Comportamento

Lésbicas e DSTs: a saúde sexual das mulheres que transam com mulheres; entenda os riscos e conheça os métodos de proteção

Imagine a cena: duas mulheres estão no quarto, trocando carícias, cheias de tesão, tiram a roupa e então… Uma delas vai até a cozinha pegar o rolo de plástico filme para colocar sobre a vulva da parceira e garantir que elas façam sexo seguro.

Pois é, uma cena que não parece nada sexy, nem prática. Mas que tem sido a principal orientação que mulheres lésbicas encontram sobre prevenção de doenças que podem ser transmitidas no sexo. Isso, quando encontram alguma orientação. Porque existe também uma ideia geral de que em uma transa com duas vaginas, não há risco de transmissão.

“É mito que as mulheres lésbicas estão protegidas contra as ISTs [infecções sexualmente transmissíveis], e é muito importante falar sobre isso”. As palavras da ginecologista Bruna Wunderlich lembram que sexo entre mulheres pode, sim, transmitir doenças e que a falta de informação sobre isso só aumenta a exposição a riscos.

Um estudo do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids, de 2012, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, mostrou que só 2% das lésbicas se previnem contra as ISTs. Algo que passa pela desinformação, mas também pela ausência de métodos de proteção desenvolvidos especificamente para elas.

E, apesar da prevenção dificilmente acontecer, os riscos são reais: uma pesquisa realizada pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) em 2017 com 150 mulheres que se relacionam mulheres mostrou que 47,3% delas tinham algum tipo de IST.

Os motivos para esse assunto ainda ser tabu passam pela invisibilidade e preconceito em relação às relações lésbicas e também à sexualidade feminina. E para combater isso, reunimos aqui as principais informações sobre as doenças, prevenção e também acompanhamento ginecológico.

As doenças e o sexo

Antes de começar, é preciso explicar que hoje em dia se usa a expressão Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) ao invés de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), porque às vezes a pessoa pode ser infectada, mas não manifestar a doença. Mas como popularmente é muito mais comum se ouvir falar de DSTs, vamos usar esse termo, para facilitar a compreensão.

Existe um imaginário de que a transmissão de doenças está ligada à penetração durante o sexo. No entanto, essa é só uma das formas possíveis de passar uma doença. Sexo oral, contato entre mucosas e com o sangue são outras.

“Sífilis, herpes genital e verrugas genitais têm a ver com contato de mucosa. E todas as vezes que eu tenho contato de mucosas, seja entre dois órgãos sexuais ou da boca com um órgão sexual, isso transmite”, explica Thais Machado Dias, médica de família e comunidade do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde e do Instituto Iris.

Então, para não reforçar preconceitos, é importante destacar que falar em transmissão de DSTs não tem a ver com a orientação sexual das pessoas (heterossexual, bissexual, homossexual, entre outras) e sim com as práticas sexuais. O que isso quer dizer?

Quer dizer que existem infecções que são transmitidas pela prática da penetração, outras pela prática do sexo oral e outras pelo contato da mucosa, ou por mais de uma dessas formas juntas. E tanto pessoas heterossexuais quanto homossexuais podem ter qualquer uma dessas práticas, afinal a sexualidade humana é complexa e pode envolver um monte de práticas.

Mulheres lésbicas podem usar acessórios ou os dedos para penetração, assim como um casal heterossexual pode praticar o sexo oral. Além disso, podem se envolver com mulheres bissexuais, que se relacionam ou relacionaram com homens. E existem ainda mulheres lésbicas e bis trans que não passaram por redesignação sexual e têm um pênis.

Por isso, para analisar os riscos de contágio de doenças, é importante pensar em como elas são transmitidas, não na orientação sexual das pessoas. É importante destacar essa diferença para não se reforçar estereótipos e preconceitos como os homens gays sofreram na década de 1980 com a descoberta da aids, por exemplo.

Na tabela abaixo, mostramos as principais formas de transmissão das DSTs mais comuns.

Lésbicas e DSTs (Foto: Carolina Herreira)

Vale ressaltar que quando falamos de sangue, estamos falando tanto de transar menstruada, quanto de machucados que possam estar ativamente sangrando.

