Judiciário

Assassino de Eloá é condenado a 98 anos e 10 meses de prisão

Lindemberg Alves Fernandes, 25, foi condenado a 98 anos e 10 meses de prisão nesta quinta-feira pela morte de Eloá Pimentel, 15, em 2008. A sentença foi proferida pela juíza Milena Dias. Pela lei brasileira, ele não pode ficar preso por mais de 30 anos. Como a soma das penas excede este limite, elas devem ser unificadas.

Na sentença a juíza afirma Lindemberg agiu com frieza e premeditadamente. “O réu agiu com frieza, premeditadamente em razão de orgulho e egoísmo”, diz.

O crime ocorreu na casa da vítima, em Santo André (Grande São Paulo), após a adolescente ter sido mantida em cárcere privado por mais de cem horas. Os jurados reconheceram todos os crimes.

Nelson Antoine/Fotoarena/Folhapress
Acusado de matar Eloá Pimentel ao lado da advogada de defesa Ana Lúcia Assad momentos antes do julgamento
Acusado de matar Eloá Pimentel ao lado da advogada de defesa Ana Lúcia Assad momentos antes do julgamento

O júri que condenou Lindemberg era formado por seis homens e uma mulher. O julgamento durou quatro dias e foi marcado pelo depoimento do réu, que falou pela primeira vez sobre o caso, e também por discussões e ameaças de abandono do plenário da advogada de defesa.

Lindemberg confessou ter atirado contra Eloá, mas disse que não planejou crime. Disse ainda que tinha reatado o namoro com a garota dias antes e que ela o havia traído.

Em um dos momentos polêmicos do julgamento, a advogada de defesa, Ana Lúcia Assad chegou a falar que a juíza Milena Dias deveria ‘voltar a estudar’. Assad foi hostilizada na frente do fórum e criticou a imprensa. No terceiro dia de júri, a promotora Daniela Hashimoto pediu que o público não confundisse os atos do réu com o trabalho da defesa.

A decisão da advogada de Lindemberg de convocar em cima da hora a mãe de Eloá como testemunha de defesa também causou comentários. No momento do depoimento, Ana Cristina Pimentel foi dispensada pela própria advogada. No pouco tempo em que ficou no plenário, a mãe de Eloá encarou o réu e disse estava disposta a falar.

A estratégia da defesa foi tentar mostrar que houve falha da PM no caso e que o clima dentro do apartamento era mais ameno.

Ao todo, foram ouvidas 13 testemunhas nos quatro dias de julgamento. Entre as pessoas ouvidas estão os três amigos de Eloá que estavam no apartamento invadido por Lindemberg em outubro de 2008. Também foram ouvidos os dois irmãos da garota, que demonstraram muita emoção e lembraram do relacionamento conturbado que ela mantinha com o réu.

Já os policiais ouvidos reafirmaram que a invasão do apartamento ocorreu apenas após ter sido ouvido um disparo de arma de fogo no interior do imóvel. Durante a ação, Eloá e sua amiga Nayara Rodrigues –que também tinha 15 anos à época– foram baleadas. O capitão Adriano Giovanini, do Gate, também afirmou que, durante a negociação, percebeu que Lindemberg espancava Eloá e, desde o início, dizia que mataria a jovem e cometeria suicídio.

Lindemberg ficou sem algemas durante todo o julgamento e foi acompanhado por dois PMs armados. Ele demonstrou pouca reação durante o júri, sorriu uma vez para um dos irmãos de Eloá, com quem tinha amizade antes do crime, e para familiares dele que acompanharam o júri.

Fonte: Folha.com

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Jornalismo

Defesa diz que não pedirá a absolvição de Lindemberg pelo assassinato de Eloá

A advogada de Lindemberg Alves, acusado de matar a ex-namorada Eloá Pimentel, disse durante a fase de debates do julgamento dele, no Fórum de Santo André, no ABC, nesta quinta-feira (16), que seu cliente ainda é apaixonado pela vítima. Segundo Ana Lúcia Assad, Lindemberg não premeditou matar Eloá e pediu que ele seja condenado por homicídio culposo – quando não há intenção de matar. A defensora falou por cerca de uma hora e meia. A juíza Milena Dias determinou em seguida, às 13h30, um intervalo para almoço de uma hora.

“Ele não é marginal ou um criminoso. Os senhores [jurados] são pessoas de bem, assim como Lindemberg. Peço que o enxerguem como um irmão, pai dos senhores, um amigo. Ele não é bandido. Ele confessou que atirou em Eloá. Lindemberg é apaixonado por Eloá. Foi o grande e único amor da vida dele. Tanto é que ele não recebe visita íntima porque ele não quer ter outra mulher”, disse. “Lindemberg sofre pela morte de Eloá.”

