Tribuna do Norte
No final de uma semana marcada por duas rebeliões em presídios estaduais e ameaça de greve por parte de agentes penitenciários, uma série de atentados a ônibus instalou o caos na capital. O sistema de transporte público de Natal começou a parar por volta das 20h30. A Secretaria Estadual de Segurança Pública acredita, segundo o secretário Aldair Rocha, que os ataques partiram de Alcaçuz. “Tudo leva a crer que os ataques têm origem em Alcaçuz, por tudo o que tem acontecido desde quarta-feira, quando houve a rebelião”. No fim da noite de ontem, 16 presos foram transferidos de Alcaçuz para o Presídio Federal de Mossoró.
Foram registrado oito ataques a ônibus, que se estenderam das 14h até às 20h20. No roteiro de atentados, diferentes bairros da cidade, como Cidade Verde, Felipe Camarão, Brasília Teimosa e Golandim, além de uma ocorrência em Parnamirim. Os atentados foram coordenados, com maior concentração entre 14h e 16h30. Praticamente simultâneos, os ataques tiveram características comuns: homens a pé ou em motocicletas com recipientes contendo gasolina. Em alguns casos, o bandido ateava fogo a veículos parados. Em outros, os ônibus eram incendiados durante o trajeto.
“São muito fortes os indícios de que as ações foram coordenadas, mas ainda não sabemos por qual motivo e o nível de envolvimento de grupos criminosos organizados”, disse Aldair Rocha, em entrevista coletiva. E complementou: “É uma realidade no país inteiro a existência desses grupos organizados dentro das prisões, tanto no nosso Estado quanto no resto do país. Também não é segredo a entrada de celulares nos presídios. Então, os indícios são fortes dessa participação dos presos de Alcaçuz”.
Por conta dos ataques, a Polícia Militar e a Polícia Civil decidiram manter todo o efeito de prontidão durante toda a madrugada. O objetivo era impedir o pânico da população e garantir a continuidade da prestação de serviço de transporte público. O esforço foi em vão. Ônibus e alternativos pararam de circular.
Pouco antes, a Polícia Civil prendeu três suspeitos dos atentados. Dois deles estavam em uma moto com um galão de gasolina em Cidade Verde, bairro onde aconteceu um dos ataques. O terceiro suspeito estava portando uma arma na Zona Norte. Os três foram recolhidos à Deicor.
Ação do PCC
Um dos veículos alvo dos ataques, uma van que faz a linha interbairros em Parnamirim, teve pichado na lataria a sigla do Primeiro Comando da Capital no Rio Grande do Norte (PCC). O secretário estadual de Segurança Pública, Aldair Rocha, disse não acreditar na existência de focos dessa organização criminosa no Estado. A origem do PCC está em presídios paulistas.
As informações sobre a existência do PCC em Natal não são recentes, mas nunca foram confirmadas pelas autoridades. “Não acredito em PCC em Natal”, acrescentou Aldair.
O modus operandi dos ataques de ontem era semelhante aos do PCC em São Paulo, em 2006. Naquela oportunidade, o Primeiro Comando da Capital incendiou ônibus, matou 52 pessoas e organizou 57 rebeliões. Guardando as devidas proporções, as semelhanças são evidentes: tentar disseminar o pânico na sociedade através de vandalismo em ônibus e o dia escolhido. Em São Paulo, o caos também saiu às ruas numa sexta-feira.
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