“A transmissão das doenças aumenta quando há uma fissura ou um corte que rompa a base da mucosa”, diz a ginecologista Thaila Maia. Então se houver um machucadinho na vulva, na boca ou no dedo, o risco fica maior.

Sobre o HPV, Thais Machado Dias explica que existem dezenas de tipos desse vírus e o mais visível e fácil de diagnosticar são as verrugas genitais. E quando as verrugas estão presentes, o risco de transmissão do vírus aumenta.

Por fim, todas as entrevistadas disseram que sim, é possível a transmissão do HIV, vírus responsável pela AIDS, entre mulheres. No entanto, isso é pouco comum, pois a concentração do HIV nos fluidos vaginais é muito menor do que no esperma.

E como fazer a prevenção?

Certo, então as relações entre mulheres podem transmitir DSTs. Mas como é feita a prevenção?

Aí está o desafio: não existem métodos pensados especificamente para o sexo lésbico. “É muito frustrante porque, mesmo que não tenhamos tanta chance de pegarmos AIDS, temos risco de pegar outras doenças, como sífilis ou HPV, mas não temos nenhum tipo de método que nos proteja”, diz a estudante, L.M., 22, que preferiu não se identificar.

Ela conta que já leu formas alternativas, como cortar camisinha ou luvas cirúrgicas para proteger a vulva, mas considera os métodos ruins. “Isso não é nada prático e também ninguém gosta de ficar lambendo uma luva cirúrgica. Algumas camisinhas têm gosto, sim, mas ainda falta a questão da praticidade: ninguém com tesão vai ficar desmontando e cortando camisinha, e tendo cuidado de não deixar sair do lugar”, explica.

A camisinha feminina, inclusive, também não resolve a questão, pois ela protege apenas o canal vaginal e não a área externa da vulva. Sem falar no quanto é um produto difícil de encontrar: la é oferecida gratuitamente em unidades de saúde, mas em farmácias nem sempre estão disponíveis.

A médica Thais Machado afirma que “são instrumentos adaptados e que as mulheres relatam que são desconfortáveis”. Ela sugere que, além de usar esses métodos de prevenção improvisados, a mulher use o olhar para identificar se há alguma ferida ou verruga na parceira. A médica também recomenda fazer acompanhamento ginecológico constante e a troca de exames com a parceira.

Mas ela lembra: “Não existe sexo 100% seguro. Existe um sexo mais seguro e não seguro em si. A gente vai transitando nessa zona cinzenta entre o polo da segurança e de insegurança total”.

Para evitar entrar nessa zona da insegurança total, veja na imagem abaixo quais são as opções de cuidado para prevenir DSTs que as lésbicas têm à disposição atualmente no Brasil.

Lésbicas e DSTs (Foto: Carolina Herreira)

O dental dam, mencionado no gráfico, é um produto usado por dentistas. Uma espécie de lenço de látex que é colocado sobre a boca para isolar os dentes. Em alguns países, ele já é vendido especificamente para o sexo entre mulheres. Mas no Brasil ainda é difícil de encontrar.

Já a calcinha de látex é hoje produzida no Brasil pela Azza Hotelaria com o nome de Calcinha de Vênus. Ela é um lingerie de renda, mas a frente é feita de látex transparente para permitir a sensibilidade tanto no sexo oral quanto no contato entre vulvas. Segundo a fabricante, cada calcinha pode ser usada até oito vezes, com higienização com sabão neutro. Os preços variam de acordo com o modelo e tamanho, indo de R$ 10 a R$ 28 e os pedidos podem ser feitos pela página de Facebook do produto.

Ginecologia sem preconceito

Falar de prevenção de doenças sem falar em acompanhamento médico é impossível. E no caso das mulheres lésbicas, surge aí mais um desafio: o preconceito dos profissionais de saúde.

A jornalista Camila Ramos, 30, teve de lidar com isso. Em uma consulta com um novo ginecologista, quando disse que tinha namorada, ouviu do profissional: “então sai daqui”. Ele acabou falando para ela ficar, mas passou o resto da consulta agindo de maneira preconceituosa.

