Judiciário

Barroso afirma que ‘eventuais excessos’ da Lava-Jato não podem desviar o foco de ‘corrupção sistêmica’ no Brasil

Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso afirmou que “eventuais excessos” da Operação Lava-Jato, revelados nos supostos diálogos entre procuradores obtidos após um ataque hacker, não podem desviar o foco do combate a uma “corrupção sistêmica” que existe no Brasil.

Em uma entrevista ao historiador Marco Antonio Villa, exibida no último sábado, Barroso citou existir em curso uma “operação abafa” por meio da aliança de todos os setores para enterrar as ações de combate à corrupção.

— Não é esse o ponto, alguém ter dito uma frase inconveniente ou não. É que estão usando esse fundamento pra tentar destruir tudo que foi feito, como se não tivesse havido corrupção. O problema do Brasil foi a Lava-Jato e os seus eventuais excessos, não foi a corrupção — ironizou o ministro.

Barroso citou que um ex-gerente da Petrobras devolveu mais de R$ 100 milhões de propina desviada dos cofres da estatal e lembrou a apreensão de R$ 51 milhões em dinheiro vivo em um apartamento ligado ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB), dentre outros casos apurados na Lava-Jato. Citou também a existência de agentes públicos desviando recursos da saúde que deveriam ser usados no combate à pandemia.

—Então é claro que se tiver um excesso, ele deve ser objeto de atenção. Mas é preciso não perder o foco. O problema não é ter tido exagero aqui ou ali. O problema é esta corrupção estrutural, sistêmica, institucionalizada, que não começou com uma pessoa ou um partido, vem de um processo acumulativo que um dia transbordou. E o que a gente assiste hoje é a tentativa de sequestrar a narrativa como se isso não tivesse acontecido — afirmou o ministro.

— E um dos problemas é que no andar de cima no Brasil quase todo mundo tem um parente, um amigo, um parceiro que esteve envolvido com alguma coisa errada. E aí se forma um arco de alianças. O Brasil está polarizado de norte a sul, só há um consenso: varrer a corrupção pra baixo do tapete — concluiu.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. Certíssimo!

    O fato da lava-jato ter sido um circo partidário montado com auxílio estrangeiro tendo como único foco a corrupção de um único partido não deve ser tirado de foco que ainda é preciso um combate expressivo à corrupção no Brasil.

    O que foi feito na Lava-Jato deveria ter sido feito em todos os outros partidos do Brasil. Mas resolveram que o pau que bate em chico fosse jogado no fogo…

    Lembrando que Bolsonaro era do PP, o partido com mais condenados pela Lava-Jato.

    1. Você está errado! A lava jato teve a competência sobre crimes relacionados à Petrobras e outros desvios ocorridos no governo do PT e por tabela outros partidos que apoiavam esse governo e eram beneficiados nesse esquema. A lava jato não tinha nem tem competência sobre todos os demais escândalos de corrupção que envolvem outros partidos no Brasil. A corrupção existia antes do PT, durante o PT como Tb existe agora, eh óbvio. Mas se o PSDB, por exemplo, era oposição aos governos do PT, ele não teria como ter sido beneficiado nesse esquema, logo, a lava jato não o investigava. Sem contar a questão do foro privilegiado. Muitos envolvidos no esquema tinham foro privilegiado e a instância jurieciiianada lava jato mandava pro foro competente. Muitos desses processos estão "dormindo" no STF, por exemplo .

  2. Infelizmente ministro o STF faz parte desse arco de aliança que eu prefiro chamar de quadrilha dos três poderes para salvar todos os delinquentes com dinheiro ou poder.

  3. Isso Barroso, o que não pode é querer jogar a culpa toda pra Lula muitos que vc citou aí como gerdel foram 51 milhões e o Lula foi preso por uma relação de corrupção com mais de 40 anos de prisão, aí falar falar que o triplex é de Lula que sua pena cai rã 3 anos e em casa é com direito de gastar o dinheiro que roubou ….du sou a favor se mostrarem uma prova como Lula fazia parte que mostre o dinheiro encontrado na casa dele , não encotraral em todos os outros, agora querer jogar a culpa só em um cara e um partido, não me engana de jeito nenhum……tem gente muito mais sujo que Lula e está aí rindo atoa e curtindo com milhões de corrupção….o filho de temer de q0 anos tem um patrimônio maior que o de Lula será que esse menino é um prodígio.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Judiciário

Corrupção sistêmica era modo de fazer política no Brasil, afirma Barroso

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso afirmou nesta segunda-feira (2) que a corrupção sistêmica sempre foi o modo de fazer política no Brasil. “O Brasil se deu conta de que vivenciávamos uma corrupção sistêmica, endêmica, que não era produto de falhas pessoais, era um modo de conduzir o país”, disse Barroso, ao participar do Fórum Internacional A Segurança Humana na América Latina, na capital paulista.

Barroso evitou comentar o Inquérito dos Portos, do qual é relator no STF, e a recente prisão temporária, e posterior soltura, de 10 investigados na Operação Skala, deflagrada na quinta-feira (29) pela Polícia Federal.

Sem conversar com jornalistas, o ministro falou sobre corrupção durante o fórum internacional promovido pelo Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Crime e Tratamento do Delinquente. Para Barroso, o país celebrou um “pacto de saque ao Estado”, firmado entre empresários, políticos e a burocracia estatal, com renovação constante dos acordos de corrupção.

No entender do ministro, o processo gerou perda da confiança, de maneira geral, entre os brasileiros. “O custo moral de tudo isso foi a criação da cultura de desonestidade. Precisamos romper com esse ciclo da cultura de desonestidade”, afirmou.

Segurança humana

Ao falar sobre o tema da segurança humana, Barroso ressaltar que a universalização do ensino para crianças de até 3 anos é a meta mais importante para alcançar esse objetivo no país. “Não acho que um país se constrói apenas com punitivismo e combate à corrupção, mas com agenda social. Não apenas slogans.”

Já o juiz Eugenio Raúl Zaffaroni, da Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), citou os altos índices de mortes violentas e as condições precárias dos presídios, onde se evidenciam grandes injustiças. “Nas cadeias, 14% dos presos são por crimes contra a vida, 3% por crimes sexuais e o restante, por crimes contra a propriedade e vinculados a drogas”, disse Zaffaroni.

Agência Brasil

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *