Televisão

Tino Marcos decide encerrar trajetória como repórter e deixa a Globo após 35 anos

Foto: Arquivo Pessoal

Há 35 anos, os momentos mais relevantes da história do esporte são contados em reportagens saborosas – com texto impecável e voz agradável. O rosto do carismático autor passou a fazer parte do dia a dia das casas dos brasileiros. Suave na maior parte do tempo, mas firme e indignado quando necessário, o repórter Tino Marcos escreveu sua trajetória profissional com a mesma competência e criatividade dos seus textos para a televisão. E assim se tornou o mais importante repórter esportivo do Brasil.

Aos 58 anos, Tino Marcos decidiu que essa história chegou ao fim. Fosse jogador de futebol, o desejo dele seria parar ainda no auge, depois de conquistar um grande título. Assim fará com a reportagem. Oito Copas do Mundo. Seis Olimpíadas. Incontáveis transmissões e reportagens. Viagens pelo mundo todo. A sensação do dever cumprido e o desejo de se dedicar mais à família nortearam a decisão. Mas Tino ainda tem uma missão a cumprir até o fim do mês, quando deixa a Globo.

– Nos últimos tempos, fiquei fazendo grandes reportagens. Fiz uma série olímpica, que ficou maravilhosa, e vai ao ar no Jornal Nacional antes dos Jogos de Tóquio. Vamos explicar que foi gravada antes da pandemia. Vai ser a cereja do bolo, minha última grande produção no esporte.

Tino Marcos iniciou a carreira no Jornal dos Sports e nem planejava trabalhar em televisão. Em 1985, mudou os planos ao ser convidado para trabalhar na TV Globo. Com a seleção brasileira, Tino viveu os momentos mais marcantes da carreira. Foram 30 anos de cobertura. E quem não vai sentir saudades dos diálogos de Galvão Bueno com o repórter na beira do campo?

– Galvão!

– Diga lá, Tino!

E Tino disse mesmo. Nesta entrevista, relembra os momentos mais marcantes da carreira e revela detalhes da sua decisão. Por exemplo, como a pandemia que o mundo enfrenta acabou acelerando os planos de encerrar o ciclo como repórter.

O que te levou a tomar a decisão de parar? De deixar a Globo?

TINO MARCOS: É preciso entender o modelo de trabalho que eu vinha tendo no último ano. Eu passei a ter uma combinação de fazer grandes reportagens, grandes séries, como estava fazendo a série olímpica do Jornal Nacional. Trabalhar menos dias no ano. E estava ótimo. O modelo de trabalho que eu vinha tendo era voltado para grandes produções. E esse seguimento foi diretamente atingido pela pandemia. Ficou uma condição mais voltada para esse tipo de matéria que temos feito através da internet, com poucas coisas do que eu sempre gostei de fazer… Captar, olhar as imagens, escrever, produzir. Isso se resumiu muito. Mas me preparei para isso gradativamente. Tive a cumplicidade total da direção na condução desse tipo de modelo. Eu era um faz tudo. Fazia o ao vivo do Globo Esporte, do Bom Dia Brasil, matéria pro Jornal Nacional, Globo Repórter, Fantástico, fazia as séries, eu era muito elástico e me orgulhava muito disso. Sempre gostei e orientei os mais jovens: tenta ser rápido, fazer matéria rápida quando tem que ser rápido, simples, e também a fazer matérias com fôlego, com roteiro. Com o tempo, comecei a ficar cansado desse modelo de cobertura diária.

A pandemia ajudou a acelerar essa decisão?