“Ele perguntou se eu já tinha tido relação heterossexual. Como achei que fosse relevante para a consulta, respondi que sim. A resposta dele foi: ‘Poxa, mas foi tão ruim assim?’, conta. Camila chegou a entrar com uma denúncia administrativa contra o médico, mas acabou não levando o processo para frente. O episódio, no entanto, até hoje gera medo nela quando vai procurar um ginecologista.

Além das questões morais e simbólicas do preconceito dos profissionais de saúde, muitas mulheres lésbicas deixam de ir ao ginecologista por conta da realização de exames desnecessários ou de forma violenta.

“Estudos mostram que as relações entre pacientes lésbicas e seus profissionais de saúde podem representar grandes barreiras para o rastreio das doenças ginecológicas”, afirma afirma a ginecologista Bruna. Segundo ela, os profissionais não têm conhecimento do risco das doenças nesta população, falham em obter um histórico sexual completo e não promovem um ambiente acolhedor para que as lésbicas se sintam à vontade para contar sobre sua orientação sexual. “Ou seja, o profissional da saúde é grande parte do ciclo que perpetua a violência e discriminação contra essas mulheres”, afirma.

É importante ressaltar que mulheres que transam com mulheres precisam fazer acompanhamento médico como qualquer mulher. “A gente tem preconizado há alguns anos que qualquer pessoa com vida sexual ativa tem que fazer o rastreamento de doenças sexualmente transmissíveis uma vez por ano”, explica a média Thais.

Um dos exames que podem ficar um pouco diferente para as lésbicas é o papanicolau. As especialistas afirmam que qualquer pessoa que já teve penetração, mesmo que há muito tempo, precisava fazer esse exame. Para fazê-lo é usado um espéculo (aparelho médico inserido na vagina para permitir a visualização e coleta do exame).

“Se essa mulher nunca colocou nada na vagina dela voluntariamente, nem um vibrador, nem um dedo, não vou ser eu que vou colocar um espéculo. E a gente tem que pensar na penetração de uma maneira mais ampliada e não falocêntrica”, diz Thais. Ela ainda complementa que depois de dois exames de papanicolau normais, com um intervalo de um ano entre eles, a mulher pode repetir a cada três anos.

Se a mulher nunca teve penetração, é feito apenas o exame físico sem a inserção do espéculo. Por isso, é muito importante que o médico pergunte à mulher se ela já teve ou não penetração antes de examiná-la.

Existe ainda uma outra questão a ser lembrada que é o planejamento familiar. “Prestadores de serviços de saúde reprodutiva e serviços de planejamento familiar devem considerar que qualquer paciente, mesmo que esteja grávida, pode ser lésbica ou bissexual”, afirma Bruna Wunderlich.

– Este conteúdo foi originalmente publicado no site da revista AZMina.

Globo, via Marie Claire

 

 

 

Opinião dos leitores

  1. "E existem ainda mulheres lésbicas e bis trans que não passaram por redesignação sexual e têm um pênis."
    Homi , explica isso direito…

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Brasil

Lula decide por presidente da Telebras no Ministério das Comunicações

Foto:Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil

O presidente da Telebras, Frederico Siqueira Filho, deve ser o novo titular do Ministério das Comunicações. Ele se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quarta-feira (23), no Planalto, acompanhado do ex-ministro da pasta, Juscelino Filho (União-MA) e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que levou a indicação de Frederico, conhecido como “Fred”.

Segundo fontes ouvidas pela CNN, o presidente aceitou a indicação e deve oficializar o nome de Siqueira ainda nesta semana.

Siqueira comanda a Telebras desde maio de 2023, indicado por Juscelino.

Após a recusa do deputado Pedro Lucas Fernandes (União-MA), líder do partido na Câmara, Alcolumbre buscou um nome técnico para o posto.

Com 26 anos de experiência no setor de telecomunicações, Frederico é engenheiro civil formado pela Universidade de Pernambuco.

