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Dispositivo desenvolvido no IFRN tem patente concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi)

Imagem ilustrativa do sistema completo. Foto: Thales Ramos

Um projeto desenvolvido no Instituto Federal do Rio Grande do Rio Grande (IFRN), o Regulador Eletromagnético de Frequência (REF), acaba de obter sua primeira patente, concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). O objeto patenteado “foi inspirado em anos de estudos relacionados com a energia eólica, nos quais buscava-se conceber uma tecnologia para geração desse tipo de energia mais adequada à realidade nordestina e brasileira”, disse o professor Paulo Vitor Silva, responsável pela concepção da ideia, juntamente com Ricardo Pinheiro, professor da UFRN, e Nazareno Costa Júnior, empresário ligado ao setor de energia

Paulo Vitor afirmou que a observação da energia eólica e solar foi fonte de motivação no desenvolvimento do projeto do Regulador: “Essas fontes [fazendo referência à energia solar e eólica] vêm ganhando destaque na matriz energética do Brasil e do mundo. Partindo dessa constatação, decidimos iniciar os estudos na área com o intuito de desenvolvermos um dispositivo que pudesse servir como elemento de hibridização das duas fontes de energia para exploração simultânea, permitindo que a energia elétrica produzida fosse constante e de qualidade, independentemente das variações do vento e do sol, evitando-se a conexão de conversores eletrônicos diretamente à rede elétrica ,inevitável na geração fotovoltaica atualmente em uso e muito utilizada em várias configurações de aerogeradores”, explicou. A iniciativa virou a tese de doutorado do professor e gerou a primeira patente que o Inpi concede a dispositivo desenvolvido no IFRN.

NIT/IFRN

A patente conquistada pelo Regulador é resultado, também, da ação do Núcleo de Inovação Tecnológica do IFRN (NIT) junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Responsável pela gerir todos os processos de propriedade intelectual do IFRN, o NIT é parte da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (Propi) que lida com a gestão de patentes, softwares e transferências de tecnologias. O Núcleo lança anualmente um edital em fluxo contínuo, onde orienta pesquisadores para a proteção de propriedade intelectual. É o caso do Edital n°05/2021- Propi/RE/IFRN, lançado em 2021.

Ao falar sobre o desenvolvimento do dispositivo, Paulo Vitor, atualmente à frente da Direção-Geral do Campus Parnamirim do IFRN, destacou que, ainda em 2014, reuniu-se com a Propi e desde então o Instituto “abraçou a ideia, entrando como umas instituições parceiras no processo de registro de patente do REF”. A UFRN também foi parceira e o professor Ricardo Pinheiro, orientador de tese de doutorado de Paulo. “É relevante dizer também que foi de extrema importância a dedicação integral ao projeto e isso só foi possível pela ação da Coordenação de Desenvolvimento de Pessoal (Codepe) do Instituto, através da qual teve a oportunidade de me afastar das atividades acadêmicas”, declarou. A Codepe é subordinada à Diretoria de Gestão de Pessoas do IFRN.

Regulador Eletromagnético de Frequência

Segundo o professor Paulo, o Regulador Eletromagnético de Frequência (REF) pode ser aplicado em variadas situações, como “quando se necessite obter um eixo girante com velocidade constante, sendo a origem do movimento um eixo girante em outra velocidade que não a desejada ou em velocidade aleatoriamente variável”, disse. Ao exemplificar eventos cuja aplicação do REF seja importante, Paulo Vitor explicou que é o que ocorre, por exemplo, em aerogeradores, aqueles enormes cata-ventos, que convertem energia eólica em energia elétrica: “Quando o comportamento do vento é aleatório, a velocidade de origem depende da velocidade do vento. Além disso, o REF também é útil quando se dispõe de mais de uma fonte de energia para produzir a energia elétrica, como acontece no Brasil, especialmente no Rio Grande do Norte, onde há disponibilidade de ventos e de radiação solar em intensidade que viabiliza a geração de eletricidade”.