TINO MARCOS: Sem dúvida. É uma variável decisiva nesse processo. Tornou inviável agora a gente fazer o que vinha fazendo. Não sei quando vamos voltar a ter a plenitude. E quando vamos voltar? Não sabemos como está o mundo. Tem todo um contexto. Minha filha se formando na faculdade, minha esposa se aposentado esse ano, eu perdi os meus pais. Tinha um envolvimento muito grande com eles e fiquei sem eles. A vida… 2021 está me trazendo muitas novidades. Por agora é isso aí. Viver essa pandemia, ficar em casa o máximo que eu posso. Eu tenho o privilégio de poder ficar em casa com as coisas direitinhas. Tanta gente com tanta dificuldade por aí. Esperar mais e olhar para as coisas… O que vem por aí, o que eu posso fazer… O que eu gosto mesmo é de produzir conteúdo, contar histórias. Adoro pegar na câmera, tenho minha câmera, meu equipamento, tripé, microfone lapela, luz, drone, eu voo de drone, estou editando.

Está produzindo um conteúdo mais autoral?

TINO MARCOS: Tenho feito mais de brincadeira, de experiência, uma coisa puramente lúdica. Mas tem tudo a ver. É brincar… Sempre gostei tanto do que fiz e minha brincadeira é isso, brincar de filmar, voar de drone, editar. São os meus hobbies. É o que eu gosto de fazer. Tem tudo a ver com o nosso ofício. Vivi muito mais do que eu projetei para mim na vida. Comecei trabalhando em jornal, trabalhei no Jornal dos Sports, nunca pensei em televisão. De repente, me vejo na Globo e fico quase 35 anos na Globo. Nesses anos todos eu fiz tudo. Não tem lacuna. Fui a Pan-Americano, Sul-Americano… Tudo. A palavra mais forte de tudo é gratidão. Gratidão à vida por ter me permitido… Por eu ter podido fazer aquilo que, para mim, sempre foi uma diversão.

Se tivesse que apontar momentos marcantes da carreira…

TINO MARCOS: O número 1 é 94. Dia 17 de julho de 1994, o tetra. Aquela história da volta olímpica, eu pulei, entrevistei os caras. O Galvão disse que era a consagração do repórter. O único cara que entrou em campo e entrevistou os tetracampeões, vinte e quatro anos depois. Era um negócio assim, uma catarse. Uma apoteose. Um brasileiro vivendo aquilo ali. Então, para mim, isso vai ser sempre o número 1. (NR: Tino Marcos entrou em campo como auxiliar do repórter cinematográfico Daniel Andrade. Naquela ocasião, o repórter de campo não poderia estar no gramado. No fim do jogo, com o microfone em punho, ele entrevistou os principais jogadores da seleção brasileira com exclusividade para a TV Globo).

A conquista de 2002 também foi um negócio imenso. Eu tinha 40 anos. No dia dos meus 40 anos foram o Felipão e o Murtosa ali. Eu já era um repórter com experiência. Aí ganha, aquela coisa maravilhosa.

As Olimpíadas de 2004 foram muito marcante para mim. Sempre fui muito associado ao futebol, Seleção e eu tive a oportunidade de fugir desse estereótipo. Em 2004, o futebol não foi, o futebol não se classificou e fui para cobrir outros esportes. Foi maravilhoso. Eu adoro vela e o Robert Scheidt e o Torben ganharam o ouro. O judô… Cobri nove medalhas. E culminou com a história do Vanderlei. Para mim, foi a grande história daqueles Jogos. Foi espetacular. Essas são lembranças grandiosas. (NR: Vanderlei Cordeiro de Lima liderava a maratona em Atenas quando foi atacado pelo padre irlandês Cornelius Horan. Salvo por um espectador, ele acabou a prova em terceiro e se ajoelhou diante de Tino Marcos para comemorar o resultado).

Mudaria alguma coisa na carreira?

TINO MARCOS: Não mudaria nada. A única coisa que eu mudaria era ter me imposto uma obrigação de falar inglês melhor. De ter investido, lá atrás, na capacitação de falar melhor inglês. Sempre me ressenti disso, foi uma coisa que me fez falta. A única coisa que eu não fiz foi ser correspondente. Deve ser maravilhoso, uma experiência sensacional. Mas nunca senti firmeza no meu inglês para tal tarefa. Foi tudo muito mais do que eu sonhei. Mais do que eu projetei para mim. Gratidão total.

O que você acha que mudou de quando você começou, lá em 1985, para os dias atuais?

TINO MARCOS: Até o aparecimento das mídias digitais, do que a gente tinha como mídias tradicionais, a televisão era o único veículo, a meu ver, que estava sempre em constante mutação. Ao passo que a linguagem de revista e jornal pode até mudar alguns termos e expressões, mas a maneira de fazer é muito parecida com a de 40 anos atrás. O rádio tem um formato que se mantém. A TV é um veículo que vem historicamente se modificando. Ela é mais dinâmica na linguagem. Eu sempre tentei surfar essa onda das novidades, sempre olhando os mais jovens. Várias gerações que foram surgindo foram incorporando recursos para contar as histórias, para fazer as matérias, cada um com uma contribuição de como fazer. Aquilo vai formando um conceito feito por essas gerações. Os mais jovens vão sinalizando como se pode contar daquele jeito. Sem perder a minha identidade, a minha naturalidade de fazer as coisas, mas sempre tendo a linguagem o mais atualizada possível. No fim das contas, a mensagem que chega, o produto que chega para a pessoa ver, seja agradável, que seja bem narrada, que seja bem escrita, que seja clara. Isso vai continuar mudando. Com a chegada da produção mais disseminada de internet, todos são produtores de conteúdo, isso já traz um impacto para a linguagem da TV. Tudo vai se fundindo e isso que é o fascinante do negócio. O negócio vai ganhando a cada dia um jeito novo. É a roda que anda.

E os piores momentos?

TINO MARCOS: Tenho dois. O pior momento, em termos de cobertura, de dor, de dificuldade para encontrar um tom na hora de contar a história, foi o 7 a 1. Sozinho no campo, ali atrás do gol, escrever uma crônica para entrar em instantes. Digerir aquilo tudo, encontrar o tom para falar de uma coisa que todo mundo já sabe o que aconteceu. Como você dimensiona? Um outro dia que me ocorre muito doído, sofrido, foi a primeira derrota do Brasil em Eliminatórias, ali em 1993, em La Paz. Lembro da cena no aeroporto, a gente voltando pro Brasil, os jogadores sentados no chão e chateados com a gente gravando. Todo mundo com dor de cabeça, sofrendo com a altitude e com uma derrota horrorosa. Foi um dia muito sofrido de trabalho.

Sem medo de esquecer alguém, quem são os seus parceiros ao longo desses quase 35 anos?

TINO MARCOS: Por mais que eu tenha feito uma carreira sólida de repórter, um contador de histórias, acho que sou mais conhecido por ter sido repórter de campo. Internamente, na Globo, eu sou mais conhecido como um repórter de reportagens. Mas tenho a impressão de que, para o público externo, se sobressai mais o Tino Marcos do campo. O Tino Marcos da Seleção Brasileira. E, nessa, realmente, é uma vida. Se eu penso em alguém como parceiro profissional eu penso no Galvão. É o cara… É uma referência nacional do negócio. Durante décadas de ouro ele se consolida como a voz do esporte com essas conquistas e eu também estava com ele. Estava nas Eliminatórias de 89, todas as edições de Copa América, fui em nove, Copas do Mundo… Sempre com o Galvão e inúmeros amistosos. É uma parceria que me orgulha muito. Um mero repórter ali ao lado de um cara que fez essa história toda.

O Galvão como narrador e você como repórter de campo praticamente se fundiram ao longo desses anos…

TINO MARCOS: Com certeza. Sempre foi um cara muito amigo em horas difíceis. Amigo mesmo. Amigo quando tive problemas. Estava sempre ao meu lado. Muito difícil falar. Foram 35 anos, muito tempo, muita gente. Os câmeras todos, o Alvinho (Álvaro Sant´Anna) e o Daniel (Daniel Andrade), sabe? Alvinho e Daniel foram os grandes parceiros de Seleção. Fizemos muitas coisas juntos. No tetra, eu estava com o Daniel. Fica entre nós, como eu diria, um anel, uma aliança, de ter vivido junto, se abraçado ali atrás da trave do Baggio. Sempre levamos juntos essa… Eu era jovem, tinha 32 anos, mas para o pessoal mais velho, eles não tinham visto o Brasil campeão. Quem cobriu 70? Era um ineditismo.

