Judiciário

Negociatas, propinas e a cúpula do PT no “olho do furacão”: confira o que revela a delação de Palocci

Segredos – O ex-ministro Antonio Palocci já redigiu mais de quarenta anexos com suas revelações (Wilson Pedrosa/Estadão Conteúdo)

No acordo de delação premiada que firmou com a Polícia Federal, o ex-ministro Antonio Palocci envolveu 12 políticos e 16 empresas em transações supostamente criminosas que chegam a mais de 330 milhões de reais — boa parte pagamento de propinas ao PT e a parlamentares. O blog Radar teve acesso a um documento de oito páginas do Supremo Tribunal Federal que confere contornos concretos à principal frente da delação de Palocci, que cumpre em casa e com tornezeleira eletrônica sua condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Muitas das revelações presentes no acordo foram antecipadas por VEJA em diferentes reportagens publicadas em 2017. O acordo foi homologado pelo ministro Edson Fachin, relator da operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal. Ele determinou o envio de 22 dos 23 anexos da delação de Palocci a quatro estados: São Paulo, Distrito Federal, Paraná e Rio de Janeiro.

A lista de exemplos envolvendo repasses a campanhas petistas e interesses de empresários é grande, como mostra uma série de publicações do blog Radar nesta quarta-feira, 14. A delação de Palocci não deixa dúvidas: todas as eleições de Lula e Dilma foram financiadas com recursos irregulares de empresas — o que a Lava-Jato já comprovou de diversas formas, é verdade.

Desde que a Justiça homologou a delação de Palocci em três frentes – no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, na Justiça Federal de Brasília e no Supremo – os investigadores da Polícia Federal realizam diligências sigilosas e produzem provas para confirmar os relatos do petista, de modo a marcar uma diferença de “qualidade” no trabalho realizado pela PGR em delações anteriores. É por causa disso que, apesar de Fachin delegar aos juízes locais a retirada do sigilo da delação, o conteúdo continua fechado.

Entre os detalhes que o Radar revela, Palocci afirmou que apenas o PT recebeu para suas campanhas eleitorais 270,5 milhões de reais, entre 2002 e 2014. Foram doações, parte declarada e outra não, de grandes grupos e empresas em troca de favores recebidos, afirma o ex-petista. Palocci associa cada doação a um benefício específico que, segundo ele, teria sido alcançado por determinada empresa. Boa parte dessas negociações era realizada por Palocci em sintonia com o ex-tesoureiro do PT João Vaccari.

O ex-ministro também detalha as negociatas que levaram empresas a destinares recursos a políticos petistas. Nos casos das campanhas presidenciais de Lula e Dilma, são diversos os pedidos dos empresários em troca do apoio financeiro às tentativas de eleições e reeleições da dupla. Para o empresário, o benefício alcançado varia de menor tributação para um setor específico, obtenção de alguma linha de crédito no BNDES para essas empresas a auxílio em fusão de grupos de um mesmo setor a apoio da base governistas a medidas que tramitavam no Congresso.

Há a história bombástica, revelada por VEJA em 2017, de que Lula foi eleito com uma bolada milionária repassada pelo ditador Muamar Kadafi, líder líbio morto em 2011. Segundo o petista, Kadafi deu 1 milhão de dólares, o equivalente a 3,5 milhões de reais à campanha do petista em 2002.

O ex-ministro narra a operação petista, também revelada por VEJA em 2017, para sepultar a Operação Castelo de Areia no Superior Tribunal de Justiça que rendeu 50 milhões de reais em propinas pagas pela Camargo Corrêa na forma de doação eleitoral para Dilma Rousseff em 2010 e políticos petistas, como Gleisi Hoffmann, atual presidente nacional do PT.

Palocci contou que ela recebeu de três empreiteiras 3,8 milhões de reais na campanha de 2010, quando se elegeu senadora pelo Paraná. Como VEJA revelou em 2017, quando o ministro ainda negociava uma possível delação com a força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, a empreiteira Camargo Corrêa repassou 1 milhão de reais a Gleisi como parte de um acordo para sepultar a Operação Castelo de Areia no STJ.

Palocci também contou à Polícia Federal repasses milionários, na forma de doações oficiais e via caixa dois na campanha de 2010, para os petistas Fernando Pimentel e Tião Viana, que governaram Minas Gerais e o Acre, respectivamente, e para o ex-senador Lindbergh Farias.

O ex-ministro ainda detalha como a Odebrecht repassou 50 milhões de reais ao PT em troca de vantagens no Programa de Desenvolvimento de Submarino (Prosub). O episódio já foi narrado por Marcelo Odebrecht na delação da empreiteira. A bolada milionária foi repassada à campanha de Dilma em 2014. O dinheiro era para que as liberações de dinheiro do governo no contrato de construção dos submarinos não parassem.