“Não vou pedir a absolvição dele. Ele errou, tomou as decisões erradas e deve pagar por isso, mas na medida do que ele efetivamente fez”, disse a advogada. “Peço que os senhores [jurados] condenem o Lindemberg pelo homicídio culposo, pois ele não desejou o resultado. Ele sofre pela morte dela.”

Durante a fala de Ana Lúcia, os familiares de Eloá esboçaram reações de incredulidade. O público chegou a se manifestar em alguns momentos.

A advogada disse que seu cliente era querido pela família da vítima e tentou responsabilizar a imprensa e a Polícia Militar pelo ocorrido.

“Lindemberg era muito querido pela família de Eloá. Esse caso só é esse caso por causa da cobertura da mídia, não devia estar acontecendo nada mais importante naquele dia.” Segundo ela, os PMs que invadiram o apartamento são os responsáveis morais pela morte de Eloá e a mídia, co-responsável. “A imprensa fez do sequestro um ‘reality show’.”  “Ele não pode pagar a conta sozinho. A própria família de Eloá está responsabilizando os policiais que erraram.”

Para ela, Lindemberg está sendo tratado como “bode expiatório”.  “Ele é a bola da vez porque ele é pobre, porque não tem influências importantes como o jornalista Pimenta Neves que ficou solto no processo. Foi decidido que esse pobre aqui vai pagar por todos”, disse a advogada .“Esse caso é uma aberração jurídica. Ele responde preso porque foi pintado na imprensa como um monstro, um anticristo. Que ministro vai querer assinar o alvará [de soltura] dele?”, questionou.

A defensora ressaltou o temperamento de Eloá em sua fala, definindo-a como geniosa e explosiva. “Eloá contribuiu para deixar a situação pior que estava”. Ao dizer isso, a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, se irritou no plenário.

“Lindemberg tomou decisões erradas, mas penso que ele deve pagar pelo que fez. Eu, como defensora dele, não pretendo passar a mão na cabeça dele. Ele errou, mas não errou sozinho.” Ana Lúcia pediu que os jurados considerassem o tiro que acertou Nayara como lesão corporal culposa. Segundo ela, Lindemberg se assustou com o barulho da porta. Em seu depoimento, na quarta-feira (15), o réu disse não se lembrar se havia atirado contra a adolescente.

Cárcere privado

A advogada Ana Lúcia Assad afirmou que Lindemberg deve responder, sim, pelo crime de cárcere privado de Eloá. “Mas a Nayara voltou porque quis [ao apartamento]”, rebateu.

Vítima sorria

A advogada distribuiu uma foto aos jurados. Segundo ela, é possível ver que Eloá sorri na imagem divulgada na internet. “Eloá sai à janela da cozinha e sorri. Eu estou presumindo que se ela sorriu, o ambiente lá dentro [do apartamento] não era horroroso. Por que ela sorriu na janela então?! Você sai na janela e vai sorrir sendo torturada?!”. A promotora Daniela Hashimoto interveio e disse que não era possível ver se a estudante sorria na foto.

Fonte: G1

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Jornalismo

Lindemberg pede perdão e nega intenção de matar Eloá

Lindemberg Alves Fernandes, réu pela morte de Eloá Pimentel (Reinaldo Marques/Terra)

 

Lindemberg Alves Fernandes, réu pela morte de Eloá Pimentel, em 2008, afirmou nesta quarta-feira que os dois haviam retomado o namoro em segredo dias antes do início do cárcere privado, em Santo André, no ABC Paulista. À juíza, ele afirmou que não foi ao apartamento com a intenção de matar a adolescente, mas que se surpreendeu ao encontrá-la com colegas no local. Ele disse ainda que andava armado porque sofria ameaças de morte.

“Fiquei surpreso com a presença do Iago (de Oliveira), do Victor (de Campos) e da Nayara (Rodrigues) no apartamento. A Eloá ficou assustada ao me ver”, disse. A jovem, segundo ele, não conseguiu explicar o que os três estavam fazendo lá, começou a chorar e gritar. Ele questionou sobre a relação de Victor com ela. “Ele disse ‘eu dei uns beijos nela’ e a Eloá fez um barraco”, disse. Lindemberg, então, mostrou a arma que carregava e pediu para conversar com a namorada sozinho, mas os três se recusaram a deixar o apartamento.
Lindemberg afirmou que os dois namoravam desde 2006 e haviam terminado em setembro, três semanas antes do cárcere. O réu afirmou que tentou voltar com Eloá diversas vezes, mas a adolescente recusava. “Ela me deu uma canseira (nas tentativas de reatar) e eu pensei ‘preciso retomar minha vida’.” Ele disse, então, que ficou com uma menina, mas que Eloá descobriu, chorou muito e pediu para voltar.