A sua ida pro jornalismo tem o incentivo do seu pai?

TINO MARCOS: Meu pai era meu parceirão de futebol. Real Madrid e Flamengo. Um cara que via futebol muito bem, um fenômeno, tipo comentarista mesmo. Via coisas, via jogador. Lembro que ele viu o João Gomes no Flamengo, não tinha nem treinado no profissional e ele dizia: esse garoto vai ser profissional um dia. O maior orgulho da vida dele foi eu ter me tornado jornalista esportivo, foi a maior alegria da existência dele. Era o que ele gostaria de ter sido. O que ele mais gostaria de ter sido. Claro que eu me beneficiei da influência dele. Desde pequeno futebol, futebol, futebol. Ele jogava futebol direto, a gente jogava peladas juntos, a gente ia ao Maracanã juntos. Meu pai não deixava de ir num jogo do Flamengo, chovendo, em Campo Grande, ele ia chovendo em Campo Grande. Louco pelo Flamengo. Forjou em mim uma visão de futebol. Por causa dele, sim. Entrei no jornalismo e fui estagiário no Jornal dos Sports. Eu tenho esse desmame porque eu me preparei para essa coisa da vaidade. Entender que a partir de agora a minha visibilidade diminui, vai se resumir a redes sociais. Não ser mais repórter da Globo me tira dos holofotes, mas eu me preparei sempre para isso. Agora que vou sentir como é. Sempre pensei nesse momento. E queria que fosse nesse momento como está sendo agora. Como se fosse um casamento, tudo preparadinho. Estou feliz, estou leve e estou grato. Tanta gente que me ajudou e me trouxe até aqui (NR: os pais de Tino Marcos, Faustino Ruiz Fernandes e Maria Aparecida Ruiz Fernandes, faleceram no ano passado).

Essa decisão foi bem pensada então?

TINO MARCOS: Por exemplo, da seleção brasileira. Quando acabou a Copa América em 2019, eram exatos 30 anos depois da minha primeira Copa América que eu cobri. Também no Maracanã, também com vitória do Brasil. Eram 30 anos redondos. É a melhor data para eu… O meu processo foi um processo de desmame, que começou assim, com esses 30 anos de cobertura da Copa América, ganhando a Copa América também, fazendo a crônica como eu fiz da outra vez também. Esse é o momento mais legal para eu dar um ponto final bonito com a seleção brasileira, alegre. Não vinha cobrindo a Seleção no segundo semestre. Vem a pandemia e tudo para. Fiquei fazendo grandes reportagens, fiz a série olímpica, que ficou maravilhosa, e vai ao ar. Vamos explicar que foram gravadas antes da pandemia. Super feliz… Vai ser a cereja do bolo. E minha última grande produção no esporte, com câmera aquática, câmera aérea, uma captação maravilhosa. Depois, acabou a brincadeira com a pandemia e mudou o jogo.

Globo Esporte

Opinião dos leitores

  1. Sem os direitos de cobertura dos principais campeonatos de futebol, sem F1, sem jogos da seleção, certamente com redução de salário e de verbas para trabalhos fez certo o Tino em parar no auge. O próximo a pedir o pinico será Galvão não tem mais o que ele fazer na Globo.

  2. É importante saber a hora de sair de cena para que o novo apareça. Tudo tem seu tempo. Tudo que tem seu apogeu tem seu declínio até mesmo quem tem milhões de voto.

  3. Já foi bom ver os jogos da seleção… A gente já sabia quando era Tino que fazia as reportagens, boas coberturas…
    Hoje em dia nem vejo mais jogo dessa “seleção”, conseguiram politizar até a seleção brasileira. A boiada não tem o que fazer, veste a camisa da seleção e fica nas esquinas com cara de bocó falando que são “ôs Patriota”.
    Prefiro torcer pra Argentina

    1. Vá pra lá, ou pra Venezuela ou Cuba… Vai não né? Jegue parasita não consegue sair do lugar…

  4. Isso Salomão, enquanto a cada dia a Globo se afunda mais, a esquerda desMaia e a direita Delira. ?????????????????

  5. Nas antigas, abem pouco tempo atrás, era todo mundo querendo entrar na platinada, agora a turma toda só pulando fora dessa barca furada.
    hehehehe!!!!
    Vai mexer com quem teve quase 60 milhões de votos, e é corajoso vai!!!!!
    Ôh prejuízo fila da puta dessa emissora.
    É bem empregado, querem governar sem serem votados, agora pegue!!!
    É igual a nhonhom botafogo, teve 74 mil votos no RJ e queria peitar quem teve 60. Milhões.
    Kkkkkkkkkkkkkkkk
    Era só o que faltava.
    Ei!
    Ei!
    Psiu!!!!
    Alguém da notícia do pixuleco e ze gado???
    hum!!
    Já sei, só pode ter pegado a Rural mais nhonho Botafogo.
    Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Pois então!!
    Já pode ir de Roberta Miranda.
    Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    E pegue pêia.
    Kkkkkkkkkkkkk
    Mito em primeiro turno!!

  6. Grande profissional , grande repórter, trouxe inúmeros momentos importantes do esporte pra nós. Parabéns pelo grande trabalho.

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Política

Lula sonha em convencer Trump sobre gravidade da crise climática e salvar o planeta

Foto: Divulgação/Gov.br

Durante a COP30 em Belém (PA), o presidente Lula disse que pretende convencer o presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a gravidade da crise climática durante a COP30, em Belém. Em tom otimista, Lula afirmou que sonha em resolver a guerra na Ucrânia e alcançar o “melhor resultado que uma COP já pôde oferecer ao planeta Terra”.

No discurso, o petista exaltou a importância do chamado “desenvolvimento verde” e insistiu que cuidar do clima é cuidar da própria existência da humanidade. Ele destacou que, em negociações como a COP, não se pode impor regras, apenas buscar consenso entre os países participantes.

Apesar da fala confiante de Lula, Trump não participou do evento nem enviou representantes oficiais, após ter retirado os EUA do Acordo de Paris no início do ano. Entidades americanas e governos subnacionais, como o governador da Califórnia, Gavin Newsom, marcaram presença na conferência.

A COP30 ainda enfrenta impasses sobre financiamento climático, lacunas nas metas e relatórios de transparência, enquanto Lula tenta acelerar negociações para fechar a conferência até sexta-feira (21). O otimismo do presidente brasileiro contrasta com a ausência de Trump, deixando dúvidas sobre a efetividade dos acordos.

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Política

Lula confirma favorito e prepara Messias para vaga no STF

Foto: Agência Brasil

O presidente Lula deve oficializar nesta quinta-feira (20) a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga de Luís Roberto Barroso no STF. O encontro acontece no Palácio da Alvorada antes de Messias embarcar para compromissos em São Paulo e África do Sul.

A vaga está aberta desde 18 de outubro, quando Barroso se aposentou antecipadamente. Messias é dado como certo para a cadeira por ser considerado leal e de confiança do petista, superando outros nomes cotados, como o ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. A preferência de Lula foi confirmada mesmo após reunião com Pacheco no último dia 17.

Se confirmado, Messias passará por sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e, depois, no plenário. Com 45 anos, ele poderá permanecer na Corte até 2055, caso aprovado. Com esta escolha, Lula acumula 11 indicações ao STF, sendo três apenas no terceiro mandato.

A indicação de Messias é mais rápida do que em nomeações anteriores de Lula: ele levou 33 dias para oficializar a escolha, enquanto Cristiano Zanin e Flávio Dino demoraram 51 e 58 dias, respectivamente. O cenário reforça a estratégia do petista de manter aliados fiéis no comando da Suprema Corte.

 

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Mundo

Colômbia propõe saída “bonitinha” para Maduro e tenta segurar EUA

Foto: Bloomberg

A Colômbia defende que Nicolás Maduro entregue o poder a um governo de transição que organize novas eleições, em vez de enfrentar uma intervenção direta dos EUA. A ideia é evitar prisão do ditador venezuelano e impedir uma crise humanitária enquanto Donald Trump acumula navios de guerra no Caribe.

Segundo a ministra das Relações Exteriores da Colômbia, Rosa Villavicencio, Maduro poderia aceitar o plano se tivesse garantias de imunidade. “Ele poderia sair sem necessariamente acabar na prisão”, disse, sugerindo um acerto diplomático que blindaria o presidente venezuelano da Justiça.

A proposta circula nos bastidores de Washington e Caracas, mas enfrenta ceticismo: Maduro não se manifestou e não há sinais de que os EUA estejam dispostos a negociar. O plano ainda depende de apoio da oposição venezuelana, apontou Villavicencio, e de que Brasília e Bogotá consigam convencer a região de que “eleições legítimas” são possíveis depois de um pleito fraudulento em 2024.

Enquanto isso, o mercado reage: os títulos da Venezuela e da estatal petrolífera subiram, com algumas notas atingindo o maior valor em seis anos. Na prática, a proposta tenta criar uma saída “segura” para Maduro, mas esbarra na política, na diplomacia e na desconfiança regional.

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Judiciário

PGR barra redução de pena de ex-ajudante de Bolsonaro e deixa Cid na mira de Moraes

Foto: Reprodução

O Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, disse não à redução da pena de 2 anos em regime aberto do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. A decisão foi encaminhada ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, e reforça que medidas cautelares não contam como cumprimento antecipado da pena.

A defesa de Cid alegava que o militar já havia cumprido mais de 2 anos sob tornozeleira eletrônica, afastamento das funções e recolhimento domiciliar, conforme informações do Poder 360. Mesmo assim, Gonet destacou que “não se verifica hipótese de extinção da punibilidade do réu”, citando o entendimento do STF de que o artigo 42 do Código Penal não permite abater períodos de medidas cautelares do tempo da pena.

Cid já foi condenado pela 1ª Turma do STF, em setembro, pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa e outros, com validade de sua delação premiada reconhecida. Apesar de os ministros terem fixado a pena mínima, a Justiça mantém o militar sob restrições rigorosas, incluindo monitoramento eletrônico e recolhimento noturno, feriados e finais de semana.

Além disso, a PGR intimou a defesa sobre o pedido da Polícia Federal de incluir Cid e seus familiares no programa de proteção a testemunhas, devido às delações contra Bolsonaro e outros réus do chamado plano de ruptura institucional de 2022. A decisão final sobre essa proteção cabe ao ministro Moraes, mantendo o ex-ajudante de ordens na mira do STF.

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Política

PF mira ex-sócio do Master e expõe elo antigo e lucrativo com o PT da Bahia

Foto: Reprodução

O empresário Augusto Ferreira Lima, preso pela Polícia Federal na operação Compliance Zero, caiu direto no centro de um velho enredo baiano: suas ligações com o PT de Rui Costa, hoje ministro do presidente Lula. Lima entrou no mundo dos grandes negócios em 2018, quando comprou da gestão petista a Ebal — a estatal que controlava a rede Cesta do Povo e o cartão Credicesta. Levou tudo por R$ 15 milhões e ainda assumiu a dívida deixada para trás.

A partir daí, seu caminho se entrelaçou com figuras do PT baiano, como Rui Costa e o senador Jaques Wagner. Em 2019, já com Rui no comando do Estado, servidores públicos passaram a receber automaticamente o cartão Credcesta — sem nem pedir. Bastava “ativar”. O benefício? Expansão acelerada do negócio de Lima, que passou a lucrar oferecendo empréstimo consignado para funcionários do governo, segundo informações do Poder 360.

Apesar da proximidade com petistas históricos, Lima também circulava bem na oposição baiana, incluindo ACM Neto. E sua vida política ganhou outro capítulo quando se casou, em 2024, com Flávia Arruda — ex-deputada do DF, ex-ministra de Bolsonaro e nome forte do PL. Um pé lá, outro cá. Brasília conhece esse tipo de equilíbrio.

A PF agora tenta entender como o ex-sócio do Master se beneficiou dessas relações políticas enquanto expandia seus negócios. Rui Costa, Wagner e ACM Neto foram procurados, mas ninguém quis comentar. O silêncio, como sempre, fala mais alto.

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Política

PT tenta dar palanque a Bolsonaro na CPMI do INSS e virar contra ele esquema de corrupção

Foto: Reprodução

Silenciado há mais de cem dias por ordem judicial do STF, Jair Bolsonaro pode ganhar um microfone aberto na CPMI do INSS — graças ao próprio PT. A estratégia dos petistas é convocar o ex-presidente para tentar vinculá-lo a medidas que permitiram a criação de entidades fantasmas, usadas para desviar dinheiro de aposentados e pensionistas, segundo informações do Metrópoles.

A ideia partiu do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que também quer chamar o ex-ministro da Fazenda Paulo Guedes. Oficialmente, a convocação é para ouvir sobre o INSS, mas nos bastidores o microfone da CPMI estará livre para Bolsonaro mandar recados ao eleitorado e falar sobre qualquer assunto.

Mesmo proibido por Moraes de se manifestar publicamente nas redes sociais, Bolsonaro poderá se posicionar diante das câmeras, transformando a convocação em palanque político. O episódio reforça a tensão entre petistas e bolsonaristas: cada lado acusa o outro de ser responsável pelo esquema de desvio que já levou à prisão a cúpula do INSS e ex-dirigentes indicados pelo governo Bolsonaro.

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Política

Líder do PT diz que apoiar Tarcísio é o ‘beijo da morte’ de Bolsonaro

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, não poupou Jair Bolsonaro: segundo ele, uma candidatura de Tarcísio de Freitas à Presidência em 2026 seria o “beijo da morte” para o ex-presidente. Para Farias, Bolsonaro já vem sendo abandonado por aliados e corre risco de ser esquecido, especialmente se acabar no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.

Farias acredita que a tentativa de emplacar um dos filhos de Bolsonaro – Eduardo ou Flávio – seria apenas para manter o nome da família vivo na política, segundo informações do Metrópoles. “Se Bolsonaro apoiar o Tarcísio, ele vai enterrar o bolsonarismo e será esquecido lá na Papuda”, disse o deputado, sem rodeios.

O PT avalia ainda que uma escolha de candidato da direita sem o sobrenome Bolsonaro prejudicaria toda a base bolsonarista na Câmara e no Senado. “A força política dele se dissipa. Pararam de falar no Bolsonaro. Se passarem para o Tarcísio, é o beijo da morte”, afirmou Farias.

Para o líder petista, o Centrão aposta em Tarcísio para apagar o ex-presidente do mapa político. “Quem tem voto mesmo é Bolsonaro. Mas a turma do Centrão calcula: esquece o Bolsonaro, segue com o Tarcísio. É o fim da linha para ele e para os filhos”, concluiu.

Lindbergh vê Haddad “forte” em São Paulo

 O parlamentar disse ainda que o ministro Fernando Haddad é o principal nome da base governista para disputar o governo de São Paulo em 2026, embora a decisão ainda dependa de discussões internas. Segundo ele, a escolha deverá passar por uma avaliação do presidente Lula.