Atuou por 21 anos na Oi, onde foi diretor de Relações Institucionais por uma década. Mais recentemente, chefiava a área de Vendas Corporativas Governo da Oi Soluções, com foco nas regiões Norte e Nordeste.

Outro nome considerado pelo União Brasil para o cargo foi o do advogado e jornalista Miguel Matos, bem avaliado pelo presidente da sigla, Antônio Rueda. Matos preside o Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional.

Ele é casado com a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Daniela Teixeira, indicada ao cargo pelo presidente Lula, e também é fundador do portal jurídico Migalhas. Apesar da boa avaliação, seu nome acabou sendo preterido em favor de Siqueira.

Desistência

A escolha de Frederico ocorre após a recusa de Pedro Lucas, que havia sido convidado por Lula e chegou a ter seu nome anunciado oficialmente após reunião no Palácio da Alvorada.

Entretanto, na última terça-feira (22), anunciou que não aceitaria o cargo. Em nota, agradeceu o convite.

CNN

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Geral

Uso de maconha aumenta em até 4 vezes risco de demência, diz estudo

Foto: RAUL ARBOLEDA / AFP

Pesquisadores da Universidade de Ottawa, no Canadá, descobriram que o consumo regular de maconha está associado ao desenvolvimento de demência. A lista de possíveis efeitos do uso também inclui problemas cardiovasculares graves, como AVCs, ataques cardíacos, arritmias cardíacas e insuficiência cardíaca.

Publicado no dia 14 de abril na JAMA Neurology, o estudo ganhou notoriedade por sua abrangência, já que analisou os dados de saúde de cerca de 6 milhões de pessoas. A pesquisa inclui somente adultos canadenses com 45 anos ou mais, sem diagnóstico prévio de demência.

Outro dado importante descoberto pelos cientistas foi que os usuários de cannabis já foram hospitalizados ou precisaram visitar o pronto-socorro por conta da droga tem até quatro vezes mais chances de receberem o diagnóstico de demência em até cinco anos.

“Alguém que vai ao pronto-socorro ou é hospitalizado por causa do uso de cannabis tem um risco 23% maior de desenvolver demência em cinco anos, em comparação com alguém que foi ao hospital por outro motivo”, disse Daniel Myran, coautor do estudo, em nota à imprensa. Ele reforça que o risco é 72% maior quando comparado à população geral.

Ainda, ele menciona que os números consideram demais fatores de risco para a doença, como idade, sexo, saúde mental, além do uso de substâncias e condições crônicas (como diabetes).

Estudos feitos anteriormente apontam que usuários de maconha também têm mais chances de recorrer ao atendimento emergencial ou hospitalização.

Apesar dos dados, Myran destaca que não é um estudo que vincula oficialmente a maconha com a demência, mas com o objetivo de entender mais a associação que está aumentando em pesquisas científicas.

Vale destacar que outros fatores de risco da demência são a idade, pressão alta, diabetes, má alimentação, problemas cardíacos e de sono, além da falta de atividade física.

Fatores adicionais

A análise foi feita a partir de registros médicos de 2008 a 2021, com mais de 6 milhões de pessoas entre 45 e 105 anos, moradores de Ontário, no Canadá, sem demência. Os pesquisadores encontraram aproximadamente 16 mil pessoas que passaram por atendimento médico por conta de reações negativas ao uso de maconha.

Myran reforça que após cinco anos da visita ao hospital ou internação, 5% desse número foi diagnosticado com demência. Em dez anos, cresce para 19%.

Ao longo dos 13 anos analisados, o número de adultos de 45 a 64 anos que foram ao pronto-socorro por causa do uso de maconha foi cinco vezes maior. Entre os idosos com 65 anos ou mais, esse número cresceu ainda mais: foi quase 27 vezes maior, de acordo com o estudo.

Caso seja comprovado que a maconha realmente causa demência, é necessário entender como isso acontece no cérebro dos usuários frequentes. O coautor acredita na possibilidade de que o uso diário pode mudar a forma como as conexões entre os neurônios funcionam.