Quando retomaram o relacionamento, o casal fez, segundo Lindemberg, um “pacto” para não contar a ninguém porque a família de Eloá não poderia saber, uma vez que a jovem teria mentido que Lindemberg havia batido nela. “Acho que a Eloá não tinha coragem de expor ao pai que ela tinha mentido sobre a agressão”, disse.

O réu disse que recebeu ligações com ameaças de morte de números não identificados. Segundo ele, as ameaças eram sem motivo. “Tinha muito medo de morrer”, afirmou. Lindemberg afirmou que, devido às ameaças, comprou uma arma “de um senhor que precisava de dinheiro para voltar para sua terra”.

Trágico desfecho

Segundo Lindemberg, os amigos de Eloá se negaram a deixar o apartamento quando ele exigiu ficar sozinho com a ex-namorada. Por isso, ele considerou que os três não foram mantidos em cárcere privado. Segundo o réu, eles podiam entrar e sair a hora que quisessem, mas ficaram por solidariedade à Eloá.

Lindemberg disse também ter ficado muito nervoso com a chegada da polícia, no primeiro dia de cárcere. “A situação tinha ficado difícil”, disse. Segundo ele, Eloá começou a gritar muito e ele mostrou a arma para a namorada, mas a polícia viu. “Agora eu estava em um processo que eu não sabia como contornar a situação, eu estava perdido.”

Ele negou ter disparado contra o sargento Atos Valeriano e classificou a acusação de tentativa de homicídio contra o PM como “ficção”. “Eu fiquei sabendo pela minha advogada. Fiz disparos para o chão (da janela), mas para policial nenhum”, disse, classificando os tiros como ato de nervosismo.

Lindemberg ainda disse que tinha medo de se entregar porque Eloá lembrou “um fato que aconteceu com um ônibus no Rio de Janeiro, em que uma refém foi baleada” – em referência ao sequestro do ônibus 174, que terminou com uma refém morta após a polícia disparar contra o seqüestrador.

Ele confirmou que atirou contra Eloá após a explosão da porta. “Quando a polícia invadiu, a Eloá fez menção de levantar e eu, sem pensar, atirei. Foi tudo muito rápido”, afirmou. Ele acrescentou que não poderia afirmar que havia atirado contra Nayara porque não se lembrava.

Pedido de perdão a mãe de Eloá

No início do depoimento, Lindemberg falou sobre a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel. “Quero pedir perdão para a mãe dela em público, pois eu entendo a sua dor”, afirmou. “Estou aqui para falar a verdade, afinal tenho uma dívida muito grande com a família dela”, acrescentou.

Ele afirmou que o gesto que fez para Ana Cristina na terça-feira, no plenário – considerado pela mãe de Eloá como um sinal de “alivia a minha barra” -, foi na verdade um pedido de perdão.

O mais longo cárcere de SP

A estudante Eloá Pimentel, 15 anos, morreu em 18 de outubro de 2008, um dia após ser baleada na cabeça e na virilha dentro de seu apartamento, em Santo André, na Grande São Paulo. Os tiros foram disparados quando policiais invadiam o imóvel para tentar libertar a jovem, que passou 101 horas refém do ex-namorado Lindemberg Alves Fernandes. Foi o mais longo caso de cárcere privado no Estado de São Paulo.

Armado e inconformado com o fim do relacionamento, Lindemberg invadiu o local no dia 13 de outubro, rendendo Eloá e três colegas – Nayara Rodrigues da Silva, Victor Lopes de Campos e Iago Vieira de Oliveira. Os dois adolescentes logo foram libertados pelo acusado. Nayara, por sua vez, chegou a deixar o cativeiro no dia 14, mas retornou ao imóvel dois dias depois para tentar negociar com Lindemberg. Entretanto, ao se aproximar do ex-namorado de sua amiga, Nayara foi rendida e voltou a ser feita refém.

Mesmo com o aparente cansaço de Lindemberg, indicando uma possível rendição, no final da tarde no dia 17 a polícia invadiu o apartamento, supostamente após ouvir um disparo no interior do imóvel. Antes de ser dominado, segundo a polícia, Lindemberg teve tempo de atirar contra as reféns, matando Eloá e ferindo Nayara no rosto. A Justiça decidiu levá-lo a júri popular.

Fonte: Portal Terra

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *