Ilustração: Jonatan Sarmento/SAÚDE
Infectados pelo coronavírus têm o dobro de risco de morrer se contraírem junto a gripe. É o que indica um estudo com mais de 20 mil pessoas que testaram positivo para o Sars-CoV-2, conduzido pelo sistema de saúde público da Inglaterra (PHE, na sigla anglofônica) entre janeiro e abril de 2020.
Verdade que, do grupo todo, apenas 58 pessoas carregavam também o vírus influenza. Entre eles, a mortalidade era de 43%. Em quem tinha apenas Covid-19, a taxa de mortes ficou em 26,9% — o número é alto em comparação com dados populacionais porque havia muitos idosos no experimento. Para ter ideia, 80% dos maiores de 80 anos com as duas infecções faleceram.
O achado foi publicado no medRvix, plataforma online que agrega estudos ainda não revisados por outros pesquisadores.
Proteção cruzada
A pesquisa observou que, entre os gripados, o risco de ser diagnosticado simultaneamente com Covid-19 era 58% menor do que na população em geral. Outros estudos já mostram que pessoas infectadas com um vírus respiratório estão menos sujeitas a contrair outro.
No entanto, mais pesquisas são necessárias para dizer se o mesmo ocorre com o novo coronavírus. Como a temporada de gripe começou mais cedo em 2020, as duas epidemias acabaram não se sobrepondo tanto. Isso pode influenciar na baixa taxa de coinfecção encontrada.
“Há evidências de que os vírus competem entre si. Mas, se por um acaso ambos coexistirem no seu organismo, você pode ter problemas sérios”, comentou, ao British Medical Journal, a médica Yvonne Doyle, diretora do PHE.
Como possuem um sistema imune fragilizado, os mais velhos, assim como os portadores de diabetes e outros grupos de risco, já enfrentam dificuldades de combater um só invasor. A presença de um segundo debilitaria mais ainda as defesas.
Para ela, o achado traz um recado claro: as próximas campanhas de vacinação de gripe devem ser levadas especialmente a sério.
Gripe e Covid-19: diferenças e semelhanças
Ambas se espalham da mesma maneira, por meio de gotículas expelidas pela saliva ou pelo muco do nariz de indivíduos infectados. Os sintomas são parecidos também: febre, dor de cabeça, coriza, tosse e mal-estar generalizado (embora a Covid-19 tenha suas particularidades, a exemplo da acentuada perda de olfato).
E o Sars-CoV-2 é mais letal do que os vírus influenza do momento. Assim como a gripe, espera-se que a incidência do coronavírus se intensifique no inverno.
A boa notícia é que as mesmas estratégias previnem as duas infecções. Estamos falando de higienizar as mãos com frequência, praticar a etiqueta da tosse (usar o cotovelo ou lenços descartáveis para tossir e espirrar), vestir máscaras, evitar aglomerações e manter distância de pessoas com sintomas respiratórios. Aliás, a orientação de ficar em casa vale especialmente para quem está espirrando manifestando quaisquer sinais sugestivos.
Veja Saúde
Da-le SAFADAO