Segundo Myran, há indícios de que o uso frequente de maconha possa estar ligado a processos inflamatórios e danos em pequenos vasos sanguíneos do cérebro. Outra hipótese é que esse hábito contribui para o surgimento de outros fatores associados à demência, como quadros de depressão e isolamento social.

InfoMoney

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Brasil

VÍDEO: Veja momento em que Bolsonaro recebe intimação de Moraes dentro da UTI

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi intimado pelo Minostro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, nesta quarta-feira, 23, no leito onde está internado no Hospital DF Star, em Brasília.

No inicio da noite, Bolsonaro divulgou nas redes sociais o momento em que a oficial de justiça entra no leito de UTI para entregar o documento.

Houve momentos de tensão, uma vez que aliados do ex-presidente se revoltaram com a presença da servidora do Judiciário na unidade de saúde.

Os documentos são referentes à ação penal a que Bolsonaro responderá no STF após a Procuradoria-Geral da República acusá-lo de golpe de Estado. O inquérito é relatado pelo ministro Alexandre de Moraes.

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Brasil

Entidades envolvidas em operação no INSS têm elos com centrão e PT

Foto: reprodução

Duas das entidades que foram alvo de mandados de busca e apreensão em investigações de fraudes bilionárias em pagamentos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) têm ligações com o centrão, caso da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), e com o PT, caso da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).

A de atuação mais agressiva, segundo fontes do INSS relataram à CNN, é a Conafer. O principal elo da associação no governo Lula 3 foi André Fidelis, diretor de benefícios do INSS até julho de 2024. Ele foi exonerado do cargo após uma série de reportagens do portal Metrópoles abordar esquemas fraudulentos de descontos sobre os vencimentos de aposentados.

Fidelis era quem assinava parcerias com associações e sindicatos para que eles oferecessem serviços aos aposentados, em troca dos quais os descontos eram aplicados. O resultado foi uma explosão no número de filiados e no faturamento da Conafer, o que levou o INSS a fazer um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com essa entidade para que fossem revalidados os descontos.

Por isso, a avaliação interna no INSS é de que a operação desta quarta-feira (23), que envolve a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal (PF), era uma questão de tempo. O esquema, segundo essas fontes, existia há anos e foi avo de tentativas recorrentes de correção tanto na atual gestão do instituto quanto em administrações passadas.

Funcionários do INSS relataram à CNN que Fidelis se gabava de dizer que não respondia ao presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que pediu demissão do cargo após a operação e cuja saída já havia sido decidida pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Stefanutto é considerado no meio um técnico sério e com domínio dos assuntos do órgão, o que explicaria a tentativa do ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), em mantê-lo no posto.

O agora ex-presidente do INSS não foi a primeira opção de Lupi para o cargo, mas ambos acabaram se alinhando no decorrer do governo. O ministro havia indicado Glauco Wamburg, que foi exonerado ainda em 2023, acusado de uso irregular de passagens e diárias pagas pelo governo. Também houve incômodo no Palácio do Planalto com o fato de as filas do INSS terem aumentado naquela gestão.

Já a Contag tem ligação histórica com o PT, por meio dos vínculos com os sindicatos de trabalhadores rurais. O atual presidente, Aristides Veras, foi vereador e vice-prefeito de Itabira pelo partido. Quem conhece bem o INSS relatou surpresa com o envolvimento da entidade, considerada “organizada e republicana”, segundo uma fonte.

Ambas conseguiram multiplicar descontos associativos porque, até 2019, para comprovar a aposentadoria rural, bastava uma declaração do sindicato, o que poderia ser reavaliado pelo mesmo sindicato anos depois. O caminho ficou mais difícil após a edição da Medida Provisória (MP) 871, de 2019, mas durante sua tramitação no Congresso houve brechas para que a prática continuasse.

O desconto associativo envolve valores entre R$ 20 e R$ 50 por pessoa, algo considerado baixo, mas rentável para as entidades pela multiplicação do benefício.