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Política

Pedro Lopes deixa secretaria de Fátima Bezerra e retoma poder no Fenafisco

Foto: Arquivo

O secretário de Administração do RN, Pedro Lopes, pediu exoneração do cargo que ocupava desde o segundo mandato da governadora Fátima Bezerra. O anúncio foi feito pelo próprio Lopes nas redes sociais, mas o pedido oficial já havia sido enviado à governadora no último dia 11.

Pedro Lopes vai assumir na próxima semana a vice-presidência da Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco). Ele destacou que está “voltando para onde veio” e que continuará a lutar em defesa da administração tributária e do serviço público.

O secretário estava no governo Fátima desde o primeiro dia, iniciando como controlador geral do Estado em 1º de janeiro de 2019. Depois, foi escalado para comandar a Secretaria de Administração, pasta estratégica para gestão de servidores e recursos do Estado.

Apesar do agradecimento público à governadora, sua saída reforça a impressão de que a gestão petista enfrenta dificuldades em manter nomes experientes em cargos-chave. A saída de Pedro Lopes abre espaço para nova troca na estrutura administrativa do governo do RN, que já convive com desgaste e impopularidade.

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Economia

Feriadão bomba hotéis do RN: ocupação pode bater 95% em Natal

Foto: Arquivo

O setor hoteleiro do RN vai ferver neste feriado prolongado. A ABIH-RN, que representa os hotéis e pousadas do estado, projeta taxa de ocupação entre 85% e 90% durante os dias 20 e 21 de novembro. Em Natal, a expectativa dispara para 95% por causa do feriado municipal.

A pesquisa da associação mostra que os turistas não estão perdendo tempo: hotéis e pousadas já se preparam para receber uma multidão, aproveitando a chance de faturar alto em datas estratégicas. A alta procura indica que o turismo potiguar segue firme, mesmo com a crise econômica que pressiona o país.

Para quem não conhece, a ABIH-RN é a principal voz do setor no estado. A entidade sem fins lucrativos atua defendendo hotéis e meios de hospedagem, promovendo o turismo e capacitando profissionais da área. Ou seja: eles sabem bem o que significa encher quartos e encher o caixa.

Se você ainda não reservou, corra. A chance de conseguir vaga está cada vez menor, e a cidade promete estar lotada com turistas aproveitando o feriadão. Natal, Mossoró e outras cidades do RN devem sentir o impacto direto no comércio e na rede hoteleira.

 

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Polícia

Polícia Civil prende três suspeitos de ataques a motoristas de aplicativo na Grande Natal

Foto: Reprodução

A Polícia Civil do Rio Grande do Norte cumpriu, nesta quarta-feira (19), três mandados de prisão preventiva contra homens suspeitos de participar de roubos a motoristas de aplicativo em Natal, São Gonçalo do Amarante e Ceará-Mirim.

As investigações começaram em março deste ano, após um motorista ser feito refém durante uma corrida. Ele foi algemado, levado até João Câmara e teve veículo e pertences roubados, além de sofrer ameaças relacionadas a facções criminosas. Um segundo caso semelhante ocorreu em junho, na mesma região, com outro motorista sendo ameaçado e roubado.

No primeiro estágio da apuração, a polícia reuniu provas que incluíram reconhecimento fotográfico das vítimas, imagens de câmeras de segurança, registros de transferências bancárias e dados fornecidos pelo aplicativo de transporte. Uma prisão já havia sido cumprida em setembro, identificando outros integrantes do grupo.

Na segunda fase, três suspeitos tiveram prisão preventiva decretada pelo Juízo de Garantias da Comarca de Natal. Os mandados foram executados nesta quarta-feira em Goiás e no Rio Grande do Norte. Os homens já estavam presos por outros crimes de roubo e agora respondem também pelos novos casos.

A ação foi coordenada pela 21ª Delegacia de Polícia de São Gonçalo do Amarante. A Polícia Civil segue investigando para localizar outros envolvidos e pede que informações relevantes sejam repassadas de forma anônima pelo Disque-Denúncia 181.

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