O Radar também mostra que Palocci confirma o repasse de recursos pela empresa Qualicorp ao PT, ao Instituto Lula e a Touchdown, de Luis Cláudio Lula da Silva, 30 anos, filho caçula do ex-presidente Lula. Os pagamentos, segundo o ex-ministro, teriam sido feitos em troca de “benefícios concedidos pelo governo” à empresa na Agência Nacional de Saúde Suplementar. No trecho obtido pelo Radar, não há, porém, valores descritos.

Em março, a Polícia Federal indiciou Lula e o filho Luís Cláudio pelos crimes de lavagem de dinheiro e tráfico de influência por pagamentos para relacionados à empresa de marketing esportivo. A Touchdown passou a ser investigada em 2017, com as delações da Odebrecht na Lava Jato. A investigação descobriu que, ao longo dos anos, a empresa, que tinha capital social de 1 mil reais, recebeu mais de 10 milhões de reais de patrocinadores.

Sobre a delação de Palocci, a Qualicorp enviou a seguinte nota ao Radar: “A Qualicorp é uma companhia de capital aberto, com milhares de acionistas nacionais e internacionais, e todos os seus contratos são auditados por empresas renomadas. Sua atividade é exclusivamente privada e depende da contratação voluntária de cada cliente de plano de saúde. A empresa nunca pleiteou ou obteve qualquer tipo de benefício público e jamais transgrediu a lei. A companhia não comentará supostas acusações do ex-ministro, que foram rejeitadas pelo Ministério Público Federal por ausência de base fática.” O Radar tenta contato com o filho de Lula.

Veja

Opinião dos leitores

  1. É o desespero do moro. Criar factoide para sair da linha de tiro. São denúncias apenas para gerar manchetes e manter o único neurônio da bolsoninhada ocupado. Nem o próprio ministério público quis negociar com o Palocci. Ah, ele tá livre e sabe que a única condição para isso é ficar à disposição do moro.

    1. Moro também foi responsável pelos benefícios distintos às empresas citadas, e que renderam alguns milhões em detrimento do prejuízo em dobro pra o erário público, né abobalhado? Vc ficou sem muito serviço público por essas negociatas, desde segurança, saude, educação; o que você vê faltando no dia a dia.

  2. Com a palavra os adoradores de bandidos. Não se trata de conspiração da mídia , dos EUA ou da direita. A delação foi de um dos fundadores do PT, ex-tesoureiro e ex-ministro. Um dos mais próximos a Lula.
    Dissertem sobre isso, fans cegos de bandidos. Zumbis ideológicos.

  3. Se soltarem esse homem os petista queimam ele, como fizeram com Celso Daniel, pense nos eleitores, isto é uns devotos doidos.

  4. A ESQUERDA VAI ESPERNEAR E DIZER QUE É MENTIRA, QUE PALOCCI, PIOR AINDA SE ACUSA O CHEFE DA QUADRILHA (lula) E SUA PROLE

  5. Um prato cheio pra dr MORO. Pena que não é mais o juiz pra botar na taboca desses caras corruptos.

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Política

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sendo assim, Jaques Wagner que se prepare para disputar o Senado pela Bahia em 2018.

Radar On-Line, Veja

Opinião dos leitores

  1. Talvez seja por Moro e a justiça de Cádi/GLOBO condenem pela manipulação da mídia, assim como as viúvas de Aécio Neves.

    O que é mais extravagante, no caso do juiz Moro, é que ele assume publicamente como estratégia de combate à corrupção a mobilização da mídia contra os suspeitos. Nesse caso, o cidadão, culpado ou inocente, fica sem defesa frente ao juiz, aos procuradores, à mídia e a própria opinião pública, contando exclusivamente com o advogado – o qual, no caso de Lula, teve também sua privacidade violada. Esse sistema tem as mesmas características de uma ditadura. Obviamente, diante do barulho que faz a imprensa, terá sempre apoio da opinião pública, na medida da escalada de manipulação da imprensa.
    Quando faltam provas concretas inquestionáveis, sobram convicções, achismos e ódio destilado em forma de partidarismo político.

  2. O pior é que ainda existem muitos que não foram curados da seita maligna(PT) e vão votar neles, espero que não seja o suficiente para eleger um presidente.

  3. PARECE QUE ATÉ É VERDADE? UM É CONDENADO, OUTRO NÃO SEGUE PELO CAMINHO POLITICO PERSONA NÃO GRATA, E AÍ VAI QUEM SABE A SENADORA O PRESIDENTE DA PARTIDO PT NÃO QUEBRE ESSE GALHO. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

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