CNN Brasil

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Brasil

Presidente do INSS é demitido por Lula após operação da PF

Foto: Breno Esaki/Metrópoles

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou a demissão do diretor-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, após operação da Polícia Federal (PF). A investigação apura cobranças indevidas feitas por entidades em contas de pensionistas e aposentados. O caso foi revelado pelo Metrópoles.

Stefanutto deve sair no cargo ainda nesta quarta. Fontes no Palácio do Planalto afirmaram que a decisão pela saída partiu do próprio Lula.

A demissão foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União na noite desta quarta. A saída não foi “a pedido”.

A megaoperação, batizada de Sem Desconto, resultou no afastamento de Stefanutto e outros quatro membros da cúpula do órgão. São eles:

  • o procurador-geral do INSS, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho;
  • o coordenador-geral de Suporte ao Atendimento ao Cliente do INSS, Giovani Batista Fassarella Spiecker;
  • o diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão, Vanderlei Barbosa dos Santos; e
  • o coordenador-geral de Pagamentos e Benefícios do INSS, Jacimar Fonseca da Silva.

Ao todo, foram cumpridos 211 mandados de busca e apreensão e seis de prisão contra alvos no Distrito Federal e em 13 estados. Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Passos, a operação também apreendeu motocicletas e carros de luxo utilizados pelos investigados.

“De maneira inicial, é o começo da investigação, conseguimos esse mapeamento. Tanto que hoje, com um único alvo, foram apreendidos vários carros, Ferrari, Rolls-Royce, avaliados em mais de R$ 15 milhões; mais de US$ 220 mil com outro; e US$ 150 mil com outro [investigado]. […] Isso, por si só, aponta a gravidade daquilo que estamos falando e o tiro certo que demos nessa investigação”, ressaltou Andrei.

Metrópoles

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Esporte

Camarote Rooftop Dunas terá serviços de open bar e open food no jogo América X Treze deste sábado (26)

Torcedores que buscam uma experiência premium com serviços de open bar e open food e visão panorâmica do campo, poderão assistir neste sábado a partida entre América X Treze (PB) no Rooftop Dunas. O jogo é válido pela segunda rodada da série D do Campeonato Brasileiro.

O jogo marca a estreia do novo camarote premium em partidas de futebol. O Rooftop Dunas abrirá três horas antes da bola rolar, a partir das 13:30h, com serviços de buffet premium, open bar, música ao vivo, ilha de fogo e outros.

Quem quiser garantir um lugar na festa, pode adquirir o ingresso em: www.rooftopdunas.com.br

“Ficamos muito felizes em estrear nossa nova estrutura em uma partida de futebol. O América é um grande time, com uma torcida incrível. Por isso, é muito bom podermos fazer parte disso. Tenho certeza que os torcedores vão adorar toda a estrutura e as ativações incríveis que iremos oferecer. Nosso objetivo é sempre oferecer a melhor experiência ao fã de futebol”, celebra Léo Rizzo, CEO da Soccer Hospitality.

Com capacidade para até cinco mil pessoas, o Rooftop Dunas é um empreendimento da empresa Soccer Hospitality, que atualmente marca presença com camarotes premium em alguns dos principais estádios do futebol brasileiro, entre eles Allianz Parque, Neo Química Arena, Morumbi, Vila Belmiro, Nilton Santos, Casa de Apostas Arena Fonte Nova, Arena do Grêmio e Estádio dos Aflitos.

Mais informações: @rooftopdunas
@casadeapostas.arenadasdunas

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Geral

Governo suspende acordos de desconto sindical no INSS após fraude

Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados)

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou a suspensão de todos os acordos que permitiam o desconto de mensalidades sindicais diretamente de benefícios do INSS, após a descoberta de um esquema de fraudes envolvendo descontos não autorizados em aposentadorias e pensões. A medida foi confirmada nesta quarta-feira (23) pelo ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Vinícius Marques de Carvalho.

Em entrevista à imprensa, o ministro explicou que a decisão busca dar “um freio de arrumação” no sistema e garantir que os descontos irregulares sejam interrompidos de imediato. Ele também afirmou que a CGU será responsável por assegurar a implementação da medida, que visa corrigir o problema e organizar o sistema de deduções.

