em contrapartida, as substâncias encontradas no vinho aumentam a concentração da apolipoproteína, a principal proteína do HDL, o colesterol bom.

9. Reduz o risco de AVC

Atua como um anticoagulante natural, ajudando a quebrar os coágulos sanguíneos que podem entupir as artérias e causar um acidente vascular cerebral (AVC).

10. Promove vida longa

A descoberta veio dos estudos que analisaram os benefícios da dieta mediterrânea, baseada no consumo de alimentos frescos e naturais como azeite, frutas, legumes e cereais. Mas no centro dela está o vinho. Os polifenóis ativam uma proteína que atua como um agente antienvelhecimento, o que explica por que as pessoas que seguem a dieta por anos tendem a viver mais, ser mais felizes e saudáveis.

Fontes: Estudos publicados no periódico científico da Associação Americana do Coração; estudos da Queen’s University, no Canadá; pesquisa da Universidade de Chieti-Pescara, na Itália; e Universidade da Georgia, nos EUA.

O Globo

 

Opinião dos leitores

  1. Os estudos concluíram que o Don bosco é o mais eficiente contra esses males, já os de 40 reais pra cima é só pra enganar os bestas. Hehehe

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Saúde

Novos estudos reforçam evidência de que imunidade à Covid-19 é duradoura, durante até mesmo anos

(Foto: NIAID)

Embora ainda não esteja confirmada a duração da imunidade contra o novo coronavírus após a infecção, há cada vez mais indícios de que ela seja, sim, duradoura. É o que aponta um estudo publicado na revista Nature Medicine no útilmo dia 12 de novembro, conduzido por uma equipe do Centro Médico da Universidade de Friburgo, na Alemanha.

De acordo com a pesquisa, após a recuperação da Covid-19, células de defesa são formadas e permanecem no corpo, podendo mediar uma resposta rápida em caso de reinfecção.

“As chamadas células T de memória após a infecção pelo Sars-CoV-2 são similares àquelas formadas depois de uma gripe”, explica Maike Hofmann, um dos autores do estudo, em nota. “Estamos confiantes, então, de que a maioria das pessoas que sobreviveram à doença têm alguma proteção contra uma nova infecção.”

Para o cientista, os resultados sugerem que a imunidade contra a Covid-19 pode ser alcançada após uma infecção. “Da mesma forma, vacinas atualmente em testes poderiam fornecer proteção significativa contra o vírus”, comenta Hofmann.

Imunidade durante anos?

Outra pesquisa, esta liderada por estudiosos do Instituto de Imunologia La Jolla, nos Estados Unidos, aponta que a imunidade contra o novo coronavírus poderia durar anos. O estudo ainda não foi revisado pela comunidade científica e foi divulgado na última segunda-feira (16) na plataforma bioRxiv.

De acordo com a investigação, oito meses após a infecção pelo Sars-CoV-2, a maioria das pessoas recuperadas ainda tem células imunológicas suficientes para afastar o vírus e prevenir a Covid-19. Uma lenta taxa de declínio no curto prazo sugere que essas células podem persistir no corpo por muitos anos.

A pesquisa é a mais abrangente e de longo alcance da memória imunológica ao coronavírus até agora. Participaram do estudo 185 homens e mulheres, com idades entre 19 e 81 anos, que se recuperaram da Covid-19. A maioria teve sintomas leves e não precisou ser hospitalizada. Foram recolhidas amostras de sangue de todos os voluntários e 38 deles foram testados mensalmente para verificar a situação de vários tipos de anticorpos.

“Essa quantidade de memória provavelmente impediria a grande maioria das pessoas de contrair a doença quando hospitalizadas ou formas graves da doença por muitos anos”, disse Shane Crotty, virologista do La Jolla e coautora do estudo, em entrevista ao The New York Times.

Galileu

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