O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), afirmou que o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), foi sabotado pelo governo e, por isso, fez a opção correta ao deixar a articulação política do Planalto.
– Eu mesmo já estava ponderando que ele deveria deixar a articulação política, até porque ele foi muito sabotado esse tempo todo. Ele não tinha condições nenhuma de cumprir um trabalho pela sabotagem que foi feita ao longo de todo esse tempo perante o trabalho dele – afirmou Cunha, após participar da reunião dos presidentes de assembleias estaduais, em São Paulo.
Cunha também defende que o congresso do PMDB, marcado para novembro, seja antecipado para discutir a saída da sigla do governo petista. Esse foi um dos temas da reunião, que aconteceu semana passada na capital paulista, entre o presidente da Câmara e Temer.
– Para nós, que defendemos a saída (do PMDB do governo), a gente vê (a saída de Temer da articulação) como um fator positivo. A antecipação do congresso do partido seria importante – disse Cunha.
Nem o corte de ministérios anunciado hoje pelo governo Dilma Rousseff serviu para apaziguar a relação entre o presidente da Câmara e a petista. Para ele, a redução é um sinal positivo mas deveria ser maior.
– Eu sou autor da PEC, que está tramitando na Câmara, que reduz para 20 ministérios. Se for reduzir 10, nós ainda vamos ficar devendo 9 para a minha proposta. Se você reduzir 10 ministérios, são menos 10 ministros para pegar avião da FAB, menos dez carros com motoristas, menos dez chefes de gabinete, menos dez assessores sei lá do quê, menos cargos de comissão, consequentemente é um sinal positivo para a gente mostrar que o governo também está preocupado em economizar recursos públicos. Mas eu ainda acho (o corte de) 10 pouco.
Questionado sobre a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro no esquema investigado na operação Lava-jato, Cunha não respondeu. Disse que apenas seu advogado comenta o assunto.
Em meio a uma ensaiada aproximação entre PSDB e PMDB no Congresso e à intensa repercussão da denúncia feita pela Procuradoria Geral da República contra ele, Cunha se reuniu com deputados estaduais de todo o país para buscar apoio de presidentes de assembleias legislativas.
Questionado se a denúncia contra Cunha não criava constrangimento entre os parlamentares, o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB), defendeu a atuação e manutenção do presidente da Câmara no cargo.
— Enquanto ele (Cunha) for presidente da Câmara dos Deputados, (enquanto) institucionalmente couber a ele pautar os projetos, ele tem que ser respeitado institucionalmente para o cargo que ele foi eleito — afirmou Capez.
Em reunião fechada com os presidentes de assembleias, Cunha falou sobre uma de suas pautas-bomba: a PEC 172, que veda a criação de despesas para estados e municípios sem fonte de receita.
Cunha afirmou aos deputados que o “governo está atrapalhando” o trâmite do projeto que pode aliviar a carga tributária dos estados e citou a crise do Rio Grande do Sul.
Ao falar no plenário da assembleia sobre o assunto, Cunha enfrentou o protesto de quatro integrantes da Juventude do PT de São Paulo que conseguiram driblar o esquema de segurança montada pela Polícia Militar. O presidente da Câmara desdenhou do ato, ao ser questionado: – Que protesto? De quatro pessoas?
Fonte: O Globo
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