A decisão ocorre após uma operação conjunta da Polícia Federal (PF) e da CGU, que revelou que entre 2019 e 2024, R$ 6,3 bilhões foram indevidamente descontados de benefícios de aposentados e pensionistas. A Justiça Federal, em resposta à operação, determinou o afastamento do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que, posteriormente, pediu demissão do cargo.

Além disso, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que ainda não há um levantamento exato do número de aposentados impactados pela fraude. Contudo, ele sugeriu que os descontos indevidos possam ser revertidos já na folha de pagamento do mês de maio.

“A administração por cautela vai suspender, vai dar um freio de arrumação, e examinar o quadro para regularizar o desconto”, explicou Lewandowski.

InfoMoney

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Brasil

“VAMPIRISMO SOCIAL”: André Marinho compara fraude no INSS com golpe do mensalão


A operação de hoje (23) no INSS, que apreendeu mais de R$ 1 bilhão em bens se tornou um dos assuntos mais comentados do país, inclusive pelo humorista André Marinho.

Ele classificou o esquema como “vampirismo social” e destacou que este escândalo pode ser comparado ao esquema do mensalão, em meio a rejeição que o governo Lula vem sofrendo e aumentando com o passar do mandato.

Operação do INSS

O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Passos, afirmou que as investigações sobre cobranças indevidas feitas por entidades em contas de aposentados e pensionistas estão na fase inicial. Até o momento, no entanto, a megaoperação desta quarta-feira (23/4) resultou na apreensão de carros de luxo utilizados pelos investigados.

O esquema, resultou no cumprimento de 211 mandados de busca e apreensão e outros seis de prisão no Distrito Federal e em 13 estados.

Blog do BG

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Brasil

[VÍDEO] Aposentados foram “vítimas fáceis” de fraude no INSS, afirma ministro Lewandowski

 

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou, nesta quarta-feira (23), que os aposentados foram “vítimas fáceis” da fraude bilionária no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Segundo operação da Polícia Federal (PF), foram identificados descontos associativos em aposentadorias e pensões que não foram autorizados. Esses valores são pagos mensalmente a entidades e sindicatos que representam os aposentados e pensionistas. Qualquer desconto precisa ter autorização prévia do beneficiário para acontecer. A única exceção é para casos envolvendo decisão judicial.

A fraude é estimada em R$ 6,3 bilhões, no período entre 2019 e 2024, segundo o cálculo dos investigadores.

“Trata-se, portanto, de uma operação de proteção dos aposentados, foi uma fraude contra os aposentados, pessoas que já estão numa fase naturalmente mais debilitada da vida e foram vítimas, vamos dizer, fáceis destes criminosos que se apropriaram das pensões e das aposentadorias”, declarou Lewandowski.

O ministro destacou ainda que a operação é especial, mas não extraordinária, e que ela se “insere no conjunto de operações no Ministério da Justiça contra o crime organizado”.

CNN

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Geral

Deputado Gustavo Carvalho apresenta projeto que institui Política Estadual de Tratamento e Reabilitação de Dependentes Químicos no Rio Grande do Norte

O Deputado Estadual Gustavo Carvalho (PL) apresentou, nesta quarta-feira (23), um projeto de lei que institui a Política Estadual de Tratamento e Reabilitação de Dependentes Químicos no Rio Grande do Norte. A medida visa garantir atendimento gratuito, especializado, contínuo e humanizado às pessoas com transtornos decorrentes do uso, abuso ou dependência de substâncias psicoativas.

O projeto prevê a criação de Centros Estaduais de Tratamento e Reabilitação de Dependentes Químicos, distribuídos pelas regiões do estado, e com equipes multidisciplinares compostas por profissionais de saúde e assistência social. “A iniciativa visa enfrentar com seriedade e estruturação esta grave questão de saúde pública que assola o nosso estado”, afirmou Gustavo Carvalho.

A matéria também prevê, nas escolas públicas estaduais, a realização de programas de prevenção ao uso de drogas, articulados com a rede estadual de saúde e assistência social.

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