O dispositivo também pode servir como elemento de hibridização das duas fontes para exploração simultânea, podendo permitir que a energia elétrica produzida seja constante, independentemente das variações do vento e do sol, “o que torna a energia despachável e amplia seu valor no mercado”, acrescentou Paulo. O Regulador patenteado evita a necessidade de conexão de conversores eletrônicos diretamente à rede elétrica e garantindo o aumento da qualidade da energia na rede elétrica e a confiabilidade do sistema como um todo, segundo o professor, “ou seja, outras fontes de energia podem ser associadas, como a produzida por células de hidrogênio, biogás, biomassa, sistemas heliotérmicos, etc.”, disse.

“Em grandes aerogeradores, o REF pode ser utilizado para compensar as oscilações mecânicas causadas pela variação da velocidade do vento, ampliando a segurança e estabilidade do sistema de geração em benefício da rede elétrica e em pequenos aerogeradores, o REF pode contribuir de forma extremamente inovadora viabilizando o desenvolvimento de sistemas de geração de pequeno porte para utilização isolada, isto é, em locais onde não se tem acesso à rede elétrica; quando é necessário ou conveniente armazenar parte da energia elétrica gerada para uso em situações de menor disponibilidade, o que permitirá, de acordo com o dimensionamento do projeto, manter um sistema de produção de energia para atendimento permanente, sem risco de ‘apagão’”, finalizou o professor.

Acesse

Edital n°05/2021- Propi/RE/IFRN – fluxo contínuo

Com IFRN

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Saúde

Nova terapia com medicamento desenvolvido por cientistas brasileiros promete reduzir mortes por infecção generalizada

Foto: Pixabay

Desenvolvido por cientistas brasileiros, um novo medicamento chamado IRSh* combinado com antibióticos pode reduzir a mortalidade por infecção generalizada. Testes iniciais, feitos em camundongos, conseguiram aumentar em 500% a sobrevida dos animais.

Um em cada três pacientes internados em UTIs (unidades de terapia intensiva) são vítimas de sepse – infecção generalizada. Estima-se que a doença acomete 30 milhões de pessoas por ano no mundo — com aproximadamente 600 mil casos só no Brasil, segundo o ILAS (Instituto Latino Americano de Sepse).

O diferencial da nova terapia é corrigir a forma como o organismo combate a bactéria. Essa resposta errada e exagerada do sistema imunológico é a causadora da sepse, de acordo com o médico Alexandre Nowill, mestre em imunologia pela Universidade de Paris XI.

Ele é o coordenador do estudo sobre o novo medicamento, que ganhou destaque mundial ao ser publicado em um jornal da Associação Americana de Imunologistas, o The Journal of Immunology.

“Clinicamente, 50% dos pacientes no país morrem de sepse. Não importa se eles estão em um hospital público ou privado. A perspectiva é salvar a maioria deles com esse novo tratamento”, afirma Norwill.

Hoje, o conceito que predomina entre os médicos é o de que o antibiótico cura a infecção. Entretanto, Nowill descobriu que o remédio apenas bloqueia a bactéria, mas quem cura a doença é o sistema imunológico do paciente.

“Esse novo remédio não age contra a bactéria. Ele muda a cara dela e a transforma em algo que o corpo já conhece. Com essa nova roupa, a resposta do sistema imune ocorre como se a pessoa tivesse tomado uma vacina”, explica.

Segundo o médico, esse mecanismo combinado com o uso de antibióticos leva à conquista de dois fatores a favor do combate à infecção generalizada: o antibiótico vai continuar favorecendo o corpo ao bloquear a bactéria; e o sistema de defesa irá exercer sua função do jeito certo.

“Quem vai curar é o corpo, mas ele precisa da ajuda do antibiótico para enfraquecer a bactéria e levar vantagem”, esclarece o imunologista.

Ainda de acordo com o especialista, esse novo tratamento pode ser capaz de reduzir a mortalidade, o sofrimento e o tempo que o paciente permanece na UTI.

“Se a pessoa é curada mais rápido, ela tem menos sequela. Hoje, tem paciente que perde os membros por conta da infecção generalizada”, observa.

O próximo passo da pesquisa científica é testar o tratamento em porcos. A expectativa é que ele comece a ser testado em humanos daqui três anos.

R7

 

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